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Rádio das Tulhas: som na feira da Praia Grande roda música, afetos e resistência

Texto: Vanessa Aguiar, estudante do 1º período de Jornalismo da UFMA

Revisão: Ed Wilson Araújo

Os sábados na feira da Praia Grande ou Mercado das Tulhas ganharam um tom especial há dois anos, quando o economista e agitador cultural Luiz Noleto instalou uma emissora alternativa no local.

A ideia surgiu no período da pandemia, em 2021, apenas com um celular e uma pequena caixa de som. Perseverante, aos poucos a caixinha foi carinhosamente nomeada de Rádio das Tulhas. Por dois anos, Noleto fez com que a música ecoasse pelo mercado e preenchesse o vazio que a pandemia provocou.

O projeto nasceu com o objetivo de reproduzir a produção musical de artistas maranhenses e de outros bambas do cenário nacional e internacional. No começo, teve o ouvido amigo da produtora cultural Juliana Hadad, do jornalista Zema Ribeiro e do DJ Vitor Hugo, incentivadores para a consolidação do projeto.

Na discotecagem, o DJ Vitor Hugo pilota a rádio em parceria com Luiz Noleto, que cuida também da produção, junto com Filipeza. A marca que contem a identidade visual da emissora (veja detalhe na imagem destacada) foi criada pelo design Regis Chaves. Além da música eletrônica, a rádio conta com a presença de artistas convidados e homenageados fazendo som ao vivo.

Vitor Hugo e Luiz Noleto agitam os sábados pilotando a Rádio das Tulhas

Ao longo de dois anos, dezenas de fazedores e fazedoras de cultura ecoaram no microfone da Rádio das Tulhas, registrados em fotos expostas em um painel que ornamenta o cenário da emissora. “É uma rádio feita para cultura e os feirantes”, define Noleto.

Homenagem ao Samba

Uma data marcante na história da Rádio das Tulhas foi o Dia Nacional do Samba, celebrado em 2 de dezembro, quando uma trupe de artistas lotou o mercado na festa denominada “Kizomba da Rádio das Tulhas”, tendo como homenageado especial o cantor e compositor Joãozinho Ribeiro.

Diante da importância desse gênero musical contagiante, a Rádio das Tulhas e seu anfitrião Luís Noleto prestaram uma grande homenagem ao samba.

Centro Histórico

A palavra tulha significa um local para venda de grãos. É sinônimo de celeiro público onde se comercializam gêneros alimentícios. O Mercado das Tulhas, conhecido também como Feira da Praia Grande, é uma construção do século XIX, localizada no coração da cidade de São Luís, no Centro Histórico.

No passado teve grande importância para o desenvolvimento do Maranhão, por ser o entreposto utilizado pelos principais comerciantes do estado e, portanto, uma referência do poder econômico. Hoje, marca da cultura e história do Maranhão, a Feira da Praia Grande ou Marcado das Tulhas é um ponto turístico obrigatório.

Apesar de o projeto contar com muitos ouvintes e afetividade do público, a Rádio das Tulhas é uma iniciativa independente. Não conta com apoio dos órgãos públicos, mas reivindica apoio para funcionar como equipamento cultural de interesse coletivo na cidade.

A falta de apoio governamental não impediu que a continuidade da rádio. O projeto é mantido com patrocínio dos feirantes e a solidariedade dos freqüentadores do mercado, assim como dos apreciadores da boa música.

Todos os sábados, das 12h às 18h, a rádio atrai muitos visitantes, como Cristina Salazar, aposentada e frequentadora assídua da feira. “Eu espero que o governo e a prefeitura invistam nesse projeto lindo”, reivindica.

Além de atrair visitantes de fora, “a rádio se torna uma atração muito boa para rotatividade dos turistas”, afirma a pedagoga Carla Lima.

E não são apenas os visitantes que se usufruem da boa música e do agradável ambiente. Com tantas atrações no Centro Histórico de São Luís, os feirantes se beneficiam pela quantidade de clientes, que estão cada vez mais interessados em conhecer e provar da nossa cultura. “A rádio traz alegria para as barracas e ajuda nossas vendas”, registra a comerciante Maria Raimunda Mendes.

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Apruma promove 1ª Mostra científica, artística e cultural

Com informações do site da Apruma – “A universidade pública no cotidiano maranhense” é o tema da 1ª Mostra científica, artística e cultural organizada pela Associação dos Professores da Universidade Federal do Maranhão (Apruma), dia 15 de setembro (quinta-feira).

O evento tem o objetivo de demonstrar a inserção do ensino, da pesquisa e da extensão produzidas pela comunidade acadêmica da UFMA no dia-a-dia da nossa população, bem como trazer a sociedade para o ambiente acadêmico, aproximando instituição e público.

A programação terá início a partir das 9h e contará com a exibição de resultados de pesquisas, mostra fotográfica e atividades voltadas à Educação Infantil na praça do Centro de Ciências Sociais (CCSo), projetos de extensão no hall do Castelão, palestras e manifestações culturais ao longo do dia. Membros da comunidade universitária de toda a UFMA poderão inscrever atividades a partir do dia 10 de agosto.

As inscrições abrangem as seguintes modalidades:

Apresentação de banner científico (caso estudante, será requerida vinculação a grupo de pesquisa ou apresentação em coautoria com docente UFMA) – modalidade admite inscrição de apenas um trabalho (um banner). Deverá constar na inscrição o tema, o objeto e a descrição do trabalho.

Mostra fotográfica – estudante ou egresso/a poderão se inscrever nesta modalidade sem necessidade de coautoria ou vinculação a grupo de pesquisa – deve ser informada essa condição no ato da inscrição).

Lançamento de livro (além dos inscritos, modalidade deverá contar com participação de convidados).

Atividade de extensão (além dos inscritos, modalidade deverá contar com participação de convidados dos cursos e grupos de pesquisa da UFMA).

Atividade artística/performática na praça de alimentação (almoço) do evento (deverá ser informado se apresentação será de musical voz e violão, se prosa/poesia ou performance). Pode ainda ser atividade artística performática ao longo da mostra, nos espaços em que houver atividade e for compatível.

Palestra “Reuni Digital e os impactos no ensino presencial” – atividade prevista para o Auditório Ribamar Carvalho, na parte da tarde.

Veja mais detalhes no site da Apruma e saiba como fazer a sua inscrição.

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Cadê o Circo da Cidade? Espaço cultural foi desativado para a implantação do VLT, que nunca saiu do papel

Uma nova onda de protestos e reivindicações de artistas e produtores culturais de São Luís ganha força para cobrar a reimplantação do Circo Cultural Nelson Brito, o Circo da Cidade, desativado em setembro de 2012, na gestão do ex-prefeito João Castelo (PSDB), a pretexto de instalar um VLT (Veículo Leve sobre Trilhos).

Segundo o Ministério Público, a compra do VLT, em torno de R$ 7 milhões, foi irregular.

À época, parte do Aterro do Bacanga foi utilizada para fixar trilhos e exibir um vagão do VLT com o objetivo de turbinar a campanha à reeleição do tucano. Então, um dos equipamentos sacrificados foi o Circo da Cidade, retirado da área contígua ao Terminal da Integração, no Centro Histórico de São Luís.

O projeto do VLT foi abandonado após a campanha eleitoral de 2012
Foto: Biné Moraes / O Estado do Maranhão

João Castelo perdeu a eleição e no final da primeira gestão (2013-2016) do prefeito Edivaldo Holanda Junior, então candidato à reeleição, houve a apresentação de um projeto para reativar o circo, inclusive com a divulgação de maquetes.

A nova estrutura prometida teria lona tensionada, palco moderno, público de até 500 pessoas sentadas, arquibancadas empilháveis, banheiros, escritório e bilheteria, mas nada foi concretizado.

Maquete do novo circo não foi concretizada
na gestão de Edivaldo Holanda Junior

Desde 2012 ocorrem diversas cobranças, com atos presenciais e na web, pedindo a volta do Circo da Cidade.

Neste janeiro de 2022, a luta continua. A comunidade artística retomou as manifestações nas redes sociais, através de vídeos, com uma pergunta: cadê o Circo da Cidade?

A ideia foi ganhando força através de comentários e compartilhamentos, questionando o fim de um dos mais importantes equipamentos culturais da capital maranhense, onde circularam variadas atividades artísticas, sob a lona que virou ponto de encontros e de afetos em um período muito produtivo no panorama estético de São Luís.

Um ato para reiterar a cobrança está marcado para segunda-feira (24 de janeiro), às 19h, na Feira da Praia Grande (Mercado das Tulhas), no Centro Histórico.

“O Circo da Cidade representa uma democratização cultural imensa e tão necessária que a gente fica tentando entender o que foi que passou pela cabeça dos senhores em seus gabinetes, em salas com ar condicionado, quando decidiram que São Luís poderia abrir mão dele, ainda mais numa cidade rica em expressões culturais e tão carente de espaços para apresentações artísticas.”, avalia o cantor e compositor Beto Ehongue.

A batalha pela retomada do espaço cultural já dura uma década, marcada por indignação. “O Circo da Cidade, espaço absolutamente democrático e acessível aos artistas e ao público,  só poderia acabar sendo alvo do desprezo das “autoridades” que deveriam cuidá-lo. Nós artistas vivemos à mercê dos desmandos desses políticos que trocam de lugar no poder e além de não fomentarem políticas de incentivo, ainda nos tiram as poucas conquistas que obtivemos com muita luta. Em 2012, já cobrávamos a volta desse importante espaço cultural. E dez anos depois,  continuaremos cobrando. Cadê o Circo da Cidade?”, insiste a atriz Rosa Ewerton Jara.

O Circo Cultural Nelson Brito foi inaugurado em 1999, na gestão do prefeito Jackson Lago (PDT), vinculado à Fundação Municipal de Cultura. O espaço serviu de palco para produções cênicas e musicais locais, nacionais e internacionais, revelou talentos, difundiu novas gerações e reafirmou nomes consagrados, gerou oportunidades e formou plateia.

Fachada do Circo da Cidade. Foto: kamaleao.com
Circo homenageia o artista Nelson Brito, uma referência
na cultura popular do Brasil / Foto: Facebook do Laborarte

A localização próxima ao terminal de ônibus facilitava o acesso do público de todas as classes sociais e bairros da cidade, alcançando diversas faixas etárias, inclusive crianças.

Músicos, atrizes, gestores(as) de projetos sociais, atores, cantores, cantoras, produtores e produtoras culturais e o público estão órfãos de um dos espaços mais vibrantes da cidade.

O projeto do VLT desperdiçou dinheiro público
em obras inúteis. Foto: Ed Wilson Araújo
Fim da linha para o VLT. Foto: Ed Wilson Araújo

No lugar vazio do circo, rastejou no palco morto do Aterro do Bacanga uma peça grotesca. O vagão do VLT, comprado por R$ 7 milhões, nunca saiu do lugar e o plano eleitoreiro passou a ser motivo de chacota na cidade, visto como um golpe publicitário fracassado, infelizmente pago com dinheiro público.

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Os zumbis da gestão do ex-prefeito Edivaldo Holanda Junior

A literatura aponta várias características para designar a figura do zumbi, algo como um morto vivo ou cadáver reanimado que precisa habitar os cérebros dos viventes para manter-se errante.

Cadáveres ou esqueletos costumam servir também para ilustrar obras abandonadas ou mal feitas, resultado de mau uso do dinheiro público.

O ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Junior, é tido como pessoa cordata, afável e de estilo conciliador, que faz o tipo “não quero briga com ninguém”.

Ele foi prefeito da capital durante oito anos, de 2012 a 2020, encerrando o segundo mandato com várias obras espalhadas pela cidade, principalmente praças.

Qualquer capital do Brasil tem praças, mas São Luís é uma cidade tão atrasada e provinciana que obra desse naipe soa como verdadeira revolução administrativa em mais de 400 anos.

E assim tivemos um prefeito bom de praça ou boa praça, como queira o(a) leitor(a).

Excetuando-se essas firulas, vamos ao que interessa – os zumbis – figuras mortas que nos assombram pela voracidade com que devoram os corpos alheios ou, nesse caso, os recursos públicos.

O cidadão ludovicense tem o direito de saber quanto e como foi gasto o dinheiro de pelo menos duas obras, uma delas abandonada e a outra mal feita.

A construção abandonada é fácil de observar por qualquer pessoa que transita pelo Anel Viário, inclusive inviabilizando a Passarela do Samba, lugar do tradicional desfile carnavalesco organizado pela Prefeitura de São Luís.

Leia mais sobre Carnaval e Anel Viário aqui

O caos gerado pela obra inacabada no Anel Viário

Já o empreendimento mal feito é a reforma do Estádio Municipal Nhozinho Santos, que não pode receber jogos à noite, devido à pane no sistema de iluminação.

Uma das partidas do Campeonato Maranhense, entre São José x Moto Club, já está programada para às 3 e meia da tarde, no próximo dia 23 de janeiro, porque aquela praça esportiva, reformada na gestão Edivaldo Holanda Junior, não oferece nenhuma condição de receber partidas noturnas. O motivo: a iluminação sem funcionalidade.

Comitiva do então prefeito reinaugurou o Nhozinho Santos em
setembro de 2020, mas o estádio não recebe jogos à noite

Mas, a grande empreitada do ex-prefeito está mais viva do que nunca, sendo apurada por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal de São Luís.

Resultado das denúncias publicizadas na última greve dos trabalhadores do sistema de transporte coletivo, a CPI começou a revelar o submundo da relação entre os interesses da gestão municipal e a poderosa máquina das empresas de ônibus em São Luís.

Em 400 anos São Luís teve uma só licitação do sistema de transporte, eivada de suspeitas, mas nunca investigadas no tempo certo. Agora, a CPI tem a responsabilidade nas mãos e todas as condições de apurar com rigor as circunstâncias da licitação e as suas conseqüências para o bolso do contribuinte, assim como os efeitos danosos causados ao usuário do transporte coletivo.

O ex-prefeito pode até ser gente boa, mas os órgãos de controle precisam ir fundo nas investigações e revelar quanto dinheiro público foi empregado para:

– reformar um estádio sem luz;

– abandonar uma obra no principal circuito de mobilidade do Centro Histórico;

– e realizar uma licitação que resultou no caos do sistema de transporte de São Luís;

Em todos as situações mencionadas, só um lado perde – a cidade e os seus moradores, principalmente os mais pobres que usam ônibus, guardam o dinheiro suado para pagar o ingresso no Estádio Municipal Nhozinho Santos e não têm o direito de ver a sua escola de samba porque a passarela está inviabilizada por uma obra sem fim.

Se esse ano tivesse Carnaval, zumbi seria uma fantasia perfeita para extravasar alguns mortos vivos na cidade.

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O caos na Passarela do Samba e o cancelamento do Carnaval 2022

Para quem era apontado como candidato bolsonarista na eleição de 2020, a gestão do prefeito Eduardo Braide ganhou destaque na eficácia da vacinação em São Luís, tornando a cidade campeã de imunização, no contraponto ao negacionismo.

Além do sucesso da vacina, o prefeito acaba de cancelar o Carnaval 2022, em mais uma medida acertada diante do crescimento das síndromes respiratórias face a um cenário de eventuais multidões nas festas carnavalescas.

As duas ações – vacinação e precaução quanto às aglomerações momescas – são acertadas.

Mas, se não tivesse cancelado o Carnaval 2022, Eduardo Braide teria um grande problema para contornar: onde fazer o desfile oficial organizado pela gestão municipal, através da Secretaria Municipal de Cultura?!

O desfile das escolas de samba, dos blocos tradicionais, organizados e alternativos, tribo de índio, casinha da roça etc constitui o principal evento de responsabilidade da Prefeitura de São Luís, tradicionalmente realizado na Passarela do Samba.

Como é sabido, a Passarela do Samba fica no Anel Viário, que passa por uma obra iniciada na gestão do ex-prefeito Edivaldo Holanda Junior e não concluída.

Muito dinheiro público já foi gasto na intervenção do Anel Viário. As barracas improvisadas e insalubres mudaram de lugar e a sensação de caos no local continua.

O cidadão ludovicense tem o direito de saber quanto dinheiro público foi gasto na obra inacabada e abandonada na gestão do prefeito Edivaldo Holanda Junior.

Os órgãos de controle precisam agir para cobrar as responsabilidades sobre o derrame do dinheiro público na obra estragada do Anel Viário.

A Câmara dos Vereadores de São Luís já está apurando as condições atípicas e as circunstâncias nebulosas da licitação para o Sistema de Transporte Coletivo de São Luís, outro feito nebuloso na gestão de Edivaldo Holanda Junior.

Cabe também uma investigação profunda e rigorosa sobre a obra do Anel Viário.

A gestão atual deveria fazer uma auditoria na obra e mostrar quanto o prefeito anterior gastou e, além disso, precisa dar satisfações sobre a continuidade do serviço, inclusive informando com ampla divulgação e transparência os novos valores gastos para concluir a intervenção.

Afinal, a obra do Anel Viário tem de acabar, com ou sem Carnaval.

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Música é alimento: festival BR135 tem ação solidária em 2021

O BR135 2021 chega em forma de ação solidária para arrecadar cestas básicas que vão beneficiar a comunidade do Desterro, no Centro Histórico da capital maranhense. A proposta é reunir o Boi de Maracanã, Dicy Rocha, Núbia, Enme, Butantan&Fuega, Criola Beat, Pantera Bl4ck e a banda paraense Os Amantes neste sábado, 27, no Convento das Mercês.

Os melhores momentos desse grande encontro, que contará ainda com discotecagem de Vanessa Serra e Selecta Groove e performances de Áurea Maranhão e do artista africano Josef Osei, serão exibidos para todo o Maranhão no especial BR135 – Música é Alimento, pela TV Mirante.

A iniciativa da dupla Criolina, formada por Alê Muniz e Luciana Simões, realizadores do Festival BR135, se dá em função das limitações impostas pela pandemia de covid-19. “Em tempos normais nós enchemos as praças da cidade, mas agora é diferente. Estamos voltando, mas precisamos voltar devagar, com todo o cuidado”, afirma Simões.

“Entendemos que a arte, e em especial a música, cumpre um papel fundamental para a saúde de corpos e mentes, mas pode ir além, contribuindo para melhorar a situação de muita gente que tem fome, por isso a ação solidária para arrecadação de cestas básicas”, completa Muniz.

Fazer parte do BR135 neste ano significa contribuir com a ação, doando uma cesta básica ou 1 kg de alimento não perecível para quem mais precisa. A doação, no entanto, é voluntária. Quem não puder contribuir pode também participar do evento, obedecendo o limite de 400 pessoas no local, conforme decreto do Governo do Estado para eventos culturais (nº 37.176, de 10 de novembro de 2021).

Há duas formas de contribuir: levar a doação ou adquirir uma cesta no Convento das Mercês (haverá um ponto de venda lá). Uma equipe da produção do BR135 fará plantão no local, das 9h às 17h da sexta-feira, para receber as doações e entregar o voucher de acesso.

Além da doação de cestas básicas, o BR135 articulou uma parceria com a comunidade do Desterro para gerar renda no bairro. Parte do comércio de alimentos e bebida dentro do Convento das Mercês durante o evento será feita por comerciantes da região, organizados pela União de Moradores do Centro Histórico, Praia Grande, Portinho e Desterro e pela Coletiva Por Elas Empoderadas – de luta pelos direitos da mulher.

O BR135 2021 – Música é Alimento tem patrocínio da Equatorial por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura da Secretaria de Estado da Cultura, Governo do Maranhão.

PROGRAMAÇÃO

Entrega de voucher de acesso

Sexta, 26, das 9h às 17h, no Convento das Mercês

BR135 2021 – Música é Alimento

Sábado, 27, 19h, no Convento das Mercês

18h Boi de Maracanã

19h Dicy

20h Núbia

21h Butantã + Enme + OnlyFuego

22h Criola Beat

23h Os Amantes

+ Informações: (98) 98179-1113 (Assessoria de Comunicação)

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Josué Montello, São Luís e a Coluna Prestes no romance “A coroa de areia”

Texto: Ed Wilson Araújo
Imagens: José Reinaldo Martins

A rua dos Craveiros, no Centro Histórico de São Luís, é um dos principais cenários do romance “A coroa de areia”, de Josué Montello, publicado em 1979.

Na casa de número 27 moravam a viúva Blandina e as suas filhas Maria do Carmo e Aglaia. O imóvel do livro é uma meia-morada com sacadas de ferro e um mirante onde ficara escondida a personagem João Maurício, revoltoso da Coluna Prestes.

João Maurício, parente de Blandina, fora acolhido na casa em sigilo, temendo o olhar curioso da vizinhança e a repressão contra as lideranças do movimento comandado por Luis Carlos Prestes.

Trecho da obra “A coroa de areia” ambientado na rua dos Craveiros

Localizada entre a rua do Alecrim e a rua dos Afogados, a casa é uma entre tantas de São Luís do passado onde os moradores ficavam à janela para ver o movimento da cidade. Josué Montello descreve, neste hábito, o costume de os curiosos utilizarem almofadas cerzidas especialmente para acomodar os cotovelos durante as horas de contemplação do burburinho da urbe.

Mas, depois da chegada de João Maurício, todo cuidado era pouco. A casa de Blandina hospedava um perigoso revolucionário da Coluna Prestes.

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O olhar distraído de Benedito Junior

Quem gosta de fotografia, por curiosidade ou profissão, já deve ter visto as postagens do jornalista Benedito Lemos Junior nas redes sociais.

Sem qualquer pretensão de demarcar território no universo profissional da fotografia, ele presenteia o navegante da web com imagens simples mas dotadas de alta sensibilidade.

Nas suas idas e vindas para o trabalho, no Centro Histórico de São Luís, Benedito Junior captura as cenas da cidade e revela um talento envolvente.

A matéria-prima das fotos é a simplicidade do olhar de um homem sensível, às vezes angustiado, em outras ocasiões tocado pela leveza da vida.

Benedito Junior está para a fotografia como a música da Legião Urbana para o cotidiano:

“Tenho andado distraído
Impaciente e indeciso
E ainda estou confuso
Só que agora é diferente
Sou tão tranquilo e tão contente

Ele é um flaneur. O olhar distraído de Benedito Junior é o barro/matéria-prima que ele molda para construir os seus sonhos em imagens ou efêmeros castelos de areia desfeitos pelas ondas:

“Às vezes, o que eu vejo, quase ninguém vê”

Como um estrangeiro na sua própria aldeia, o jornalista do olhar viajante descreve a cidade por meio de cliques quase sem querer, título da música da banda Legião Urbana:

Tenho andado distraído
Impaciente e indeciso
E ainda estou confuso
Só que agora é diferente
Sou tão tranquilo e tão contente

Quantas chances desperdicei
Quando o que eu mais queria
Era provar pra todo o mundo
Que eu não precisava provar nada pra ninguém

Me fiz em mil pedaços
Pra você juntar
E queria sempre achar explicação pro que eu sentia
Como um anjo caído
Fiz questão de esquecer
Que mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira
Mas não sou mais
‘Tão criança oh oh
A ponto de saber tudo

Já não me preocupo se eu não sei por que
Às vezes, o que eu vejo, quase ninguém vê
E eu sei que você sabe, quase sem querer
Que eu vejo o mesmo que você

‘Tão correto e ‘tão bonito
O infinito é realmente
Um dos deuses mais lindos
Sei que, às vezes, uso
Palavras repetidas
Mas quais são as palavras
Que nunca são ditas?

Me disseram que você
Estava chorando
E foi então que eu percebi
Como lhe quero tanto

Já não me preocupo se eu não sei por que
Às vezes, o que eu vejo, quase ninguém vê
E eu sei que você sabe, quase sem querer
Que eu quero o mesmo que você

O cotidiano do Centro Histórico é a principal fonte de Benedito Júnior
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Arte Nossa: o Tambor de Crioula para novas gerações

O Ponto de Cultura Tambor de Crioula Arte Nossa realiza desde 2007 oficinas de Tambor de Crioula para crianças do Centro-Histórico de São Luís. Dando continuidade em suas ações foram realizadas oficinas de Tambor de Crioula para crianças nos dias 7 e14 de julho, na Casa das Minas, sendo que no dia 31 será realizado o encerramento das atividades.

O projeto neste ano de 2021 tem o apoio do Centro Cultural Vale do Maranhão. Para Simei Dantas as oficinas são uma forma de salvaguardar o patrimônio imaterial repassando os saberes e fazeres do Tambor de Crioula para as novas gerações.

Já para Júnior Catatau as ações fortalecem e buscam manter viva essa tradição cultural maranhense herdada dos nossos antepassados e ancestrais. Uma forma de manter viva a memória dos Mestres da cultura popular.

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Por que ‘picotavam’ as pedras de cantaria nas calçadas de São Luís?

Ed Wilson Araújo (jornalista e professor da UFMA)

Materiais da arquitetura portuguesa aplicados nas ruas, praças e em parte das edificações do Centro Histórico de São Luís têm referência na vigência da Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e do Maranhão, na gestão do Marquês de Pombal, nos fins século XVIII e início do XIX.

Baseada em farta mão de obra escrava, a elite portuguesa concentrava dinheiro e poder. A pujança dos negócios favorecia a adaptação de São Luís a alguns parâmetros da arquitetura de Lisboa. Na época, a capital lusitana estava sendo reconstruída após ser devastada por um terremoto, em 1775.

A elite lusitana, formada por latifundiários e comerciantes instalados em São Luís, adaptava alguns padrões de construção de Lisboa para a capital maranhense. Entre os materiais utilizados na arquitetura estavam as pedras de cantaria, que vinham de Portugal transportadas nos lastros dos navios.

Detalhes das calçadas de São Luís em 2021. Foto: José Reinaldo Martins

No artigo “São Luís: uma urbstranscolonial”(publicado no livro “São Luís 400 anos: (con)tradições de uma cidade histórica”, o pesquisador Josenildo de Jesus Pereira contextualiza o uso das pedras de cantaria nas adequações do espaço urbano de uma cidade marcada pela cultura escravocrata.

Entre as mudanças ocorridas na Província no início e meados do século XIX, Josenildo Pereira aponta: a acentuada presença inglesa; a independência política; o lento processo de interiorização da Metrópole; a abdicação do Imperador; as reformas políticas na Corte do Rio de Janeiro; as lutas sociais no campo, como a Balaiada; as fugas de escravos e os quilombos.

Nas páginas 136 e 137, escreve Josenildo Pereira:

“Dada a maior presença do poder público no cotidiano da cidade, o seu perfil urbano foi sendo modificado por meio de pressões de uma série de posturas. Os passeios públicos em geral passaram a ser calçados com pedras de cantaria vindas de Portugal como lastro dos navios. Essas pedras eram lavradas em blocos retangulares de aproximadamente 80cm de comprimento por 50cm de largura. Com o tempo e o passar contínuo dos transeuntes, ficavam lisas, polidas, escorregadias. Por essa razão foi aprovada a Lei de nº 08, que em seu artigo 220, determinava que:

Os proprietários que tiverem os passeios de suas casas calçadas com pedras de cantaria são obrigados a picá-las de três em três anos, nos meses de dezembro e janeiro sob pena de multa de 20$ reis e de ser feito esse trabalho pela Intendência por conta do Infrator.

Advertimos, entretanto, que todo esse esmero para com a cidade realizava-se, em grande parte, graças ao trabalho de escravos e, também, aos recursos econômicos advindos da agroexportação pautada, sobretudo, na cultura algodão, ao comércio importador e exortador de suas casas comerciais, dinamizadas com a presença inglesa.

Foi nesse meio urbano da cidade de São Luís, particularmente, na área demarcada pelas Praias Grande e do Desterro e Fonte do Ribeirão, lugares onde eram praticadas as atividades financeiras, comerciais, portuárias e onde vivia parte da elite econômica em seus sobrados e casarões, que a escravidão urbana se desenvolve. E, desse modo, os trabalhadores escravos ficaram envolvidos em uma rede de várias atividades: ofícios, comércio e serviços domésticos.”

Fonte de pesquisa

São Luís 400 anos: (con)tradições de uma cidade histórica. Organizadores: Alan Kardec Gomes Pacheco Filho, Helidacy Maria Muniz Corrêa, Josenildo de Jesus Pereira. São Luís: Café & Lápis; Ed. UEMA, 2014. 341p.

Imagem destacada / calçadas na rua Portugal, Centro Histórico de São Luís / capturada aqui