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Há controvérsias no projeto de alteração nos limites do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses

por Ed Wilson Araújo

Cercado de dúvidas e conjecturas sobre o ambicioso mercado de terras, o projeto que revisa a delimitação do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses (PNLM) será debatido nessa sexta-feira, 1º de novembro, em audiência pública no município de Santo Amaro, a partir das 10 horas, no Centro de Artesanato Casa Branca.

A audiência é convocada pelo senador Roberto Rocha (PSDB-MA), autor do projeto nº 465/2018, prevendo modificações no Decreto nº 86.060, de 2 de junho de 1981, que criou o PNLM, uma unidade de conservação com área de 156.608,16 hectares nos municípios de Santo Amaro, Barreirinhas e Primeira Cruz, no Maranhão.

Estão convocados para a audiência a população de Santo Amaro, associações, representantes de órgãos ambientais, pesquisadores, movimentos sociais, prefeitos, parlamentares e o relator do projeto no Senado, Elmano Férrer (Podemos), do Piauí.

Segundo Roberto Rocha, o projeto tem o objetivo de promover o turismo sustentável na região, sob o argumento de que na área do PNLM não é permitida a construção de escolas, unidades de saúde, igrejas e empreendimentos hoteleiros e de lazer.

De acordo com o projeto do senador, na época da criação do parque, em 1981, foram inseridas na área de proteção “diversas  comunidades e núcleos urbanos que tiveram o seu desenvolvimento comprometido devido ao fato de terem sido incluídos em uma unidade de conservação cujas regras de utilização do espaço físico são extremamente restritivas.”

O texto do projeto cita as comunidades de Travosa, Betânia, Espigão e Vai-Quem-Quer, localizadas em Santo Amaro. “Segundo dados do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, autarquia que administra o Parque, há 2.654 pessoas morando em locais que oficialmente fazem parte da unidade de conservação, o que não deveria ocorrer nos termos da legislação que rege os parques nacionais”, justifica a proposição do senador.

Roberto Rocha propõe a revisão dos limites do PNLM para retirar as áreas onde vivem as comunidades tradicionais. Segundo o argumento do senador, essas povoações foram indevidamente incluídas na área da unidade de conservação quando ela foi criada no início da década de 1980.

Especulação imobiliária no cenário

Entidades representativas dos trabalhadores e trabalhadoras rurais, ambientalistas e pesquisadores analisam com cautela e apreensão o projeto. Elas argumentam que a iniciativa do senador visa excluir as comunidades tradicionais do parque para permitir a especulação imobiliária em uma região cobiçada pelo denominado mercado de terras.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais e Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) repudiou o projeto. De acordo com a entidade, a proposta atende aos interesses da especulação imobiliária e, se aprovado, deve excluir 23 comunidades que integram a unidade de conservação ambiental.

Segundo a confederação, na área dos três municípios do PNLM vivem 60 comunidades com aproximadamente 5 mil mulheres e homens que sobrevivem da agricultura familiar. Para a Contag, um dos objetivos da revisão dos limites visa beneficiar a especulação imobiliária provocando o deslocamento compulsório dos moradores sem garantir medidas protetivas para as comunidades tradicionais.

Um artista da região compôs até música ensejando críticas à iniciativa do senador.

Música pede a retirada do projeto do senador Roberto Rocha

Pesquisadores ouvidos pela Agência Tambor questionam vários aspectos do projeto quanto aos impactos sociais e ambientais. Ouça aqui e neste link as entrevistas com Benedito Souza Filho e Maristela de Paula Andrade.

Segundo o antropólogo e professor da Universidade Federal do Maranhão, Benedito Souza Filho, as comunidades tradicionais já viviam na região antes da demarcação do parque na década de 1980; portanto, não foram incluídas indevidamente na área delimitada. “Estamos falando de pessoas que habitavam e sobreviviam ali desde o século 19”, esclareceu o antropólogo.

A proposição do senador amplia a área do PNLM de 156.608,16 hectares para 161.409 hectares, mas retira o chamado “filé” da unidade de conservação, provavelmente com a intenção de beneficiar as redes hoteleiras e a especulação imobiliária. O próprio Roberto Rocha argumentou no texto do projeto que a alteração nos limites do parque vai incrementar o turismo na Rota das Emoções. (veja na página 11)

O Ministério Público Federal (MPF) cobra a realização de estudos técnicos com a participação da população para dialogar sobre os impactos ambientais e antropológicos nas áreas onde pode haver modificações de limites, a fim de garantir a proteção do meio ambiente e da diversidade cultural na região.

Pode ser até coincidência, mas a revisão nos limites proposta por Roberto Rocha acontece no curso de outra iniciativa – a inclusão do parque no Programa Nacional de Desestatização. Traduzindo: o governo Jair Bolsonaro quer privatizar a gestão do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses.

O projeto de Roberto Rocha está em análise na Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR) do Senado.

Já a proposição de Bolsonaro teve uma resolução favorável do Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) da Presidência da República, publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 21 de agosto de 2019.

É o primeiro passo para privatizar a gestão do PNLM.

Imagem destacada / divulgação: Roberto Rocha mostra mapa com alteração nos limites do PNLM

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Do mar ao cinema: a solidão de “Silicrim” e Amyr Klink

O navegador solitário Benedito Raposo Teixeira, o “Silicrim”, faleceu em 11 de fevereiro de 2018, aos 82 anos de idade, nas proximidades da ilha de São Lucas, no arquipélago de Maiaú, em Cururupu.

No final de 2016, quando tinha 80 anos, “Silicrim” recebeu uma grandiosa homenagem no filme “O Império de um Navegador”, dirigido pelo cineasta Edson Fogaça.

Ao assistir ao filme com plateia lotada no cine Praia Grande, escrevi uma crítica, publicada  em 1º de dezembro de 2016, no Blog do Ed Wilson (edwilsonaraujo.com.br). Este blog estava hospedado pela empresa SlzHost e foi “deletado” de tal forma que todo o conteúdo ficou perdido e inacessível. A SlzHost não conseguiu recuperar o Blog do Ed Wilson e o trabalho de quase dois anos foi totalmente “apagado” da web.

O artigo sobre Silicrim e o filme “O Império de um Navegador” foi salvo graças à generosidade do diretor do Estaleiro Escola, Luiz Phelipe Andrès, que à época (2016) imprimiu o texto do Blog do Ed Wilson, guardou uma cópia e digitou o texto novamente na madrugada do dia 13 de fevereiro 2018, possibilitando a republicação em meu novo blog (edwilsonaraujo.com). Veja como o papel ainda é importante em tempos de tanta tecnologia!

Deixo meu agradecimento especial a Luiz Phelipe Andrès pela recuperação do texto. Se ele não tivesse guardado uma cópia em papel, seria impossível recuperá-lo.

Abaixo, o texto original.

DO MAR AO CINEMA: A SOLIDÃO DE “SILICRIM” E AMYR KLINK

Ed Wilson Araujo

O menino Benedito, nascido na ilha de São Lucas, em Cururupu, era caçoado pelos colegas porque se atrapalhava no letramento de tal forma que era uma tortura, para ele, a decoreba da cartilha do ABC: “sa-la-cra”, “sa-la-cre”, “sa-la-cri”.

Benedito nunca passou das lições iniciais de alfabetização, ganhou da turma o apelido Silicrim e abandonou a escola ainda criança. Seu destino era o mar e nas últimas duas décadas a marca do navegador solitário, ativo aos 80 anos de idade.

A sua vida inteira dedicada ao mar foi contada no filme “O Império de um Navegador”, exibido no Cine Praia Grande, com plateia lotada e a presença da personagem principal do filme – Benedito Raposo Teixeira, o “Silicrim”, familiares e amigos; do navegador Amyr Klink; do diretor do Estaleiro Escola Luiz Phelipe Andrès; e do diretor do Mavam Joaquim Haickel.

Amyr Klink veio especialmente ao Maranhão conhecer o marinheiro solitário do arquipélago de Maiaú, navegaram juntos e falaram pouco, depois da seção do filme, na homenagem grandiosa a um homem simples que só precisa de vento e solidão para uma existência de plenitude.

O filme dirigido por Edson Fogaça é impecável. Da trilha sonora ao script, recorta e costura a personagem “Silicrim” com a mistura de realidade e ficção em uma sensibilidade poética e com a força narrativa tão potente quanto a quilha cortando as ondas, tal qual o poema  “E então, que quereis?”, de Vladimir Maiakóvski.

A ideia do filme surgiu quando Silicrim aportou no Estaleiro Escola para deixar o barco guardado, enquanto ele iria fazer uma cirurgia de hérnia. Phelipe Andrès ficou encantado com a saga de Silicrim e desde então foi brotando a ideia de contar a história do navegador solitário do Maranhão em um filme.

Enquanto “Silicrim” se recuperava da cirurgia, Andrès mobilizou a equipe do Estaleiro Escola para fazer outra intervenção cirúrgica , desta feita no barco “O Império de Um Navegador”, que chegara ao porto bastante avariado.

Finalmente liberado pelo médico, ele recebe o barco de volta, totalmente recuperado, e segue a sina de navegador solitário, mas sempre rodeado de amigos em todos os portos por onde passou.

Trata-se deu um filme para ser lido, porque na tela estão implícitos Gabriel Garcia Márquez, Guimarães Rosa e Fernando Pessoa.

A minha experiência de assistir ao filme remeteu Silicrim às narrativas da obra “Cem anos de Solidão” e à magia do realismo fantástico, especialmente o tempo, cravado na pele enrugada de sal e sol como se cada dobra fosse um capítulo das suas oito décadas de vida, quase todas no mar.

No filme, o tempo se arrasta carregado de nostalgia na cena do ritual de preparar o próprio café da manhã no interior do barco. O café coado lentamente duas vezes, depois bebido na fartura do olhar longínquo avistando o nada na beira da praia, ou nas caminhadas sem pressa pelas areias de encantarias da ilha dos Lençóis.

A vida de “Silicrim” é a negação do tempo presente apressado pelos motores e dispositivos móveis. Seu barco, “O Império de um Navegador”, que dá nome ao filme, é à vela. Ele é um homem movido a vento.

Guimarães Rosa está presente nos diálogos entre Silicrim e seus companheiros, demarcados por pausas, silêncios intermináveis, vazios interpretativos de uma profundidade medonha. Nesses papos despropositados, as histórias de aventuras no mar são recontadas pelos amigos das ilhas de Cururupu, parceiros de viagens, costurados aos depoimentos da personagem principal.

A poesia atravessa todo o filme, daí a presença de Fernando Pessoa na figura da personagem, naquilo que representa o ímpeto da conquista, o desejo de aventura, a constante inquietação de Silicrim com a segurança da terra firme. Ele é do mar e não enjoa, homem de alma grande, porque a vida inteira valeu a pena.

Imagem destacada / divulgação / Silicrim pilotando seu barco artesanal

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Musical recupera a Era de Ouro do rádio brasileiro

Fonte: Blog do Chico Santana

Uma trupe de Brasília se lançou no desafio de transportar para o teatro um pouco do que foi a chamada era de ouro do rádio no espetáculo “No tempo de Noel Rosa, o musical”. Quando o ator Gilson Montblanc, que pessoalmente teve experiências em rádio comunitária, decidiu escrever o roteiro, tomou por base a biografia homônima de Almirante, que era grande amigo de Noel Rosa; ou seja, o texto narra toda a vida do compositor de forma não-linear e recria o clima carioca da Era do Rádio.

Os dados históricos que compõem o espetáculo servem de apoio para retratar um Noel Rosa enquanto pessoa e não o mito musical. Segundo o ator e roteirista Gilson Montblanc – que é habitué do casarão da Escola de Samba Aruc, em Brasília, o musical é o primeiro a ser realizado na capital federal tendo o samba como foco.

Coincidência ou não, a homenagem a Noel acontece poucos meses antes de Brasília ser lembrada na Sapucaí pela Escola de Samba Vila Isabel (escola do Noel Rosa) pela passagem do seu 60º aniversário.

A peça

O espetáculo é uma oportunidade de conhecer o universo do compositor e sambista Noel Rosa. A plateia poderá visitar o que foi o cenário carioca daquela época, já que o cenário será inspirado nos Arcos da Lapa, bairro onde o artista compôs grande parte de suas obras.

Na trilha sonora estão presentes sucessos como “Fita amarela”, “Com que roupa”, “Vamos falar do Norte”, “O orvalho vem caindo”, “Conversa de botequim” e marchinhas de carnavais cantadas pelo cantor e compositor Braguinha.

A peça será encenada ao longo dos meses de novembro e dezembro nos barracões das duas principais escolas de samba de Brasília – Aruc e Acadêmicos da Asa Norte – além dos teatros do Plano Piloto, Taguatinga, e Samambaia.

Serviço: 

Peça: No tempo de Noel Rosa, o musical

Companhia: Cia Teatral Hablado

Autor: Gilson Montblanc

Direção: Rai Melodia

Elenco / imagem destacada: Carlos Neves (Almirante), Gilson Montblanc (Ademar Casé), Marcelo Felga (Braguinha), Yago Queiroz (Cartola), Sérgio Souza (Wilson Batista), Revacy Moreira (Aracy adulta), Júlia Sagatiba (Aracy jovem), Daniel Fernandes (Violão e voz), Jane Azevedo (Ceci), Mônica Fernandes (Margot), Sara Lima (Neyde), Marcelo Dorini (Severino) e Cris Santos (Neidoca)

Iluminação e sonoplastia: Albergue D’Lima

Confira abaixo as datas, horários e locais de apresentação:

09 novembro, às 20h, no Teatro da Praça – Taguatinga

10 novembro, às 15h, na Escola de Samba Acadêmicos da Asa Norte

16 e 17 de novembro, às 20h, no Brasília Shopping

23 e 24 de novembro, às 20h, no Teatro Mapati – Asa Norte

08 dezembro, às 16h, na Aruc – Cruzeiro Velho

13 dezembro, às 21h, no Complexo Cultural Samambaia

Informações: ciateatralhablado@gmail.com ou pelos fones 61 99827-8553 (Gilson) ou 61 98334–1333 (Rai)

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Memórias de São Luís pelas imagens dos irmãos Teixeira é tema de álbum lançado por historiadores

Com centenas de downloads feitos apenas nos primeiros dias de lançamento na plataforma Amazon, a obra “Álbum recordação do Maranhão: a Typogravura Teixeira e os primórdios da fotografia impressa no Brasil”, lançada pelo historiador da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Manoel Barros, em parceria com o professor José Oliveira da Silva Filho, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA) aborda o pioneirismo dos irmãos Teixeira no processo de impressão da imagem em periódicos no Brasil.

Com este recorte, a publicação apresenta ao leitor registros da cidade de São Luís no início do século XX, focando na apresentação da trajetória dos irmãos Teixeira, apontando, também, o circuito social da fotografia na capital maranhense.

O livro traz uma edição fac-símile do álbum original, produzido em 1908, com 24 imagens em alta resolução, coloridas – todas disponibilizadas por meio do processo fotomecânico chamado fototipia.

Álbum tem registros memoráveis de São Luís

“Esta publicação é, além de uma homenagem aos irmãos Teixeira, uma reapresentação deles que foram precursores em sua época, ao proporem técnicas nunca vistas no país até então, como a impressão de imagens fotográficas em periódicos”, pontuou o historiador Manoel Barros.

O tema integrou o trabalho de pesquisa do também historiador José Oliveira da Silva Filho. “Os Irmãos Teixeira, assim como o período em que atuaram, esteve no recorte da minha tese de doutorado. Meu trabalho, alinhada ao conhecimento e à pesquisa do professor Manoel Barros, propiciou este momento único em revisitar este legado tão importante para a comunicação e a história nacional”, acrescentou José Oliveira.

O “Álbum recordação do Maranhão: a Typogravura Teixeira e os Primórdios da fotografia impressa no Brasil” está disponível na plataforma Amazon – para adquirir, acesse: https://amzn.to/2MhMp6F.

Irmãos Teixeira

Sócios e comerciantes que gerenciavam a firma Gaspar Teixeira & Irmãos Sucs., os irmãos Pinto Teixeira atuaram no final do século XIX e início do XX.

Foram donos dos Armazéns Teixeira (loja de departamento), oferecendo serviços de Alfaiataria e Tipografia, por exemplo.

Manoel Barros

Formado pela Universidade Federal do Maranhão (1985), Manoel Barros tem especialização em Organização de Arquivos – VII pela Universidade de São Paulo (USP-1992) e mestrado em História pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE-2002).

Atualmente, é doutorando no programa de Pós-Graduação em História, da UFMA e pró-reitor de Assistência Estudantil da UFMA.

José Oliveira da Silva Filho

Doutor em história das sociedades Ibero e Americana pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul-PUCRS, José Oliveira é professor do IFMA, Mestre em História pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) e especialista em História do Maranhão, pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). É também graduado em História pela UFMA.

Contato Para mais informações sobre a obra, pelo telefone (98) 99972-2185 (Manoel Barros) e (98) 98605-1402 (José Oliveira).

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Icatu: cidade palco da Batalha de Guaxenduba completa 405 anos

Uma vasta programação está preparada para comemorar os 405 anos do município de Icatu, localizado no vale do rio Munim, a 109 Km de São Luís.

Palestras, eventos cívicos, variadas atividades esportivas, celebrações religiosas e shows musicais serão realizados dias 25 e 26 (sexta-feira e sábado) de outubro para celebrar a fundação da cidade (veja ao final a programação completa).

Também conhecido em dialeto indígena como “Águas Boas”, Icatu é marcado por um dos mais importantes conflitos entre portugueses e franceses pelo controle do Brasil – a Batalha de Guaxenduba.

Na praia de Santa Maria foi deflagrado o confronto entre as forças lideradas pelo português Jerônimo de Albuquerque e o francês Daniel de La Touche.

Em menor contingente, as tropas portuguesas conseguiram vencer os adversários franceses. Conta a lenda que no calor da batalha a intervenção de Nossa Senhora da Vitória transformou areia em pólvora, fato decisivo para dar a vitória a Albuquerque.

O historiador José Almeida, entrevistado pelo site Agenda Maranhão, explica o contexto da batalha.

Historiador José Almeida conta como Icatu se posicionava na geopolítica

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Icatu tem as seguintes referências históricas:

Em novembro de 1614, em lugar denominado Águas Boas, após a vitória dos portugueses sobre os franceses, foi realizada uma procissão em ação de graças a Nossa Senhora da Ajuda e iniciada a construção de sua Igreja.

Em 1688, fundou-se a Vila, posteriormente transferida para outro local, na margem direita do rio Munim, de acordo com solicitação do Congresso aprovada pela Corte Portuguesa através da Provisão Régia de 1758.

Vila de Icatu, inicialmente, chamou-se Arrayal de Santa Maria de Guaxenduba, denominação dada pelo seu fundador Jerônimo d’ Albuquerque Maranhão. Adquiriu categoria de Cidade em 1924. Segundo Varnhagen, o topônimo Icatu ou Hycatu significa Pontes Boas. Já Ayres Casal a traduz por Águas Boas.

Para saber mais sobre a Batalha de Guaxenduba veja também a entrevista com o historiador Euges Lima.

Historiador Euges Lima explica a conjuntura da Batalha de Guaxenduba

Veja abaixo a programação completa do aniversário de Icatu

Fotos e vídeos: Marizélia Ribeiro

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Mutirão recolhe resíduos de petróleo nos Lençóis Maranhenses, onde também apareceram as caixas emborrachadas

Uma equipe do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e da Marinha do Brasil, acompanhada de voluntários, recolheu aproximadamente 700 Kg de resíduos derivados de petróleo cru nas proximidades da Travosa, vila de pescadores localizada em Santo Amaro, na área do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses (PNLM).

Um vídeo produzido por um dos voluntários que acompanhou a vistoria do ICMBio revela os resíduos cobertos pela areia ao longo da costa, nas proximidades da praia da Travosa.

Vídeo (Dodó Carneiro) registra mutirão em Santo Amaro.

O mutirão de limpeza acondicionou os resíduos em 14 sacos de 60 kg. Participaram da coleta integrantes da Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Santo Amaro e membros da organização Defensores da Casa Comum, grupo vinculado à Igreja Católica que trabalha com ações sociais.

ICMBio, Marinha e voluntários trabalharam na coleta. Foto: divulgação

Segundo o relatório de vistoria do ICMBio, datado de 19 de outubro, “as manchas estão espalhadas por uma faixa de 500 metros. O relatório é documentado com fotos, imagens de satélite e registra a presença dos resíduos nas coordenadas 2°21’31.68″S / 43°14’38.22″O.

Relatório do ICMBio localiza a incidência das manchas

Essa área fica distante das principais rotas do turismo; portanto, não há necessidade para alarme ou inibição dos visitantes.

Embora não seja motivo de espanto para os turistas, os resíduos terão consequências para o trabalho dos pescadores e extrativistas que sobrevivem dos frutos do mar e de toda a biodiversidade da região.

Relatório do ICMBio com vista aérea da localização das manchas

Na Barra da Baleia os resíduos estão semienterrados devido à forte movimentação da areia, impulsionada pelo vento, característica presente nessa região. O Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses é reconhecido pelo regime de ventos fortes que transportam areia para a formação de dunas.

Caixas misteriosas

Além dos resíduos de petróleo, a equipe do mutirão de limpeza constatou ao longo da costa uma grande quantidade de caixas emborrachadas, algumas totalmente expostas e outras semienterradas na areia.

Caixas emborrachadas ao longo da costa de Santo Amaro. Foto: Dodó Carneiro

Segundo o ambientalista Dodó Carneiro, integrante da Casa Comum, as caixas podem ser vistas espalhadas ao longo de 70 Km na costa do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses.

Os objetos já foram visualizados em várias regiões litorâneas do Maranhão, inclusive na praia de Saçoitá, no município de Cedral, onde encalhou o navio Baraka (veja aqui)

O mistério das caixas começou a ser desvendado pelos pesquisadores da Universidade Federal do Ceará, do Instituto de Ciências do Mar (Labomar). Eles revelaram que os fardos de borracha estavam alojados em um navio alemão denominado “SS Rio Grande”, afundado em 1944, durante a II Guerra Mundial.

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Festival Guarnicê de Cinema faz itinerância em Pinheiro e Alcântara

A Universidade Federal do Maranhão (Ufma), através do Departamento de Assuntos Culturais (Dac/Proexce), realiza exibições gratuitas de filmes e ações formativas nessa terça (22) e quarta-feira (23), na cidade de Pinheiro, e na quinta-feira (24), em Alcântara. A programação integra o projeto de extensão Guarnicê em Itinerância, que será encerrado no mês de novembro/19, com a realização das ações culturais no município de Raposa.

A programação oficial começará na terça-feira (22), no Auditório Central da Ufma Campus Pinheiro/MA, com a exibição da Mostra Guarnicêzinho, das 9h às 10h. Em seguida terá a Mostra Copa Studio 10 anos, das 10h às 11h. Das 14h30 às 15h30 haverá a solenidade oficial de abertura com exibição às 15h30 do filme ‘Selvagem’, de Diego da Costa, melhor longa nacional do 42º Festival Guarnicê de Cinema. A programação está no site http://www.cultura.ufma.br/index.php/festival-guarnice-de-cinema-em-itinerancia/ e nos folders e cartazes distribuídos nos locais de exibição.

Inclusão cultural

Nesse projeto, a Ufma levará a experiência do cinema a locais onde a população não possui acesso à arte cinematográfica. Realizará ainda ações formativas que colocam crianças e jovens em contato com técnicas básicas de produção de filmes. “O Guarnicê em Itinerância ampliará as oportunidades do encontro entre o cinema e o público, fazendo circular a obra audiovisual por meio de mostras itinerantes em comunidades do interior do Estado”, disse a diretora do Dac e coordenadora do projeto, Fernanda Santos Pinheiro.

A iniciativa tem patrocínio do Centro Elétrico e Governo do Maranhão (Lei Estadual de Incentivo à Cultura). “Por meio do Guarnicê em Itinerância, crianças e jovens das comunidades beneficiadas despertarão ainda o interesse nos processos audiovisuais, estimulando a formação de plateia e o interesse pela linguagem artística”, explica a diretora. “Esse projeto é uma extensão do nosso Festival Guarnicê de Cinema, que terá sua 43ª edição em 2020. Oportuniza ainda espaços de exibição em locais onde não há salas de cinema. Levamos a arte e a cultura do cinema para onde o povo está”, finalizou Fernanda Santos Pinheiro.

Acervo do Guarnicê

O público alvo do Guarnicê em Itinerância é heterogêneo, focando a presença de alunos do ensino superior, da educação básica e a comunidade em geral. O Festival Guarnicê de Cinema é uma referência como polo difusor da arte cinematográfica e possui um dos mais ricos acervos fílmicos do país. Quarto festival mais antigo do Brasil e o segundo mais antigo promovido por universidades, exibe há 42 anos o melhor da produção do cinema autoral brasileiro, sendo janela das mais importantes no cenário dos festivais nacionais.

Em Pinheiro, o Guarnicê em Itinerância tem apoio da Fundação Sousândrade, Universidade FM, Gráfica Universitária, Ufma Campus Pinheiro (Centros de Ciências Humanas Naturais, Saúde e Tecnologia), Prefeitura de Pinheiro, CDL/Câmara de  Dirigentes Lojistas de Pinheiro, Uema Campus Pinheiro e Ifma Campus Pinheiro. Em Alcântara, apoiam o projeto a Fundação Sousândrade, Universidade FM, Gráfica Universitária e ainda a Prefeitura de Alcântara (secretarias municipais de Educação e de Cultura e Turismo), Ifma Campus Alcântara e Paróquia de São Matias.

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Calar Jamais! 4º ENDC em São Luís teve contraditório e uma incógnita

Estava tudo caminhando para o consenso absoluto em que todos nós, pesquisadores e militantes da democratização da comunicação, nos regozijamos na crítica à mídia de mercado controlada pelo capital financeiro.

A tese central de que as Organizações Globo e os seus tentáculos consorciaram-se à Lava Jato para consumar um golpe está consolidada e fartamente comprovada pelas revelações do The Intercept Brasil.

Esse foi o tom dos debates ao longo do 4º Encontro Nacional pelo Direito à Comunicação (ENDC), realizado na sequência da 22ª Plenária do FNDC (Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação), em São Luís, de 18 a 20 de outubro/2019.

O consenso foi quebrado quando o jornalista e professor universitário Franklin Douglas se pronunciou no ato público realizado sexta-feira (18) à noite, no Convento das Mercês, como parte da programação do 4º ENDC.

Ele fez um apanhado sobre os obstáculos para uma efetiva democratização da comunicação no Brasil, inclusive registrando as dificuldades dos dois mandatos de Lula para implementar as políticas públicas formuladas ao longo de décadas pelo FNDC para termos menos concentração empresarial, mais pluralidade, apoio à comunicação comunitária, popular e independente, critérios  justos para a distribuição de verbas publicitárias e regionalização da produção.

Os fatos são amplamente conhecidos. A cúpula do PT e do governo Lula tinham o diagnóstico e o remédio, mas seguiram o caminho da conciliação, até que veio o golpe.

No cenário local, o professor mencionou a Timbira AM, rádio estatal sob administração do Governo do Maranhão, sucateada no governo Roseana Sarney (MDB) e revitalizada na gestão Flávio Dino (PCdoB). Douglas registrou que a rádio só não foi privatizada nos anos 1990 devido ao bom combate da militância inspirada no FNDC e reconheceu o empenho do atual governo para recuperar a emissora.

Mas, criticou em parte a linha editorial. O jornalista pontuou que, apesar de fortalecida, a Timbira não ouve os quilombolas e aqueles que são contra a cessão da Base de Alcântara para os Estados Unidos e nem as vozes que combatem a entrega da comunidade Cajueiro para a construção de um porto privado com capital internacional.

“Calar Jamais!” é o mote da campanha em defesa da liberdade de expressão, organizada pelo FNDC, campo de militância, pesquisa e formulação de políticas públicas que ocupa um papel importante no debate sobre o tema da comunicação, fundamental para a democracia.

Os jornalistas e a Lava Jato

Outro assunto abordado no 4º ENDC foi o posicionamento de assessores de comunicação e jornalistas em setores estratégicos no processo de construção do golpe, quando a fronteira entre repórter e lobista fica tênue. Na conferência sobre “A naturalização e institucionalização da censura no Brasil”, o editor deste blog questionou os limites morais e éticos dos jornalistas com base nos seguintes fatos:

Miriam Leitão e Sergio Moro prestigiando o livro de Vladimir Netto. Foto: reprodução

1 – Miriam Leitão é uma intelectual orgânica da elite conservadora neoliberal;

2 – O filho de Miriam Leitão, Vladimir Netto, repórter destacado da TV Globo, lançou um livro enaltecendo os méritos e os feitos heroicos do juiz Sergio Moro na condução da Lava Jato;

3 – O livro de Vladimir Netto, intitulado “Lava Jato – O juiz Sergio Moro e os bastidores da operação que abalou o Brasil”, inspirou o filme “O mecanismo”, dirigido pelo cineasta José Padilha;

4 – O livro e o filme despejaram gasolina intensamente na fogueira do golpe;

5 – A esposa de Vladimir Netto e nora de Miriam Leitão, Giselly Siqueira, ocupou vários cargos no Sistema de Justiça e chegou ao topo da carreira quando foi nomeada Assessora de Comunicação do Ministério da Justiça e Segurança Pública, posto de alta confiança na pasta de Sergio Moro.

Moro, a personagem ovacionada no livro de Vladimir. Foto: reprodução

Antes de comandar a área de Comunicação no ministério do herói da Lava Jato, Giselly Siqueira obteve cargos destacados em órgãos de operação da Justiça e na Procuradoria Geral da República: assessora-chefe de Comunicação Social no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na gestão de Gilmar Mendes, secretária de Comunicação no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e secretária de Comunicação Social no Ministério Público Federal, esta última durante o rumoroso caso do “Mensalão”.

Esses são os fatos e a minha pergunta foi sobre os limites morais e éticos de jornalistas em postos estratégicos no curso da operação que destruiu a democracia no Brasil, considerando ainda outro detalhe: depois de tudo, eis que Vladimir Netto está cotado para a vice-presidência na chapa única que concorre à direção de uma instituição corporativa influente na agenda pública: a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo).

Livro de Vladimir Netto ajudou a turbinar o lavajatismo liderado por Moro

Apenas para reiterar: a minha pergunta foi sobre os limites morais e éticos de jornalistas em postos estratégicos no exercício profissional, relacionados principalmente às posições ocupadas pelo repórter Vladimir Netto, autor do livro enaltecendo a meritocracia de Sergio Moro; e da sua esposa Giselly Siqueira, que passou a exercer um cargo estratégico a convite do mesmo Sergio Moro no Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Não houve na minha pergunta qualquer intenção de atirar pedras ou condenar a jornalista Miriam Leitão pela sua maternidade e as escolhas do filho Vladimir Neto.

A própria Miriam Leitão, intelectual orgânica da elite conservadora, já sofreu hostilidade da extrema direita nas redes sociais, a ponto de cancelar até a presença dela na Feira do Livro de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, diante dos ataques disparados na internet por fanáticos bolsonaristas.

Nenhum jornalista com o mínimo de sanidade e bom senso aplaude esse tipo de atitude. Se ontem agrediram Miriam Leitão, amanhã pode ser qualquer um. Esse é o ponto.

Por fim, após exaustivos debates, a 22ª Plenária do FNDC e o 4º ENDC encerraram com uma incógnita: se o campo democrático voltar ao poder, para onde será guiada a política de comunicações? Voltará a fazer um acordo com a mídia conservadora golpista ou vai adotar o programa pela democratização já de amplo conhecimento das esquerdas em geral?

Os critérios de distribuição das verbas publicitárias vão priorizar os barões da mídia ou serão revisados para democratizar o acesso ao recurso público pela comunicação popular, comunitária, independente e alternativa?

Haverá, afinal, um pensamento estratégico sobre comunicações ou apenas um refazer da visão instrumental? São várias perguntas para uma incógnita: de qual lado estarão as esquerdas (na comunicação) em uma eventual retomada do poder?

Nota: Esse texto expressa a avaliação individual do editor deste blog: Ed Wilson Araújo

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Romancista afro-brasileira Maria Firmina dos Reis tem adaptação para o teatro

O espetáculo “Maria Firmina dos Reis: uma voz além do tempo” estreia nos dias 30 e 31 de outubro, às 19h30, no Museu de Artes Visuais (Rua Portugal, 273, Praia Grande), com sessões gratuitas e acessíveis em libras e áudio descrição.  A obra é fruto de uma pesquisa da atriz maranhense Júlia Martins a respeito da primeira romancista afro-brasileira e maranhense que deu voz ao feminino e através da literatura criticou as injustiças de uma sociedade machista, racista e escravocrata, perpetuada nos dias atuais.

Segundo a produção do espetáculo, esta é a primeira abordagem na linguagem teatral com uma releitura da obra e vida de Maria Firmina dos Reis, símbolo de resistência e luta contra a escravidão, esquecida por mais de um século, apesar da sua importância na construção da literatura afro-brasileira.

O espetáculo é uma realização do Núcleo Atmosfera de Dança-Teatro, com patrocínio do Banco da Amazônia, apoio do Grupo Universitário de Teatro (GUT), Núcleo de Acessibilidade da UFMA, Museu de Artes Visuais, Pajama Produções, Escola de Cinema/IEMA e Guajajara Filmes.

FICHA TÉCNICA

Elenco: Júlia Martins

Direção: Leônidas Portella

Preparação Corporal: Shamach Pacheco

Cenário e Figurino: Marlene Barros e Marcos Ferreira

Iluminação: Renato Guterres

Trilha sonora: Beto Ehongue

Ilustração: Da cor do barro

Designer gráfico: Adryano Costa

Assistente de Produção: Tairo Lisboa

Produção: Júlia Martins e Victor Silper

Classificação: 10 anos

Entrada gratuita

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Obra de Aluísio Azevedo, “O Mulato” ganha versão em quadrinhos e será lançada na Feira do Livro de São Luis

Adaptação tem roteiro de Iramir Araujo e ilustrações de Ronilson Freire

Por uma feliz sincronicidade do destino, “O Mulato”, obra prima de Aluísio Azevedo, adaptada para os quadrinhos por Iramir Araujo terá lançamento durante a 13ª Feira do Livro de São Luís (FeLiS), ano no qual o romancista, contista, cronista, diplomata, caricaturista e jornalista maranhense é o grande homenageado do evento. O lançamento, com bate papo  e noite de autógrafos será neste domingo, 20 de outubro, à partir das 19h, no espaço Casa do Escritor.

O livro, publicado pela Editora 7 Cores, com patrocínio da Equatorial Energia, por meio da Lei de Incentivo à Cultura do Maranhão, chega ao público numa bela e impactante arte de Ronilson Freire, impresso em papel pólen, formato 17x24cm, 130 páginas, P&B e capa colorida, após mais de dois anos de pesquisa e roteirização. “É uma obra atemporal, e por isto mesmo, profundamente contemporânea, que sinto que deveria ser lida por todos. Por isso a opção de quadrinizá-la, porque além de permitir a possibilidade de uma maior democratização da literatura de um dos maiores escritores do Brasil, mesmo que por meio de uma adaptação, também é uma forma de preservar e valorizar uma obra genuinamente maranhense, por meio dos costumes, do cenário político e social da época, possibilitando um paralelo com os dias atuais”, explica Araújo.

Lançado em 1881, o romance original de Azevedo inaugurou o “Naturalismo” no Brasil, gênero literário do qual o autor é precursor no país. Na época de seu lançamento, “O Mulato” causou rebuliço, principalmente no Maranhão, por tratar de questões raciais de forma crua e detalhadamente descritas, e por sua crítica explícita à igreja e ao clero maranhense. Na obra, o mulato Raimundo retorna da Europa após formar-se advogado. No Maranhão ele desperta a paixão da prima Ana Rosa, uma jovem ingênua e sonhadora. O namoro dos dois, no entanto, não progride por causa da origem do rapaz. Mesmo rico, advogado, educado e com um futuro promissor, ele carrega uma grande sina: ser filho de uma negra escravizada, o que para a sociedade maranhense de então era um pecado mortal.

Ambientado num Brasil escravocrata, o romance chocou a sociedade, que não gostou de se ver retratada na obra. Hoje, passados 138 anos de sua primeira edição, o que teria “O Mulato”, de tão atual? Para Iramir Araujo, certas formas de pensamentos e ações continuam arraigadas em uma parte considerável da população brasileira. “Infelizmente continuamos, nos dias de hoje, debatendo formas de trabalho análogas à escravidão, preconceitos raciais, religiosos e ideológicos. A hipocrisia religiosa, por exemplo: muita gente continua fazendo vítimas em nome de um Deus muito cruel. Tudo isto continua muito presente no cotidiano da nossa sociedade”, analisa.

Outros lançamentos – Com uma agenda previamente definida, O Mulato em quadrinhos será lançada em novembro, mês da Consciência Negra, no Espaço Cultural Maria Firmina dos Reis, no Centro de São Luís, e no dia 6 de dezembro na CCXP-2019 em São Paulo

“Pretendemos levar O Mulato em quadrinhos ao maior número possível de pessoas, por isso estamos com uma agenda previamente definida até o final do ano. Mas por hora, eu gostaria de convidar as pessoas para visitarem a FeLiS. É um evento singular, que movimenta o cenário cultural e literário do nosso Estado, e para mim será uma honra lançar “O Mulato em quadrinhos” na Feira, bem como um imenso prazer bater um papo com quem aparecer por lá”, convida o autor.

Serviço

O que: Lançamento de “O Mulato” em quadrinhos

Quando: dia 20 de outubro de 2019

Onde: Espaço Casa do escritor –  14ª FeLis – Multicenter Sebrae

Horário: 19h

Valor: evento gratuito; livro: R$ 35

Contato para entrevista: (98) 98899-8214 – Iramir Araujo