Nos meses de agosto e setembro de 2021, a cidade de Alcântara, no Maranhão, passou por uma grave crise no abastecimento de água. As torneiras secaram por mais de 45 dias. Nesse período, a população recorreu aos velhos poços e fontes espalhados pela cidade, alguns abandonados e outros ainda “vivos” e minando água de ótima qualidade.
Veja os detalhes no vídeo. Imagens e edição: Marizélia Ribeiro.
Três poços estão localizados na quinta pertencente aos familiares de Luís Morares. Conversamos com ele para conhecer alguns detalhes da riqueza cultural e ambiental da cidade.
Reza a lenda que um dos poços era utilizado para guardar dinheiro e ouro das famílias ricas de Alcântara.
Aos 78 anos de idade, o padre William Guimarães da Silva conquistou um feito inédito na historiografia política do Maranhão – ganhou a quarta eleição para prefeito, em três cidades diferentes. Teve dois mandatos no município de Guimarães e um em Santa Helena. Em 2020 ganhou a disputa em Alcântara, vencendo o atual prefeito Anderson Wilker (PCdoB), candidato à reeleição.
(A imagem aérea destacada foi capturada nesse site)
Existem dois tipos de foguetes em Alcântara: os espaciais e rojões de artifício. Estes começaram a troar no final da manhã de sexta-feira (18), quando o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) analisava o recurso do prefeito William Guimaraes da Silva (PL), eleito com 7.874 votos (60,29%). O julgamento na Corte Eleitoral era aguardado com expectativa do outro lado da baía de São Marcos, onde transitam os barcos que fazem a travessia São Luís – Alcântara. Ato contínuo à decisão do TRE, no sol a pino de meio dia, quando a terceira cidade mais antiga do Maranhão, fundada em 1648, silenciava para a sesta, o foguetório comemorava a diplomação.
Aos 78 anos de idade, o presbítero é um caso raro na política. Ele foi prefeito em mais duas cidades maranhenses: teve um mandato em Santa Helena (1989-1992) e dois seguidos em Guimarães (2005-2012).
Em setembro de 2020, quando registrou a candidatura em Alcântara, foi impugnado pela coligação adversária. A denúncia, acatada pelo Ministério Público Eleitoral (MPE), configurava o impedimento por improbidade administrativa. “No caso dos autos, o impugnado, no exercício do mandato de Prefeito Municipal de Guimarães/MA, teve suas contas – relativas a verbas do Convênio n.º 419/2007 (Siafi 611045), firmado em 31/12/2007 com o referido Município, advindas da FUNASA – julgadas irregulares pelo Tribunal de Contas da União, em decisão definitiva, com trânsito em julgado no dia 24 de julho de 2020”, asseverou o MPE. A verba de R$ 130.790,00 (cento e trinta mil, setecentos e noventa reais) deveria ter sido aplicada na realização de um evento cultural na cidade.
A impugnação foi contestada e ele disputou a eleição, após decisão favorável do juiz titular da 52ª Zona de Alcântara, Rodrigo Otávio Terças Santos.
Vitorioso nas urnas, o padre foi obstruído em uma decisão TRE-MA. Por 6 votos a 0, os desembargadores declararam a candidatura indeferida, mas o mesmo tribunal reverteu a decisão uma semana depois, assegurando o deferimento, motivo do foguetório em Alcântara.
Nas duas cidades onde foi pároco e gestor, William Silva teve fama de pragmático, sempre aberto ao diálogo com distintas agremiações políticas. “Não sou propagandista das correntes partidárias. Eu recorro a quem pode me ajudar, tanto que eu não fico preso a um deputado estadual ou federal. Eu fico mais como amigo daquele agente político. Hoje, por exemplo, eu posso falar com o governador Flávio Dino (PCdoB) sem problemas”, traduziu.
Sua vitória eleitoral em Alcântara reuniu correligionários de vários naipes na coligação “Rumo a novas conquistas”: PL, PROS, Avante e o PT. O vice, Nivaldo Araújo, chegou a disputar a prefeitura em 2016 pelo PSOL, mas mudou para o PROS. Entre os apoiadores constam o ex-prefeito Domingos Arakem (PT) e o deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL), alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga o desvio de emendas parlamentares. “Nós somos correligionários. Eu sou filiado há seis anos no Partido Liberal. Ele [Josimar de Maranhãozinho] veio aqui no dia da convenção, fez um discurso, o povo acreditou no que ele falou e vem desde 2013 acreditando nas minhas palavras e me deu 60% de aprovação”, justificou.
Herança e quilombolas
Na troca de comando em Alcântara o religioso católico vai receber a faixa de prefeito do comunista Anderson Wilker, candidato à reeleição com 4.372 votos (33,48%). Quando tomar posse em 1º de janeiro de 2021 o padre terá problemas de toda ordem. Alcântara não tem matadouro público, rodoviária nem aeroporto. O hospital passou por obras recentemente e foi entregue sem condições ideais de funcionamento. Faltam médicos especializados, sala de cirurgia adequada, maternidade e leito de UTI.
Segundo William Silva, a cidade tem seis ambulâncias para transportar os doentes às cidades mais próximas. Além disso, o abastecimento de água potável, as condições precárias das estradas rurais, o transporte marítimo para São Luís, a iluminação e limpeza públicas, os equipamentos de segurança, a infraestrutura para o turismo e a Previdência Municipal são listados pelo prefeito diplomado como prioridades nos 100 primeiros dias de gestão.
“Estamos buscando entendimento com a Base Espacial para que não aconteça o que ocorreu há 35 anos. Na época prometeram uma remoção digna e até hoje nada vezes nada. Quanto aos que ainda permanecem nos povoados não remanejados nós queremos evitar o mínimo de choque e aplicar as condições dignas, porque ninguém vai ser remanejado à toa. Nós queremos a garantia de que a remoção aconteça em condições humanas e de desenvolvimento”, advertiu o futuro prefeito.
Expectativas, gerações e mulheres
Se na zona rural a vida é dura, na sede do município a pobreza salta aos olhos. Helena Cristina Martins, 41 anos, tem três filhos. Ela e o marido estão desempregados. “O município em geral está precisando de tudo, principalmente na saúde. Foi inaugurado o hospital, mas falta ainda muita coisa, entendeu? Eu gostaria que fosse feito um concurso público para ter oportunidade, mesmo que seja para gari. O que importa é ter um trabalho em meio a essa pandemia”, pontuou.
O orçamento geral do município em 2020 operou com receita de R$ 72.347.365,00 (Setenta e dois milhões, trezentos e quarenta e sete mil, trezentos e sessenta e cinco reais). De acordo com o Plano Plurianual (2018-2021), principal instrumento de planejamento governamental, a previsão de receita do Tesouro Municipal para o exercício financeiro de 2021 é de R$ 73.613.444,00 (Setenta e três milhões, seiscentos e treze mil, quatrocentos e quarenta e quatro reais).
Enraizado em família tradicional de Alcântara, o cozinheiro Vinícius Menezes Maciel, 31 anos, vê no turismo o principal ativo da economia local. “Aqui tem o potencial de Olinda e Ouro Preto, só que a cidade está largada às traças”, resumiu. Apesar do pessimismo com as gestões anteriores, ele tem esperança na experiência administrativa do padre prefeito.
Proprietária de um pequeno restaurante na famosa “Ladeira do Jacaré”, um dos acessos ao porto principal de Alcântara, Maria do Rosário Pereira Vieira sonha com a cidade “limpa, bonita e bem organizada”, além de mais qualificação dos guias de turismo. A saúde também foi mencionada entre as suas preocupações. “Espero que mantenham o hospital inaugurado agora bem de médicos, enfermeiros, remédios e limpeza, porque isso é muito importante”, enfatizou.
Pescador e operário da construção civil, Kleber Ribeiro, 41 anos, trabalha atualmente como taxista. “Espero que o prefeito faça um bom mandato na saúde. A gente vai no hospital e não tem nada. Está construído, mas o telhado está horrível e o serviço foi mal feito”, apontou.
Uma novidade nos próximos quatro anos é a representação feminina no parlamento de Alcântara. Das 11 cadeiras na Câmara Municipal, duas serão ocupadas por mulheres. Na legislatura anterior (2016-2020) todas as vagas foram preenchidas por homens. A vereadora eleita Maria do Nascimento França Pinho (“Menca” Pinho), 42 anos, obteve 337 votos (2,58%). Ela é originária do povoado Peru Velho e pautou a campanha no protagonismo feminino, inspirada na deputada federal Tabata Amaral (PDT). Pedagoga e estudante de Serviço Social, foca ainda na educação e computa na carreira sua experiência de gestora titular na Secretaria Municipal de Assistência Social de 2017 a abril de 2020.
Fé e política
William Silva nasceu em 21 de fevereiro de 1942, no povoado Santa Rita de Cardoso, em Guimarães, cidade onde viria a ser prefeito de 2005 a 2012. A sua relação com Alcântara remonta a 1962, quando aterrissou na cidade para ser professor, a convite de missionários canadenses. Naquela época ele já estudava em colégio católico e entrou para o seminário, obtendo a ordenação em 5 de janeiro de 1973.
Depois das passagens por Santa Helena e Guimarães, voltou ao pastoreio em terras alcantarenses, percorrendo a zona rural no trabalho das Santas Missões Populares e das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Na sua formação em seminários de Fortaleza, Recife, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e Roma, recebeu influência da Teologia da Libertação e chegou a ter palestras sobre espiritualidade com figuras emblemáticas da Igreja progressista, como Dom Paulo Evaristo Arns e Dom Agnelo Rossi, além da convivência com os frades dominicanos.
A eleição de 2020 foi marcada também por um encontro de gerações. O vereador eleito Robson Corvelo, 39 anos, quando criança foi coroinha na igreja administrada pelo então pároco William Silva. Corelo obteve 353 votos (2,67%) e disputou na coligação de Anderson Wilker, atual prefeito derrotado na tentativa de reeleição. “Apesar das diferenças políticas, não me taxo como oposição ao padre William e vou atuar na Câmara dos Vereadores ao lado do povo”, esclareceu.
As sucessivas vitórias eleitorais do padre somam fé e política. “Primeiro vem Deus. Eu faço meu trabalho de evangelização. Sou um catequista, buscando a libertação das pessoas”, detalhou, explicando que durante o mandato de prefeito não pode exercer cargos administrativos na Igreja, de acordo com o Código de Direito Canônico.
A Teologia da Libertação é fruto do Concílio Vaticano II (1962-1965), uma tendência de renovação teológico-eclesial da Igreja latino-americana, baseada na opção pelos pobres e fortalecimento dos laços entre fé e política nas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), que mobilizava os religiosos para o trabalho pastoral no meio popular.
Para o arcebispo de São Luís, Dom José Belisário da Silva, esta perspectiva contrastava outra orientação da Igreja, o Concílio de Trento (1545 a 1563), esteio do catolicismo tridentino, fundamentado na disciplina, rigor acadêmico, ortodoxia religiosa, celibato e obediência à hierarquia. A opção pelos pobres caracterizava uma “rebelião contra a disciplina tridentista” e via no papel do padre um militante social junto do povo, explica o escritor Kenneth Serbin, na obra “Padres, celibato e conflito social: uma História da Igreja católica no Brasil”
Embora a Teologia da Libertação tenha sido uma das inspirações na sua formação eclesial, o padre William Silva é pragmático nas campanhas eleitorais e nos mandatos. Na entrevista concedida para esta reportagem, o foguetório e o telefone não paravam de tocar, festejando os afagos de eleitores e políticos. Ao longo da sua carreira orgulha-se do trânsito junto a várias personagens influentes do Maranhão, sem discriminação. “Eu não me ative a programa de partido nem ideologias. O que primava em mim era o apoio à coletividade, através das emendas”, ressaltou.
Beirando os 80 anos, o futuro prefeito vai encarar a cidade com um passivo administrativo herdado de vários gestores, há décadas. Nesse lugar de tecnologia aeroespacial, o único hospital do município não tem UTI em plena pandemia covid19.
Mas Alcântara, apesar de tudo, tem seus encantos. É uma cidade cênica a céu aberto. Tem o charme da arquitetura colonial, ruínas de igrejas e palácios projetados para receber o imperador (Dom Pedro II) em uma visita prevista para 1870 que nunca aconteceu. É agitada nos tradicionais festejos do Divino Espírito Santo e São Benedito, pacata no visual dos sobradões, ruas e calçadas de pedra, praias exóticas, comunidades quilombolas com variados atrativos culturais e amplo potencial turístico.
Antiga vila de Tapuitapera, de ruas semidesertas, onde a vida corre lentamente, a velha cidade fundada em 1648 completou 372 anos em 22 de dezembro. Vista em panorâmica, a paisagem tem tons de ubiquidade. Passado e futuro estão no mesmo lugar. Foguetes rápidos no céu contrastam o toque lento dos sinos das igrejas na terra.
Votação dos candidatos à Prefeitura
William Guimaraes da Silva (PL) – 7.874 votos – 60,29%
Anderson Wilker de Abreu Araújo (PCdoB) – 4.372 votos – 33,48%
João Francisco Leitão (PODE) – 715 votos – 5,47%
Antonio Rosa Cruz Pereira (PSL) – 99 votos – 0,76%
Quando o diretor Glauber Rocha veio a São Luís no final de 1965 para filmar a posse de José Sarney como governador eleito, não havia nenhuma tradição de cinema local, nenhum movimento que pudesse se alimentar ou dialogar, direta ou indiretamente, com o cineasta baiano. A câmera do filme Maranhão 66, foi feita por Fernando Duarte. Nos créditos, ele divide a cinegrafia com Gláuber Rocha.
Isso, por si só, já garantiria uma citação na história do cinema maranhense, mas a importância de Duarte aumenta por que logo depois, em 1968, ele faria a fotografia de um dos primeiros curtas filmados em São Luís, Alcântara Cidade Morta, dirigido por Sérgio Sanz e provavelmente produzido pelo Instituto Nacional do Cinema, segundo o cineasta Murilo Santos.
O texto do curta é assinado por Armando Costa e narrado pelo ator Cecil Thiré. Tem trilha marcante do violonista Baden Powell e mistura imagens de barcos, sobradões antigos e peças sacras do Museu de Alcântara. É interessante destacar que no final do filme, de pouco mais de 10 minutos, aparecem imagens de um foguete da Gemini V * sendo lançado de uma base, que não tem relação alguma com a base de Alcântara, que se estabeleceria na cidade pouco mais de 10 anos depois.
O mesmo Fernando Duarte voltaria a São Luís, em 1977, para dar um curso na área de cinema, a convite de Mario Cella, da Universidade Federal do Maranhão. Este seria o segundo curso na área que acontecia na cidade. Cinco anos antes, nos primeiros dias de ocupação do Laborarte, o engenheiro de som Stênio Gandra, irmão de Cirano Gandra, integrante do departamento de som do grupo, daria uma primeira oficina, além de gravar imagens do prédio do Labô, que acabaram perdidas.
Em 1976, Mario Cella convidaria o fotógrafo e cineasta Murilo Santos para ficar à frente do recém criado Cine Clube Universitário, que funcionava numa sala da faculdade de Farmácia, no Largo de São João. Quando Fernando Duarte chegou aqui em 1977, sugeriu a mudança do nome para Cine Clube Uirá, homenagem ao primeiro longa metragem gravado em São Luís, em 1972: Uirá: um índio à procura de Deus. O Cine Clube motivou a criação da Jornada Maranhense de Super 8, que depois se transformaria no Festival Guarnicê de Cinema.
Mario Cella foi um personagem importante culturalmente naquele momento. Italiano, chegou ao Brasil na primeira metade dos anos 1960 e em pouco tempo estava ensinando filosofia na UFMA. Na década seguinte foi diretor do CEAC e do DAC, órgãos da UFMA responsáveis pela criação do Coral da Universidade, grupo musical Terra e Chão e do grupo de teatro Gangorra, entre outras ações culturais.
FOTO DESTACADAGemini V foi o terceiro voo tripulado do Projeto Gemini, realizado em agosto de 1965 , onde pela primeira vez foram usadas células combustíveis como energia para as naves Gemini, antes movidas à bateria. A missão também foi a primeira da história a registrar um eclipse lunar. O voo teve a duração de oito dias no espaço, o dobro da missão anterior. Isto foi possível devido as células combustíveis, que geravam eletricidade suficiente para voos mais demorados, uma invenção fundamental para as futuras missões Apollo. (fonte:Wkipedia)
São Luís às vezes tem traços de Macondo e Sucupira, juntas.
O Circo da Cidade virou borboleta, o Estádio Municipal Nhozinho
Santos é um cemitério de dinheiro público, o acervo do Memorial Bandeira Tribuzi
está amontoado lá pras bandas do Desterro; e os portais da cidade, aprovados em
um rumoroso concurso, nunca saíram do papel. Para completar, a reportagem do
jornalista Silvio Martins revelou mais um funeral do erário no coração do
Centro Histórico – as reformas no prédio do BEM já consumiram R$ 30 milhões.
Nesse Natal, como será a chegada de Jesus para os índios do
Maranhão? E a ceia dos moradores do Cajueiro? Qual presente receberão os
quilombolas de Alcântara?
Que futuro terá nossa região metropolitana com a proposta da
Prefeitura de São Luís para eliminar 41% da zona rural na revisão do Plano
Diretor?
Vamos às respostas.
Há um consenso sobre o extermínio dos indígenas. Bolsonaro (a política de ódio) é o culpado-mor, mas a estrutura oligárquica do Maranhão, firme e forte em todos os governos, dita a ordem da violência no campo para dizimar os povos e as comunidades tradicionais.
Não há
como negar a veia progressista do governador Flávio Dino (PCdoB) e o esforço da
gestão para melhorar o panorama e os indicadores locais, mas a violência no
campo tem a cota de participação da direita eternamente apaixonada pelo Palácio
dos Leões.
Para o
pensamento político do campo conservador pouco importa se os índios vão morrer
de susto, bala ou vício.
Já na
dimensão geopolítica, a força do capital internacional passa o trator no Cajueiro
para atender à expansão portuária e industrial. Esta, por sua vez, precisa das
alterações no Plano Diretor para tirar do meio do caminho a zona rural, como se
as comunidades tradicionais estivessem impedindo o “desenvolvimento” do
Maranhão.
O prefeito Edivaldo Holanda Junior (PDT), no segundo mandato, opera os interesses das empreiteiras e dos lobistas do mercado de terras para fazer de São Luís um gigantesco “grilo chique”. Não há qualquer diferença entre esse projeto e o de Eduardo Braide (Podemos), deputado federal e líder nas pesquisas de opinião para prefeito de São Luís, em 2020. Ambos são filhos da mesma árvore política.
Existe portanto uma opção clara pela continuidade da modernização conservadora. Assim, os quilombolas de Alcântara podem ter o mesmo destino dos moradores do Cajueiro: tropa de choque, balas de borracha e bombas de efeito moral.
Tudo isso
ocorre no mês do Natal, em meio à polêmica sobre o Papai Noel no Centro
Histórico de São Luís e críticas reais acerca das políticas culturais do
Governo do Estado e da Prefeitura de São Luís.
O melhor
de tudo é a divergência. Como é salutar ver opiniões conflitantes sobre o velho
de barba branca e roupão vermelho que emociona os ricos da ceia farta e os
pobres com as suas limitações.
Jesus Cristo, o homem histórico de carne e osso, combateu os poderosos e pregou justiça. Que ele renasça nos corações e nas nossas palavras neste Natal das discordâncias saudáveis.
Nota do Editor: Texto atualizado às 20h38. Houve um equívoco ao associar o ex-prefeito de Santa Luzia do Tide, Antonio Braide, ao deputado federal Eduardo Braide.
Faz muito tempo, na mesa de um bar, surgiram duas questões filosóficas em uma só: “Alcântara não vai ninguém porque não tem nada ou não tem nada porque não vai ninguém”?
Por “nada” e “ninguém” não entenda sentidos pejorativos ou depreciativos. Na pergunta está embutida a torcida, o desejo e a vontade dos frequentadores da deliciosa e encantadora Alcântara para que a cidade seja equipada com investimentos para a geração de emprego e renda aos seus moradores (em primeiro lugar) e opções de turismo, com o objetivo de movimentar a economia e ampliar o fluxo de visitantes na cidade.
“Se Alcântara fosse na Bahia, Caetano Veloso já tinha feito uma canção e davam um jeito de tocar na novela das oito”, dispara um atento observador da cidade.
A dupla questão filosófica acima provoca outra, baseada nas contradições do capitalismo e nas desigualdades que ele é capaz de produzir: Alcântara abriga pessoas analfabetas na vizinhança de uma base de lançamento de foguetes.
No século XXI a tecnologia da escrita ainda não é acessível para muita gente nas proximidades da base que sedia um dos maiores polos de tecnologia aeroespacial do mundo.
Pois foi neste lugar estranho que aportou o casal Sergio e Lea, entusiastas do Café com Arte, o novo espaço cultural da cidade, ideal para bater papo, degustar petiscos e saborear cachaças e outras beberagens artesanais, além dos cafés especiais.
A casa não é um empreendimento no sentido convencional. Café com Arte oferece, antes de tudo, afeto, estampado no sorriso acolhedor de Sergio e Lea.
O lugar é um mix de cafeteria, cachaçaria e ponto de encontro para conversar, como todo boteco deve ser, no pé do balcão.
Localizado na rua Grande, 76, Centro, o Café com Arte também recebe artistas para voz e violão, recitais literários e audição de boa música. Livros e discos estão à vontade na sala, que dispõe de bancos decorados e duas poltronas.
O casal morou no Rio de Janeiro por umas décadas e mudou para São Luís em busca de tranquilidade, até conhecer Alcântara e o sossego. Aí decidiram montar o Café com Arte.
Cachaças locais e importadas, licores, cafés, biscoitos e docinhos, petiscos rápidos à base de castanha, queijo e azeitona compõem o cardápio. No local não servem refeições e nem cerveja.
Bebida saudável e afeto
Longe de ser um empreendimento com fins lucrativos, segundo Sergio, o local é um ponto de encontro para degustar, saborear e prosear.
O balcão ocupa o cômodo logo na entrada, cercado de baquinhos e duas poltronas, porque o propósito maior é conversar e desfrutar os sabores etílicos e barísticos da casa.
Entre as bebidas especiais estão pelo menos dois rótulos produzidos no Maranhão: a cachaça Jacobina, de Balsas; e a tiquira Guaaja, produzida em Santo Amaro.
Como todo lugar especial, Café com Arte tem o diferencial administrativo. Sergio, o “antigerente”, não anota nada no consumo dos clientes. Avesso a comandas e planilhas para registrar a consumação, ele diz que o esforço para controlar, cansa! E este verbo, cansar, não é o propósito de ter transferido a sua morada do Rio de Janeiro para São Luís e depois Alcântara.
Ao final da visita, cada frequentador informa o que comeu e bebeu e só então entra a contabilidade de Sergio, sempre confiante na veracidade dos visitantes.
Outro detalhe: o pagamento só é feito em dinheiro. Café com Arte não operacionaliza cartão, porque a burocracia da máquina também não é o propósito, explica Sergio.
Tranquilidade é a filosofia do novo espaço cultural (e seria sideral?!) de Alcântara.
Imagens capturadas na fanpage https://www.facebook.com/cafecomarte.ma/
Os municípios de Cururupu, Bequimão, Guimarães, Porto Rico e Alcântara receberão, a partir desta segunda-feira (16), os projetos “Mais Qualificação e Turismo” e “Regionalização”. A ação que acontece até o dia 20 de abril é uma iniciativa do Governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado da Cultura e Turismo (Sectur), e irá beneficiar o Polo Floresta dos Guarás e Alcântara, município pertencente ao Polo São Luís.
“Por determinação do secretário de Estado da Cultura e Turismo, Diego Galdino, estamos visitando todos os polos a fim de medir as atividades turísticas dessas regiões e incentivar a melhoria contínua das atividades turísticas. O programa de Regionalização melhora e estrutura o turismo dos municípios com uma série de ações, uma delas é o Cadastur, que promove a regularização dos meios de hospedagens, com isso, a categorização sobe, assim, os municípios ficam aptos para captar recursos do Ministério do Turismo e da Embratur. Nesta gestão, nós unificados os programas “Mais Qualificação e Turismo” e “ Regionalização” por entendermos que essas atividades precisam andar de forma paralela potencializando o turismo e otimizando os recursos”, explica o secretário adjunto de Turismo, Hugo Veiga.
Os municípios irão receber a equipe da Secretaria Adjunta de Turismo da Sectur com uma agenda de reuniões técnicas, palestras, cursos de qualificação e ações esclarecedoras voltadas para o novo sistema de Cadastro de Pessoas Físicas e Jurídicas do Turismo (Cadastur).
Nos cinco municípios, as pessoas interessadas terão a oportunidade de participar dos cursos de Organização de eventos, Qualidade no atendimento, Como manter um negócio: cama e café, Técnicas para recepção para meios de hospedagens, Qualidade no atendimento em bares e restaurantes, Boas práticas para manipulação de alimentos e Gestão Pública para o Turismo e Projetos Técnicos (este último para servidores públicos).
Regionalização
O Polo Floresta dos Guarás e o município de Alcântara também receberão as ações do programa Regionalização. O programa reúne ações de maneira associada e articulada de incentivo à estruturação dos 10 Polos Turísticos, como reuniões técnicas com gestores e secretários de Turismo e curso de Gestão Pública para o Turismo e Projetos Técnicos. Na oportunidade, também será feita a identificação dos atrativos e das condições de infraestrutura das localidades, servindo de base para conscientização e monitoramento para o remapeamento em 2019.
Karina Waleska atua na rádio comunitária Alcântara FM, é graduada em História, tem especialização em Gestão da Cultura e é diretora do Museu Casa Histórica de Alcântara
Fé, amor, devoção e emoção em contraste com um cenário histórico marcaram a tradicional Via Sacra de Alcântara. Crianças, jovens e adultos se reuniram no propósito de recriar o fato mais importante da história do Cristianismo em uma peça cheia de surpresas e comoção. O espetáculo começou no Largo do Carmo e encerrou-se na Praça da Matriz.
Centenas de pessoas percorreram, nesta Sexta-Feira Santa (30), os principais pontos turísticos da cidade histórica de Alcântara atentos a cada detalhe da Paixão de Cristo. A peça foi realizada pela Companhia de Teatro Culturarte com o apoio da Prefeitura de Alcântara.
Para Karina Valesca, escrever a Paixão de Cristo é uma experiência única, que fica para a vida inteira. “Quando a gente começa se aprofunda na história de Jesus é muito emocionante. Aprendemos a ter mais fé a cada dia de estudo. E ver essa história sendo encenada em praça pública é impagável”, destacou a escritora.
De acordo com a espectadora Maria dos Remédios, a Via Sacra é emocionante ainda mais quando apresentada nas ruas de Alcântara. “Os casarões, as ruas de pedras e as ruínas deixaram esse espetáculo mais original. Durante a peça senti que minha fé se renovou, porque foi lindo e cheio de vida tudo que vi”, disse Maria.
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