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Podcast: obra de Josué Montello tem adaptações produzidas por estudantes de Rádio & TV da UFMA

Alunos(as) da disciplina Texto e Roteiro para Mídia Sonora criaram narrativas em audio baseadas no romance “Noite sobre Alcântara”, de Josué Montello. A obra, lançada em 1978, terá nova edição em 2022

Concebidos no gênero educativo-cultural, os podcasts (veja links ao fim da postagem) têm o objetivo de proporcionar aos ouvintes o acesso a alguns trechos, conteúdos e personagens emblemáticas do livro.

O romance memorial e histórico transita entre a opulência e a decadência de Alcântara, manifestada no processo de empobrecimento da aristocracia.

Duas personagens evidenciam o conflito: Natalino, herói militar da Guerra do Paraguai; e Maria Olivia, filha da aristocracia que na juventude estudara na Europa. Ambos retornam a Alcântara e as suas vidas são pontuadas por vários lances ao longo da narrativa.

Na aurora do século XX, a obra é marcada pelos contrastes entre opulência e decadência, republicanos e monarquistas, escravocratas e abolicionistas, sagrado e profano, vida e morte…

Os podcasts foram estruturados com aberturas que situam a audiência no tema abordado, seguidos da leitura de trechos do livro relacionados ao assunto e a análise de especialistas na obra montelliana: o professor doutor do Departamento de Letras da UFMA, Dino Cavalcante; e a bibliotecária gestora da Casa de Cultura Josué Montello, Wanda França de Sousa.

Na fase de planejamento e redação dos roteiros, Wanda Sousa e Dino Cavalcante proferiram palestras alusivas à obra Noite sobre Alcântara e fomentaram junto aos alunos um conhecimento mais detalhado acerca do livro, enfatizando as suas personagens, os cenários, a conjuntura político-econômica da época e a dimensão estética presentes no romance.

A disciplina inteira foi ministrada de forma remota, inclusive a gravação dos podcasts, utilizando a plataforma Zencastr. No uso da plataforma os estudantes foram orientados por Saylon Sousa, radialista, mestrando em Comunicação e sonoplasta do Laboratório de Rádio da UFMA. Os trabalhos foram concluídos em janeiro de 2022.

Ao longo da disciplina, a única atividade presencial foi uma visita à rádio Timbira AM, quando os(as) discentes tiverem o primeiro contato face a face (veja fotos abaixo):

Escadaria de acesso à rádio Timbira AM
Estudantes com gestores e profissionais no estudio da Timbira AM
Visita técnica à rádio Timbira AM

Durante o planejamento, a produção, a redação dos scripts, a gravação e a edição, os(as) estudantes aplicaram as técnicas e o conteúdo teórico sobre a estratégia do roteiro, manejando os elementos da linguagem radiofônica: palavra falada, música, efeitos sonoros e silêncio.

Os podcasts foram elaborados em equipes, mas a turma inteira participou de todas as etapas de planejamento e produção. A coordenação geral da série é do professor Ed Wilson Araújo.

Clique na lista abaixo para ouvir os episódios.

A decadência das fazendas, por Fernanda Daphiny, Marcos Grativol e Mateus de Sousa.

O incêndio no casarão de Davi Cohen, por Ana Rafaele Silva, Sylmara Durans e Jarina Gomes.

Alcântara do passado e o cenário atual, por Joelma Baldez e Cryslane Sousa.

O contexto sócio político de Alcântara, por Victor Sá e Amorim Filho.

A falência do modelo agro-exportador, por Luis Felipe Ribeiro, Raul Pontes e Camila Moura.

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Josué Montello, São Luís e a Coluna Prestes no romance “A coroa de areia”

Texto: Ed Wilson Araújo
Imagens: José Reinaldo Martins

A rua dos Craveiros, no Centro Histórico de São Luís, é um dos principais cenários do romance “A coroa de areia”, de Josué Montello, publicado em 1979.

Na casa de número 27 moravam a viúva Blandina e as suas filhas Maria do Carmo e Aglaia. O imóvel do livro é uma meia-morada com sacadas de ferro e um mirante onde ficara escondida a personagem João Maurício, revoltoso da Coluna Prestes.

João Maurício, parente de Blandina, fora acolhido na casa em sigilo, temendo o olhar curioso da vizinhança e a repressão contra as lideranças do movimento comandado por Luis Carlos Prestes.

Trecho da obra “A coroa de areia” ambientado na rua dos Craveiros

Localizada entre a rua do Alecrim e a rua dos Afogados, a casa é uma entre tantas de São Luís do passado onde os moradores ficavam à janela para ver o movimento da cidade. Josué Montello descreve, neste hábito, o costume de os curiosos utilizarem almofadas cerzidas especialmente para acomodar os cotovelos durante as horas de contemplação do burburinho da urbe.

Mas, depois da chegada de João Maurício, todo cuidado era pouco. A casa de Blandina hospedava um perigoso revolucionário da Coluna Prestes.

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São Luís 409 anos e a obra de Josué Montello: um convite à cidade

No aniversário de 409 anos de São Luís, a repórter Anne Glauce Freire, da TV Guará, produziu uma reportagem especial sobre os diversos sentidos da cidade.

A matéria, poética e antenada, capturou as impressões de várias personagens do cotidiano de uma cidade que se modifica a cada dia, sem perder a elegância, apesar da idade.

Eu participei falando sobre a relação entre São Luís e a obra do escritor Josué Montello.

As imagens são de Edilson Chagas e Thadeu Pablo

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A UFMA na Praia Grande

Já imaginou vários cursos da Universidade Federal do Maranhão instalados nos casarões e prédios do Centro Histórico de São Luís, com a Reitoria localizada no Convento das Mercês?

E se ao longo das ruas tortas e estreitas houvesse equipamentos de ensino, pesquisa e extensão, conectando o passado e o futuro através da Ciência, em prol do desenvolvimento do Maranhão?

Caberiam ainda cafés, livrarias, sebos, salas de cinema, novas quitandas, moradias estudantis e laboratórios para exercitar a criatividade e o pensamento em um dos lugares mais belos da cidade.

A inspiração dos três parágrafos acima está em uma das notas do escritor Josué Montello, no Diário da Tarde, escrita em 29 de janeiro de 1967, quando ele relata a cerimônia do nascedouro da Fundação Universidade do Maranhão; futuramente, UFMA.

Montello foi um dos reitores da primeira instituição de ensino superior do nosso estado e sonhava criar uma cidade universitária no Centro Histórico de São Luís.

Ouça aqui a nota de 1967, na voz do poeta Paulo dos Santos Furtado, que gentilmente nos cedeu essa interpretação, entre tantas outras leituras deliciosas, quando encara com elegância a figura do narrador.

Em sua vasta obra literária, Josué Montello tem no romance mais visibilidade; porém, os seus “Diário da manhã”, “Diário da tarde”, “Diário do entardecer”, “Diário da noite iluminada”, “Diário das minhas vigílias” e “Diário da madrugada”,  que aparentemente são anotações sobre fatos pitorescos, revelam temas de forte valor histórico.

Na referida nota, o autor faz alusão ao desejo de transformar a Praia Grande, dotada de esplendoroso conjunto arquitetônico, em um grande centro cultural, lembrando o Maranhão de outrora.

O detalhe do excerto está no arremate, quando fica claro que, no calor de São Luís, não cabem as capas dos estudantes de Coimbra. Era só o romancista conversando com a sua imaginação.

Imagem destacada / Centro Histórico de São Luís visto do mar / Foto: Marizélia Ribeiro

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Viva os tambores de São Luís e de todo o Maranhão

Leitura de Josué Montello com vista para o Centro Histórico de São Luís
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Josué Montello: memórias das trupiadas de bumba-meu-boi em São Luís

Fonte: Agenda Maranhão

Prenúncio dos festejos de São João, maio é o mês de recolhimento das chuvas grandes e aparição mais intensa do sol no Maranhão. Nessa época, na zona rural de São Luís e por toda a Baixada e no Litoral, os grupos de bumba-meu-boi intensificam os ensaios aquecendo os pandeirões com grandes fogueiras nas brincadeiras de sotaque da ilha, zabumba e costa de mão.

Esse tempo de preparação e festejo tem uma memorável passagem na obra “Os tambores de São Luís”, do escritor Josué Montello. No vídeo abaixo, o jornalista Ed Wilson Araújo interpreta um trecho do livro, tendo como cenário o Centro Histórico.

Os ensaios treinam as toadas e as trupiadas dos batalhões para se apresentarem nos arraiais. Uma cena emblemática se repete nesse tempo, nos sábados à noite, quando os homens desentocam dos povoados do interior da ilha de São Luís e caminham para os terreiros dos ensaios carregando suas matracas e pandeirões. As mulheres, chamadas mutucas, também seguem o ritual.

A festa em homenagem a São João, São Pedro e São Marçal tem seu esplendor em junho, mas tudo começa logo em abril, no Sábado de Aleluia, e aquece mesmo em maio, quando o sol seca a madeira e as fogueiras iluminam os quatro cantos da ilha onde o povo se reúne para bater matraca, esmurrar os pandeirões e entoar as famosas toadas.

Em 2020, com a pandemia, não teremos aglomerações. Os festejos juninos ficarão apenas nas nossas memórias e nas redes sociais. Mas no ano que vem, como sempre dizem as toadas, o boi volta a brincar.

Foto destacada capturada neste siteFacebookTwitterWhatsApp

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Quando a morte e o fanatismo religioso chegaram em São Luís: a gripe espanhola, por Josué Montello

A primeira promessa de que São Luís ia virar Paris veio com a iluminação elétrica em substituição aos antigos lampiões de gás. Era um deslumbre generalizado ver a cidade clareada pela nova tecnologia – o povo na rua como se estivesse vendo o homem pisar na lua.

Modernidade. Essa alegria foi interrompida pouco tempo após a inauguração da “eletricidade”, quando chegaram os registros de que a gripe espanhola começava a somar óbitos mundo afora. Havia uma contagem regressiva para a “sinistra” adentrar ao Maranhão.

No livro “Os degraus do paraíso”, Josué Montello conta….  

“Depois, como se a nova luz da noite as atraísse, começaram a chegar as más notícias do Norte, do Centro e do Sul. A morte andava lá fora matando às cegas. Um arrepio de frio, febre alta, delírio, e o que até há pouco não era nada passou a ser o desespero e a sepultura. Dezenas, centenas de casos, destruindo famílias inteiras de um dia para outro, no Rio de Janeiro. Ninguém tinha sossego. E era mais quem perguntava: quando a morte chegaria em São Luís? Toda gente se entreolhava, apegando-se aos seus santos. E as lâmpadas elétricas, nos negros postes de iluminação urbana, tinham um ar de espanto – que amedrontava.”

“Até que uma noite, no começo de outubro, a morte entrou de manso pelas ruas tortas que se esgueiram para o mar, escondida no corpo de um marujo de olhos em brasa e andar gingado. Dias depois a cidade lhe sentiu a presença sinistra, nos primeiros esquifes roxos que saíram das casas do meretrício para o Cemitério, à noite, sem acompanhamento, sob o olhar das lívidas lâmpadas elétricas.”

Uma das capas da obra de Montello

Depois, revela Montello, partiram outros corpos de vários lugares da cidade, até mesmo dos sobrados da rua Grande e rua da Paz. A cidade ficara deserta. Em meio ao pânico, pedradas certeiras estilhaçavam as lâmpadas nas ruas, talvez como ato de revolta diante da tragédia coletiva simultânea ao milagre da luz. Seria a energia elétrica uma espécie de maldição?

“Os degraus do paraíso” tem a forte presença da personagem Mariana, dotada de uma fé obsessiva, a ponto de apostar as suas forças na formação do filho Teobaldo em padre.

Todos os propósitos da sua vida eram dedicados ao ordenamento do filho, considerado por ela ungido à missão sacerdotal.

Eis que, apesar de todo o seu fervor católico, Mariana perdeu o rebento mais querido e prometido ao sacerdócio, atropelado por um dos poucos veículos que transitava por São Luís no início do século 20. A morte de Teobaldo provocou uma depressão violenta em Mariana, piorada após o contágio da gripe espanhola.

Trancada no sobrado localizado na esquina das ruas do Sol e da Cruz, no Centro Histórico de São Luís, mortificada com perda do filho e ameaçada pela gripe espanhola, Mariana começou a ser tratada por uma enfermeira evangélica, em visitas diárias.

Aos poucos, o fervor católico de Mariana ganhou outros tons de fé, passando ela a questionar os cânones da sua religião original. Parte dessa virada decorria de uma interpretação da personagem sobre a perda do filho, prometido para ser padre.

Os questionamentos sobre o catolicismo, estimulados pela enfermeira evangélica, cresciam à medida que Mariana conseguia progressos no tratamento da gripe espanhola, principalmente devido ao isolamento social.

Nesse ínterim da narrativa de Josué Montello, outros fatos correm no romance, sempre marcado pela cidade vazia, macabra, em quarentena e silêncio, rompidos apenas pelos cortejos fúnebres das novas vítimas da gripe e pelas pedradas nas lâmpadas.

A tensão da obra fica por conta da conversão radical de Mariana à religião evangélica, elevada a tal ponto de fanatismo que renega a filha Cristina, irmã de Teobaldo, admitida no convento para ser freira.

Embora narrado em uma São Luís do passado, “Os degraus do paraíso”, romance de Josué Montello, trata de temas atuais: isolamento social e fanatismo religioso. É uma boa leitura para esses tempos de solidão.

Vou ficar por aqui para não ser spoiller de livro de papel.

A Literatura e a ficção científica estão recheadas de estórias sobre colapsos da humanidade causados por doenças. O professor e filósofo Marco Rodrigues escreveu recentemente sobre o coronavírus e a obra “A peste”, de Albert Camus. Acesse o artigo aqui.

OBS: O sobrado de Mariana, cenário principal da obra de Montello, é hoje o atual prédio do Ipam (Instituto de Previdência e Assistência do Município), na rua do Sol, esquina com rua da Cruz.

Imagem destacada / rua do Sol, na antiga São Luís / capturada neste site

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Acervo itinerante da Casa de Cultura Josué Montello chega a Codó

Exposição bibliográfica com aproximadamente 200 títulos do escritor Josué Montello e de vários autores maranhenses será aberta a partir desta quarta-feira (25), no município de Codó. O material integra o acervo da Casa de Cultura Josué Montello, equipamento cultural do Estado vinculado à Secretaria da Cultura e Turismo (Sectur).

A ação cultural conta com a parceria do Instituto Histórico e Geográfico de Codó, onde será realizado o evento, além da Secretaria de Estado da Educação (Seduc).

A programação segue até sexta-feira (27) com exposição de livros e fotografias, exibição de vídeo documentário e palestras sobre a vida e obra do escritor.

O evento é voltado para os alunos do ensino médio e tem o objetivo de despertar o amor pela leitura e escrita tendo como fonte de inspiração as obras do escritor maranhense Josué Montello, cujo centenário de nascimento foi comemorado no ano passado.

O projeto Exposição Itinerante do acervo da Casa de Cultura Josué Montello acontece há dez anos promovendo o acesso ao livro e incentivando a prática da leitura por meio de ações culturais voltadas às comunidades. Já atendeu mais de 23 mil crianças e jovens de 27 municípios maranhenses.

SERVIÇO

O quê: Exposição Itinerante do acervo da Casa de Cultura Josué Montello.

Quando: De 25 a 27 de abril.

Onde: Instituto Histórico e Geográfico de Codó (Av. Primeiro de maio, 1955 – antiga estação ferroviária).