Chegou à nossa redação o tradicional Testamento do Judas, escrito pelo poeta Cesar Teixeira, que todos os anos embala as festividades do Sábado de Aleluia organizadas pelo Laborarte (Laboratório de Expressões Artísticas), em São Luís, Maranhão.
A edição de 2025 do Testamento do Judas tem ironias direcionadas aos golpistas de todos os naipes, em especial para aquela escória…
Segue o texto integral (veja destacado em vermelho a estrofe do supositório):
O TESTAMENTO DE JUDAS 2025
Cesar Teixeira
A minha sentença de morte
foi o Plano ineficaz
Punhal Verde e Amarelo,
envolvendo generais.
O Plano era tão chifrim
que só sobrou para mim
a corda do Satanás.
Queriam matar o Lula,
o Alckmin e o Xandão,
mas o Plano não deu certo
e acabou na contramão.
A casa caiu sem teto
e o general Braga Netto
ralou a bunda no chão.
Para o Mário Fernandes,
que bolou a Operação,
deixo papel e caneta
para a sua confissão.
E que ninguém mais duvide
que o delator Mauro Cid
foi ajudante do Cão.
De costas pro quebra-quebra
dia oito de janeiro,
Bolsonaro abandonou
o gado no formigueiro.
Agora quer anistia
pensando na dinastia
e no seu “pirão primeiro”.
Para o Messias eu deixo
um metro e meio de ripa
pra desentupir a merda
desse barriga de pipa.
Para fugir da sentença,
vive inventando doença
e operando nó na tripa.
Pra Gilvan da Federal,
doido da extrema-direita,
vou colocar um despacho
no lugar onde se deita.
A lama do preconceito
é a cama do sujeito,
que até porco rejeita.
Deixo Óleo de Peroba
de um velho contrabandista
para o Brasil Paralelo,
empresa negacionista
que desvirtua a história
com a falsa oratória
de um Pinóquio fascista.
Para o STF
dar um fim nesse dilema
colocarei no Jair
um belo par de algemas.
Pensará, revendo a fita,
que é uma jóia Saudita
ou um troféu de cinema.
Eduardo Bolsonaro
fugiu pra babar culhão
do Pato Donald Trump,
mas tem medo de prisão
por crime, sem anistia,
contra a Soberania
do Tribunal da nação.
Pra cabeleireira Débora
deixo inspirado conselho:
em vez de pichar estátua,
pinte com batom vermelho
a boca da Mona Lisa
que com o cu faz divisa,
rodeada de pentelho.
Pop corn and Ice cream
vou deixar para os golpistas.
São vendedores da pátria,
falando inglês de cambista.
Rachadinha já pediu
intervenção no Brasil
com o Trump de avalista.
Para o Conselho de Ética
eu vou deixar por fiança
trinta moedas secretas
de uma macabra aliança.
Arthur Lira rogou praga
pra fazer o Glauber Braga
ser cassado por vingança.
Vou deixar tornozeleira
para o tal MBL,
Movimento Brasil Livre,
neonazista à flor da pele
E pro Kim Kataguari
a Missão de não trair,
se for vice de Michelle.
Para o presidente Trump
não invadir o Canal,
no Panamá deixo um muro,
no Canadá outro igual.
Não terá atriz pornô
pra subornar, não sinhô,
se invadir o Xirizal.
Um brinquedo palestino
ainda sujo de barro,
deixo ao Primeiro-ministro
Benjamin Netanyahu.
Crianças morrendo em Gaza,
reféns querendo ir pra casa,
guerra e sangue num escarro.
Deixo pra Carla Zambelli
cinco anos de Canil.
Toda fera tem direito,
diz o Código Civil.
Foi cassada, a golpista,
por perseguir jornalista
e divulgar Fake-News.
Corte Interamericana
já mandou comunicado,
com a Base de Alcântara
o Brasil foi condenado.
Hoje o povo quilombola
só quer ter, não por esmola,
seus direitos reparados.
Vou deixar o parecer
dos Auditores Fiscais
sobre a fraude dos shows
que há nestes carnavais.
Braide junto dos Leões
fizeram licitações
que não surpreendem mais.
Deixo no CLA
um foguete tarifado
que Alan Musk construiu
para o Trump aloprado
ocupar planeta Marte
vestido de Bonaparte,
com um cabo e dois soldados.
Deixei um supositório
na ambulância do Samu
pro Messias Bolsonaro
que anda meio jururu.
Será um “Deus nos acuda”
quando chegar na Papuda
com cloroquina no cu.
Hoje mesmo eu assinei
um Projeto popular
contra a pulverização
de agrotóxicos pelo ar.
Conflitos, desmatamento.
Agronegócio é invento
para o pobre exterminar.
Encomendei pra Rosana
receita de ensopado
pro seu novo restaurante,
só com briga inaugurado.
Na receita tem de tudo,
até siri cabeludo,
caranguejo depilado.
Nomeio o Bar da Suene
Campo de Concentração
de doutores e poetas,
fiéis sem religião.
Cercado de ferro e arame,
não há preso que reclame,
feliz de copo na mão.
Deixo a tese de Noleto,
que puxou essa questão,
pra amiga Patativa
fazer arte no colchão.
Mas ela falou sozinha:
“Já chega de tesezinha,
eu tô cheia é de tesão!”
Deixo mocotó do Sérgio,
bem servido na tigela,
pra coleção de dietas
do Euclides da Favela.
Com saudade do feijão
de Maria Aragão,
ainda guarda a panela.
Deixo um penico furado,
joia de Pedro Primeiro,
pro amigo Samartony
não mijar em galinheiro.
Esse furo tão feliz
é do Adler São Luís,
demolidor de pandeiro.
Toda cachaça da Terra
deixo ao grupo setentão
que nos brinda no seu show
com litros de inspiração.
Cada música é uma dose
pra defender a cirrose
de ataques do coração.
Antes que me aperte a corda
Ferrabrás já denuncia
as tentativas de golpe
e as facadas vazias.
Lista de crimes tão vastas
que a plateia pede “basta”,
gritando: SEM ANISTIA!
Tocarei a Marcha Fúnebre
de Frédéric Chopin
quando o Bozo despertar
com sol quadrado amanhã.
Vai morder os calcanhares
e no colo de Damares
vai chorar feito um Tarzan.
Mudando de fuso horário,
a morte, fora de uso,
levou o Elvas Ribeiro
nas ondas de rádio escuso.
Porém, das cinzas da história
renascerão as memórias
de um eterno Parafuso.
FIM