A direção nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) divulgou nota classificando a prisão de Julian Assange como “política” e resultado da forte pressão do governo de Donald Trump, dos Estados Unidos, “que contraria as convenções internacionais relativas à proteção de asilados e refugiados”.
Julian Assange ganhou visibilidade internacional em 2010, quando o site WikiLeaks publicou uma série de documentos sigilosos do governo dos Estados Unidos, revelando atividades de espionagem, inclusive, sobre países aliados, como o Brasil.
Os documentos publicados por Assange no WikiLeaks também apresentaram dados sobre o ataque aéreo contra Bagdá em 12 de julho de 2007 e os registros sobre violações de direitos em guerras no Afeganistão e no Iraque.
Depois dos vazamentos, autoridades norte-americanas começaram uma investigação criminal sobre o WikiLeaks e pediram apoio de outros países para punir Assange, que está preso no Reino Unido e corre o risco de morrer.
As revelações do WikiLeaks apontaram vários indícios de “crimes de guerra, violação de direitos internacionais e espionagem do governo dos Estados Unidos”, destacou a nota do PT.
Confira abaixo a Nota do PT
A prisão política de Julian Assange, no Reino Unido, é resultado da forte pressão do governo Trump e de um ato do presidente equatoriano, Lenín Moreno, que contraria as convenções internacionais relativas à proteção de asilados e refugiados e a própria Constituição do Equador. Além disso, configura-se como um ato autoritário, que atenta contra a liberdade de informação.
Por meio do WikiLeaks, Assange lançou luz sobre os casos de crimes de guerra, violação de direitos internacionais e espionagem do governo dos Estados Unidos.
O Brasil aparece nas mensagens divulgadas, inclusive com a espionagem contra a presidenta Dilma Roussef. O WikiLeaks revelou ainda atos de espionagem de informações estratégicas envolvendo a descoberta de imensas reservas de petróleo e a tecnologia desenvolvida pela Petrobrás para exploração em alta profundidade na camada do pré-sal.
Outros documentos da diplomacia norte-americana, revelados pelo WikiLeaks, demonstram a responsabilidade do governo dos EUA em desestabilizar regimes e governos, violando a soberania dos estados nacionais.
As consequências desses atos de espionagem sobre a soberania das nações, violação de direitos internacionais e sobre o próprio estado democrático de direito são percebidas até hoje, em inúmeros países, especialmente na América Latina.
A espionagem e atuação ilegal de governos estrangeiros, assim como o uso das novas tecnologias para fins de manipulação e influência política, como no caso da difusão de fake news, agridem e corrompem as democracias. Por isso, o Partido dos Trabalhadores se associa às forças progressistas e democráticas, que estão denunciando as injustiças e as arbitrariedades cometidas contra Julian Assange.
Defendemos sua imediata liberdade, como forma de reestabelecimento do direito internacional relativo à proteção de asilados e refugiados políticos. Defendemos Julian Assange por nosso profundo compromisso com a defesa da liberdade de informação e imprensa, princípios essenciais da própria democracia.
Partido dos Trabalhadores (06/jan/2020)
Imagem destacada: Assange na chegada a um tribunal em Londres. Foto: Daniel Leal-Olivas (AFP)