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Carreata “Fora Bolsonaro” será realizada em São Luís no Dia Nacional de Lutas

Na próxima sexta-feira, 10 de julho (Dia Nacional de Lutas), centrais sindicais, partidos políticos, movimentos sociais, coletivos e estudantes vão realizar manifestações contra as medidas econômicas e a irresponsabilidade do governo Jair Bolsonaro diante da pandemia do novo coronavírus.

A carreata “Fora Bolsonaro” é convocada pela CUT (Central Única dos Trabalhadores), CSP Conlutas, CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Força Sindical, Nova Central, CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros) e UGT (União Geral dos Trabalhadores).

A concentração acontecerá a partir das 8 horas, na praça da Bíblia, em frente à sede da Fetiema (rua Senador João Pedro), onde os veículos serão paramentados com adesivos até o início do deslocamento.

Em seguida será realizada uma parada na porta do prédio do Ministério da Fazenda para um grande buzinaço contra as medidas econômicas do governo federal (Paulo Guedes), seguindo pela rua Grande, rua do Passeio e Cajazeiras, retornando à praça Deodoro, onde haverá o encerramento com um ato simbólico, sem aglomeração.

Diante da pandemia do novo coronavírus, as entidades protagonistas da carreata reivindicam a ampliação do auxílio emergencial sem redução de valor até dezembro e pela desburocratização das linhas de crédito para os micros e pequenos empresários.

“Chegou a hora de tomar as ruas contra o governo genocida de Bolsonaro! A epidemia do coronavírus se agrava a cada dia no Brasil. São mais de 1,5 milhão de infectados e mais de 65 mil mortes, sem contar as subnotificações. O Brasil deveria estar em quarentena para salvar vidas. Ao contrário de buscar soluções, o governo Bolsonaro aplicou medidas que permitiram o rompimento de contratos de trabalho, redução de direitos, demissões, sem que sequer tenha garantido uma renda digna para que todos possam enfrentar a pandemia”, explica a convocatória da carreata.

Representantes das organizações que lideram a carreata serão entrevistados nesta quinta-feira, 9 de julho, na rádio web Tambor, a partir das 11 horas, para apresentar mais detalhes sobre as motivações da carreata e os impactos do governo Jair Bolsonaro na vida dos brasileiros.

A organização do evento chama atenção para as medidas de proteção recomendadas pelas autoridades de Saúde, como o uso obrigatório de máscaras, álcool gel e do distanciamento social entre os participantes.

“Muitos vivem diante da escolha entre morrer de Covid-19 ou de fome. Bolsonaro, Mourão e o ministro da Economia, Paulo Guedes, estão preocupados em agradar banqueiros e grandes empresários. Esta situação calamitosa somente reforça a necessidade nos unirmos e irmos às ruas, respeitando as orientações de segurança, e gritarmos em uníssono #Fora Bolsonaro!”, argumentam as centrais sindicais.

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Ansiedade, medo e ajuda psicológica são temas da 4ª série dos programas “Rádio Abraço Saúde”

A Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (Abraço) no Maranhão lançou hoje pela manhã, no jornal da Agência Tambor, os novos programas da série “Rádio Abraço Saúde”, contendo dicas, orientações e instruções sobre a pandemia covid19.

Na quarta edição a entrevistada é a psicóloga Janete Valois, especialista em Saúde Mental e coordenadora do Coletivo Abrasme (Associação Brasileira de Saúde Mental) no Maranhão.

Janete Valois orienta os ouvintes sobre temas como ansiedade, medo, luto e morte em decorrência da pandemia covid19. Ela também indica os caminhos para encontrar ajuda através da assistência do Coletivo Abrasme, onde está disponível uma lista de profissionais de Saúde Mental fazendo atendimento on line.

Psicóloga Janete Valois explica que o afastamento entre as pessoas também é luto

Os programas estão sendo veiculados nas rádios comunitárias e têm o objetivo de ajudar no trabalho de conscientização da população sobre os cuidados diante da pandemia.

Clique nos números para ouvir a 4ª série dos programas “Rádio Abraço Saúde”

Programa 23 tema ansiedade

Programa 24 tema saúde mental

Programa 25 tema medo

Programa 26 tema luto e morte

Programa 27 onde buscar ajuda psicológica

A iniciativa da Abraço Maranhão, em parceria com a Agência Tambor, visa disponibilizar conteúdo radiofônico em linguagem acessível à maioria da população e reforça o papel das rádios comunitárias no enfrentamento da pandemia.

EDIÇÕES ANTERIORES

A primeira série dos programas teve a participação da médica infectologista e professora doutora da UFMA Maria dos Remédios Carvalho Branco. 

Na segunda etapa colaborou a professora doutora do Departamento de Enfermagem da UFMA Sirliane Paiva.

O entrevistado da terceira série foi o médico pneumologista e professor doutor da UFMA Alcimar Pinheiro.

Todos os programas produzidos têm roteiro do presidente da Abraço Maranhão e professor do curso de Rádio e TV da UFMA, Ed Wilson Araújo; locução e edição do radialista Marcio Calvet; participação especial da radialista Lanna Gatinho; e consultoria do engenheiro eletricista e especialista em tecnologia de comunicações Fernando Cesar Moraes.

SERVIÇO

“Rádio Abraço Saúde” é uma série de programas educativos produzidos pela Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraço) no Maranhão, em parceria com a Agência Tambor, com o objetivo de orientar a audiência sobre aspectos físicos e mentais relacionados à pandemia do novo coronavírus.

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Condomínio da Península tem síndico bolsonarista e porteiro sem máscara

Discreto morador de um prédio localizado no cobiçado reduto imobiliário de São Luís segredou ao blog uma situação inusitada.

Apesar de todas as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e das diretrizes do Governo do Maranhão para o uso de máscaras, um dos funcionários do referido condomínio trabalha durante os seus turnos sem o equipamento de proteção.

Evangélico sectário, o porteiro está sempre acompanhado de uma bíblia enorme e ouve com frequência os programas de rádio da Igreja Universal do Reino de Deus.

O síndico do prédio, bolsonarista dos mais radicais, até agora não tomou providências para adequar o funcionário às orientações da OMS. Vez por outra, o gerente do condomínio, no alto do seu apartamento, solta da sacada o berro “mito” quando o presidente Jair Bolsonaro faz pronunciamentos em rede nacional de rádio e TV.

As fontes serão mantidas em sigilo, principalmente para proteger o emprego do funcionário da portaria, que pode sofrer represálias.

A Península, que na Geografia é rigorosamente a Ponta d’Areia, reúne os condomínios de apartamentos mais caros do Maranhão, com preços exorbitantes até mesmo se comparados à realidade do mercado imobiliário nacional.

Para lá houve a transferência dos chamados “novos ricos”. Embora seja o lugar mais caro e luxuoso de São Luís, a Península vive as contradições da cidade: esgotos transbordantes, ruas esburacadas e os carros-pipa socorrendo a falta d’água.

Nesse lugar exótico o deputado federal Edilázio Junior (PSD) proclamou com bastante antecedência o isolamento social da elite ludovicense, ao se contrapor de forma sórdida ao projeto de um porto que ligaria a Ponta d’Areia à Baixada Maranhense (reveja aqui).

O que interessa?

Indo além dos aspectos pitorescos do fato, o que mais importa é analisar como os tons do fascismo reúnem pessoas de classes sociais distintas e vidas economicamente opostas.

O síndico com espírito burguês está sintonizado nos mesmos ideais do evangélico da Universal do Reino de Deus que nos seus dias de turno pega ônibus, sem máscara, para se deslocar entre o condomínio de luxo onde trabalha e a sua casa na periferia de São Luís.

Do topo ao teto, as ideias fascistas encontram abrigo em diferentes classes sociais mediante discursos e práticas antigas sempre renovadas, fazendo eco nas novas gerações: (1) a volta ao passado de respeito aos valores e às tradições da família ocidental cristã; (2) a ideia fixa de construir um inimigo que precisa ser destruído – o comunismo; e (3) a perspectiva de futuro – o Brasil voltará a ser grande novamente.

Tudo isso sistematizado em dois bordões encaixados na promessa de que a vida será melhor no reino do bolsonarismo. Na campanha eleitoral bradavam “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”; na gestão, “Pátria amada Brasil”.

Apesar do tom nacionalista, os contornos do fascismo à brasileira incorporam um severo grau de submissão geopolítica, principalmente em relação aos Estados Unidos e Israel, no processo de alinhamento à onda conservadora que varre o mundo.

Para Trump é preciso destruir os mexicanos invasores e o terrorismo islâmico. Bolsonaro mira suas armas nos comunistas e na esquerda em geral; ou seja, o inimigo revisitado que já estava presente na Doutrina de Segurança Nacional, um dos pilares do golpe militar de 1964.

A ideia de criar um inimigo (e eliminá-lo!) serve para manter o clima de guerra necessário à alimentação ao fascismo. Vem daí o interesse pela flexibilização do uso de armas para abastecer a indústria bélica na esteira da aproximação da família do presidente com as milícias.

É, pois, esse caldo cultural que fascina tanto o síndico quanto o porteiro. Eles se encontram no ódio às mulheres libertárias, aos artistas, pobres, negros, índios, ambientalistas, gays em geral, a China etc. Todo esse conjunto de personagens é julgado e condenado à eliminação.

Correlato ao governo autoritário, o bolsonarismo referenda no seu protótipo de família a base da tirania: o pai opressor, a mulher submissa e os filhos obedientes.

Nas madrugadas, quanto todos nós estamos dormindo, o porteiro ouve no rádio repetidas vezes o pastor da Universal pregar o ódio maquiado de amor. Essa mensagem chega depois em outros formatos de mídia pelo WhatApp e vai sendo compartilhado infinitamente.

Assim, o fascismo opera dentro das subjetividades, nos ambientes mais profundos do animal humano.

O porteiro e o síndico também surfam na onda obscurantista de negação da Ciência e do Jornalismo. Ambos detestam o noticiário, repudiam a verdade, têm ojeriza aos critérios objetivos e desprezam a pesquisa. De quebra, querem o SUS e a Universidade pública privatizada.

Eles preferem meias verdades e mentiras inteiras a uma reportagem com base em fatos reais. Vale a crença no lugar da notícia ou da descoberta científica.

Nessa temporalidade conservadora, a luta de classes, que teoricamente oporia o síndico de espírito burguês e o trabalhador da portaria, perde a batalha para a unidade entre ricos e pobres em nome da antipolítica materializada em vários componentes: ódio, revanchismo, descrédito nas instituições (Judiciário, Ciência, Jornalismo etc), fundamentalismo religioso,  ressentimento…

Os tons fascistas necessitam ainda de uma permanente fogueira acesa com ofensas e caricaturas proferidas pelos protagonistas do próprio governo. Essa é uma das formas de manter a resistência paralisada, presa à bolha conservadora, em especial nas redes sociais.

Aquilo que era latente em um terço da população brasileira e no espírito do síndico da Península aflora na representatividade do presidente eleito pelo voto direto. Burgueses e proletários regozijam-se no “mito” depravado que usa o nome de Deus em vão, agride, ameaça, xinga e despreza até mesmo seus aliados.

Imagem destacada / reprodução / capturada neste site /

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Abraço Maranhão divulga novos programas educativos sobre a pandemia covid19

A Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (Abraço) no Maranhão começou a distribuir nas emissoras de todo o estado a segunda série de programas contendo dicas, orientações e instruções sobre o novo coronavírus.

Na segunda série dos programas “Rádio Abraço Saúde” a entrevistada é a professora doutora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Sirliane Paiva, que orienta sobre os procedimentos básicos em caso de sintomas da doença, reforça a necessidade do isolamento social e ensina os modos corretos de lavar as mãos, além dos cuidados com sapatos, tênis e sandálias no dia a dia.

Clique e ouça os programas 05, 06, 07, 08, e 09.

Profª Sirliane Paiva orienta sobre medidas de prevenção

Os programas serão veiculados nas rádios comunitárias e têm o objetivo de ajudar no trabalho de conscientização da população sobre os cuidados diante da pandemia.

Ouça as edições 05, 06, 07, 08, 09 e 10.

A iniciativa da Abraço Maranhão, em parceria com a Agência Tambor, visa disponibilizar conteúdo radiofônico em linguagem acessível à maioria da população e reforça o papel das rádios comunitárias no enfrentamento da pandemia.

A primeira série dos programas teve a participação da médica infectologista e professora doutora da UFMA Maria dos Remédios Carvalho Branco. Para ouvir a primeira série, clique aqui.

Os programas têm roteiro do presidente da Abraço Maranhão e professor da UFMA, Ed Wilson Araújo; locução e edição de Marcio Calvet; participação especial da radialista Lanna Gatinho; e consultoria do engenheiro eletricista e consultor em tecnologia de comunicações Fernando Cesar Moraes.

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ADBJ presta solidariedade ao juiz Douglas de Melo Martins, ameaçado por decisão sobre lockdown

A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia – ABJD, através de seu núcleo Maranhão, vem a público manifestar total solidariedade ao juiz Douglas de Melo Martins, do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, que, em razão do exercício de suas atribuições jurisdicionais, passou a ser vítima de ofensas e ameaças à sua integridade física após ter concedido liminar em ação proposta por representantes do Ministério Público que atuam nos quatro municípios que compõem a Ilha de São Luís no sentido de determinar ao Estado do Maranhão e aos municípios que decretassem lockdown e adotassem medidas para proteger vidas durante a pandemia do novo coronavírus, que já ceifou a vida mais de centenas de maranhenses e coloca todos em risco.

É absolutamente inaceitável que, em um Estado de Direito, um magistrado no exercício de suas funções seja vítima desse tipo de violência. As prerrogativas da magistratura são garantias civilizatórias, asseguradas pela Constituição da República com a função imprescindível de permitir que os juízes exerçam suas funções com independência e imparcialidade.

Sem prejuízo do direito de expressão e crítica, e independentemente do mérito da decisão proferida pelo magistrado, as medidas adequadas para a revisão do conteúdo das decisões judiciais são os recursos jurídicos previstos em lei, não se admitindo sejam combatidas pela violência ou intimidação.

Importante destacar que a violência sofrida pelo magistrado neste caso não é um ato isolado, e se dá em um momento em que profissionais da imprensa e até de saúde pública têm sido vítimas de agressões por hordas de militantes de extrema direita, fanatizados e estimulados por mentiras e manifestações de ódio disseminadas pelo Presidente da República, seus filhos e assessores mais próximos, os quais, evocando períodos sombrios da nossa história, compõem um verdadeiro gabinete do ódio, antidemocrático e anticientífico, colocando em grave risco a independência das instituições, a democracia e até mesmo a saúde e a vida dos brasileiros.

Ressalte-se que também o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional vêm sendo agredidos e ameaçados publicamente pelas mesmas pessoas, inclusive com ameaças de fechamento e intervenção, sob aparente respaldo criminoso de agentes das Forças Armadas, como sugerido reiteradamente pelo presidente Jair Bolsonaro em discurso na data de ontem, domingo, 3/05/2020.

Aliás, a interferência de membros do Exército Brasileiro contra a independência dos Tribunais é fato que antecede ao atual governo, como inequivocamente registram as manifestações de alguns de suas maiores autoridades em redes sociais. O vírus que ataca a democracia é anterior ao novo coronavírus, e, na conjuntura brasileira, demandam enfrentamento conjunto, pois, hoje, são aliados. Um fortalece o outro.

A ABJD tem se posicionado de forma crítica e alertado a sociedade para esse fenômeno, que vem deplorando a democracia no Brasil nos últimos anos e, agora com mais violência, também os valores civilizatórios mais básicos da sociedade. Hoje, no Brasil infectado pelo vírus anticivilizatório de gurus e milícias de sociopatas que ultrajam os símbolos nacionais, se tornou mais do que nunca necessário dizer o óbvio: que ditadura não é opção, que democracia é fundamental, que a ciência é importante, que a vida é mais importante que os negócios e que o papel de um governo legítimo é proteger ambos. A sociedade precisa estar atenta para defender a democracia, a civilização e a vida antes que seja tarde demais.

Ao magistrado Douglas de Melo Martins o nosso absoluto respeito e solidariedade.

São Luís/MA, 04 de maio de 2020.

COORDENAÇÃO ESTADUAL ABJD – NÚCLEO MARANHÃO

Foto: De Jesus / O Estado

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Abraço Maranhão lança programas educativos sobre o novo coronavírus

A Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (Abraço) no Maranhão começou a distribuir hoje para as emissoras filiadas a série de programas com orientações sobre a pandemia do novo coronavírus.

Com o nome “Rádio Abraço Saúde”, os programas radiofônicos contêm informações e dicas sobre os sintomas da doença, as formas de contágio, orientações sobre as medidas emergenciais que devem ser tomadas pela pessoa sintomática e o reforço sobre a importância do isolamento social, entre outros conteúdos.

No formato de perguntas e respostas, os primeiros programas contam com a participação da professora da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), médica infectologista Maria dos Remédios Carvalho Branco, doutora em medicina tropical e saúde internacional.

Ouça aqui o primeiro programa, aqui o 02 e aqui o 03 e o 04.

Drª Remédios Carvalho Branco

De forma didática, ela responde às perguntas essenciais com o objetivo de orientar os ouvintes sobre as formas de prevenção, cuidados e as providências fundamentais que devem ser tomadas pela população, como o uso de máscaras e a higienização das mãos com álcool gel e água e sabão.

A iniciativa da Abraço Maranhão, em parceria com a Agência Tambor, visa disponibilizar conteúdo radiofônico em linguagem acessível à maioria da população e reforça o papel das rádios comunitárias no enfrentamento da pandemia.

Além da participação dos programas da Abraço, a médica Maria dos Remédios Carvalho Branco já mantém um site com um diversos conteúdos sobre a pandemia (acesse aqui)

Os programas têm roteiro do presidente da Abraço Maranhão e professor da UFMA, Ed Wilson Araújo; locução e edição de Marcio Calvet; participação especial de Lanna Gatinho; e consultoria do engenheiro Fernando Cesar Moraes. Antes de formular as perguntas para a médica Maria dos Remédios Carvalho Branco a produção do programa fez uma sondagem junto a alguns radialistas de emissoras comunitárias para saber quais eram as dúvidas mais frequentes dos ouvintes.

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Quando a morte e o fanatismo religioso chegaram em São Luís: a gripe espanhola, por Josué Montello

A primeira promessa de que São Luís ia virar Paris veio com a iluminação elétrica em substituição aos antigos lampiões de gás. Era um deslumbre generalizado ver a cidade clareada pela nova tecnologia – o povo na rua como se estivesse vendo o homem pisar na lua.

Modernidade. Essa alegria foi interrompida pouco tempo após a inauguração da “eletricidade”, quando chegaram os registros de que a gripe espanhola começava a somar óbitos mundo afora. Havia uma contagem regressiva para a “sinistra” adentrar ao Maranhão.

No livro “Os degraus do paraíso”, Josué Montello conta….  

“Depois, como se a nova luz da noite as atraísse, começaram a chegar as más notícias do Norte, do Centro e do Sul. A morte andava lá fora matando às cegas. Um arrepio de frio, febre alta, delírio, e o que até há pouco não era nada passou a ser o desespero e a sepultura. Dezenas, centenas de casos, destruindo famílias inteiras de um dia para outro, no Rio de Janeiro. Ninguém tinha sossego. E era mais quem perguntava: quando a morte chegaria em São Luís? Toda gente se entreolhava, apegando-se aos seus santos. E as lâmpadas elétricas, nos negros postes de iluminação urbana, tinham um ar de espanto – que amedrontava.”

“Até que uma noite, no começo de outubro, a morte entrou de manso pelas ruas tortas que se esgueiram para o mar, escondida no corpo de um marujo de olhos em brasa e andar gingado. Dias depois a cidade lhe sentiu a presença sinistra, nos primeiros esquifes roxos que saíram das casas do meretrício para o Cemitério, à noite, sem acompanhamento, sob o olhar das lívidas lâmpadas elétricas.”

Uma das capas da obra de Montello

Depois, revela Montello, partiram outros corpos de vários lugares da cidade, até mesmo dos sobrados da rua Grande e rua da Paz. A cidade ficara deserta. Em meio ao pânico, pedradas certeiras estilhaçavam as lâmpadas nas ruas, talvez como ato de revolta diante da tragédia coletiva simultânea ao milagre da luz. Seria a energia elétrica uma espécie de maldição?

“Os degraus do paraíso” tem a forte presença da personagem Mariana, dotada de uma fé obsessiva, a ponto de apostar as suas forças na formação do filho Teobaldo em padre.

Todos os propósitos da sua vida eram dedicados ao ordenamento do filho, considerado por ela ungido à missão sacerdotal.

Eis que, apesar de todo o seu fervor católico, Mariana perdeu o rebento mais querido e prometido ao sacerdócio, atropelado por um dos poucos veículos que transitava por São Luís no início do século 20. A morte de Teobaldo provocou uma depressão violenta em Mariana, piorada após o contágio da gripe espanhola.

Trancada no sobrado localizado na esquina das ruas do Sol e da Cruz, no Centro Histórico de São Luís, mortificada com perda do filho e ameaçada pela gripe espanhola, Mariana começou a ser tratada por uma enfermeira evangélica, em visitas diárias.

Aos poucos, o fervor católico de Mariana ganhou outros tons de fé, passando ela a questionar os cânones da sua religião original. Parte dessa virada decorria de uma interpretação da personagem sobre a perda do filho, prometido para ser padre.

Os questionamentos sobre o catolicismo, estimulados pela enfermeira evangélica, cresciam à medida que Mariana conseguia progressos no tratamento da gripe espanhola, principalmente devido ao isolamento social.

Nesse ínterim da narrativa de Josué Montello, outros fatos correm no romance, sempre marcado pela cidade vazia, macabra, em quarentena e silêncio, rompidos apenas pelos cortejos fúnebres das novas vítimas da gripe e pelas pedradas nas lâmpadas.

A tensão da obra fica por conta da conversão radical de Mariana à religião evangélica, elevada a tal ponto de fanatismo que renega a filha Cristina, irmã de Teobaldo, admitida no convento para ser freira.

Embora narrado em uma São Luís do passado, “Os degraus do paraíso”, romance de Josué Montello, trata de temas atuais: isolamento social e fanatismo religioso. É uma boa leitura para esses tempos de solidão.

Vou ficar por aqui para não ser spoiller de livro de papel.

A Literatura e a ficção científica estão recheadas de estórias sobre colapsos da humanidade causados por doenças. O professor e filósofo Marco Rodrigues escreveu recentemente sobre o coronavírus e a obra “A peste”, de Albert Camus. Acesse o artigo aqui.

OBS: O sobrado de Mariana, cenário principal da obra de Montello, é hoje o atual prédio do Ipam (Instituto de Previdência e Assistência do Município), na rua do Sol, esquina com rua da Cruz.

Imagem destacada / rua do Sol, na antiga São Luís / capturada neste site