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Militância evangélica analógica não abandona o velho panfleto

Um homem entrou no coletivo silenciosamente e começou a distribuir o folheto da imagem acima. Discreto, com uma disciplina “militar”, ele entregou o papel a cada um dos passageiros e esperou pacientemente a reação.

Quando passou por mim, perguntei para qual igreja ele trabalhava.

– Universal!

O panfleto contém um espaço em branco onde as pessoas fazem pedidos para serem colocados nas orações.

Um casal sentado no banco à minha frente pediu uma caneta emprestada para preencher o panfleto.

Quando eu desci do ônibus no Centro de São Luís e caminhava pela rua do Sol, fui abordado mais duas vezes, em diferentes lugares da via, por senhoras evangélicas da Assembleia de Deus distribuindo folhetos, uma delas idosa.

Enquanto a maioria das organizações do campo democrático-popular abandona os meios de comunicação analógicos, considerando-os ultrapassados, as igrejas evangélicas seguem firme no trabalho de corpo a corpo utilizando os velhos folhetos e panfletos.

A nossa apologia ao digital parece desconhecer que uma estratégia de comunicação passa necessariamente pela combinação de meios analógicos, trabalho disciplinado de campo (corpo a corpo) e uso das ferramentas tecnológicas sofisticadas.

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Carta do II Seminário Comunicação e Poder no Maranhão

Nós, organizações que participamos do II Seminário de Comunicação e Poder no Maranhão, dias 27 e 28 de julho de 2022, reafirmamos a importância do debate e da ação em torno da democratização da mídia. Trata-se de um tema fundamental no Brasil, gerando dois eventos em nosso estado, num intervalo de cinco anos.

E estamos convictos da necessidade de começar a pensar, desde já, num terceiro seminário de Comunicação e Poder no Maranhão, a ser realizado no segundo semestre de 2023. 

Ao fazer o debate, levamos em conta que o Brasil hoje é marcado por uma extrema-direita que avançou, assumindo um protagonismo num campo político conservador.  Esse avanço se deu por uma estratégia de comunicação que, a partir de modernas tecnologias e muito dinheiro investido, vem disseminando violência, incluindo ódios e mentiras.  

É uma comunicação que mobiliza parte da sociedade brasileira, atingindo questões fundamentais,  passando por todo tipo de  ataque às possibilidades democráticas, incluindo as tentativas de apagamento de uma memória dolorosa da nossa história.

Essa comunicação de extrema direita ganha força num país marcado por um cartel de comunicação empresarial, com grandes emissoras de TV, que são de direita, movidas por interesses econômicos dos ricos, que defendem privilégios, em clara oposição as pautas de cunho popular.  

E ao tratar de Comunicação e Poder, particularmente no Maranhão, apontamos algumas prioridades: 

1 – Organização e consolidação de projetos jornalísticos que possam produzir conteúdos comprometidos com a classe trabalhadora, com justiça social, direitos humanos, igualdade racial,  gênero e orientação sexual, preservação do meio ambiente e reforma agrária. Isso significa ter referências sólidas de uma comunicação contra-hegemonica.    

2 – Seguir investindo e tentando ampliar o trabalho de formação política, com a produção coletiva de conhecimento e troca de experiências, na perspectiva de formar novos e antigos comunicadores populares, para ocupação de diferentes espaços.

3 – Estimular a comunicação oriunda das periferias, dos povos e comunidades tradicionais, comprometida com a diversidade da classe trabalhadora, das lutas por terra-território e bem viver, a partir de suas múltiplas organizações, movimentos e coletivos. 

4 – Avançar na ampliação de uma rede de solidariedade, com ações conjuntas de comunicação.

5 – Democratizar o orçamento público. Comunicação é um direito. E é inaceitável que o suado dinheiro do contribuinte, de um povo empobrecido, seja quase que exclusivamente destinado aos cofres de poderosos grupos comerciais, que já são naturalmente financiados pelo agronegócio, bancos privados, mineração, grandes empresas. O investimento público tem que garantir liberdade de expressão, pluralidade de vozes, possibilitando a quebra do silêncio diante das diferentes formas de violência, rotineiramente promovidas por elites econômicas, estruturas oligárquicas, latifúndio, agronegócio.

Núcleo Piratininga de Comunicação (RJ)

Agência Tambor

Associacão Brasileira de Rádios Comunitárias do Maranhão — ABRAÇO-MA

Teia de Povos e Comunidades Tradicionais do Maranhão

Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultoras e Agricultores Familiares do Maranhão – FETAEMA

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)

Sindicato dos Bancários do Maranhão

Fóruns e Redes de Cidadania do Maranhão

Sindicato dos Urbanitários do Maranhão

Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias do Maranhão Pará e Tocantins – STEFEM

Associação Nacional de História – Sessão Maranhão

Caritas Brasileira Regional Maranhão

Movimento pela Soberania Popular na Mineração

Rede de Agroecologia do Maranhão – RAMA

Forum Maranhense de Mulheres

Carabina Filmes

Levante Popular da Juventude

Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa do Maranhão – Sindisalem

APRUMA – Seção Sindical do ANDES-SN

Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Estado do Maranhão – SINDSEP/MA

Sindicato dos Servidores do Judiciário Federal e do MPU no Maranhão – SINTRAJUF

Sindicato dos Profissionais do Magistério da Rede Pública Municipal de São Luís – Sindeducação

Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência no Estado do Maranhão – SINTSPREV

Central Única dos Trabalhadores (CUT-MA)

Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB-MA)

CSP Conlutas

Movimento de Defesa da Ilha

São Luís, 28 de julho de 2022.

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Lula faz autocrítica sobre política de comunicações e assume compromisso com novo marco regulatório da mídia

A entrevista coletiva do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, encerrando hoje (20 ago 2021) sua visita ao Maranhão, foi marcada por críticas à postura das grandes redes de comunicação no processo de criminalização do PT.

“William Bonner devia abrir o Jornal Nacional com um pedido de desculpas para nós”, cravou Lula na sua fala de abertura da entrevista, ao ressaltar que foi vítima de sucessivas mentiras da cobertura das Organizações Globo no curso das acusações que o levaram à prisão.

Uma das perguntas da coletiva questionou o petista sobre eventual vitória na eleição de 2022 e quais diretrizes seriam tomadas para uma reforma na legislação das comunicações no Brasil. Lula começou a sua resposta fazendo mea culpa sobre a falha dos governos petistas quanto à implantação de um novo marco regulatório na mídia. Veja abaixo:

Lula aponta para futuras revisões na legislação
de comunicação. Imagens: Kerley Coimbra

Endossado pela presidente nacional do PT, Gleisi Hoffman, o discurso de Lula sintoniza a crítica pública da cúpula do partido ao enquadramento da grande mídia nos últimos cinco anos, desde o impeachment de Dilma Roussef.

Hoffman apresentou aos jornalistas o livro e plataforma Memorial da Verdade, contendo um apanhado dos equívocos jurídicos da Operação Lava Jato e das ações comandadas pelo ex-juiz Sergio Moro com o objetivo de condenar Lula e impedi-lo de concorrer à eleição de 2028.

Você pode baixar o livro Memorial da Verdade aqui

Ao final da coletiva Lula assumiu o compromisso de, em um eventual novo governo, provocar o debate sobre a reforma da comunicação.

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Imprensa no Maranhão nasceu áulica. E hoje, como está?

Criado em 1821, o jornal “O Conciliador do Maranhão” é a principal referência histórica para demarcar o surgimento da Imprensa no Maranhão. Em abril daquele ano o periódico começou a circular manuscrito e posteriormente, em novembro, com a implantação da tipografia, passou a ser impresso.

O jornal era controlado pelo governador Pinto da Fonseca, que escolheu a dedo os redatores da sua maior confiança para servir aos interesses oficiais. Era uma publicação áulica, bajulatória.

Nos ruidosos anos 20 do século XIX, “O Conciliador” esteve no centro das polêmicas e contendas políticas locais, incluindo a disputa que resultou na adesão do Maranhão à Independência do Brasil.

Pinto da Fonseca tinha total controle sobre o jornal e governava com mão de ferro no tratamento dos seus adversários.

200 anos depois a Imprensa no Maranhão segue influenciada pelo poder político e econômico do Palácio dos Leões, sede do Governo do Estado; e do vizinho Palácio La Ravardière, onde está localizada a Prefeitura de São Luís.

A razão é simples. Os dois palácios manejam as verbas publicitárias que abastecem os meios de comunicação e, consequentemente, orientam as linhas editoriais dos veículos. O Governo do Maranhão e a Prefeitura de São Luís são os maiores anunciantes da mídia no estado.

O surgimento e a gestão de “O Conciliador” servem como parâmetro para observar o alinhamento dos meios de comunicação no Maranhão aos governadores(as) e aos prefeitos(as) da capital ao longo do tempo.

Na atual gestão do governador Flávio Dino (PCdoB) há uma conciliação geral do Palácio dos Leões com as grandes empresas de comunicação detentoras das maiores audiências, além do alinhamento governamental das médias e pequenas emissoras de rádio e televisão, com raras exceções.

Até mesmo o Sistema Mirante de Comunicação, sob o controle da família liderada por José Sarney, está relativamente conciliada ao Palácio dos Leões.

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Combate à covid19 precisa de propaganda de guerra sobre medidas preventivas

Usar máscara, lavar as mãos, vacinar e manter o isolamento social devem ser repetidos exaustivamente no coração e na mente de cada brasileiro(a).

Sem uma ampla campanha educativa nos meios de comunicação convencionais e nas redes digitais não haverá conversão do povo às medidas sanitárias.

Informação qualificada tem de ser uma obsessão permanente, no sentido de disseminar conteúdo como se estivéssemos fazendo propaganda de guerra.

Nesta guerra todas as armas são válidas. O velho panfleto, carro de som nos bairros, investimento nas emissoras comunitárias, FMs, AMs e webradios, propaganda no horário nobre da televisão e todos os recursos das novas tecnologias precisam ser arregimentados em uma convocação para a defesa da vida.

É preciso inundar o imaginário do povo com informações de combate à pandemia.

Se não podemos esperar quase nada do governo federal, cabe às administrações estaduais elaborar e colocar em prática um plano estratégico de comunicação sobre a pandemia covid19.

O Consórcio de Governadores do Nordeste, experiência exitosa em vários aspectos, precisa refletir sobre uma ação conjunta de comunicação pública.

Há muito dinheiro investido em propaganda de obras e outros feitos dos governadores(as). Todos os dias as telas são inundadas com anúncios fartamente exibidos ao longo de toda a programação da TV, principalmente no horário nobre, além da vastidão de informes publicitários nas redes digitais.

O escritor Eugênio Bucci já advertia para um vício da comunicação institucional denominado narcisismo dos gestores. Isso ocorre quando o dinheiro da comunicação pública serve para turbinar a promoção pessoal dos governadores, presidentes e prefeitos.

Nos períodos mais próximos das eleições esse vício é ampliado em dimensões gigantes.

A razão é simples. O Brasil virou um grande necrotério. É hora de dar um tempo na propaganda narcísica e pensar mais na vida de milhões de brasileiros.

Estamos falando de mortes que podem ser evitadas com informação.

A fortuna investida na promoção pessoal dos gestores precisa ser convertida em propaganda educativa sobre as medidas sanitárias. O dinheiro público das verbas publicitárias deve retornar à sociedade no formato de comunicação institucional para proteger a vida.

Atravessamos o momento mais perigoso, quando a população, ameaçada por uma terceira onda de contaminação, acha que a pandemia está acabando e abre a guarda.

O perigo de uma tragédia ainda maior está posto. Para combate-lo é necessário forte investimento na persuasão do povo brasileiro para absorver o sentido protetivo das medidas sanitárias.

Comunicação é vida.

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SMDH promove diálogo sobre mídia e encarceramento

A Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), em parceria com a Agência Tambor e apoio do Fundo Brasil, realiza hoje terça-feira , 9 de junho, às 16h, uma live com o tema “O papel da mídia na cultura do encarceramento”.

A transmissão integra as atividades do “Café com Direitos Humanos”, que vem recebendo convidados para dialogar sobre os temas pertinentes à agenda de trabalho da SMDH e de amplo interesse público.

Para acessar a live você pode acessar a home page @Smdh Vida ou da Agência Tambor https://www.facebook.com/agenciatamborradioweb/

São convidados(as):

Ed Wilson Araujo – jornalista, doutor em Comunicação (PUCRS), professor do Departamento de Comunicação Social da UFMA e um dos idealizadores da Agência Tambor.

Natasha Neri – jornalista, cineasta, mestre em Antropologia, pesquisadora nas áreas de Justiça Criminal e Direitos Humanos. É diretora, ao lado de Lula Carvalho, do documentário “Auto de Resistência”. Trabalha como pesquisadora no ISER, em projeto sobre prisões provisórias. É integrante da Frente Estadual pelo Desencarceramento do Rio de Janeiro.

José Antônio Basto – comunicador popular do curso de Agentes Populares de Direito (APDs) promovido pela SMDH do município de Urbano Santos.

Mediação: Marcos de Castro Aranha (jornalista / SMDH); e Flávia Regina Melo (jornalista apresentadora Jornal Tambor e uma das idealizadoras da Agência Tambor).