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O significado do bug no CNPq

Fonte: Elaine Behring, no site esquerdaonline

Doutora em Serviço Social (UFRJ). É professora associada da UERJ, na Faculdade de Serviço Social, onde coordena o Grupo de Estudos e Pesquisas do Orçamento Público e da Seguridade Social (GOPSS).

Na última semana o mundo da pesquisa, da universidade, enfim, da ciência no país foi surpreendido com o bug dos sistemas de dados do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O Ministério da Ciência e Tecnologia, hoje sob a gestão (!?) de Marcos Pontes, o astronauta, promete que os sistemas retornarão intactos a partir de 2 de agosto de 2021, o que é contestado por muitos(as) pesquisadores(as) e técnicos que apontam para perdas irreversíveis. “Quem viver verá!” Uma frase que não pode ser desprezada neste Brasil tóxico e embebido de processos destrutivos e onde o desprezo pela ciência, pela educação e pela cultura explode em palavras e fatos todos os dias: no trato da pandemia pelo governo neofascista, com nossos mais de 555 mil mortos; na lida com a cultura pelo nefasto Mário Frias, sendo a última cena o incêndio da abandonada Cinemateca Brasileira em São Paulo, onde se foram documentos e equipamentos históricos e parte do acervo de Glauber Rocha. É evidente: o bug do CNPq é mais uma expressão da combinação perversa entre neofascismo e ultraneoliberalismo, atingindo uma instituição central – mesmo com todas as suas limitações e problemas – na sustentação material da produção de conhecimento no Brasil. Estamos falando aqui de uma estrutura e base de dados do Estado capitalista brasileiro – pública e com as inúmeras contradições daí decorrentes – que fornece bolsas e auxílios para 84 mil pesquisadores(as) em todos os níveis de conhecimento e que têm seus currículos na Plataforma Lattes; que publica editais de financiamento da pesquisa e de bolsas pela Plataforma Carlos Chagas; que publicizam a composição dos Grupos de Pesquisa em atividade no país; e que alimentam a avaliação da pós-graduação brasileira (Plataforma Sucupira, aqui numa interface com a CAPES).

As reações no meio científico brasileiro foram da consternação à piada. É impossível conter a gargalhada diante de inúmeros memes e comentários irônicos que circulam nas redes sociais esses dias, muitos deles expressando o incômodo, a indignação e a crítica ao produtivismo acadêmico e aos excessos de quantificação e comprovação que têm balizado, por exemplo, o sistema de avaliação da pós-graduação, alimentado pelas plataformas digitais do CNPq.

Nosso objetivo nesse breve texto é uma reflexão talvez menos apaixonada, e acolhendo a crítica do produtivismo acadêmico, esse câncer gerencialista e competitivo inoculado na universidade brasileira nos tempos de neoliberalismo e contrarreforma do Estado, que Marilena Chauí qualificou como “universidade operacional”. Um pressuposto da reflexão é de que jamais se deve confundir produtivismo com produção acadêmica. E, menos ainda, recusar a transparência e publicização de resultados de pesquisas, neste país onde poucos(as) chegam à universidade e a maioria sequer se relaciona com esses bancos de dados. Sendo mais explícita: o argumento do produtivismo não pode nem deve se sobrepor às requisições de produção acadêmica num sistema tributário regressivamente sustentado pelos trabalhadores. Por outro lado, ao nosso ver, a crítica central deve ser feita aos critérios de avaliação, que tem se fundado sobre elementos meramente quantitativos, exercendo de fato essa pressão produtivista, e estabelecendo uma relação opressiva entre os pesquisadores e as plataformas de dados que hoje saíram do ar, destacadamente a Plataforma Lattes. Pensamos que esses meios – evidentemente organizados para finalidades determinadas – não devem ser o alvo central da nossa crítica. Não somos ludistas e não retornaremos à máquina de escrever. Ademais, defendemos o controle democrático e público da universidade e das instituições científicas pelos trabalhadores e tais sistemas podem ser – se internamente modificados e utilizados a partir de outros critérios – adequados a esta finalidade: de uma pesquisa pública e voltada para os interesses das maiorias; do incentivo à produção e não ao produtivismo e à competição. Creio, portanto, que não se pode atribuir a direção produtivista exclusivamente às plataformas. É uma simplificação a ideia de que estamos deixando de produzir conhecimento para lançar dados em plataformas, ainda que haja uma profunda irracionalidade comprobatória e ímpeto controlador em algumas delas e que alguns “pares e ímpares” sejam adesistas sem críticas ao produtivismo. O maior exemplo da irracionalidade (ou uma ratio intencional) é a Sucupira, que vem tirando do sério os gestores da pós-graduação e os docentes, obrigados a perder um tempo precioso em scanners. Elas, assim, servem à direção produtivista e de controle do processamento do trabalho docente, tal como se organizam e são utilizadas hoje. A questão é a de colocar os meios – o desenvolvimento das forças produtivas – a serviço da concepção de uma universidade e ciência pela humanidade. Isso alteraria o Lattes profundamente, bem como as demais plataformas, mas continuaríamos a ter instrumentos semelhantes, provavelmente, dando mais transparência e publicidade à produção científica e acadêmica e ao destino do fundo público utilizado nas pesquisas. Para o momento, a situação dos sistemas do CNPQ revela apenas e sem disfarces a destruição do sistema público de ciência e tecnologia.

Vale dizer que o Brasil tem vivido uma condição geral de ajuste fiscal permanente há quase três décadas e a universidade e a pesquisa não tiveram uma situação confortável de financiamento nesse período. Todavia, a partir do golpe de Estado de novo tipo de 2016, nos encontramos sob um novo regime fiscal ultraneoliberal, com impactos deletérios sobre o financiamento das políticas públicas, tanto para a Educação, e destacadamente para o ensino superior (que abriga a maior parte da pesquisa no país), quanto para a Ciência e Tecnologia, onde se localiza o CNPq. A Emenda Constitucional n. 95, do malfadado e criminoso teto de gastos, agravou em muito a condição de desfinanciamento que já vinha ocorrendo, o que, agregado ao neofascismo e seu projeto destrutivo para essas áreas – inclusive com a perseguição ideológica e propostas espúrias como a suposta “escola sem partido” -, tem resultados verdadeiramente desastrosos.

Numa breve incursão pelo Siga Brasil, plataforma do Senado Federal que monitora a execução, quase em tempo real, do orçamento público do Governo Federal, o exame da função Educação nos mostra um orçamento em queda de R$ 134,1 bilhões em 2016, para R$ 108,3 bilhões em 2020. Até junho de 2021, a execução do orçamento da Educação estava em R$ 58,4 bilhões, o que sinaliza uma trajetória de continuidade da queda dos recursos (dados deflacionados pelo IPCA de julho de 2021). A subfunção Ensino Superior, que inclui as IFES públicas que congregam a maior parte da pesquisa no país acompanha a trajetória da função Educação: houve uma queda de R$ 38,6 bilhões em 2016 para R$ 35,5 bilhões em 2020. Portanto, constatou-se uma perda orçamentária de mais de R$ 3 bilhões nos últimos anos. Em 2021, até junho, havia uma execução de R$ 18,3 bilhões, acompanhada de um volume passível de contingenciamento de R$ 8,9 bilhões em recursos nessa subfunção, inviabilizando as universidades federais, o que foi amplamente denunciado na imprensa. Já na função Ciência e Tecnologia, que abriga o CNPq, observamos uma situação verdadeiramente desastrosa: queda de R$ 10,5 bilhões em 2016, para R$ 7,5 bilhões, em 2020.

Para o CNPq, como unidade orçamentária da Ciência e Tecnologia, tivemos apenas R$ 2,0 bilhões em 2016, que se tornaram R$ 1,4 bilhão, em 2020, com promessa de queda ainda maior em 2021. Trata-se do menor financiamento da história do CNPq, expressando um verdadeiro sucateamento e paralisia do órgão. Em 2021, o CNPq conta com recursos autorizados de R$ 1,2 bilhão, dos quais tinha executado R$ 658 milhões, até junho. O Siga Brasil nos revela, acerca da função Ciência e Tecnologia, que ela representa 0,18% do Orçamento Geral da União (OGU), ou seja, seu orçamento é efetivamente irrisório, destacadamente se o comparamos com a gambiarra de recursos do pagamento de juros e amortizações da dívida pública que compromete há anos mais de 25% do OGU. A maior parte desse orçamento em C & T é para a formação e o suporte de recursos humanos, mostrando por que os laboratórios, de todas as áreas e instituições, vivem à míngua no Brasil, sobretudo quando não cedem às pressões do mercado ou sequer são áreas de interesses mercantis. Nesse sentido, as ciências humanas e sociais aplicadas sofrem ainda mais. Esse é o projeto: uma universidade heterônoma e sufocada quanto ao financiamento.

Na qualidade de quem esteve na representação da área de Serviço Social no CNPq entre 2017 e 2020, pudemos acompanhar os impactos dessa dinâmica – com muitos momentos de frustração e alguns de alegria, compartilhados com a professora Jussara Mendes, que esteve comigo na tarefa, indicadas pelos pesquisadores da nossa área. Vimos muitos projetos aprovados pelo seu mérito e relevância social, de pesquisadores com produção de excelência declarada em seus Lattes, líderes de grupos de pesquisa, e que não tiveram seus projetos financiados por falta de recursos do CNPq. Acompanhamos sonhos de estudos e investigações relevantes no Brasil e no exterior bloqueados pelo contingenciamento de recursos (de estudantes de pós-graduação e pesquisadores(as)). Observamos a alocação profundamente desigual entre as áreas. Sentimos a pressão de critérios supostamente universais para diferentes áreas e requisições dos objetos de pesquisa, numa tensão real entre as ciências da natureza, biomédicas, agrárias e engenharias, e as ciências humanas e sociais aplicadas.

O bug dos sistemas do CNPq tende a aprofundar essa lógica e esses problemas, ao não permitir o acesso público e em tempo hábil aos dados que permitem ao menos conhecer e reconhecer o conjunto da produção acadêmica e disputar o recurso público para iniciativas relevantes. Ele serve, portanto, para degradar ainda mais as nossas condições de trabalho, não para supostamente “nos libertar”. Se “viver não cabe no Lattes”, e mesmo tudo o que produzimos efetivamente, com o que tenho pleno acordo, não podemos simplificar a questão e jogar tudo fora, “a água com a criança na bacia”.

Doutora em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2002). Foi presidente da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS), na gestão 2009-2010 e do Conselho Federal de Serviço Social (1999-2002). É professora associada da UERJ, na Faculdade de Serviço Social, onde coordena o Grupo de Estudos e Pesquisas do Orçamento Público e da Seguridade Social (GOPSS), e o Centro de Estudos Octavio Ianni (CEOI). Tem publicações na área de política social, orçamento público, fundo público e Serviço Social.

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Arte Nossa: o Tambor de Crioula para novas gerações

O Ponto de Cultura Tambor de Crioula Arte Nossa realiza desde 2007 oficinas de Tambor de Crioula para crianças do Centro-Histórico de São Luís. Dando continuidade em suas ações foram realizadas oficinas de Tambor de Crioula para crianças nos dias 7 e14 de julho, na Casa das Minas, sendo que no dia 31 será realizado o encerramento das atividades.

O projeto neste ano de 2021 tem o apoio do Centro Cultural Vale do Maranhão. Para Simei Dantas as oficinas são uma forma de salvaguardar o patrimônio imaterial repassando os saberes e fazeres do Tambor de Crioula para as novas gerações.

Já para Júnior Catatau as ações fortalecem e buscam manter viva essa tradição cultural maranhense herdada dos nossos antepassados e ancestrais. Uma forma de manter viva a memória dos Mestres da cultura popular.

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Fundador da Somar deixa uma semente na audiência de rádio

João Carlos Silva Gomes faleceu quarta-feira (28 de julho), aos 60 anos de idade. Ele foi um dos entusiastas e fundador da Somar (Sociedade dos Ouvintes Maranhenses de Rádio), entidade que congrega a audiência dos programas jornalísticos das emissoras AM.

Nessa entrevista (ouça aqui) concedida para a pesquisa de doutorado sobre produção e recepção dos programas jornalísticos, João Carlos fala sobre a sua vivência de ouvinte e os primeiros passos para a organização da audiência participativa no rádio.

Uma das imagens mais emblemáticas do rádio podia ser vista com frequência por quem passava na esquina das avenidas Getúlio Vargas e Franceses, no Apeadouro, bairro tradicional de São Luís.

Ali funcionava um bar da família de João Carlos Silva Gomes; e ele, quando não estava atendendo à clientela, ficava grudado em uma atração muito especial no estabelecimento – o orelhão, de onde disparava telefonemas para as emissoras de rádio AM sediadas em São Luís.

Ele não só gostava de rádio, era um apaixonado pelo meio de comunicação que ainda ouvia no aparelho de pilha, sempre a postos, no trabalho ou em casa. João Carlos colecionava centenas de cartões telefônicos que utilizava diariamente nas ligações para as emissoras.

A cena descrita acima ficou na memória, assim como a sua voz, eternizada em incontáveis participações nos programas jornalísticos do rádio AM.

João Carlos faleceu quarta-feira (28 de julho de 2021), aos 60 anos de idade, vítima de câncer.

Ele se foi, mas deixa um legado no rádio porque plantou uma semente na organização da audiência.

Em setembro do ano 2000, os ouvintes que sempre telefonavam para os programas sentiram a necessidade de se conhecer pessoalmente e João Carlos foi um dos entusiastas da ideia de criar uma entidade que congregasse os radioapaixonados.

E assim começaram as primeiras articulações para o nascimento da Sociedade dos Ouvintes Maranhenses de Rádio (Somar), que chegou a ter um programa de rádio na Timbira AM, chamado “De ouvinte para ouvinte”.

 A audiência reunida na Somar via em João Carlos um grande ativista. Ele falava quase diariamente nas emissoras e nos fins de semana visitava os ouvintes de casa em casa, estabelecendo laços afetivos e organizativos para a criação da entidade.

Através da Somar foi instituído também o Dia Estadual do Ouvinte (projeto apresentado pelo deputado Pavão Filho) e a entidade participou ativamente, através do rádio, do trabalho de esclarecimento da população visando à coleta de assinaturas para o projeto de iniciativa popular que desembocou na Lei da Ficha Limpa.

Ouça abaixo a entrevista concedida por João Carlos Silva Gomes, dia 27 de outubro de 2013, para a pesquisa de doutorado “O rádio tece a cidade”, do professor Ed Wilson Ferreira Araújo. O depoimento do presidente da Somar foi fundamental para a construção da tese, de nossa autoria, que está em fase de revisão para ser publicada em 2022.

João Carlos Silva Gomes deixa a esposa, Helena Gomes, e três filhos: Beatriz, 36 anos; Thiago, 35 anos; Rafael, 34 anos; e os netos Pedro Victor, 15 anos; e Arthur Vinicius, 12 anos.

Fica nesse registro o nosso imenso agradecimento pelo valoroso legado de João Carlos Silva Gomes para a História do rádio e o seu afeto pelos ouvintes. Que Deus o receba em paz.

João Carlos (de camisa azul, à direita) em família

Acesse aqui o link para a tese defendida em 2016 pelo professor Ed Wilson Ferreira Araújo, na PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), com o título “A palavra falada em pulsação: produção e recepção dos programas jornalísticos das emissoras de rádio AM, em São Luís”.

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Nota de repúdio à manifestação do governo federal pelo Dia do Agricultor

Comunicação governamental da Presidência da República exalta o jagunço, ao invés do agricultor; ignora a realidade e despreza políticas afirmativas e vítimas da violência no campo

O Sindicato Nacional dos Peritos Federais Agrários (SindPFA) manifesta veemente repúdio à forma com que o governo federal resolveu celebrar, nesta quarta-feira, 28 de julho, o Dia do Agricultor.

A Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República publicou em suas redes uma imagem que é vendida em bancos de imagem com a seguinte descrição “Silhueta de caçador carregando espingarda no ombro e observando”. Isso, definitivamente, não é o que define um agricultor.

A manifestação é uma demonstração indigna de quem tomou o lado do escravagista, do jagunço, do capitão do mato, do grileiro e do desmatador, que ignora a realidade de um país que ainda não se reconciliou com seu passado, marcado pela destinação da terra a endinheirados, marginalizando a população.

É mais uma prova do desprezo sistemático por políticas afirmativas como a reforma agrária, não obstante os sérios problemas ainda enfrentados na democratização do acesso à terra, na preservação de recursos naturais e de trabalho escravo.

É, sobretudo, um escárnio para com as muitas famílias e vítimas da violência no campo, como as do massacre de Eldorado dos Carajás, que completou 25 anos recentemente.

Nosso reconhecimento aos verdadeiros agricultores, homens e mulheres que se dedicam ao *cultivo da terra* e que – com ferramentas de trabalho, e não armas de fogo – levam às nossas mesas o alimento de cada dia.

Nota disponível em: https://sindpfa.org.br/noticia/nota-de-repudio-a-manifestacao-do-governo-federal-pelo-dia-do-agricultor/

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Governo do Maranhão lança a segunda fase da Lei Aldir Blanc com 11 novos editais artísticos

O Governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secma), anunciou durante coletiva de imprensa realizada na manhã desta segunda-feira (26), em São Luís, o lançamento de 11 novos editais de fomento à cultura pela Lei n° 14.017/20, popularmente conhecida como Lei Aldir Blanc.

Nesta segunda fase da aplicação dos recursos da Lei Aldir Blanc no Maranhão, serão investidos aproximadamente R$ 27 milhões. Os 11 editais ficaram definidos como Conexão Música; Conexão Culturas Populares e Tradicionais; Conexão Teatro e Circo; Conexão Dança; Conexão Artes Plásticas; Conexão Literatura; Conexão Fotografia; Conexão Projetos; Conexão Games; Conexão Audiovisual; e Conexão Artesanato.

Participaram da coletiva o secretário de Estado da Cultura, Anderson Lindoso; a presidente do Conselho Estadual de Cultura (ConsecMA), Eliane Dutra; e o secretário municipal de Cultura e Turismo de Miranda do Norte e integrante do Fórum de Gestores Municipais de Cultura do Maranhão, Marcos Ronilson.

Ronilson relata que, por muito tempo, os municípios maranhenses ficaram isolados das políticas culturais do estado.

“O anseio é grande dos municípios em participar da política cultural do estado. Com a união que acontece aqui, agora não estamos mais às margens das ações. A cultura será muito exigida no pós-pandemia e a execução da segunda fase da Lei Aldir Blanc no Maranhão é um alívio, uma válvula de escape para muitos artistas”, afirmou.

Elaine Dutra, presidente do ConsecMA, comentou que além de fomentar a cultura, os novos editais visam a preservação da cultura maranhense.

“O setor cultural foi muito danificado com a pandemia e o lançamento destes editais significa, além do apoio aos fazedores de cultura, a preservação e manutenção da nossa cultura”, disse.

Por fim, o secretário de Estado da Cultura, Anderson Lindoso, reforçou que o alinhamento e o trabalho em conjunto com o Fórum e o Conselho de Cultura foram essenciais para os novos editais, com mais vertentes culturais e que abrangessem todo o estado.

“Nosso objetivo é que os editais não fiquem somente restritos a São Luís, trabalhamos para deixá-los cada vez mais acessíveis. Por isso unimos este trabalho ao ConsecMA e ao Forum, que representa a sociedade civil. Temos a certeza que, se não fossem os fazedores de cultura, pressionando pela continuidade da aplicação dos recursos em Brasília, não estaríamos aqui hoje lançando estes editais tão essenciais para a classe artística maranhense”.

As inscrições nos editais da Lei Aldir Blanc terão início a partir do dia 12 de agosto. Os editais podem ser consultados no site cultura.ma.gov.br. As premiações dos editais terão valores que vão de R$ 3,5 mil a R$ 80 mil.

Veja o número de vagas e o valor de premiação em cada edital:

Conexão Música:
Seleção de proposta de produção musical em vídeo
1.500 vagas
Valor da premiação: R$ 3.500,00

Conexão Culturas Populares e Tradicionais:
Seleção de proposta de produção artística em vídeo
1.000 vagas
Valor da premiação: R$ 4.000,00

Conexão Teatro e Circo:
Seleção de proposta de apresentação teatral e circense
100 vagas
Valor da premiação: R$ 8.000,00

Conexão Dança:
Seleção de propostas de apresentação
100 vagas
Valor da premiação: R$ 8.000,00

Conexão Artes Plásticas:
Seleção de proposta de produção artística artística voltada à exibição em ambiente virtual
100 vagas
Valor da premiação: R$ 8.000,00

Conexão Literatura:
Seleção de produções literárias inéditas para publicação
40 vagas
Valor da premiação: R$ 15.000,00

Conexão Fotografia:
Seleção de conjuntos fotográficos
100 vagas
Valor da premiação: R$ 5.000,00

Conexão Projetos:
Seleção de projetos de eventos
100 vagas
Valor da premiação: R$ 80.000,00

Conexão Games: Seleção de projetos de produção de Games
10 vagas
Valor da premiação: R$ 50.000,00

Conexão Audiovisual: Seleção de projetos audiovisuais
80 vagas
Valor da premiação: R$ 10.000,00

Conexão Artesanato:
Seleção de propostas de oficinas de artesanato
1.000 vagas
Valor da premiação: R$ 3.000,00

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O importante alerta de Flávio Dino sobre a segurança de Lula

Há muitos sinais de que as eleições de 2022 serão marcadas pela violência.

Inspirado no tresloucado ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sua cópia piorada no Brasil, Jair Bolsonaro, vem fazendo declarações repetitivas sobre uma suposta insegurança da urna eletrônica e pregando o voto impresso.

Bolsonaro e seus filhos, todos políticos profissionais, já foram eleitos várias vezes em pleitos com a urna eletrônica. Mesmo assim, lançam dúvidas sobre a segurança do dispositivo. Esse tipo de postura – negar – afirmar – negar – afirmar…. faz parte do jogo que alimenta os seus seguidores.

O bolsonarismo é formado por pessoas fanáticas dispostas a tudo, à imagem e semelhança da horda de trogloditas que invadiu o Capitólio – Congresso dos Estados Unidos – quando Donald Trump foi derrotado.

Como tem gente capaz de tudo, pode ser que algum fanático tente partir para a violência bruta contra o ex-presidente Lula (PT), que vem pontuando repetidas vezes nas pesquisas como favorito.

Portanto, faz todo sentido o alerta do governador Flávio Dino sobre a segurança de Lula. Flávio Dino (PSB) chama especial atenção para o radicalismo da extrema direita em um país onde o discurso armamentista é forte.

O comando da campanha de Lula já deve se preparar para uma eleição acirrada como nunca antes se viu no Brasil. Todo cuidado é pouco e a exposição de Lula em aglomerações será rodeada de precauções.

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Mestre ‘Calça Curta’, do bumba meu boi da Maioba, é homenageado com mural

O projeto “Amo, Poeta e Cantador: Murais da Memória pelo Maranhão” finalizou neste sábado, dia 24, a pintura da imagem do mestre ‘Calça Curta’ no Barracão do Boi da Maioba, na MA-202, na zona rural da Ilha de São Luís. Já são cinco murais concluídos, de 10 que o projeto vai construir, neste ano de 2021, em sete cidades maranhenses.

A confecção de grandes ‘Murais da Memória’ e também de um documentário em homenagem a personalidades que marcaram a história do bumba meu boi do Maranhão é uma idealização do artista plástico e grafitteiro Gil Leros, em parceria com o bumba boi da Floresta, de Apolônio Melônio, tem apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Benfeitoria e do SITAWI Finanças do Bem.

O “Amo, Poeta e Cantador” já homenageou os mestres Leonardo (Boi da LIberdade), Francisco Naiva (Boi de Axixá), ‘Mundoca’ (Boi da Floresta), João Câncio (Boi de Pindaré), e, agora por último, o mestre ‘Calça Curta’ (Boi da Maioba). Logo no início do mês de agosto a equipe do projeto viaja para outras cidades e vai continuar as homenagens às personalidades do bumba meu boi do Maranhão.

José Raimundo Ferreira, o saudoso “Calça Curta”, falecido em 1992, é um dos fundadores, oficialmente, da manifestação cultural do Boi da Maioba, ao lado de ‘João de Chica’ e ‘Pedro Boca-Aberta’. Foi por meio deles que o batalhão ganhou sede própria, com direito a capela e um grande barracão, onde são realizados os principais rituais do Boi da Maioba, como ‘batismo’ e ‘morte’ da brincadeira. O local atualmente é conhecido como Associação do Boi da Maioba.

Com 124 anos de existência, o bumba meu boi da Maioba é coordenado, atualmente, pela família ‘Ferreira’, do mestre “Calça Curta”. O presidente da brincadeira é José Inaldo Ferreira (Zé Inaldo), filho de Calça Curta; e a vice-presidente, também diretora de Comunicação, é Cecilene Ferreira – neta dessa grande personalidade do bumba meu boi do Maranhão.

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Mulheres e colheres

Eloy Melonio *

Imagine duas mulheres vivendo uma situação semelhante de “violência doméstica”: uma, em 1962, e outra, em 2021. Em que se diferenciam as duas realidades?

É óbvio que o cenário atual está mais iluminado, embora ainda faltem elementos importantes em sua cenografia. E o antigo, sombrio, pintado com as cores cinzentas do medo, da submissão.

As duas — uma mais que a outra — são parte do enredo desse “drama” vivido por muitas mulheres no Brasil. Felizmente, nestes novos tempos, o clímax já nos deixa entrever um desfecho auspicioso.

A primeira situação é do tempo das “colheres” que viviam caladas na gaveta do armário. E a segunda é de hoje, do tempo das “palavras” empoderadas que voam em todas as direções.

Entre uma e outra, lembro dos meus dias de criança, quando, aos 10 anos, via aquele “senhor” bem-vestido, de passos compassados, saudando as pessoas na rua. Sua esposa, uma mulher triste, insegura, com quatro filhos. E eu, moleque que brincava quase o dia inteiro na rua, não entendia direito quando o povo falava que “ele batia nela”.

Mas eu já sabia que “A voz do povo é a voz de Deus”. E se era assim…

Algo me incomodava naquele enredo: por que as pessoas ficavam caladas, como se nada estivesse acontecendo? Não aparecia ninguém com uma “colher” (ou “faca”) para botar na garganta do patife e gritar: Pare de fazer isso, seu covarde!

É que nessa época não havia leis de proteção à mulher, e todos se calavam diante dos absurdos cometidos pelos maridos malcriados. Até a polícia, composta integralmente de homens, passava “panos quentes” para esfriar os casos que chegavam às delegacias. E o criminoso continuava fazendo o papel de gente boa, com sua reputação integralmente preservada. E nada de alguém se manifestar! Nada de colheres!

Até porque a ordem presumida era não meter as pobrezinhas em encrencas. E briga de marido e mulher era uma dessas presunções. Talvez a “faca” fosse a arma apropriada, mas, para criar um adágio rimado, terminaram adotando as inofensivas “colheres”.

Lembro-me agora de ter recentemente lido alguma coisa sobre “violência doméstica”. Era, na verdade, a coluna da promotora Gabriela Manssur na revista CLAUDIA, na qual ela sugeria duas atitudes: “Esteja ao lado delas” e “Combater o mal em suas raízes”.

Nessas leituras, informação e conhecimento. Tirar a venda para ver o que está na nossa cara: o medo de se meter no problema do outro, aquela velha atitude do “eu não tô nem aí”.

A grande lição é apoiar “os movimentos e as leis” em defesa e proteção das mulheres. Não é tarefa difícil, desde que “ela” não seja a mulher do seu melhor amigo ou do seu chefe.

Realmente, não é tão simples, mas algo precisa ser feito. E a receita é basicamente esta: “palavra amiga” e “solidariedade”. Em suma, não apenas “cortar o mal pela raiz”, mas aniquilar todo o mal, incluindo suas ramificações. Se possível, até a sua sombra. Ou seja, não ver apenas a especificidade do caso, mas abrir a cortina que esconde as artimanhas desse cenário desprezível.

Nessa receita, podemos incluir: conhecer o problema, suas motivações, e buscar a solução. Casos de violência se repetem porque não chegam ao conhecimento das pessoas — parentes ou amigos próximos. Tampouco das autoridades. Livre, “a bruxa” ronda os relacionamentos, pintando casos e casos com as cores cinzentas da submissão, do medo, ou bordando vidas e vidas com os fios do aprisionamento, da ameaça.

A realidade de hoje deve-se, em grande parte, a uma personagem expressiva na defesa dos direitos da mulher. Maria da Penha Maia Fernandes, uma mulher com coragem e palavras à tiracolo. Sua luta resultou na lei que leva o seu nome, a terceira mais bem-avaliada do mundo.

Sua história é marcada por duas tentativas de homicídio, além de agressões físicas e psicológicas. Cansada de sofrer nas mãos do marido, foi além da denúncia comum. Recorreu à Comissão Interamericana dos Direitos Humanos em busca da própria proteção e de uma salvaguarda definitiva para proteger, de forma integral, a mulher.

Esse cenário, montado ao longo dos últimos anos, é também fruto do trabalho de um exército de “guerreiras” em várias frentes. No Congresso Nacional, nos órgãos da Justiça, nas associações de mulheres. Nos projetos de peso nacional, como o “Justiceiras”, da OAB, e — ressalte-se — da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar, a CE do TJMA.

Em decorrência dessa lei e toda essa movimentação, hoje chovem notícias de “feminicídios” e outros tipos de “violência doméstica e familiar” na imprensa nacional. Homens da espécie do vereador Jairinho (Rio de Janeiro-RJ), acusado do assassinato de Henry Borel, seu enteado de 4 anos, filho de sua atual companheira, que — mesmo poderosos — estão sendo presos, julgados e condenados.

A realidade é que nem todos os casais vivem na praia ensolarada das canções românticas. “Também há dias em que a chuva cai” (The Fevers). E aí o bom senso dita que é hora de parar para conversar. Ou reclamar, como fez Adão: “A mulher que tu me deste por companheira…”.

Mas jamais maltratar, machucar, matar.

Se o casamento não vai bem, existem os procedimentos terapêuticos e os trâmites legais. O que não se pode admitir é que “um lado” use de sua força física ou poder financeiro para maltratar, menosprezar e subjugar o outro. Ou, ainda pior: ficar impune! Quanto à sociedade, calar-se é o mesmo que “deixar a vítima no banco dos réus”.

Se tivesse os poderes mágicos de Harry Potter, correria ao passado para gritar aos meus vizinhos: Guardem suas colheres, seus imbecis! E soltem suas atitudes!

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Eloy Melonio é professor, escritor, poeta e compositor

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Cidades maranhenses preparam atos pró-impeachment neste sábado

Neste sábado, 24 de julho, pelo menos oito grandes cidades do Maranhão vão realizar manifestações contra o presidenteJair Bolsonaro: São Luís, Açailândia, Bacabal, Imperatriz, Pinheiro, Pedreiras, Santa Inês e Santa Luzia. Além da saída imediata de Bolsonaro da Presidência da República, os manifestantes vão às ruas pedir a ampliação da vacinação em todo o país e ações de apoio às populações mais vulnerabilizadas pela pandemia.

As manifestações fazem também a defesa da democracia e repudiam qualquer tentativa de golpe no Brasil. Os atos maranhenses são realizados em consonância com movimentos nacionais que defendem a saída de Bolsonaro – até a manhã desta sexta-feira, já estavam confirmados mais de 300 atos em todo o Brasil e em mais 15 países.

Nas últimas semanas, com o avanço das investigações da CPI da pandemia e as revelações que apontaram para o superfaturamento e solicitação de propinas na compra de vacinas, a força dos movimentos populares vem aumentando nas ruas.

No Maranhão, isso é notável: os atos, que são organizados pela articulação de partidos de esquerda e movimento sociais e populares no Movimento Maranhão Contra Bolsonaro, vêm ganhando, a cada edição, uma adesão maior por parte da população.

Em São Luís, o 24J terá sua concentração às 9h, na praça Deodoro. Além dos partidos e movimentos sociais, outros grupos e categorias diversas devem marcar presença, como profissionais da saúde, educadores, estudantes, ciclistas e artistas. Intervenções culturais estão previstas para ocorrer ao longo de todo o percurso.

Em função da pandemia, a preocupação com a segurança sanitária dos participantes é grande em todos os atos e vários cuidados são tomados, como a obrigatoriedade do uso de máscara o tempo todo (preferencialmente PFF2), o uso de álcool para manter as mãos higienizadas e a manutençãodo distanciamento.

Na última manifestação em São Luís, a Brigada Sanitária do ato distribuiu cerca de 300 máscaras PFF2 aos participantes que estavam utilizando máscaras de pano, assim como disponibilizou borrifadores de álcool ao longo de todo o trajeto. As pessoas também são orientadas a não participar caso tenham algum sintoma gripal ou sugestivo de covid, para evitar o contágio de terceiros.

Além dos atos presenciais, é importante manter também a mobilização nas redes. A tag preferencial do dia deverá ser #24JForaBolsonaro e #MaranhãoContraBolsonaro.

Atos programados no Maranhão

Açailândia, 18h30 – Praça do Pioneiro

Bacabal, 8h – Praça Catulo da Paixão Cearense

Imperatriz, 9h – Praça de Fátima

Pedreiras, 7h30 – Praça Corrêa de Araújo Pinheiro, 8h – Praça José Sarney

Santa Inês, 8h – Praça Das Laranjeiras

Santa Luzia, 8h – Esquina do Supermercado Galvão

São Luís, 9h – Praça Deodoro

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Estátua da Havan mexeu no vespeiro de São Luís

Se a poluição visual da Estátua da Liberdade é cafona, imagine aquela chaminé da termelétrica movida a carvão mineral lá na zona rural da cidade. A gente nem percebe, mas tem muita poluição no ar da Ilha do Amor

É muito proveitoso o debate sobre a instalação de uma réplica da Estátua da Liberdade prometida para São Luís na loja Havan, do empresário bolsonarista Luciano Hang.

A mobilização iniciada através de uma petição eletrônica contra o monumento ganhou a adesão de artistas, intelectuais e ativistas unidos no argumento de que a estátua é cafona e destoa das características arquitetônicas da cidade reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade.

Por outro lado, gerou uma forte reação do campo conservador identificado com o bolsonarismo, que vê a estátua e a Havan como símbolos do empreendedorismo, da geração de empregos e investimentos para São Luís.

Em síntese, a polêmica já é vitoriosa e serviu para demonstrar que é possível envolver diversos segmentos da população no debate sobre a cidade.

Nesta quarta-feira (22), às 11h, a Agência Tambor vai abordar a trágica situação dos moradores atingidos pela construção do Shopping da Ilha. Ali próximo tem um bairro, a Vila Cristalina, localizada entre o Maranhão Novo e o Vinhais.

Card da Agência Tambor visualiza protesto dos moradores
da Vila Cristalina em frente ao Tribunal de Justiça do Maranhão

As obras do shopping soterraram fontes riquíssimas de água doce na Vila Cristalina. E não foi só isso. As casas dos moradores sofreram rachaduras, foram invadidas pela lama e a maioria ficou sem aquilo que tinha em abundância – água!

Passados mais de 10 anos, nada de indenização para as pessoas que perderam parte do patrimônio.

Casos como esse pipocam toda semana em São Luís, uma cidade construída à base da violência do poder econômico massacrando os pobres.

Mas, a Vila Cristalina é só um detalhe sério. Mais grave é a revisão do Plano Diretor de São Luís, que vai mexer forte na legislação urbanística e pode transformar a cidade em um entreposto portuário e industrial.

Se a poluição visual da Estátua da Liberdade é cafona, imagine aquela chaminé da termelétrica movida a carvão mineral lá na zona rural da cidade. A gente nem percebe, mas tem muita poluição no ar da Ilha do Amor.

Algumas tentativas já foram realizadas para mudar na marra o Plano Diretor. E uma nova iniciativa já está por vir na Câmara Municipal. Seria uma ótima oportunidade para gerar um grande debate sobre a cidade que temos e o futuro de São Luís.

Que o embate da Estátua da Liberdade inspire novas batalhas.

Foto destacada / Claudio Castro / chaminé da Usina Termelétrica Itaqui, na zona rural de São Luís