O jornalista foi editor de cultura do periódico que circulou
mensalmente em São Luís entre 2009 e 2016. A obra traz 14 entrevistas com
artistas e personalidades maranhenses publicadas na página de cultura do
jornal, além de seis textos. “Penúltima Página” tem orelha
assinada por Jotabê Medeiros, prefácio de
Flávio Reis e edição e projeto gráfico de Isis Rost. O lançamento será
na terça, dia 11, no Chico Discos, centro da cidade.
O Vias de Fato foi um jornal mensal fundado em
2009 pelos jornalistas Emílio Azevedo e Cesar Teixeira, a pedagoga Alice Pires
e o fotógrafo Altemar Moraes. Naquele ano teve início uma experiência ímpar de
jornalismo combativo, próximo a movimentos sociais e sindicatos e, sobretudo,
aberto à colaboração de professores, ativistas sociais, sindicalistas e
artistas. O jornal deixou de circular mensalmente em 2016 e nos três anos
seguintes teve algumas edições com periodicidade irregular.
“Penúltima Página” surge da ideia de celebrar os 10 anos que
o Vias de Fato teria completado ano passado. O livro apresenta um
panorama despretensioso da cultura do Maranhão durante o período em que
colaborei com a editoria de cultura do jornal e sai graças aos esforços dos
amigos que compraram exemplares antecipados a fim de garantir a impressão de
parte da tiragem”, afirma Zema Ribeiro, que é jornalista cultural e atual
diretor da Escola de Música Lilah Lisboa. Assina o principal blog cultural da
cidade onde se apresenta como “um homem de vícios antigos, ainda compra livros,
discos e jornais”.
“Era um outro momento, em relação ao obscurantismo galopante
de nossos dias, e por lá desfilaram vários nomes, em geral uma rapaziada mais
próxima do experimental, do escracho e não da reverência, do combate e não da
submissão. Zema escreve bem, tem lastro de leituras, agilidade e curiosidade
para encarar as dificuldades de fazer jornalismo cultural numa terra pouco
afeita a debates e críticas”, afirma o professor do departamento de Sociologia
e Antropologia da UFMA Flávio Reis, no prefácio do livro.
O livro começa com uma entrevista de Paulo Melo Sousa,
jornalista, poeta e articulador cultural, então às voltas com a experiência do
Papoético, uma roda de conversas que acontecia no Chico Discos, local de reunião
de alguns boêmios inveterados da cidade. A partir daí, temos uma sucessão de
compositores (Gildomar Marinho, Bruno Batista, Marcos Magah e Henrique
Menezes); de gente do cinema (Frederico Machado, Mavi Simão, Francisco Colombo,
Paulo Blitos); do teatro (Lauande Ayres); da literatura (Bruno Azevedo, Celso
Borges e Reuben, então editores da revista Pitomba!); e das cantoras Flávia
Bittencourt, Lena Machado e Patativa, além de nomes da militância sindical e
dos direitos humanos (Novarck Oliveira e Ricarte Almeida Santos).
“Penúltima Página” inclui também textos sobre os 30 anos do
disco “Fulejo”, de Dércio Marques, o lançamento de “Baratão 66”, um quadrinho
anárquico de Bruno Azevêdo e Luciano Irrthum, e uma enquete, feita com 11
pessoas ligadas ao meio musical, sobre os 12 discos mais importantes da música
maranhense, realizada em 2013, quando se comemoravam os 35 anos do lançamento
dos discos “Bandeira de Aço”, de Papete, e “Lances de Agora”, de Chico
Maranhão.
A ABRAÇO Maranhão manifesta sua solidariedade à rádio comunitária Difusora FM, de Zé Doca, que foi atingida por raio em decorrência de um temporal na cidade que durou quase duas horas.
O raio atingiu a torre da emissora, queimou o transmissor, 1 computador, 1 nobreak, 1 DVR, 1 TV de 32 polegadas, 1 roteador e outros equipamentos, deixando a rádio fora do ar.
Nesse momento de dificuldades do nosso companheiro e da equipe da Difusora FM, pedimos apoio de todos que possam ajudar.
Cícero Julio é um grande lutador na causa das rádios comunitárias e merece toda a nossa solidariedade.
Nos
dias 7 e 8 de fevereiro de 2020 foi realizado em Salvador (BA) o II Encontro das
Abraço(s) da Região Nordeste, com a participação de dirigentes das associações
dos estados do Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco,
Alagoas, Sergipe e Bahia.
Durante
o evento foi aprovada a “Carta de Salvador”, documento que sistematiza as
reivindicações da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (Abraço) e das
suas filiadas regionais para os governadores do Consórcio Nordeste.
O
Consórcio Nordeste é uma parceria criada em agosto de 2019 entre os gestores da
região para tratar de parcerias no comércio de bens e serviços e otimizar as
ações de saúde, educação e segurança pública, entre outras proposições, como
amenizar a guerra fiscal.
Formado
por governadores do campo democrático-popular, o Consórcio Nordeste visa facilitar
o desenvolvimento e execução de políticas públicas mediante parcerias e ações
conjuntas envolvendo as administrações na região.
Sintonizadas
nessa perspectiva, a Abraço Brasil e suas filiadas nordestinas sistematizaram
um conjunto de propostas para apresentar aos governadores.
Nas
principais reivindicações, a Carta de Salvador solicita que os gestores abram diálogo
com as entidades representativas das rádios comunitárias regionais e nacional
visando à formulação e execução de ações conjuntas de comunicação, inclusive com
a retransmissão do radiojornal “Giro Nordeste”.
As
associações de rádios comunitárias solicitam ainda que os governadores mobilizem
as suas bancadas em nível federal (deputados e senadores) para votar a favor dos
projetos de lei sobre rádios comunitárias que tramitam no Congresso Nacional com
o propósito de aumentar a potência e o número de canais para as emissoras;
permitir a veiculação de propaganda e publicidade
do comércio; garantir isenção da cobrança de direitos autorais pelo Ecad
(Escritório Central de Arrecadação e Distribuição); e assegurar o acesso às
verbas publicitárias públicas pelas rádios comunitárias.
A
Carta de Salvador também reivindica dos governadores a aprovação de projetos
nas
Assembleias
Legislativas com o objetivo de financiar, apoiar e estimular o funcionamento
das rádios comunitárias, criando legislação estadual específica de fomento à
comunicação comunitária, popular, alternativa e independente.
Outra
reivindicação apresentada no documento pede que os gestores do Consórcio
Nordeste invistam na capacitação dos radialistas comunitários, proporcionando
cursos de formação para os radialistas nas Escolas de Governo e nas secretarias
de Comunicação, Cultura e Educação.
A
Carta de Salvador requer ainda que o Consórcio Nordeste firme convênio para a
veiculação do programa “Giro Nordeste” nas emissoras comunitárias na região.
O
presidente da Abraço Brasil, Geremias dos Santos, afirmou que a Carta de
Salvador é um chamado aos governadores da região Nordeste sobre a importância das
rádios comunitárias para uma comunicação estratégica diante do avanço da onda
conservadora e do pacto estabelecido entre a grande mídia e a ultradireita para
liquidar a democracia no Brasil.
Na
Carta de Salvador os proponentes registram uma iniciativa exitosa do governo do
Rio Grande do Norte, sob a gestão de Fátima Bezerra, que investiu no fomento às
rádios comunitárias e movimentos culturais, exemplo a ser seguido por todos os
gestores da região, segundo a avaliação dos participantes do II Encontro das
Abraço(s) da Região Nordeste.
Além
de Fátima Bezerra, integram o Consórcio Nordeste os governadores Paulo Câmara
(PSB-PE), Flávio Dino (PCdoB-MA), Rui Costa (PT-BA), Wellington Dias (PT-PI),
Renan Filho (MDB-AL), Camilo Santana (PT-CE) e Belivaldo Chagas (PSD-SE).
Ao
final do evento em Salvador foi aprovado o indicativo de realizar o III Encontro
das Abraço(s) da Região Nordeste, em Recife, com a participação dos dirigentes
estaduais e dos radialistas das emissoras de toda a região, no segundo semestre
de 2020.
Veja
abaixo a Carta de Salvador
CARTA DE SALVADOR
À governadora e aos governadores do Consórcio
Nordeste
Senhora e senhores,
Nós, dirigentes das associações estaduais de rádios comunitárias da
região Nordeste, filiadas à ABRAÇO Brasil (Associação Brasileira de Rádios
Comunitárias), reunidos em Salvador, Bahia, nos dias 7 e 8 de fevereiro de
2020, dirigimo-nos a Vossas Excelências para expor e reivindicar o que segue:
1 Saudamos a iniciativa de criar o Consórcio Nordeste, articulação que
reúne governadores e governadora do campo democrático-popular na formação de
uma frente política progressista fundamental para enfrentar a onda conservadora
e a ultradireita crescente em nosso país.
2 Em tempo, parabenizamos a produção e circulação do radiojornal “Giro
Nordeste”, uma das formas de compartilhamento de conteúdo nas emissoras
públicas para dar visibilidade midiática às gestões do Consórcio Nordeste e
coesionar esse campo político com uma agenda propositiva.
3 No atual cenário político
nacional, a chegada da ultradireita ao governo exige de todos nós democratas a
unidade política e ação concreta para enfrentar o projeto conservador e todas
as suas consequências.
4 O enfrentamento passa
necessariamente pela comunicação como estratégia. Nesse contexto, só temos uma
saída – a unidade e a ação programática na política e fundamentalmente na
comunicação. Nessa grande tarefa, as rádios comunitárias têm potencial e força
para colaborar na resistência e na construção de políticas democráticas de
comunicação.
5 Como parte da comunicação pública, as rádios comunitárias irmanam-se a
esta perspectiva de construção e fortalecimento do campo democrático-popular,
apesar das adversidades e mesmo da falta de compreensão dos governos
progressistas sobre a nossa força nas bases.
6 Em 2020 completam 22 anos da Lei de Radiodifusão Comunitária (nº
9.612), instituída em 1998, cujas consequências repercutem no cotidiano do
funcionamento das rádios comunitárias em todo o Brasil.
7 Esta lei, em que pese a regulamentação do serviço de radiodifusão
comunitária, tem uma série de limitações técnicas e de sustentabilidade para as
rádios comunitárias, sendo objeto de questionamentos e contestação da ABRAÇO
Brasil, com o objetivo de aperfeiçoar as condições de funcionamento das
emissoras.
8 Atualmente tramitam no Congresso Nacional vários projetos de lei com o
objetivo de modificar a Lei 9.612/98, com foco nos seguintes eixos: aumento da
potência das rádios comunitárias, ampliação do número de canais, permissão para
a veiculação de propaganda e publicidade do comércio, acesso à verba
publicitária pública e isenção da cobrança de direitos autorais por parte do Ecad
(Escritório Central de Arrecadação e Distribuição).
9 Já temos como referência
concreta de apoio às rádios comunitárias a iniciativa do Governo do Rio Grande
do Norte, liderado pela professora Fátima Bezerra, através da Fundação José
Augusto, que criou uma linha de fomento às rádios comunitárias e movimentos
culturais.
10 O exemplo do Rio Grande do
Norte vai ao encontro da aspiração do movimento de rádios comunitárias como uma
ação concreta de parceria e fortalecimento do campo democrático-popular na
comunicação e desejamos que sirva de inspiração a todos os governadores do
Nordeste, seja através de projetos de lei ou de editais, bem como outras
iniciativas similares.
11 O Consórcio Nordeste, como
já mencionamos, é uma iniciativa da qual nós, ABRAÇO Brasil e ABRAÇOs do
Nordeste, comungamos e queremos ser participantes. Nesse sentido, apresentamos
as seguintes reivindicações:
– Que os governadores do
Nordeste abram diálogo com as ABRAÇOs da região e ABRAÇO Brasil para a
formulação e execução de ações conjuntas de comunicação, inclusive a
retransmissão do radiojornal “Giro Nordeste”;
– Que os governadores do
Consórcio Nordeste mobilizem as suas bancadas em nível federal para votar
favoravelmente aos projetos de lei sobre rádios comunitárias que tramitam na
Câmara e no Senado, quais sejam:
Projeto de Lei sobre aumento da
potência e ampliação do número de canais;
Projeto de Lei sobre a
permissão para a veiculação de propaganda e publicidade do comércio local;
Projeto de Lei sobre a isenção
da cobrança do ECAD;
Projeto de Lei sobre o acesso às
verbas publicitárias públicas pelas rádios comunitárias;
– Que os governadores do
Consórcio Nordeste articulem junto às Assembleias Legislativas a apresentação
de projetos de lei com o objetivo de financiar, apoiar e estimular o
funcionamento das rádios comunitárias, criando legislação estadual específica
de fomento à comunicação comunitária, popular, alternativa e independente;
– Que os governadores do
Consórcio Nordeste invistam concretamente na capacitação para a comunicação
pública não estatal, dialogando com as ABRAÇOs da região e ABRAÇO Brasil sobre
a implantação de cursos de formação para os radialistas de emissoras
comunitárias nas Escolas de Governo e nas secretarias de Comunicação, Cultura e
Educação;
– Que os governadores do
Consórcio Nordeste, em sintonia com a ABRAÇO Brasil e as ABRAÇOs no Nordeste,
firmem convênio para a veiculação do programa “Giro Nordeste” nas emissoras
comunitárias na região;
– Que na próxima reunião
oficial do Consórcio Nordeste a ABRAÇO Brasil e as ABRAÇOs do Nordeste tenham
assento para apresentar publicamente esta Carta de Salvador.
12 Quanto aos projetos
referentes às Assembleias Legislativas, frisamos que já existem iniciativas
nesse sentido aprovadas no município de São Paulo e no Distrito Federal e em
tramitação da Comissão de Constituição e Justiça no parlamento da Bahia, sendo
fundamental que esse estado, cujo governador é presidente do Consórcio
Nordeste, sirva de exemplo aos demais estados parceiros;
13 Consideramos os projetos de
lei estaduais de fomento e financiamento das rádios comunitárias ações
concretas para fortalecer o campo democrático-popular no eixo da comunicação. Com
essas proposições, nos colocamos à disposição para um diálogo propositivo e de
resultados concretos em prol da resistência democrática no Brasil.
Nos lugares distantes dos grandes centros urbanos, isolados
pelas condições geográficas, o uso do sol e do vento pode ser alternativa para
a geração de energia e melhoria na vida de pescadores, moradores em geral, do comércio
e outras atividades como o turismo.
É o que acontece em duas ilhas da Reserva Extrativista
Marinha (Resex) de Cururupu, composta por 17 unidades insulares no litoral
ocidental do Maranhão.
Na ilha de Lençóis, famosa pela lenda do sebastianismo, um projeto da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) utiliza a energia do sol e do vento para iluminar as casas, ligar aparelhos eletrodomésticos e até mesmo para a iluminação das poucas ruas da vila.
O proprietário da pousada Recando das Aves, Fernando Gonçalves, explicou que antes do sistema de energia híbrida (solar e eólica) o funcionamento da hospedagem era limitado porque não tinha o conforto pleno para os turistas.
A energia na ilha de Lençóis era originada de um motor a
diesel que só funcionava em horário limitado.
Já na comunidade Taboa, localizada na ilha de Mangunça, a geração de energia solar é bem mais artesanal e as instalações foram feitas pelos próprios moradores de uma residência. O casal Nalva e Nildo vendeu um porco e com o dinheiro comprou uma placa solar, de muita utilidade para eles.
Taboa, onde moram apenas seis famílias, é desprovida de qualquer sistema de energia. Não tem sequer motor a diesel. Os pescadores têm de ir até a sede do município de Cururupu em uma viagem de 3 horas de barco para comprar gelo e acondicionar os produtos do mar.
Sem acesso fácil ao gelo, a maior parte da produção é colocada ao sol para secar.
A única alternativa dos moradores é a utilização de placas de energia solar adaptadas a outros equipamentos que permitem iluminar a casa e funcionar eletrodomésticos.
Controvérsias
Um dos entraves no uso dos recursos naturais para a geração de energia é a gestão e o interesse empresarial. Na ilha de Lençóis o projeto inicial era da UFMA e a taxa paga pelos moradores, simbólica. Quando passou para a gestão da Cemar, os preços foram para a estratosfera (veja o vídeo).
O crescente uso da energia solar abriu recentemente uma polêmica sobre “taxação do sol”, proposta pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
A “taxa do sol” consiste em diminuir os subsídios do consumidor que utiliza um painel fotovoltaico em casa, por exemplo. Na prática, essa medida, se aprovada em definitivo, vai tornar mais cara a energia obtida com o recurso natural do sol.
Após a publicação de uma nota de repúdio (veja abaixo) sobre o assassinato de Bruna Alícia, o Fórum Maranhense de Mulheres convoca os movimentos sociais e a população em geral para um ato público dia 29 de janeiro (quarta-feira), às 15 horas, em frente à Casa da Mulher Brasileira, no bairro Jaracaty.
A manifestação tem o objetivo de repudiar o crime, caracterizado como feminicídio, e dialogar com os profissionais de mídia sobre a cobertura do fato pelos meios de comunicação.
O
Fórum Maranhense de Mulheres propõe uma reflexão educativa sobre o papel da
imprensa no combate à violência e criminalização da mulher vítima.
Veja
abaixo a Nota de Repúdio do Fórum Maranhense de Mulheres
FEMINICÍDIO E O ATO COVARDE DO ASSASSINO DE BRUNA ALICIA
Mais uma mulher vítima de feminicídio. Desta vez foi Bruna Alícia, uma jovem de pouco mais de 20 anos, assassinada de forma cruel, torpe, violenta, pelo seu marido. A crueldade se faz mais monstruosa ainda em virtude da forma como estão sendo veiculadas matérias sobre o caso nas redes sociais. Grande parte delas destruindo a imagem da vítima, que passa a ser responsabilizada pela sua morte.
Que é isso? Em que mundo estamos? Ainda estamos vivendo na idade média? Porque as mulheres continuam sendo vítimas desta cultura patriarcal que nos oprime e nos reduz a um órgão sexual que tem como finalidade apenas procriar e dar prazer aos homens, ao marido em especial.
Bruna Alícia está sendo destruída na sua moral e na sua integridade de ser humano. Mesmo sendo violentamente assassinada, ainda assim, não está sendo vista com humanidade que todo cristão merece. Sua morte não lhe dá paz, sua morte é justificada por um possível adultério que teria praticado.
Com esse argumento o assassino, seus amigos e uma parte da sociedade conservadora, machista, patriarcal e misógina, explica e justifica sua morte. “Foi merecida” dizem alguns e algumas que passam a inocentar o feminicida, naturalizando o crime hediondo praticado por este policial. O mais cruel de tudo isso é a lista que circula nas redes de amigos do assassino fazendo vaquinha para contratar um advogado para livrar este bandido da cadeia que merece.
Com esse tipo de prática os policiais demonstram o quanto são coniventes com a violência praticada contra as mulheres e o feminicidio. É surpreendente esta atitude, onde se viu uma coisa dessas, uma corporação estimulando a impunidade.
Nós, mulheres, que integram O FÓRUM MARANHENSE DE MULHERES, protestamos! Queremos justiça! Queremos uma policia preparada e não policiais desequilibrados que não sabem controlar seus impulsos assassinos.
A riqueza de ritmos do Carnaval produzida por cantores e compositores do Maranhão está disponibilizada para tocar nas rádios comunitárias espalhadas nos 217 municípios do estado.
A iniciativa é da Abraço (Associação Brasileira de Rádios
Comunitárias) no Maranhão com o objetivo de valorizar, divulgar e encantar os
ouvintes com a grande e criativa produção musical dos artistas locais.
Na nuvem distribuída pela Abraço Maranhão estão disponíveis
1,5 giga de músicas carnavalescas e também do bumba-meu-boi.
Qualquer rádio comunitária pode acessar e baixar no seguinte
endereço:
Basta entrar com o e-mail abracomamusicas@gmail.com a senha
abracomaranhao
Todas estas músicas foram encontradas na internet. Caso
queiram contribuir com outros sucessos regionais, basta fazer upload nesta
plataforma https://mega.nz/login
O repertório tem desde músicas dos antigos carnavais,
passando por sucessos memoráveis até escolas de samba, blocos e também
bumba-meu-boi.
As produções musicais novas dos grupos e bandas que
pretendem disponibilizar suas composições podem procurar a Abraço Maranhão e
enviar suas músicas para colocarmos na nuvem.
“Acho bonito até / O jornaleiro a gritar / Imparcial / Diário / Olha o Globo / Jornal do Povo / descobriu outro roubo”
Profissão
em fase de extinção, pelo menos no sentido formal, o jornaleiro sente no bolso
o declínio das vendas dos impressos diante da oferta de publicações na
internet.
Na palma da mão, os dispositivos móveis acessam jornais e revistas com facilidade, agilidade e as múltiplas ofertas do ambiente virtual, como os hiperlinks, capazes de levar o consumidor a navegar por muitas janelas de informação.
Embora
a opção pelo digital seja avassaladora, em São Luís ainda persistem uns poucos
vendedores de jornal impresso, distribuídos em alguns pontos da cidade.
Um
dos jornaleiros mais antigos, ainda em atividade, é Humberto Rodrigues Garcia,
com anos 30 dedicados à comercialização dos diários impressos. Natural de
Pinheiro, ele veio para São Luís com apenas 17 anos de idade e logo passou a
vender jornais. Atualmente tem um ponto na rua dos Bicudos, no Renascença II,
mas já vendeu na Curva do 90 e no Cohafuma.
A
rotina de trabalho começa ainda na madrugada, quando sai de casa no bairro
Gapara (na área Itaqui-Bacanga) e recebe os jornais. A partir das 5h30 ele começa
a fazer entregas de bicicleta para os clientes fixos nos condomínios do
Renascença II e depois concentra a venda no ponto onde já é bastante conhecido
há décadas.
“Os
leitores antigos são fieis. Entrego para 25 clientes por semana. Tem deles que
compram até três jornais por dia e ainda faço as vendas direto aqui no local
permanente”, detalhou Garcia.
No
rol dos veteranos está Carlos Augusto Alves Sousa, o popular “Careca”, jornaleiro
há três décadas e atualmente fixado no retorno do Calhau. Durante 25 anos viveu
exclusivamente da venda de jornal, mas a procura caiu muito com a internet. “Na
época que saia o listão dos aprovados no vestibular eu cheguei a vender 800
jornais por dia”, registrou.
Mas,
a procura caiu vertiginosamente. Careca soma a venda de 20 jornais nos dias
úteis e aos domingos comercializa até 80 exemplares. “Já foi muito melhor.
Domingo eu chegava a vender até 300 jornais”, recordou. Ele mensurou que nos
últimos cinco anos não é mais possível viver apenas da comercialização de
jornal e por isso tem uma atividade paralela no turno vespertino para completar
a renda.
Da RFFSA à feira do João Paulo
Outro
antigo no ramo dos impressos é José Ribamar Araújo, 49 anos, conhecido pelo
codinome “Buiú” em toda a feira do João Paulo, onde já vende jornais há 25
anos, ao lado de uma pequena banca onde também comercializa limão. “As vendas
não são mais como antes, caiu muito, mas ainda tem uns clientes que compram
todo dia”, explicou.
Alguns
casos atravessam gerações. Na feira do João Paulo, Fábio “Secreta” herdou a
venda de jornais da sua avó e ainda mantém o ofício de jornaleiro misturado com
vários bicos, entre eles a venda de verduras, frutas e hortaliças, junto com os
jornais pendurados em um fio por cima das outras mercadorias.
A venda de jornal só persiste devido à fidelidade dos leitores, alguns sem qualquer contato com os dispositivos digitais e ainda vinculados ao consumo das notícias na plataforma analógica – o papel.
Entre eles está o aposentado José Braga Cantanhede. Apaixonado por política, lê o jornal paulatinamente durante o dia e não perde a “Coluna do Sarney”, publicada aos domingos no jornal “O Estado do Maranhão”. Como os jornais acabam transbordando os interesses dos proprietários ou grupos empresariais controladores das linhas editoriais, os leitores também se alinham às posições políticas dos seus impressos prediletos.
Alguns
jornaleiros são também leitores assíduos e manifestam suas preferências. É o
caso de “Considerado”, fã do governador Flávio Dino. “Ele comprou jornal comigo
na campanha para prefeito de São Luís em 2008 e ainda vai ser presidente do
Brasil”, profetizou.
“Considerado”
é o apelido de Pedro Luís Nascimento, 54 anos, desde 2007 vendendo impressos na
área da RFFSA, no Centro Histórico. Cearense de Juazeiro do Norte, ele ganhou o
apelido de “Considerado” porque trata todas as pessoas por essa palavra.
“De
tudo que eu já fiz a venda de jornal é uma das melhores coisas porque eu
aprendi muito. Você se apaixona por isso, faz amizades e tem uma fonte de
conhecimento sobre política, economia e outros assuntos”, enfatizou.
Pedro da RFFSA, o “Considerado”, tem consciência do declínio das vendas do impresso. “Não dá para viver de jornal como antes. Com a internet caiu em 90% a venda dos jornais de papel. Tem de ter um complemento, um bico para sobreviver”, afirmou.
Rotina e dedicação
Acordar
muito cedo é a condição essencial para a profissão de jornaleiro. “Buiú” pega
no batente todos os dias logo às 4h da madrugada na feira do João Paulo. “Careca”
recebe os jornais às 6h da manhã e Humberto começa a fazer as entregas para os
clientes às 5h30, pedalando na sua bicicleta.
No
João Paulo tem ainda um ponto de vendas na esquina da rua da Cruz com a avenida
São Marçal, onde há 15 anos o casal Francivaldo Lucas do Nascimento e Waldicleia
Melo Barbosa comercializa jornais.
Quando
iniciou a venda, Francivaldo Nascimento trabalhava em uma loja de móveis no
João Paulo e viu o ponto ser passado por várias pessoas durante uns 30 anos,
até que surgiu a oportunidade para ele assumir a venda juntamente com a esposa.
Todos os dias, faça chuva ou sol, estão na lida.
Ambos
reconhecem a dificuldade do impresso com a expansão da internet e conseguiram
outros trabalhos fixos. Hoje vendem jornal apenas entre 6h e 8h da manhã para a
freguesia já consolidada. “É mais um bico para nós. Ficaram poucos clientes,
apenas os tradicionais”, lamentou Barbosa.
O gazeteiro do Vias
Diferente
dos tradicionais vendedores de jornal, o artesão Elmo Cordeiro foi um dos
principais ativistas do “Vias de Fato”, impresso criado em 2009 por um coletivo
formado pelos jornalistas, educadores, artistas e entusiastas da mídia
alternativa.
Elmo
Cordeiro era estudante de História na Universidade Federal do Maranhão (Ufma) e
nas horas de folga sempre panfletava e vendia o “Vias de Fato” nos corredores
do campus do Bacanga. “Eu fazia ativismo político, era militante da causa do
jornalismo alternativo e da democratização da comunicação”, conceituou.
Incorporado
à equipe do jornal, ele explicou que participava do processo de produção, tinha
assento nas reuniões de pauta e da tomada de decisões, não era apenas um
vendedor de jornal.
Além da distribuição no campus do Bacanga, Cordeiro fazia o jornal circular em manifestações públicas, nos eventos fechados, agitações políticas e culturais junto com a equipe do Vias de Fato. Ele ainda percorria grande parte dos prédios comerciais do São Francisco e do Renascença, fazendo a venda e panfletagem nos lugares estratégicos para um público formador de opinião.
Sobre a migração dos jornais para a internet e os dispositivos móveis, ele avaliou que o produto impresso sempre terá importância. “O livro e o jornal de papel são imortais, principalmente para os conteúdos da mídia alternativa, que deve persistir. Ainda tem espaço para o jornal de papel, não para o jornalismo de negócio, de mercado e de conveniências. Acho que este modelo está com os dias contados”, ponderou.
Transformações na indústria de notícias
Pesquisadores e professores universitários avaliam as mudanças do jornal de papel para as plataformas digitais como algo pertinente à própria história dos meios de comunicação, sendo agora as mudanças cada vez mais rápidas. A professora doutora do Departamento de Comunicação Social – Jornalismo da Ufma, Rakel de Castro, aponta o contexto da convergência tecnológica, profissional, empresarial e de conteúdo como características principais de uma permanente renovação. “A internet potencializa as conexões e coproduções no texto noticioso e, mais recentemente, a emergência da mobilidade na era dos smatphones”, pontuou.
Segundo Castro, no comparativo entre o analógico e o digital, as
diferenças se apresentam em transformações no mundo do trabalho diante da
formação de grupos empresariais multimidiáticos. Se algumas funções
desapareceram nos jornais impressos, como tipógrafos e fotocompositores, outras
atividades surgiram no ambiente das novas profissões, como o moderador de
conteúdo para as redes digitais em um ritmo de produção fortemente marcado pela
instantaneidade.
O aspecto geracional da sustentabilidade também é apresentado pela pesquisadora como um fator de análise na era digital. “Neste caso, o papel do jornal impresso, por exemplo, além de ser extremamente mais caro para circular em grandes proporções, requer muito mais sacrifício do meio ambiente do que a distribuição digital de informação via Internet, sem falar na rapidez. Nesse cenário, não dá para definir quando o jornalismo impresso terá data para findar, mas há uma certeza: a forma como o conhecemos hoje vai deixar de existir em breve, por uma questão estrutural demandada por novas formas de se comunicar dessa geração atual.”, explicou Rakel de Castro.
Entre
os leitores, embora escassos, paira o gosto pelo papel. Francisco Silva
Moreira, 56 anos, compra os impressos até cinco vezes por semana direto nos
jornaleiros, há 25 anos. Quando não tem tempo para ler durante o dia, guarda o
exemplar para consumir à noite e até coleciona alguns números antigos,
principalmente quando tem notícia sobre seu time predileto – o Sampaio Correia
– ou da seleção brasileira. Moreira tem preferência por esporte e futebol,
gosta do colorido do jornal de papel e dificilmente lê no celular.
Os
próprios jornaleiros são leitores assíduos. “Considerado” avalia o jornal como
uma grande fonte de conhecimento. Já Humberto Garcia diminuiu as leituras
porque tem muita notícia de violência. “Depois que eu virei evangélico prefiro
ler a bíblia e os hinos de louvor”, justificou.
Professor doutor do Departamento de Comunicação Social – Jornalismo e coordenador do Labcom/Ufma, Marcio Carneiro dos Santos interpreta o cenário digital do Jornalismo como uma tendência não à extinção do jornal de papel “e sim para a reconfiguração do impresso em uma atividade de nicho, reduzida e específica”, sintetizou.
Ele visualiza esse cenário com base nos vetores
econômico, tecnológico e cultural. Como atividade econômica o impresso tem um
custo de produção e distribuição elevado (maquinário, insumos e mão de obra),
além da logística para fazer o produto final circular. “O meio digital eliminou
a maior parte desses itens e tornou-se a resposta natural para a sobrevivência
das organizações jornalísticas que tem visto seu faturamento cair, em virtude
da fragmentação das audiências e da explosão de emissores no ecossistema dos
meios de comunicação”, enumerou Carneiro.
O vetor tecnológico, segundo o pesquisador, está
fundamentado na ampliação da infraestrutura de internet, preço baixo, aumento
da oferta dos dispositivos móveis e das suas funcionalidades. Esse conjunto de
fatores alterou as lógicas de consumo, onde predominava um ambiente de escassez
da produção dos grandes veículos de mídia para a “explosão de emissores”,
empoderados por redes e numa disputa de atenção marcada pela fragmentação da
audiência.
Nos seus estudos o professor observa também nesse
contexto a precarização do trabalho dos jornalistas em muitos casos; ou seja, nem
tudo é benefício com nesse novo cenário de automatização da produção de
conteúdo. Por um lado, a multiplicação dos meios viabiliza a alternância de
vozes e pontos de vista, com maior facilidade para a distribuição de conteúdos.
“Entretanto, as fakenews, a difusão da intolerância, as polarizações
instransponíveis e a violência explicitada pelos canais digitais constituem o
lado sombrio da mesma moeda”, ponderou o pesquisador.
Marcio Carneiro dos Santos sugere uma visada não
determinista sobre o futuro. “Talvez a situação do jornalismo impresso siga o
mesmo caminho ou, como acreditamos, siga o pensamento de McLuhan que dizia que
os velhos meios se transformavam em obras de arte, de consumo restrito, num
processo já percorrido pelos discos de vinil, por exemplo.”, ilustrou.
Aproximado a essa forma de ver o impresso, como se fosse um vinil sofisticado, o superintendente de produção de “O Imparcial”, Célio Sergio, pensa na sobrevivência do jornal de papel com as devidas adaptações aos novos tempos. “A tendência do impresso é ser um produto mais opinativo, interpretativo e analítico, enquanto o jornal online já é mais focado no factual”, diferenciou. Quanto ao formato, o suporte de papel deve seguir a tendência do tablóide, mais fácil de manusear e com um tipo de diagramação aproximado do estilo de revista, mas com a periodicidade diária, projetou Sergio.
Focar no conteúdo opinativo também é a visão do diretor do “Jornal Pequeno”, Lourival Bogéa. Questionado sobre o processo de extinção do impresso, refutou esta perspectiva. Para ele, jornal tem importância como formador de opinião. “Acredito em fórmulas capazes de proporcionar vida longa ao jornal no papel, como, por exemplo, dando a ele um formato mais de revista, com textos aprofundados e que possam levar, principalmente sociedades em desenvolvimento, a uma grande reflexão sobre o mundo que vive hoje. Vejo o impresso como agente de contextualização de fatos jogados a esmo no dia a dia, via online, e que não permitem à opinião pública ter uma noção exata do que acontece. Vejo o impresso, consequentemente, como aprofundador desses fatos, numa contextualização altamente interessante e favorável ao físico”, detalhou Bogéa.
Para o jornalista Emilio Azevedo, um dos fundadores e o editor do jornal “Vias de Fato”, a ameaça de morte do impresso é evidente. “O desafio do Jornalismo, tão velho quanto necessário, tem sido se manter como referência na internet. O chamado mundo digital é povoado por mentiras. Sendo assim, a fonte da notícia é fundamental. É aí que entra o Jornalismo”, pontuou.
Referência
em comunicação alternativa, o Vias de Fato, fundado em 2009, circulou mensalmente
durante cerca de oito anos. Embora ancorado no papel, a reverberação do produto
impresso teve na internet uma aliada natural e muito importante. Nessa
perspectiva do digital, Azevedo vislumbra saídas para a mídia independente. “No
caso do jornal Vias de Fato, ficou inviável manter a circulação. Nossa
alternativa foi buscar uma nova forma de organização. E nessa busca, nós
juntamos com novos parceiros na Agência Tambor, que a partir de um site (com uma
web rádio) e de diferentes redes sociais, converge som, imagem e texto. Assim
como o “velho” Vias, a repercussão da ação alternativa da Tambor
também é evidente”, registrou.
A jornalista Claudia Santiago, por sua vez, pensa o
jornal impresso como arma da luta de classes. Inspirada no filósofo e ativista
Antonio Gramsci, ela afirma que os trabalhadores precisam ter os seus próprios
meios de comunicação.
Fundadora e coordenadora do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), escola de formação especializada em comunicação sindical, ela assegura que o instrumento mais importante nesse segmento está no corpo do sindicalista ou da sindicalista: os olhos e a língua no contato direto com as suas bases, sendo imprescindível o jornal de papel, entregue de mão em mão.
“Nada substitui o momento da entrega do jornal. Principalmente agora,
que se usa cada vez mais a Internet para tudo e estamos perdidos em uma
floresta de informações. O jornal do sindicato passa a ser recebido como uma
figura importante. Se antes ele já era o único jornal que entrava na casa da
maioria dos trabalhadores, imagina agora. E se o povo não sabe ler, desenhe.
Ter poucos anos de escola não significa não ser tremendamente sensível e
inteligente. Então, continuo defendendo que sindicatos façam jornais de papel.
Se não souber como fazer, me procura que eu ajudo”, provocou Santiago.
Jornal no quilo
Enquanto as mudanças acontecem, Hamilton Pereira, 52 anos, está ganhando mais dinheiro vendendo jornais “velhos”, armazenados com as sobras da sua banca, localizada no Mercado Central, em São Luís.
Depois de quatro décadas trabalhando como
jornaleiro ele percebeu, há cinco anos, que somente a venda de jornais diários
não rendia mais e decidiu agregar valor ao seu negócio. Assim, além dos
diários, passou a vender exemplares antigos que são comprados para usos
diversos. Ele percebeu que as pessoas pediam encomendas de jornais velhos e faz
dessa demanda parte de seu comércio. Também começou a vender CD com reggae,
sofrência e outros ritmos musicais, caça-palavras e DVDs.
“É mais negócio, hoje em dia, vender jornal
velho, rende melhor que o novo”, afirmou Pereira. O quilo do usado custa
R$ 4,00. Os clientes preferenciais, nos últimos anos, são os donos de bichos de
estimação, principalmente cachorros. “Compram para forrar espaços onde os
animais domésticos dormem ou ficam mais tempo. Para eles é mais prático, econômico
e higiênico. Forrando com jornal, fica fácil de limpar o local dos
bichos”, explicou.
Os exemplares antigos são comprados também para empacotamento de produtos em
lojas e quitandas, com o objetivo de acomodar o transporte de peças frágeis
como louças e ovos; limpar vidraças; revestir caixa de isopor com peixe para
viagens; forrar gaiolas com passarinho, entre outras finalidades. “Tem muitas
utilidades, sai bem e todo dia”, computou Pereira, que começou vendendo jornais
avulsos pelas ruas, no início da adolescência e, logo depois, se fixou no
Mercado Central.
Ele se orgulha ao dizer que somente com a profissão de jornaleiro criou os seus três filhos. “Todos estão independentes e trabalhando”, comemorou.
Diferente dos diários focados em notícias e
reportagens do cotidiano, os jornais alternativos com periodicidade mais
elástica geralmente têm artigos e reportagens com textos longos, analíticos e
interpretativos, que acabam se transformando em documentação e referência para
estudos acadêmicos.
O
Vias de Fato, por exemplo, tem uma coleção com todas as edições arquivadas e o
acervo impresso é fonte de pesquisa para estudantes e professores. “Ironicamente,
também existe uma cobrança pra que se faça a digitalização do acevo”, avisou
Emilio Azevedo.
Se ir a uma banca ou ao jornaleiro para buscar um
produto jornalístico e pagar por ele tornou-se algo até estranho para a maioria
da população, ainda é um hábito cultivado por fiéis amantes do “velho” jornal
de papel.
Os jornaleiros sentem na pele as transformações na
indústria da notícia. Todos os vendedores de impressos ouvidos pela reportagem
estão apreensivos e de certo modo pessimistas com o fim do jornal de papel.
Entre
mudanças, transformações e ressignificações, o mais importante de tudo é que o
Jornalismo siga aperfeiçoando as suas finalidades – informar, instruir, educar,
esclarecer, buscar a verdade, provocar, polemizar, prestar serviço e, sobretudo,
produzir conhecimento sobre a realidade. Eis o papel do jornal, mesmo que seja
digital.
Greenwald
é um dos autores da série de reportagens denominada “Vaja Jato”, publicada
pelo Intercept desde 2019, revelando os diálogos travados em um
aplicativo de mensagens entre figuras da Justiça como o ex-juiz e atual
ministro Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol para orientar o andamento
de processos da Operação Lava Jato.
De
acordo com as duas entidades, a iniciativa do procurador agride a liberdade de
imprensa.
“Lamentavelmente, o MPF ignora a Constituição Brasileira, que assegura a liberdade de imprensa. Ignora também decisão de 2019 do Supremo Tribunal Federal (STF) que determinou que o jornalista não fosse investigado no âmbito da Operação Spoofing, da Polícia Federal, destinada a investigar invasões de celulares de autoridades.”, diz a nota da Fenaj.
A Abraji, ao se posicionar sobre a ação do MPF, afirma: “É um absurdo que o Ministério Público Federal abuse de suas funções para perseguir um jornalista e, assim, violar o direito dos brasileiros de viver em um país com imprensa livre e capaz de expor desvios de agentes públicos. A Abraji repudia a denúncia e apela à Justiça Federal para que a rejeite, em respeito não apenas à Constituição, mas à lógica.”
O procurador Wellington Oliveira deve ser enquadrado na Lei de Abuso de Autoridade (nº 13.869) por denunciar sem provas Glenn Greenwald, afirma a ABJD.
Documento oficial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) reafirma na inspeção feita em Bacuri as denúncias publicadas pelo Blog do Ed Wilson sobre as violações de sítio arqueológico na comunidade quilombola São Félix. Os delitos foram praticados pela paraense Magnólia Gonçalves de Oliveira e seu comparsa francês François-Xavier Pelletier.
A dupla franco-brasileira fez perfurações e escavações não autorizadas, furto e transporte irregular dos artefatos pertencentes às áreas quilombolas de São Félix e Mutaca. Em relação ao furto de objetos na comunidade Mutaca, o Ministério Público acionou a Justiça, que expediu mandado de busca e apreensão cumprido pelas polícias Civil e Militar na casa onde moravam Magnólia Oliveira e François-Xavier, localizada no povoado Portugal, na periferia de Bacuri, município do litoral ocidental do Maranhão.
Concluída a ação policial com ordem judicial, ficou provado
que na casa alugada para a dupla franco-brasileira estavam escondidos centenas
de achados arqueológicos retirados de São Félix e Mutaca. Em seguida, o Iphan realizou
inspeção técnica e emitiu parecer com base em imagens, relatos e trabalho de
campo feito por arqueólogo.
De acordo com o relatório do Iphan, as escavações são ilegais, feitas sem autorização, configurando mutilação de sítio arqueológico e transporte de material sem permissão.
No item “Conclusão e Encaminhamento”, o relatório aponta várias irregularidades cometidas por Magnólia Oliveira e François-Xavier e, ao final, recomenda a tomada de providências contra a dupla de infratores.
O documento do Iphan lista vários trechos da legislação brasileira infringidos por Magnólia e François-Xavier, que agiram de forma ilegal. Para aliciar os moradores dos quilombos, a dupla “prometia” que os objetos retirados das escavações serviriam para implantar um museu em Bacuri e atrair turistas para o povoado Portugal.
Segundo o relatório do Iphan, “foi elucidado que os objetos
constituem artefatos configurados como patrimônio cultural brasileiro de
interesse arqueológico, que, por sua vez, são portadores de referência à
identidade, dos diferentes grupos que habitam ou habitaram a área em questão.”
Veja abaixo o trecho final do relatório:
“Em síntese, a partir do relatado, pode-se inferir que as escavações arqueológicas, promovidas pelos Senhores François Polletier e Magnólia Gonçalves de Oliveira, na comunidade São Felix, foram realizadas de forma ilegal. Citam-se os seguintes aspectos:
– Escavação sem portaria autorizativa, contrariando a Portaria 07 de 1988.
– Mutilação de sítio arqueológico, conforme Art. 3º da Lei 3.924 de 1961 e Art. 63 da Lei 9.605 de 1988;
– Transporte de material arqueológico sem permissão, segundo Portarias IPHAN 195, 196 e 197 de 2016.
O relatório recomenda, ainda, “tomar as devidas providências
quanto à atuação irregular dos Senhores François Polletier e Magnólia Gonçalves
de Oliveira.”
Colar misterioso
A brasileira e seu comparsa francês não tiveram qualquer
autorização de nenhuma instituição do governo brasileiro para realizar
perfurações, escavações e transporte de artefatos históricos e arqueológicos.
Na página 11 do relatório há o registro sobre um colar que teria
sido retirado nas escavações, mas não foi encontrado na casa onde Magnólia Oliveira
e François-Xavier escondiam os achados arqueológicos.
“Durante a conversa com os moradores da localidade foi
relatado que um colar (“colar de crioula”) havia sido encontrado nas escavações
da casa grande, local próximo da escavação executadas pelos “franceses” e o
mesmo não se encontra entre os materiais que estão na casa, como também, uma
âncora de embarcação.”, aponta o relatório do Iphan.
A divulgação do relatório, datado de 10 de dezembro de 2019, reitera técnica e institucionalmente as informações levantadas pelas reportagens do Blog do Ed Wilson desde fevereiro de 2019 sobre a violação das áreas quilombolas. A sequência de matérias sobre a violação dos quilombos foi inclusive contemplada no Prêmio de Jornalismo do Ministério Público do Maranhão, na categoria webjornalismo, em dezembro de 2019.
Após as reportagens e a repercussão em diversos meios de comunicação do Maranhão e na Teia de Comunicação Popular do Brasil as perfurações foram suspensas e a dupla de infratores não circula mais pelas áreas quilombolas de Bacuri. Segundo testemunhas, François-Xavier deixou a casa do povoado Portugal alguns dias antes da operação policial. Ele colocou no carro várias caixas e malas e nunca mais voltou.