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Ameaçadas de extinção, bancas de revista e jornais de São Luís resistem e organizam associação

Ed Wilson Araújo

Uma das marcas da gestão do prefeito Edivaldo Holanda Junior (PDT) na reta final do seu segundo mandato tem sido a inauguração ou a reforma de praças em diversos bairros da cidade.

Cidade Patrimônio Cultural da Humanidade está eliminando as bancas dos logradouros públicos

Na região do Centro Histórico, as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) já reformaram duas praças importantes: os complexos Deodoro/Pantheon e João Lisboa/Largo do Carmo.

As reformas melhoraram os ambientes, mas eliminaram as bancas de jornais e revistas. O mesmo ocorreu na requalificação da praça da Bíblia, onde uma pequena banca estava instalada e foi excluída do local.

O processo de extermínio chegou ao bairro Renascença II, nas imediações do shopping Tropical. Nestes casos, por ação do Ministério Público (reveja aqui).

Diante das ameaças, os gestores das bancas começaram a criar uma associação com o objetivo de unir e organizar a categoria para buscar meios de manter as suas instalações e assegurar a sobrevivência de pais e mães de família que trabalham como difusores culturais em São Luís, alguns com mais de 20 anos de atuação.

O trabalho de organização da associação já iniciou e terá prosseguimento durante uma reunião neste sábado (5 de setembro), às 10h, na sede do Sindicato dos Servidores Federais (Sindsep), no Monte Castelo.

Equipamentos culturais

As bancas são equipamentos culturais da cidade, não só um local de comércio e fonte de trabalho e renda para os seus gestores e familiares. Elas servem para congregar as pessoas, difundir produtos informativos e de entretenimento fundamentais para a formação educacional dos usuários.

Leia mais sobre as bancas no artigo Estariam “higienizando” o Centro Histórico de São Luís?

Além de ser fonte de trabalho e renda, as bancas são lugares de encontro entre os frequentadores e servem ainda como ponto de referência para fornecer informações variadas. É muito comum as pessoas irem às bancas para saber os itinerários de ônibus ou identificar locais públicos e privados de prestação de serviços.

Para as bancas convergem também públicos especiais como os produtores e fãs de histórias em quadrinhos (HQs), produtos culturais fascinantes para crianças e adultos de várias gerações.

Informalmente, as bancas funcionam até mesmo como pontos de informação turística em São Luís. Apesar de tudo isso, sofrem perseguições.

Transformações

Os gestores das bancas estão atentos às transformações tecnológicas que diminuíram o consumo dos produtos impressos diante do processo de digitalização.

Eles sabem que precisam se adaptar à nova configuração do mundo digital, mas não admitem a extinção. “Vamos nos adequar às mudanças e queremos seguir ocupando os espaços da cidade como produtores culturais diante das novas modalidades tecnológicas”, pontuam em coro os gestores das bancas.

Uma das propostas é modificar a nomenclatura de banca de jornais e revistas para ponto de cultura. A definição ainda está em curso e será parte do diálogo na construção da associação.

Os gestores também estão abertos ao diálogo com os poderes público e privado para formar parcerias. Se já são pontos de difusão cultural, as bancas poderiam ser incorporadas ou adicionadas aos projetos e ações de incentivo ao turismo em São Luís.

As instalações poderiam ser padronizadas com as motivações arquitetônicas e imagens do conceito colonial da cidade e ser equipadas com plataformas tecnológicas capazes de oferecer serviços e conteúdos aos usuários.

É possível encontrar alternativas junto às secretarias municipais e estaduais, de forma interdisciplinar, convergindo Cultura, Turismo, Ciência e Tecnologia.

Presas apenas ao mundo analógico as bancas não podem ficar, mas também não devem ser extintas, apagando as marcas culturais da cidade e as fontes de sobrevivência para tantas famílias.

Que venha o diálogo para o bem da cidade.

Imagem destacada capturada no site imirante.com

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Coligação de Neto Evangelista reúne Roseana Sarney, o PSL bolsonarista e o PDT de Weverton Rocha

O campo conservador engorda as fileiras em São Luís. Dessa vez o “velho” MDB controlado pela família liderada por José Sarney vai compor ao lado do pré-candidato a prefeito Neto Evangelista (DEM).

A coligação até agora já tem o bolsonarista PSL, o MDB, o PTB e o PDT, controlado pelo senador Weverton Rocha.

Até pouco tempo considerado adversário dos Sarney, eleito em 2018 na chapa do governador Flávio Dino (PCdoB) com o discurso anti-oligarquia, o senador pedetista acomoda facilmente seus novos interesses ao lado de Roseana Sarney.

Com o apoio do MDB, Neto Evangelista torna-se um candidato competitivo para enfrentar o líder nas pesquisas, Eduardo Braide (Podemos), que recentemente obteve apoio do PSDB.

Do PDT Neto Evangelista vai agregar uma estrutura de poder há 30 anos enraizada na máquina administrativa de São Luís. O PSL bolsonarista soma um valioso tempo de propaganda eleitoral no rádio e na TV. E Roseana Sarney, gostemos ou não, ainda tem um certo recall eleitoral em São Luís.

Além disso, Neto Evangelista, ex-secretário de Desenvolvimento Social do Governo do Maranhão, faz parte do consórcio de postulantes à Prefeitura direta ou indiretamente vinculado ao governador Flávio Dino (PCdoB).

Assim, essa aliança heterogênea reúne partidos da extrema direita (PSL), legendas progressistas como o PDT, o velho MDB centrista e aliados de peso do governador, a exemplo do senador pedetista Weverton Rocha.

Sem Madeira

Antes de formalizar o apoio a Neto Evangelista, a ex-governadora Roseana Sarney foi cortejada duas vezes pelo ex-juiz federal e pré-candidato a prefeito Carlos Madeira (Solidariedade).

Ex-juiz Carlos Madeira ofereceu a vice e cargos ao MDB

O próprio Madeira e o secretário de Segurança do Governo Flávio Dino, Jefferson Portela (PCdoB), fizeram uma visita à ex-governadora, dia 5 de agosto.

Depois, o magistrado aposentado concedeu uma entrevista à rádio Mirante AM, dia 27 de agosto, quando fez elogios explícitos ao ex-presidente José Sarney e ofereceu a posição de vice para o MDB na chapa, além de secretarias em uma eventual vitória e composição da equipe na Prefeitura de São Luís.

Ouça aqui a entrevista completa, no programa Ponto Final, da rádio Mirante AM

Apesar dos afagos e ofertas de Carlos Madeira o MDB preferiu a aliança com Neto Evangelista.

Imagem destacada / divulgação: Roseana Sarney, ao centro, com Neto Evangelista e a cúpula de políticos do MDB

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Bira apresenta plano de governo com 40 compromissos para administrar São Luís

Fonte: Blog do Gildean Farias, com edição

Um documento construído de forma popular e plural, com a ajuda de muitas mãos. Assim foi definido o plano de governo apresentado pelo pré-candidato a prefeito de São Luís, Bira do Pindaré (PSB), aos filiados do PSB com a presença de técnicos e especialistas. A exposição dos 40 compromissos de Bira por uma São Luís mais humana, bela e justa, foi realizada nesta segunda-feira (31), em uma plenária virtual.

O pré-candidato ressaltou que o plano de governo apresentado nesta segunda-feira foi elaborado de forma coletiva, através das agendas e reuniões do movimento ‘Pense São Luís’, desenvolvido pelo PSB desde o início do ano, possibilitando a escuta e a contribuição de todos os setores da sociedade e de todas as comunidades de São Luís.

“O nosso plano de governo e os nossos 40 compromissos apresentados hoje são fruto de um processo de muito diálogo, construído de forma coletiva, popular, ouvindo técnicos e especialistas e que vai resultar num programa de alto nível, de alta qualidade e muito enraizado na realidade que a gente vive que é o nosso grande desafio: transformar essa realidade que aí está”, pontuou o pré-candidato.

A plenária virtual teve a participação de pré-candidatos(as) a vereador(a) pelo PSB, apoiadores e lideranças comunitárias e de movimentos sociais que acrescentaram propostas e sugestões para serem adicionadas ao documento final que será registrado na Justiça Eleitoral.

Entre os compromissos apresentados por Bira, destaque para a área da Educação, com a proposta de criação do programa Escola Plena, que tem como objetivo expandir a oferta de educação integral com uma pedagogia pautada no protagonismo infanto-juvenil e com a introdução da formação de um segundo idioma em todo o itinerário escolar.

Outro destaque do plano de governo é relativo à mobilidade urbana, com a proposição de um transporte coletivo mais seguro, sustentável, acessível e de boa qualidade, revisão e transparência na política tarifária, além da implantação do Passe Livre para estudantes e famílias de baixa renda.

“Temos um plano pautado no compromisso com as principais demandas e prioridades da nossa cidade. Um plano coerente e possível de ser implementado através de uma gestão criativa, capaz de gerir o orçamento público com eficiência, otimizando os resultados e construindo tudo com a participação popular”, ressaltou Bira.

Com a apresentação do plano de governo com os compromissos por uma São Luís mais humana, bela e justa, Bira do Pindaré (PSB) está pronto para encarar mais um desafio em sua trajetória política, que soma meio milhão de votos na campanha de senador, em 2006, e quase 100 mil votos que o elegeram deputado federal no último pleito, alcançando uma das maiores votações em São Luís. A pré-candidatura de Bira está consolidada e cada vez mais crescente nas pesquisas eleitorais e é considerada prioridade pelo PSB nacional.

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O machado afiado da poesia e do reggae em canção e clipe

Os poetas Fernando Abreu e Celso Borges juntaram seu amor ao reggae e a música de Bob Marley para fazer uma versão livre da canção Small Axe, do cantor e compositor jamaicano.

O reggae Machado Afiado foi gravado no mês de junho e virou clipe pelas mãos de Inácio Araújo, da Carabina Filmes. O lançamento acontece no próximo sábado.

Na primeira etapa do projeto, em junho, os poetas gravaram a parceria no Estúdio Zabumba Records. A produção musical foi assinada pelo percussionista Luiz Claudio que, também, tocou na sessão. Fernando Abreu fez os violões e dividiu os vocais com Celso Borges; Jesiel Bives tocou teclados e baixo; e George Gomes, bateria. Jailton Sodré gravou, mix e masterizou a faixa.

No mês seguinte, a dupla saiu às ruas, acompanhada pela câmera de Inácio Araújo, da Carabina Filmes, e gravaram imagens na Praia Grande. A edição final do clipe terá também a participação especial do artista plástico Edson Mondego tocando berimbau.

“Nos divertimos muito nas gravações, tanto no estúdio quanto nas ruas do centro. A gente sabe que não é cantor nem tem pretensões de seguir carreira ou algo parecido.  Machado Afiado é antes de qualquer coisa uma homenagem a Bob Marley, um  cara que admiramos muito”, afirma Celso Borges.

Para o poeta Fernando Abreu “o reggae e Bob Marley estão misturados com a poesia da gente desde o começo. Estamos muito felizes de cantar uma letra que é uma leitura livre mas reverente de um poeta do povo, que sempre será farol e referência”.

MACHADO AFIADO

Versão livre de Fernando Abreu e Celso Borges
Para a música Small Axe, de Bob Marley

Se é tarde eu não sei
Resistimos
Somos Davi
Se você é Golias

A gente vai pra cima de ti
É inútil fugir
Tu queda é pra já
Cadê tua coragem?

Você me dá pão e circo
Querendo se dar bem
Mas o pau que dá em Chico
Dá em Francisco também

Você cavou sua cova
Se envenenou com seu ódio
Eu já disse e vou repetir
Sai fora, man
Sai fora
É capoeira pra cima de ti
Não corre man
Não corre

Você me dá pão e circo
Querendo se dar bem
Mas o pau que dá em Chico
Dá em Francisco também

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Coronelismo no PSDB ameaça a pré-candidatura de Wellington do Curso

O senador bolsonarista Roberto Rocha (PSDB) opera com todas as armas para destituir o deputado estadual tucano Wellington do Curso (WC) das pretensões de disputar a Prefeitura de São Luís.

No velho estilo autoritário, o coronel tucano vem fazendo pressões e dividindo o partido para impor a desistência de WC e adesão à pré-candidatura de Eduardo Braide (Podemos).

Ele usa como argumento uma hipótese sem força nos fatos: caso WC desista para apoiar Eduardo Braide a eleição seria decidida em primeiro turno.

Qualquer pessoa com o mínimo de vivência sobre os pleitos em São Luís sabe que em 2020 existem várias candidaturas competitivas com ampla tendência de levar a decisão para o segundo turno.

Até mesmo Eduardo Braide tem ciência de que a sua liderança nas pesquisas é preocupante e perigosa porque ele será alvo do bombardeio de todos os adversários.

Internamente, o trator de Roberto Rocha sobre WC vem desagradando muito os pré-candidatos a vereador do PSDB. Embora não tenha coligação na eleição proporcional, eles avaliam que, na ausência do candidato majoritário tucano, ficarão preteridos e sem palanque próprio, algo fundamental para mobilizar as campanhas à Câmara Municipal.

A chapa da vereança argumenta que Wellington do Curso é um candidato competitivo, vem pontuando nas pesquisas e não deve abrir mão para submeter o protagonismo do PSDB a uma aliança.

O senador bolsonarista, por sua vez, sustenta que a convergência entre o PSDB e o Podemos é o resultado de um acordo celebrado na eleição de 2016, quando WC apoiou Braide no segundo turno contra Edivaldo Holanda Junior (PDT). Em 2018, na eleição para governador, o candidato derrotado Roberto Rocha obteve o apoio de Eduardo Braide (à época no PMN) contra Flávio Dino.

Caso abra mão da pré-candidatura, WC está prometido para ser o vice na chapa de Braide.

Mas, WC já percebeu o desfecho de uma eventual capitulação. Se desistir do protagonismo em 2020, mesmo em uma eventual vitória de Braide, vai desaparecer do cenário político.

Escorpiões são assim mesmo. Roberto Rocha foi capaz de negar a sua eleição de senador como apêndice de Flávio Dino e depois virou o maior inimigo do governador. Imagine o que ele será capaz de fazer com WC apenas na condição de vice-prefeito…

Lembrando que Roberto Rocha tem o mesmo sonho de consumo de Braide – ser governador. Sinal de que essa onda de paz e amor entre o PSDB e o Podemos é passageira.

No mais, é sempre importante lembrar: Roberto Rocha “foi eleito” senador em 2014 montado nas costas de Flávio Dino, surfando na onda de desgaste da oligarquia liderada por José Sarney.

Em 2018, na eleição para governador, já inimigo dos seus antigos aliados, o tucano disputou contra Flávio Dino e teve apenas 2% dos votos. Melhor dizendo: 2,05% = 64.446 votos! Isso em uma eleição majoritária.

Muito metido a estrategista, no velho estilo de coronel, Roberto Rocha quer primeiro atropelar Wellington do Curso para ficar ele sozinho “dono” do PSDB. Depois, vai confrontar Braide, quando o interesse de ambos for o mesmo – o Palácio dos Leões.

Assim, traindo uns e atropelando outros, Roberto Rocha vai sedimentando aquilo que já é quase uma profecia dos analistas políticos: ele nunca será governador do Maranhão.

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Indignação! Cultura de São Luís com prejuízo milionário!

Fonte: Agência Tambor, em 26/08/2020

São quase oito milhões de reais que os artistas e demais produtores culturais de São Luís têm direito e já foi disponibilizado pelo governo federal. Isso a partir da Lei Aldir Blanc, aprovada no Congresso Nacional, com os votos da bancada de oposição a Bolsorano.

Mas o Secretário de Cultura da Prefeitura de São Luís, Marlon Botão, disse simplesmente que não tem previsão de quando os recursos serão repassados para a classe artística e os demais trabalhadores da cultura de nossa cidade.

Mesmo sendo um recurso emergencial (é emergencial!), simplesmente não existe um calendário da prefeitura de São Luís para que a Lei seja aplicada e o recurso seja disponibilizado a quem de direito.

A afirmação de Marlon foi dada em entrevista realizada hoje (26/08), no Rádiojornal Tambor. Ao longo da entrevista, concedida a jornalista Flávia Regina, foram feitos mais de 400 comentários da classe artística e cultural de São Luís, todos eles indignados com a fala de Marlon e com a gestão da cultura na atual administração do município. Segundo a maioria dos comentários Marlon “apenas enrolou” na entrevista.  É isso que está registrado no Facebook da Agência Tambor.

O secretário de Cultura foi convidado a falar na Rádio Tambor porque, na segunda-feira (24/08), nós recebemos representantes da classe artística de São Luís que criticaram o secretário e a política cultural da prefeitura de São Luís.

A Agência Tambor seguirá acompanhando esse caso, de grande importância para nossa cidade. Seguiremos ouvindo os dois lados e deixando bem claro que apoiamos a reivindicação e a pressão dos artistas e produtores culturais.

Como dissemos no início dessa matéria, são quase oito milhões já disponibilizados para São Luís. É um direito! É um auxílio emergencial!

Ouça a entrevista com Marlon Botão aqui

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O prefeito boa praça

Se o prefeito de São Luís Edivaldo Holanda Junior (PDT) pudesse disputar o terceiro mandato ele seria um forte concorrente, até com chances de ganhar. Não sendo candidato, ainda é um cabo eleitoral no poder e tem plenas condições de influenciar o pleito.

A máquina eleitoral do grupo que domina a capital do Maranhão há 30 anos não para de operar na velha fórmula: operações tapa-buracos, asfalto, capina do matagal nos canteiros e pintura dos meios fios, além (é óbvio!) de todo o aparato do pragmatismo já de todos amplamente conhecido e decisivo na hora do voto.

Soma-se ainda a engenharia da propaganda eleitoral com aqueles vídeos bonitos e as promessas de sempre: construção de creches, escolas, hospitais etc.

Em 2020, além da antiga fórmula, há uma onda de reforma nas pracinhas da cidade. Andando pelo bairro Rio Anil, por exemplo, é visível a maquiagem nas nesgas dos canteiros, todas equipadas com aparelhos de ginástica.

As praças reformadas serão amplamente exploradas na propaganda eleitoral, destacando as vitrines da Deodoro/Pantheon e João Lisboa/Largo do Carmo, obras de impacto visual no Centro Histórico de São Luís, ainda remanescentes das obras do PAC Cidades Históricas.

Toda a maquiagem nas praças antigas vai ter sim influência na propaganda eleitoral, capaz de vender a cidade como produto lustrado. Imagine quantas peças publicitárias serão distribuídas nas redes sociais apresentando o verniz brilhoso na “nova” São Luís…

Pouco importa se o “resto” da cidade explode.

Por “resto” entendamos a totalidade do espaço urbano de São Luís, violentado pela proposta de revisão do Plano Diretor, que prevê a redução da zona rural em aproximadamente 40%, podendo ter consequências drásticas para toda a cidade.

Enquanto a gestão municipal inaugura as reformas das praças, tapa buracos e pinta os meios fios, a cidade tem uma série de desafios a serem enfrentados: mobilidade, saúde, infra-estrutura, educação e cultura, entre tantos outros, como a fundamental transparência na gestão.

A revisão do Plano Diretor, principal instrumento de planejamento da cidade, é tratado pela administração de São Luís como assunto desprezível no que diz respeito à necessária visibilidade desse tema tão importante.

No mais, o prefeito é boa praça.

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Emílio Azevedo e Bira do Pindaré dialogam sobre conjuntura e eleições 2020

“A oposição a Bolsonaro e a eleição municipal de São Luís em 2020” é o tema do debate que ocorrerá domingo, dia 23 de agosto, às 11h, com a participação do jornalista Emilio Azevedo (pré-candidato a vereador) e o deputado federal Bira do Pindaré (pré-candidato a prefeito).

O debate será transmitido pelo Facebook Emilio Azevedo (https://www.facebook.com/emilio.azevedo.142) em parceria com o Blog Buliçoso e o Blog do Ed Wilson.

No último dia 17 de agosto, uma carta aberta, com mais de 200 assinaturas, propôs a candidatura de Emilio Azevedo a vereador de São Luís.

O documento foi publicado originalmente segunda-feira (17/08), no site Bandeira de Aço, explicando a indicação e apontando quatro eixos com os principais compromissos e propostas da candidatura. O nome do site é uma homenagem à música de Cesar Teixeira, censurada na década de 1970 pela ditadura militar.

Nas assinaturas de apoio à carta, o primeiro nome é de Irmã Anne, conhecida em São Luís por sua luta em defesa do meio ambiente e das comunidades da periferia. Além dela, também assinaram pessoas de diferentes áreas e gerações, entre lideranças comunitárias, integrantes de movimentos, sindicatos e organizações populares, professoras, professores, profissionais de saúde, artistas, servidores públicos, autônomos, profissionais liberais, jornalistas, pequenos empreendedores, iyalorixá, pastores, estudantes, militantes do PCB e de outros partidos, como o PSB.

Agora o jornalista vai debater publicamente os temas e compromissos da carta.

O deputado federal Bira do Pindaré é pré-candidato a prefeito de São Luís pelo PSB e, em Brasília, tem forte atuação na bancada que faz oposição ao governo Jair Bolsonaro e também com medidas propositivas em defesa dos direitos trabalhistas e previdenciários, do meio ambiente, das comunidades quilombolas, da educação e saúde pública, entre outros temas.

A futura candidatura de Emilio Azevedo a vereador também será pelo PSB, ao lado de Bira.

Emilio Azevedo vem se dedicando há mais de dez anos a organização de coletivos para projetos de comunicação alternativa no Maranhão, começando com o Jornal Vias de Fato. Hoje ele é um dos coordenadores da Agência Tambor. Emilio é autor de três livros: “Havana, dezembro de 1999”, “O caso do Convento das Mercês” e “Uma subversiva no fio da História”.

SERVIÇO

O que: Debate pré-eleitoral

Quando: domingo (23 de agosto)

Horário: 11h

Local: https://www.facebook.com/emilio.azevedo.142

Leia a Carta Aberta no site Bandeira de Aço.

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Antigo Espaço Cultural Mestre Amaral será a Praça dos Poetas

Texto e fotos: Agência de Notícias / Secap / Governo do Maranhão

No Centro Histórico de São Luís, mais precisamente no espaço de sua fundação, encontra-se uma das principais concentrações de belos estilos arquitetônicos. Na esquina da avenida D. Pedro II com a Rua Newton Bello (Montanha Russa), mais uma obra vai compor o cenário. É a Praça dos Poetas, que o Governo do Maranhão pretende entregar até o aniversário da cidade.

No espaço, existiu um sobrado colonial entre o século XIX até meados do século XX, vizinho à antiga casa de Ana Jansen. O sobrado foi demolido e durante algum tempo funcionaram alguns restaurantes que tinham o privilégio da vista panorâmica para o Rio Anil. Com a saída dos restaurantes, o lugar permaneceu abandonado, deteriorado pela ação do tempo, e por último foi ocupado pelo grupo cultural de Tambor de Crioula do Mestre Amaral.

Mestre Amaral / divulgação / capturada aqui

“A valorização dos espaços públicos tem sido marcante no Governo Flávio Dino, e a Praça do Poetas é mais um investimento para a transformação das cidades”, ressaltou o secretário de Estado da Cultura, Anderson Lindoso.

A Praça contará com um mirante e, no trajeto até ele, serão homenageados 10 escritores e poetas maranhenses. Ferreira Gullar, Catulo da Paixão Cearense, Nauro Machado, Sousândrade, Bandeira Tribuzzi, José Chagas, Gonçalves Dias, Maria Firmina, Dagmar Destêrro e Lucy Teixeira.

Vista panorâmica da Praça dos Poetas (Foto: divulgação)

O espaço terá, ainda, quiosques, banheiros públicos e tratamento paisagístico, além de detalhes arquitetônicos que remontam o colonial e o moderno.

“A área construída de 1.130m² buscou traçar linhas de cobertura singelas a fim de não carregar e obstruir a vista da cidade, buscando uma releitura entre a arquitetura colonial e a modernista”, informou Eduardo Longhi, arquiteto e superintendente de Patrimônio Cultural, órgão vinculado à Secretaria de Estado da Cultura.

A obra integra o Programa Nosso Centro, do Governo do Estado, e faz parte de um amplo programa de requalificação da cidade antiga, por meio de ações como o Programa de Revitalização do Centro Histórico da Prefeitura de São Luís, financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e o PAC Cidades Históricas, do Governo Federal/IPHAN.

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“Península”, o Plano Diretor e a privatização de São Luís

Uma agente imobiliária com trânsito em várias capitais brasileiras passou boa temporada em São Luís e ficou assustada com duas coisas: o preço exorbitante dos apartamentos na área nobre da Ponta d’Areia e a invasão de caminhonetes de luxo na cidade.

Ela costumava indagar se São Luís é uma cidade histórica ou um garimpo, lugar de muito dinheiro onde os mineradores geralmente exibem sua pujança nas famosas “toyotas”.

No garimpo ou nas regiões do agronegócio o desfile de pick-ups é até normal, mas esse visual não parece adequado para uma cidade Patrimônio Cultural da Humanidade, com um Centro Histórico aprazível, de ruas estreitas e caminhonetes trepadas nas calçadas.

Espantada com a ostentação provinciana e o valor dos imóveis, ela chegou até a comparar os preços daqui com outras praças, dizendo que com R$ 1 milhão compra-se um bom apartamento em Goiânia sem esgoto transbordando nas ruas nem carro pipa na porta dos prédios.

Carros pipa são vistos com frequência abastecendo os prédios de luxo

Antes da invasão dos castelos luxuosos no lugar rebatizado equivocadamente como “península”, a Ponta d’Areia era habitada e frequentada pela elite de São Luís nas suas casas de veraneio, mas também havia gente das classes médias e populares morando no lugar. Alguns resistiram à avalanche dos condomínios e os mais pobres foram empurrados para a periferia.

Houve assim uma segregação, em vários sentidos, tornando essa parte “nobre” da Ponta d’Areia um lugar de distinção econômica e dos discursos próprios do racismo estrutural, a exemplo do ódio aos pobres declarado pelo deputado federal Edilázio Junior quando foi cogitada a construção de um porto nas proximidades dos condomínios para ligar São Luís à Baixada Maranhense.

Leia mais: Discurso do deputado Edilázio Junior transpira ódio aos pobres e baixadeiros

A fala do parlamentar inspirou falatórios e práticas semelhantes como este último da espetaria que mobilizou a cidade inteira.

Veja bem: não são apenas palavras soltas. É uma narrativa organizada contra os pobres e os diferentes.

O processo de isolamento social dos novos ricos de São Luís aos poucos retirou da “península” e adjacências vários equipamentos outrora compartilhados por outras classes sociais. Os clubes de reggae e espaços alternativos foram execrados: Coqueiro Bar, Toque de Amor, Bar do Barroso (depois Chama Maré), Trapiche e, mais perto da praça de Iemanjá, os famosos clubes Toca da Praia, Tropical Beach e Praia Reggae Clube.

Outro grande atentado cultural na “península” foi a destruição do Memorial Bandeira Tribuzi, em total desprezo pela pulsação literária da cidade, considerando que o poeta é o autor do hino “Louvação a São Luís”.

No lugar do acervo de Bandeira Tribuzzi foram instalados
o Centro de Atendimento ao Turista e uma igreja católica

Todos esses fatos não ocorrem isoladamente. Eles integram um ordenamento espacial da cidade feito à base da grilagem e da privatização dos espaços públicos, atropelando a legislação urbanística no geral.

Para além desses aspectos, há uma mentalidade que justifica as posturas de segregação e de ódio.

O reggae e a literatura, duas marcas simbólicas de São Luís, foram expulsas da “península” para dar lugar ao pagode do Tiaguinho. Detalhe: a “leblon” daqui não tem uma livraria, mas os carros pipa estão sempre abastecendo os prédios de luxo.

Leia mais: Condomínio da Península tem síndico bolsonarista e porteiro sem máscara

Até hoje pairam dúvidas sobre as causas do incêndio nas palafitas do Goiabal, onde moravam centenas de pobres, quando da construção do Anel Viário. Daí originou o primeiro grande adensamento populacional na área Itaqui-Bacanga, nos primórdios da formação do Anjo da Guarda.

Em resumo: São Luís foi erguida através de sucessivas pilhagens dos colonizadores e das elites que controlam a gestão da cidade, feita a ferro e fogo, à base de muita violência, atingindo principalmente a população pobre.

Nos últimos 30 anos o mesmo grupo político domina a Prefeitura e manobra o Plano Diretor para lotear a cidade e entregar as áreas privilegiadas às empreiteiras e ao setor industrial predatórios.

Algumas instâncias do poder público atuam como lobistas do mercado de terras não só nas áreas urbanas “nobres”. A zona rural de São Luís e vários territórios na região metropolitana da ilha vêm sendo cobiçados pela prática da grilagem.

A cidade, no geral, está privatizada, entregue aos empreendedores de vários naipes.

Já se passaram três décadas e a velha política segue mandando e desmandando na cidade, a ponto de tratar na surdina, sem ampla divulgação, um tema tão relevante como a revisão do Plano Diretor.

Parte da gestão funciona como lobista do capital interessado no mercado de terras de São Luís.

As invasões bárbaras na “península” são apenas detalhe de uma estrutura muito mais complexa que envolve a situação fundiária, o uso e a ocupação do espaço urbano e a utilização dos equipamentos coletivos de São Luís: os territórios, os recursos naturais, os serviços públicos e o ambiente na sua totalidade.

Em uma perspectiva civilizatória, não faz qualquer sentido transformar em condomínio fechado uma área pública que deve ser usufruída por todos os moradores da cidade, independente da classe social e da cor da pele.

No mais, o suposto argumento de que na “península” morariam os cidadãos de bem, pertencentes aos níveis mais altos da pirâmide social, carece de pesquisa comprobatória.

Recentemente uma operação policial alcançou o famoso médico Abdon Murad Junior, que estaria encabeçando outro tipo de pirâmide, a financeira, capturando o dinheiro dos outros para investir no mercado de capitais, segundo a investigação da Polícia Civil.

Como se vê, na “península” tem gente boa e gente investigada, alguns até envergonhando os vizinhos dos bairros pobres que vivem do salário e não enganam os amigos.

Imagem destacada / Vista aérea da Ponta d’Areia (capturada nesse site)