Se o partido de Lula quiser, e puder, deve aplicar dois corretivos no deputado federal Gastão Vieira: uma nota de repúdio do Coletivo de Mulheres do PT e o alinhamento de voto na Câmara Federal à bancada progressista, sob pena de expulsão do petismo
Ex-PMDB e Pros, filiado de última hora no PT, Gastão Vieira é um político enraizado na origem das espécies do sarneísmo e foi agregado ao dinismo, quando as duas águas se misturaram.
Mas, o problema não é de onde ele veio, já que quase todos os gatos são pardos no jogo partidário e nos campos de poder.
O foco da crítica é o que ele faz e como vota.
Recentemente, o deputado agrediu verbalmente nas redes sociais a petista e professora universitária Mary Ferreira, só porque ela o criticara pelas sucessivas posições favoráveis à agenda ultraliberal do governo Jair Bolsonaro (PL).
No Encontro de Tática Eleitoral do PT do Maranhão, realizado dias 4 e 5 de junho, o confronto veio novamente à tona e a professora expôs publicamente as contradições do deputado, gerando um tumulto no palco.
O parlamentar vota alinhado à bancada de direita e ultradireita do Maranhão, embora seja base do ex-governador Flávio Dino.
Gastão Vieira foi derrotado para o Senado em 2014 (ainda no campo liderado por José Sarney) e candidatou-se a deputado federal (Pros) em 2018, já convertido ao comunismo maranhense. Ficou na segunda suplência, mas foi efetivado na Câmara Federal graças a um acordo que retirou Rubens Junior (PCdoB) de Brasília para ser candidato a prefeito de São Luís e transformou o primeiro suplente Simplício Araújo (Solidariedade) em titular da Secretaria de Indústria e Comércio.
Bem antes, em 2011, pelas mãos de José Sarney, em aliança com Lula, Gastão Vieira foi ministro do Turismo no governo Dilma Roussef e chefe do então presidente da Embratur, Flavio Dino.
Quando agrediu verbalmente Mary Ferreira, o deputado extravasou a sua superioridade curricular: amigo de Lula, ministro de Dilma e avalizado pela Direção Nacional do PT para ingressar no petismo maranhense pela porta da frente, com direito a agredir uma militante histórica e entrar na lista de pré-candidatos do PT na federação com o PV.
Pelo conjunto da “obra”, cabem duas advertências: uma nota de repúdio do Coletivo de Mulheres do PT e o enquadramento da Direção Nacional. Se continuar votando na pauta bolsonarista, vai ser expulso do partido!
O Amapá tem uma localização privilegiada. É cortado pela linha do Equador, está encravado na maior floresta do mundo e a capital, Macapá, é a única do Brasil banhada pelo rio Amazonas
Chegada ao Porto de Santana, atracadouro principal do Amapá
Em 2010 fiz uma viagem de barco entre Belém e Macapá, capital do Amapá. Foram 27 horas navegando pelos rios da Amazônia a bordo de uma embarcação típica daquela região. Naquelas águas transitam pessoas do Norte e Nordeste do Brasil por diversos motivos: busca de trabalho, visita aos parentes, tratamento de saúde, mudanças de cidade, turismo e lazer.
Pássaros acompanham os barcos na hora do almoço
Durante o trajeto, além da riqueza cultural das personagens dentro do barco, é possível conhecer as belezas e as mazelas de uma parte da Amazônia.
O repórter nas águas da Amazônia
Na viagem encontrei uma família que estava dispersa há 20 anos e se reconectou através de cartas e mensagens enviadas para emissoras de rádio.
Uma década depois da minha viagem, Macapá ganha visibilidade na mídia nacional devido ao apagão que atingiu vários municípios do Amapá.
Fico tentando imaginar o sofrimento das pessoas diante da situação e a morosidade do governo federal para tomar providências e solucionar o problema.
Macapá estava invisível até então e só entrou no noticiário nacional em decorrência da tragédia.
Bem antes do apagão de 2020 registrei vários atrativos da orla de Macapá, também chamada “Zaguri” ou “Lugar Bonito”.
Panorâmica do “Zaguri” ou “Lugar Bonito”
Kitesurf na orla do rio Amazonas
É uma parte da cidade ao longo da margem do rio Amazonas onde está localizada a Fortaleza de São José e todo o entorno qualificado com pistas de caminhada, restaurantes, lanchonetes, pistas de caminhada e outros equipamentos destinados às práticas esportivas e de lazer.
Opções de alimentação e lazer no “Zaguri” ou “Lugar Bonito”
Um dos atrativos é um VLT turístico instalado em uma plataforma sobre a margem do rio.
Educação Ambiental
A viagem de 2010 trouxe à minha memória outra ida às terras amazônicas. Em 2001 fiz a primeira viagem ao interior do Amapá, em um trabalho de consultoria para implantar rádios comunitárias nas reservas extrativistas de Maracá e Cajari.
Através da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), o projeto “Caravana Ambiental” trilhava as estradas do Amapá a bordo de uma perua (carro semelhante a uma van) com uma equipe multidisciplinar.
Os técnicos da Sema adaptaram o carro com um sistema de som denominado “rádio ambiental” e outros equipamentos didáticos como teatro de bonecos e projetor de filmes – o “cine ambiental”.
Além da “Caravana Ambiental”, a Sema ambicionava instalar estações de rádio FM nas próprias comunidades com o objetivo de melhorar o potencial de comunicação junto aos povos extrativistas e ribeirinhos.
Passei uma semana em uma escola agrícola localizada a 200 Km da capital (Macapá), ministrando aulas no projeto de montagem das emissoras comunitárias que posteriormente iriam atuar no trabalho educativo voltado para o desenvolvimento sustentável.
Reportagem sobre a “Caravana Ambiental” no Amapá
À época, registrei todo o trabalho em uma reportagem publicada no Jornal Pequeno (veja imagens), contanto detalhadamente as atividades desenvolvidas em prol do meio ambiente em Macapá.
Como se pode observar, existe uma variada agenda positiva nos territórios do Brasil. O Amapá é um deles.
VEJA MAIS IMAGENS
O repórter na cabine do barcoAcesso à Fortaleza São JoséEntrada principal da Fortaleza São JoséGuarita da Fortaleza São José e vista para a plataforma do VLTFortaleza São José tem vista para o rio AmazonasParte interna da Fortaleza São JoséPraça em MacapáRuínas na Fortaleza São JoséCanhões na Fortaleza São José
O evento irá valorizar toda a cadeia produtiva envolvida na arte de cozinhar, do artesanato ao empreendimento turístico
A combinação do tempero, frutos do mar, frutas e outros elementos da gastronomia maranhense, com a sua base da cultura tradicional indígena, africana e europeia são fontes de inspiração para as grandes descobertas da 4ª Edição do Festival das Tulhas.
O evento ocorrerá virtualmente pelo instagram e youtube nos dias 13, 14 e 15 de outubro de 2020, realizado pela Associação Maranhense de Artesãos Culinários – Amac, em parceria com os mais conceituados representantes dos diversos setores público e privado do Maranhão.
Com a participação de chefs do Maranhão e de todo o Brasil, de renome nacional e internacional, o festival contará ainda, entre os 120 convidados, com sommeliers, mixologistas, mestres cervejeiros, pesquisadores, técnicos, empresários do ramo gastronômico, de bebidas, de cerimonial, alunos, jornalistas, designers, artesãos, representantes de instituições do turismo, do poder público e de ensino.
Objetivo do evento e seu público-alvo
O festival visa trocar experiências, criar de redes de relacionamento entres pessoas, empresas e instituições através da cultura gastronômica e apresentar tecnologias da produção de alimentos.
Esse é o propósito do evento já consolidado no calendário do estado, voltado a um variado público: organizações, produtores, estudantes e pesquisadores das cadeias produtivas da cultura da gastronomia, até profissionais da agricultura, da culinária, do turismo e da comunicação e toda comunidade interessada.
Sabor e Memórias
O Festival das Tulhas 2020 pretende aguçar as memórias afetivas dos participantes, do sabor, do cheiro, da troca de calor humano (mesmo em tempos de distanciamento social).
“Contaremos a história que cada um de nós tem construído a cada dia. Dividiremos, com todos, nossas experiências, vivências, seja nos mercados do mundo, na cozinha, no balcão do bar, colocando água na brasa ou a mão na massa, sempre exercendo a arte de receber bem, harmonizando, ao vivo e em cores, gravado em vídeos, áudios ou textos e até mesmo com fotos, músicas e danças”, detalhou Júnior Ayoub, idealizador e coordenador do evento, membro da Amac.
O setor turístico do Estado aos poucos vem retomando as atividades no Maranhão, mas o retorno deve atender a um “rígido protocolo sanitário de biossegurança”, como explica o secretário de Estado do Turismo (Sectur), Catulé Júnior.
“Aos poucos, os principais destinos turísticos do Maranhão vêm abrindo as suas portas para os visitantes e esta retomada está sendo feita de forma gradual. Estamos sensibilizando todo o trade turístico sobre a importância de mantermos firmes a vigilância sobre o cumprimento de todos os protocolos e normas sanitárias”, disse o secretário.
Apesar da reabertura de pontos turísticos que atraem visitantes de vários países, Catulé Júnior frisa que a ênfase nesse momento é o mercado interno.
“Dentro da nossa política de promoção turística priorizaremos o turismo doméstico, dentro do nosso próprio Estado. Faço aqui um convite a todos os maranhenses, para que façamos de forma responsável, gradativa e gradual uma visita pelos principais destinos turísticos do Maranhão, nossa terra de encantos”, ressalta Catulé.
Desde o dia 1º, o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, destino procurado por turistas do mundo inteiro e de gestão federal, foi reaberto para visitação. Os principais atrativos turísticos de cidades como Tutóia, Fortaleza dos Nogueiras e Riachão, assim como o Centro de Comercialização de Produtos Artesanais do Maranhão (Ceprama), em São Luís, também estão abertos.
Lagoas formadas por água das chuvas nos Lençóis Maranhenses
Nesta etapa, o cuidado com a higienização tem que ser redobrado e toda cadeia produtiva envolvida deve adotar métodos que primem pela saúde dos turistas e trabalhadores do setor.
“É importante salientar que todos eles [reabrem] sob um rígido protocolo sanitário de biossegurança, para que assim nossos turistas e visitantes se sintam mais seguros”, alertou o secretário Catulé Júnior.
Aplicativo para visitar a Chapada das Mesas com segurança
Considerado um paraíso do ecoturismo, por mesclar rios, cachoeiras e uma exuberante paisagem do cerrado, o Parque Nacional da Chapada das Mesas também começa a receber visitantes.
Além de mobilizar os atores do turismo para a elaboração dos protocolos sanitários, a Setur apoiou a criação de um aplicativo que indica aos turistas quais prestadores de serviço possuem o “Selo Turismo Responsável”, programa lançado pelo Ministério do Turismo (MTur) que estabelece boas práticas de higienização para cada segmento do setor. Segundo o MTur, o selo é “um incentivo para que os consumidores se sintam seguros ao viajar e frequentar locais que cumpram protocolos específicos para a prevenção da Covid-19”.
Com o lema ‘Turismo responsável, limpo e seguro’, a ferramenta virtual permite que o usuário saiba, por exemplo, quais meios de hospedagem, agências de turismo ou restaurantes da Chapada das Mesas já estão adaptados às novas regras sanitárias.
O app também oferece acesso à integra dos protocolos de biossegurança que foram adotados como referências para o retorno seguro da atividade turística no Parque.
“A Setur tem trabalhado para que esses protocolos possam ser implementados e para que a gente possa ter essa retomada da melhor maneira possível, de forma mais segura. Os atores do Turismo de cada município são peças fundamentais na execução desses protocolos”, avalia o superintendente de Turismo da Chapada das Mesas, Beto Kelnner.
O recurso online conta, ainda, com cartilhas educativas e vídeos que apresentam as belezas da Chapada das Mesas. O aplicativo pode ser acessado de qualquer navegador web, no celular ou no computador, por meio do endereço eletrônico chapadadasmesas.glideapp.io/.
Imagens: Agência de Notícias / Governo do Maranhão Foto destacada: Poço Azul, na Chapada das Meses, na região sul do Maranhão.
O porto e povoado de Ponta dos Almeida,
também conhecido como Aquiles Lisboa, é um dos acessos às ilhas da Reserva
Extrativista (Resex) de Cururupu. Nesse lugar aprazível você pode se hospedar
na casa de dona Neném e seu Zé Cambeta, pessoas ilustres e receptivas que nos
acolheram em mais uma viagem inesquecível pelo litoral ocidental do Maranhão.
Saindo da sede do município de Cururupu você dirige por cerca de uma hora em uma estrada rural até chegar em Ponta dos Almeida, onde pode tomar uma embarcação para as ilhas da Resex.
Nessa viagem nós fizemos o deslocamento
até a ilha de Mangunça, em aproximadamente uma hora e meia de viagem, depois
contornamos a ilha até chegarmos na praia da Taboa.
Não existem linhas regulares de barcos.
Para fazer essa viagem você tem de juntar uma turma e alugar uma embarcação.
A viagem é mais confortável no começo do
ano, quando caem as primeiras chuvas, ou após o período chuvoso, em agosto.
Nesses dois períodos a estrada Cururupu – Ponta dos Almeida fica em condições
razoáveis.
No período das chuvas intensas não é
recomendável transitar pela estrada porque tem muitos alagamentos.
Existem várias formas de acessar as ilhas da Reserva
Extrativista (Resex) de Cururupu: pelo porto principal localizado na própria
sede do município ou nos povoados Pindobal e Ponta dos Almeida (Aquiles
Lisboa), portos secundários onde também é possível tomar embarcações e visitar
lugares belos na região das Reentrâncias Maranhenses, Floresta dos Guarás ou
Arquipélago de Maiaú (os três nomes designam a mesma região).
Chegando em Cururupu, você pode acessar uma estrada rural até chegar em Ponta dos Almeida (Aquiles Lisboa), com um deslocamento de aproximadamente uma hora (de carro). No primeiro semestre a estrada fica bastante danificada devido às chuvas intensas. Por isso é recomendável fazer a viagem entre os meses de agosto até dezembro.
Veja no vídeo abaixo como é feito o percurso de barco.
Mangunça é uma ilha pouco habitada e na área do “fundo da
ilha” está localizada a comunidade Taboa, onde vivem seis famílias.
Com belas paisagens de campos, mata, lagos, restinga, apicum,
dunas e praia, a Taboa é um lugar desafiador para conhecer. As imagens são de
Marizélia Ribeiro.
Não existem rotas convencionais de barcos nem pousadas para o eixo Mangunça/Taboa. Se você quiser desfrutar esses lugares tem de juntar uma turma corajosa e despojada, alugar uma embarcação e encarar a aventura.
Por do sol na praia da Taboa. Foto: Marizélia Ribeiro
Depois de sair da vila principal de Mangunça você segue de
barco até o pequeno porto de Taboa. Chegando lá, o deslocamento até a vila de
seis casas é feito de carroça e a pés.
Leve protetor solar, chapéu, repelente, saco de dormir, rede
ou barraca para acampar. A culinária é farta, principalmente peixe para comer
cozido, grelhado ou frito.
Esqueça o bucolismo. Na Taboa se trabalha muito, de chuva a
sol, com pescaria, criação de gado, ovinos e caprinos, pequena agricultura
familiar e extrativismo.
A vida é dura, mas você encontra pessoas muito agradáveis,
como Dutra, Deleon, Nalva, Nildo, Louro e tantos outros que nos receberam nas
suas casas.
Embora seja um lugar isolado, de difícil acesso, na Taboa os
moradores fazem adaptações com placas solares para obter energia que ilumina
das casas e fazem “rodar” aparelhos eletrodomésticos.
Veja como funciona o sistema de energia solar na casa de Nalva e Nildo.
O principal meio de comunicação ainda é o velho rádio AM. Sinal de celular é um sonho, mas um dia chega. Sem luz elétrica, um dos baratos em Taboa é acender uma fogueira e bater papo até tarde da noite, sob um deslumbrante céu estrelado.
Abaixo, veja como é a relação entre os moradores da Taboa e os programas jornalísticos de rádio AM.
O período ideal de visitação ao Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses é de maio a setembro, quando as lagoas estão cheias devido às chuvas do verão. As fotos dessa galeria foram feitas em setembro de 2017.
Foto: Thais Polimeni/Cult Cultura
O estado do Maranhão, governado por Flávio Dino (PCdoB), está na briga para ficar com a gestão dos lençóis maranhenses. Principal ponto turístico do Maranhão, o território é federal e recentemente foi incluído em uma lista de localidades que serão privatizadas pelo governo de Jair Bolsonaro, junto com os parques nacionais de Jericoacoara (CE) e Iguaçu (PR).
“O governo federal não quer, mas a gente quer”, afirma
o Secretário Chefe da Representação Institucional do Governo do Maranhão
no Distrito Federal, Ricardo Cappelli, contando que o estado aguarda uma
resposta do governo federal sobre o assunto há mais de um mês.
A movimentação para trazer o espaço para influência do estado começou
antes mesmo do anúncio da privatização. O governador Flávio Dino enviou um
ofício ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) pedindo que a gestão passasse para
o estado, por meio da Maranhão Parcerias (Mapa), em 6 de setembro.
“A proposta fortalecerá as relações interinstitucionais entre
o Estado do Maranhão e a União, aperfeiçoará a gestão socioambiental integrada
da unidade de conservação em apreço, bem como a sua relação com o seu entorno”,
defende o governador no documento.
O ofício, porém, até hoje não recebeu resposta. Pouco menos de três
meses depois, em 3 de dezembro, o governo federal anunciou que o parque seria
privatizado, mesmo com a demonstração de interesse do estado.
“O governo estadual destaca que mantém o interesse na
administração do parque e que aguarda um retorno sobre o pedido feito pelo
governador Flavio Dino em junho, ao Ministério do Meio Ambiente”, disse o
governo do Maranhão em nota.
Procurado, o Ministério do Meio Ambiente não respondeu aos
questionamentos da reportagem até o momento da publicação.
Cercado de dúvidas e conjecturas sobre o ambicioso mercado de terras, o projeto que revisa a delimitação do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses (PNLM) será debatido nessa sexta-feira, 1º de novembro, em audiência pública no município de Santo Amaro, a partir das 10 horas, no Centro de Artesanato Casa Branca.
A audiência é convocada pelo senador Roberto Rocha (PSDB-MA), autor do projeto nº 465/2018, prevendo modificações no Decreto nº 86.060, de 2 de junho de 1981, que criou o PNLM, uma unidade de conservação com área de 156.608,16 hectares nos municípios de Santo Amaro, Barreirinhas e Primeira Cruz, no Maranhão.
Estão convocados para a audiência a população de
Santo Amaro, associações, representantes de órgãos ambientais, pesquisadores, movimentos
sociais, prefeitos, parlamentares e o relator do projeto no Senado, Elmano
Férrer (Podemos), do Piauí.
Segundo Roberto Rocha, o projeto tem o objetivo de
promover o turismo sustentável na região, sob o argumento de que na área do
PNLM não é permitida a construção de escolas, unidades de saúde, igrejas e
empreendimentos hoteleiros e de lazer.
De acordo com o projeto do senador, na época da criação do parque, em 1981, foram inseridas na área de proteção “diversas comunidades e núcleos urbanos que tiveram o seu desenvolvimento comprometido devido ao fato de terem sido incluídos em uma unidade de conservação cujas regras de utilização do espaço físico são extremamente restritivas.”
O texto do projeto cita as comunidades de Travosa,
Betânia, Espigão e Vai-Quem-Quer, localizadas em Santo Amaro. “Segundo dados do
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, autarquia que
administra o Parque, há 2.654 pessoas morando em locais que oficialmente fazem
parte da unidade de conservação, o que não deveria ocorrer nos termos da
legislação que rege os parques nacionais”, justifica a proposição do senador.
Roberto Rocha propõe a revisão dos limites do PNLM para retirar as áreas onde vivem as comunidades tradicionais. Segundo o argumento do senador, essas povoações foram indevidamente incluídas na área da unidade de conservação quando ela foi criada no início da década de 1980.
Especulação imobiliária no cenário
Entidades representativas dos trabalhadores e
trabalhadoras rurais, ambientalistas e pesquisadores analisam com cautela e
apreensão o projeto. Elas argumentam que a iniciativa do senador visa excluir as
comunidades tradicionais do parque para permitir a especulação imobiliária em
uma região cobiçada pelo denominado mercado de terras.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais e Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) repudiou o projeto. De acordo com a entidade, a proposta atende aos interesses da especulação imobiliária e, se aprovado, deve excluir 23 comunidades que integram a unidade de conservação ambiental.
Segundo a confederação, na área dos três municípios do PNLM vivem 60 comunidades com aproximadamente 5 mil mulheres e homens que sobrevivem da agricultura familiar. Para a Contag, um dos objetivos da revisão dos limites visa beneficiar a especulação imobiliária provocando o deslocamento compulsório dos moradores sem garantir medidas protetivas para as comunidades tradicionais.
Um artista da região compôs até música ensejando críticas à iniciativa do senador.
Música pede a retirada do projeto do senador Roberto Rocha
Pesquisadores ouvidos pela Agência Tambor questionam vários aspectos do projeto quanto aos impactos sociais e ambientais. Ouça aqui e neste link as entrevistas com Benedito Souza Filho e Maristela de Paula Andrade.
Segundo o antropólogo e professor da Universidade Federal do Maranhão, Benedito Souza Filho, as comunidades tradicionais já viviam na região antes da demarcação do parque na década de 1980; portanto, não foram incluídas indevidamente na área delimitada. “Estamos falando de pessoas que habitavam e sobreviviam ali desde o século 19”, esclareceu o antropólogo.
O Ministério Público Federal (MPF) cobra a realização de estudos técnicos com a participação da população para dialogar sobre os impactos ambientais e antropológicos nas áreas onde pode haver modificações de limites, a fim de garantir a proteção do meio ambiente e da diversidade cultural na região.
Pode ser até coincidência, mas a revisão nos limites proposta por Roberto Rocha acontece no curso de outra iniciativa – a inclusão do parque no Programa Nacional de Desestatização. Traduzindo: o governo Jair Bolsonaro quer privatizar a gestão do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses.
O projeto de Roberto Rocha está em análise na Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR) do Senado.
Região importante do Maranhão, que compreende municípios com grande potencial econômico e turístico, a Floresta dos Guarás tem entre seus atrativos as aprazíveis ilhas da Reserva Extrativista Marinha (Resex) de Cururupu.
Um dos caminhos para chegar às ilhas é o porto de Apicum-Açu, município localizado a 298 Km de São Luís, seguindo pelo ferry boat.
O porto, muito movimentado, recebe embarcações do Maranhão e do Pará, servindo de escoadouro para a produção pesqueira, de mariscos e outros produtos da região.
Apicum-Açu, embora seja um local de grande força comercial, ainda é pouco explorada para o turismo. Mesmo assim, vale a pena conhecer e seguir viagem para uma região encantadora do Maranhão.
Descer o rio das Balsas na rústica balsa de buriti é uma tradição que vem se mantendo na cidade de Balsas, para homenagear os pioneiros da navegação do sul do Maranhão que usavam uma embarcação construída totalmente com materiais da palmeira buriti (Mauritia flexuosa). Um dos principais entusiastas de tradição da balsa de buriti é o bioquímico José Itamar Pires da Silva.
Assista ao video, abaixo.
Contam os antigos que o uso da balsa na navegação na região teria sido ideia do mercador baiano Antônio Ferreira Jacobina, após a morte de seus animais. Os ribeirinhos passaram então a utilizar essa embarcação para acesso às fazendas de Riachão e transporte de mercadorias. Como muitas balsas trafegavam pelo rio, o porto das Caraíbas passou a ser chamado de Porto das Balsas e o povoado cresceu se transformando em vila Santo Antônio de Balsas (1892), depois cidade de Balsas (1943), localizada a 752 quilômetros da capital São Luís.
Dos braços da planta se fazem os feixes que amarrados uns aos outros compõem a base da balsa. Os lemes são feitos a partir da parte larga da planta. Quase 80% do que se usa para construção da balsa pode ser reaproveitado no ano seguinte.
A cobertura da balsa que era de palha mudou para lona plástica, devido recomendações do Corpo de Bombeiros e da Marinha do Brasil, que fazem uma palestra orientando os passageiros sobre os cuidados que devem ter durante o percurso.
A descida ocorre geralmente no período de julho a agosto, quando o rio não está cheio nem muito raso, proporcionando as condições ideais de navegabilidade da balsa.
A embarcação é feita sob encomenda e guiada pelos mestre e contramestre, que se posicionam na proa e na popa da balsa, combinando os movimentos do leme durante toda a viagem, demonstrando grande habilidade.
Os passeios turísticos podem ser de um, três e cinco dias. A descida mais curta sai de Santa Luzia, após um percurso de 28 km de caminhão por uma estrada vicinal. A viagem começa por volta de 9h da manhã, descendo-se o rio até a sede do município, com chegada por volta de 17h30. O passeio de três dias sai do Porto da Tomázia, distante 130 quilômetros da cidade de Balsas. Do Porto de Gregório começa o passeio de cinco dias.
Os preparativos para o embarque incluem vestir coletes salva-vidas e acomodar mantimentos para lanche e almoço, bebidas, equipamento de som e churrasqueira. Nas laterais da balsa amarram-se boias feitas de câmaras de pneus de veículos que são utilizados também para descer o rio durante todo o percurso.
A balsa se desloca lentamente no leito do rio, ainda bastante preservado até próximo da cidade, permitindo tomar banho, flutuar nas boias e navegar de caiaque no entorno da balsa de buriti.
A descida de balsa oferece várias sensações: encontro de amigos para o lazer, apreciar a natureza e a parte preservada do rio, bem como a vegetação e a morfologia nas margens.
O comandante Antônio Félix, há 19 anos nesse serviço, pode ser contratado no número (98) 988338407. Ele organiza a parada para almoço e o churrasco a bordo da balsa.