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Atos “Fora Bolsonaro e Mourão” voltam às ruas neste sábado em várias regiões do Brasil

No Maranhão estão previstas manifestações em São Luís, Imperatriz e Caxias

Movimentos sociais, populares e estudantis, centrais sindicais e sindicatos organizam atos em todo o país reivindicando impeachment de Bolsonaro, vacinação em massa da população, auxílio emergencial capaz de combater a fome e a defesa dos serviços e empresas públicas

Depois dos grandes atos ocorridos pelo país em 29 de maio, as ruas voltam a ser ocupadas neste sábado (19) reivindicando impeachment do presidente Jair Bolsonaro, agilização na imunização da população contra a Covid19 e auxílio emergencial de no mínimo R$ 600,00 como forma de combater a fome.

A essa pauta – cujo mote é vacina no braço, comida no prato e impeachment já – soma-se a defesa dos serviços públicos em razão da tramitação da reforma administrativa que, segundo sindicatos, visa ao desmonte do atendimento à população – o que é mais grave num momento de pandemia. A reforma, que tramita no Congresso Nacional sob Proposta de Emenda Constitucional (PEC 32/2020) pode limitar o acesso ao ingresso nas carreiras do serviço público via concurso e privilegiar indicações políticas, além de delegar à iniciativa privada o atendimento à população.

Para diferenciar dos atos ocorridos recentemente em apoio a Bolsonaro, as instituições que organizam as atividades reforçam a necessidade de uso de máscaras PFF2 durante os atos, a manutenção do distanciamento físico e utilização regular de álcool 70º. Também alertam às pessoas que estiveram acometidas de qualquer mal-estar físico a não participação nas ações presenciais e a se mobilizarem pelas redes, compartilhando momentos das atividades pelo país ao longo do dia.

No Maranhão, estão previstas concentrações em ao menos três grandes cidades a partir das 8h deste sábado, 19:

Em São Luís, na praça Deodoro;

Imperatriz, praça de Fátima;

Caxias, praça da Matriz;

Além de pessoas ligadas aos movimentos que organizam os atos, é esperada, como nas mobilizações de maio, adesão da população em razão da gestão do governo federal que, segundo os organizadores, facilitam a disseminação do coronavírus, dificultam a aquisição e acesso às vacinas e estimulam aglomerações sem qualquer medida de segurança sanitária. Em maio, os atos reuniram centenas de pessoas no centro da capital maranhense e milhares pelo país afora.

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O uso inapropriado da expressão “fake news”

Apesar de ser usada largamente para caracterizar distorções ou falseamento de informações com o objetivo de induzir o público a erro, a expressão “fake news” é inadequada e sem coerência no âmbito do Jornalismo.

Explico: em tradução direta, “fake news” significa “notícia falsa”.

Para os teóricos do Jornalismo a expressão “fake news” carrega duas palavras de sentidos contrários; ou seja, se algo é “falso” não pode ser associado a notícia.

Os teóricos do Jornalismo apontam contradição e divergência entre as expressões “fake” e “news”. Em síntese, dizem os estudiosos, se algo é “fake”, não pode ser notícia, porque o trabalho de produção jornalística jamais remete a algo falso, sem sustentação nos critérios de verdade.

O processo de produção jornalística pressupõe a apuração dos fatos e a checagem das informações. Esse trabalho é baseado na observação, no levantamento de dados, na coleta de depoimentos, no estudo de documentos e na consulta de outras fontes necessárias para fazer o relato com base nos critérios de objetividade, coerência, lógica e correspondência ao fato que está sendo apurado para posteriormente ser transformado em notícia, reportagem, documentário e outros formatos.

Assim, o trabalho profissional do jornalista para produzir um relato é dotado de critérios de verdade, não cabendo associar o conceito de notícia a uma expressão que indica mentira (fake), embora durante o processo de apuração possam ocorrer erros e imprecisões.

Jornalistas – é sempre bom lembrar – são passíveis de falhas, erros e enganos durante a produção de uma narrativa.

Portanto, eventuais equívocos durante a apuração – sem a intenção de enganar o público – podem ocorrer, mas não devem ser nivelados às aberrações feitas de maneira proposital para induzir a audiência à incompreensão ou deturpação de um fato.

Uma coisa é uma falha de apuração, que pode acontecer sem intencionalidade.

Outra coisa é a predisposição para produzir um conteúdo com o objetivo de enganar o(a) interlocutor(a).

O jornalismo é uma forma de conhecimento da realidade, baseado em investigação, observação, checagem das informações e construção do relato objetivo sobre os fatos, embora a subjetividade possa estar presente na construção de um texto, por exemplo, ou na seleção de imagens para uma reportagem televisiva ou na web.

No trabalho de edição é impossível conter o afloramento da subjetividade do(a) jornalista.

A objetividade dialoga com a subjetividade, mas esta não pode ser preponderante nem exagerada, chegando a alterar a ordem lógica da narrativa jornalística, a ponto de relativizar os dados numéricos, as imagens ou os depoimentos das fontes durante a elaboração de uma notícia ou reportagem.

Quando o relativismo penetra a construção de uma narrativa, aí não é mais Jornalismo, é ficção, outra “estória”.

Assim, a expressão “fake” não faz nenhum sentido para o Jornalismo, que é baseado no conhecimento do real.

No meio acadêmico as expressões mais adequadas para substituir “fake news” são “pós-verdade” e “desinformação”.

Então, vale refletir. Quando você usa a expressão “fake news” está juntando duas palavras de sentido contraditório. Se é notícia, não pode ser falsa.

Por isso, prefira as expressões “desinformação” e “pós-verdade”, baseadas nos apelos à emoção, crenças e ideias manipuladas para distorcer os fatos reais e objetivos.

A pós-verdade é um dos fundamentos da desinformação e ambas precisam ser combatidas pelo Jornalismo. Este, assim como a Ciência, é uma forma de conhecimento segura, confiável e objetiva para conhecer e explicar a realidade, estabelecendo uma relação coerente e ética com o público.

Imagem destacada / lupa sobre jornal de papel / capturada nesse site

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Agroindústria de farinha será gerenciada por mulheres em São Domingos do Maranhão

A 17km do município de São Domingos do Maranhão, no povoado Viola, o Governo do Estado, por meio do Sistema da Agricultura Familiar, inaugurou nesta terça-feira (06), a agroindústria de beneficiamento de mandioca.

Esta é a primeira agroindústria que será administrada por mulheres. No povoado, elas protagonizam histórias de muito trabalho e luta pelo empoderamento feminino na agricultura familiar.

Leilane Lima, é tesoureira da Associação do Povoado, que possui 22 agricultoras e agricultores associados, e de onde um grupo de mulheres tomou a frente da organização da agroindústria, um papel que sempre fora desempenhado exclusivamente por homens.

“Para nós, mulheres, representa uma força enorme e uma forma de nos empoderar. Tomamos a frente de um negócio que homens administravam totalmente e que agora temos o nosso grupo de mulheres focado em manter essa agroindústria”, disse.

Segundo Leilane, o papel dos homens é no serviço braçal, no cultivo e lida na roça, já as mulheres vão participar do processo desde a ralação da mandioca até o empacotamento da farinha. 

O secretário de Estado da Agricultura Familiar, Júlio César Mendonça, enfatizou sobre mais uma ação do Governo do Maranhão visando o fortalecimento da cadeia produtiva da mandioca. “Esta é a terceira agroindústria de beneficiamento de mandioca inaugurada na nossa gestão e é de suma importância para fortalecer, incentivar e valorizar o trabalho dos agricultores familiares beneficiados pela cadeia da mandioca. Ficamos felizes em ver mais essa ação sendo concretizada na vida das famílias do povoado Viola e mais ainda por esse produto ser incluído nas cestas básicas destinadas às famílias em situação de vulnerabilidade social,” destacou Mendonça.

Inauguração da agroindústria de beneficiamento de mandioca

A farinha do povoado Viola vai ser incluída nas cestas básicas com produtos da agricultura familiar, no âmbito do Plano Emergencial de Empregos Celso Furtado. Serão 5 toneladas de farinha que irão para a mesa de pessoas em situação de vulnerabilidade social do Maranhão.

A farinha recebeu também o Selo Gosto do Maranhão, uma iniciativa do Governo do Maranhão, por meio do Sistema SAF, para valorizar e fortalecer as identidades sociais e produtivas dos segmentos da agricultura familiar. Os produtos serão identificados como sinônimo de origem do campo.

O secretário de Estado de Comunicação e Assuntos Políticos, Rodrigo Lago, presente na inauguração, ressaltou o papel do Plano Emergencial de Empregos Celso Furtado na dinamização da renda para os agricultores do povoado Viola.

“Mais um grande investimento do Governo do Maranhão para a agricultura familiar, hoje, a inauguração da agroindústria do povoado Viola, em São Domingos do Maranhão. É um incentivo à agricultura familiar e também à economia, através de ações como essa, inserida no Plano Celso Furtado com geração de emprego e renda para a população do Maranhão”, pontuou.

Inauguração da agroindústria de beneficiamento de mandioca

Agroindústria de farinha da Viola

Com investimentos de R$ 250 mil destinados à construção e compra de equipamentos, o Governo visa, com esta ação, expandir e fortalecer a cadeia produtiva da mandioca na região, além de gerar trabalho e renda para as famílias.

A capacidade diária da produção é de 840 kg de farinha. Por ano, o volume previsto de comercialização é de R$ 605.000,00 com 201 toneladas.

A cadeia da mandioca abrange 17 municípios maranhenses, com investimentos de mais de R$ 2,5 milhões, beneficiando cerca de 700 produtores.

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Projeto Vidas em Conexão promove assistência e inovação social na pandemia

A pandemia afeta diferentemente as pessoas. Famílias que já se encontravam em situação de vulnerabilidade sentem mais fortemente os efeitos dela.

Por isso, o Instituto Maranhão Sustentável/ IMAS, em parceria com outras organizações, tem articulados esforços e atuado para minimizar os efeitos da pandemia em três frentes de ação:

Assistência Material

Desenvolvendo rede de assistência comunitária através de campanhas de doação de cestas básicas articulando a atuação de lideranças locais à aquisição nos pequenos comércios, dinamizando a economia nas comunidades e minimizando os efeitos de deslocamentos. Já foram múltiplas iniciativas de cooperação com destaque para a Fundação Banco do Brasil, o Instituto Cores do Mará e a 2ª Vara de Execuções Penais de São Luís, MA. Mas especialmente as doações espontâneas reiteradas tem conseguido dar sustentação à iniciativa.

Essa linha de ação caminha para se ampliar com ações de capacitação para melhor uso e aproveitamento integral dos alimentos e consequente mais promoção de segurança alimentar. Só em Raposa já foram atendidas cerca de 400 famílias beneficiadas.

Soluções tecnológicas de baixo custo

A pandemia nos impõe novos hábitos e convivência social. Isso é especialmente importante em regiões onde as comunidades se encontram em condições socioeconômicas e ambientais que a fragilizam, tais como a pobreza, a educação e saneamento ambiental precários.

Para enfrentar esse cenário, estamos estudando soluções sanitárias de baixo custo para implantar em comunidades vulneráveis buscando minimizar os efeitos da Covid-19 nas periferias, assim, ampliando as condições para adoção de práticas de higiene e prevenção da doença.

A primeira foi um Lavatório Público, desenhado pelas Arquitetas Jana Lopes e Mariana Valporto, com flexibilidade para instalação com e sem ponto de água; materiais acessíveis e adaptáveis e de fácil montagem e manuseio. O IMAS já está instalando e testando a eficácia dos lavatórios em diversos pontos da Ilha de São Luís, em que pequenos comércios e associações adotam (cooperando com a montagem, instalação e/ ou manutenção) para seu uso. Agora, prospectando parceiros para ampliar o alcance do Projeto.

Rede de Comunicação Comunitária

Ainda em processo, a Rede visa divulgar amplamente as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para enfrentar a pandemia, além de desenvolver campanhas para o incentivo aos hábitos de higiene e vida saudável; gerar e difundir informação acessível acerca das medidas de apoio emergenciais a comunidades de baixa renda; buscando criar canais de comunicação eficientes, inclusive entre poder público e comunidade, ativando o protagonismo jovem feminino, oportunizando ferramentas de comunicação mais acessíveis e contextualizadas à realidade local.

SERVIÇO:

Instituto Maranhão Sustentável

Site: https://www.maranhaosustentavel.org.br/vidas-em-conexao

@maranhaosustentavel

Coordenação do Projeto Vidas em Conexão

Luzenice Macedo (98)9 9974-9366 

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Pária digital: “a tecnologia passou por cima de mim”, afirma idosa solitária na pandemia

O fio da conversa esticou ao longo das sucessivas tragédias em decorrência das mortes provocadas pelo novo coronavírus. Ela, uma ex-vizinha da minha infância, já beirando os 90 anos, não teve sequer a chance de se despedir dos amigos históricos do bairro onde passou a maior parte da sua vida.

A morte e o luto dos entes queridos somam às outras perdas e bloqueios na comunicação. Sem conexão à rede mundial de computadores, morando sozinha, ela tem como principal meio de comunicação um telefone fixo que, quando toca, gera uma alegria incomensurável.

É difícil imaginar que uma idosa moradora da zona urbana de São Luís nunca teve um smartfone para chamar de seu e não cogita o manejo de um computador. “A tecnologia passou por cima de mim”, desabafou, contando que até as ligações para o fone residencial escassearam porque os velhos amigos estão sendo tragados pela pandemia.

Folheando sua velha agenda de papel, rabiscada em várias páginas, deleta entre lágrimas os antigos contatos das amigas e amigos falecidos. Em meio à pandemia, com raros telefonemas, sem receber visitas ou interagir com os vizinhos, ela é um pária digital.

No mundo conectado, as pessoas on line estão isoladas, mas não solitárias. Elas interagem das mais diversas formas pelos dispositivos fixos e móveis ofertados em larga escala para proporcionar uma vivência à distância.

A pandemia criou uma esfera pública eletrônica fundamental para a sociabilidade no isolamento social, mas a vida conectada alcança uma fatia de pessoas economicamente incluídas e tecnologicamente habilitadas. Os mais pobres e os idosos solitários, em geral, estão off line.

Basta observar as filas gigantescas que se formaram recentemente nas agências da Caixa para realizar uma operação das mais simplórias – regularizar o CPF. E depois a mesma cena se repetiu para o pagamento do auxílio emergencial.

As filas revelam um Brasil dos esquecidos, fora do sistema financeiro, pessoas sem parentes importantes nem conta bancária. Diante de um efusivo discurso da conexão e da oferta interminável de dispositivos e oportunidades, fica a velha pergunta: por que os pobres não acessam essas maravilhas do mundo?

Caetano Veloso, na música Sampa, reflete sobre a “força da grana que ergue e destrói coisas belas” e a “feia fumaça que sobe apagando as estrelas”. Há, nas entrelinhas da letra, uma crítica ao progresso desenfreado da escalada capitalista na construção da capital paulista denominada a locomotiva do Brasil.

E, por falar em locomotiva, durante a Revolução Industrial na Inglaterra (1811-1812), o movimento ludista, em homenagem ao operário Ned Ludd, reunia operários radicais contra a introdução das máquinas que tomavam o lugar da mão-de-obra humana. Segundo os seguidores de Ludd, que passaram a ser denominados “destruidores de máquinas”, as inovações tecnológicas provocavam desemprego, jornadas excessivas e precarização das condições de trabalho.

O tempo voa e a tecnologia avança em todos os setores. Eis que agora em 2020 as inovações estão atropelando os direitos trabalhistas de outras maneiras. Os motoristas de aplicativos preparam a primeira greve geral porque aquela promessa de que seriam empreendedores não vingou. Os “ubeiros” descobriram que são escravos de um novo tipo de acumulação de capital que põe um exército de motoristas para trabalhar sem direitos nem proteção social, exaurindo seus corpos em jornadas desumanas.

Uma nova engenharia de reprodução do capital está em curso não só para os motoristas de aplicativos. Os entregadores de alimentação (fast food) também passam pelo processo de exploração nas plataformas digitais.

Montados em bicicletas e motos, jovens sem emprego e adultos desempregados enfrentam a frenética disputa pelas migalhas pagas em cada pizza da pronta entrega. Para esses entregadores a inovação do smartfone que facilita um bico temporário sem direitos nem qualquer proteção social é também um sinal de precarização.

Embora estejam on line eles também são párias: não têm contrato de trabalho nem as garantias básicas das relações entre patrão e empregado. São, em suma, excluídos das normas disciplinadoras do capital x trabalho. Nesse sentido, a tecnologia também passa por cima deles.

Hannah Arendt, na longa incursão sobre trabalho e tecnologia na obra “A condição humana”, afirma: “Assim, a questão não é tanto se somos senhores ou escravos de nossas máquinas, mas se estas ainda servem ao mundo e às coisas do mundo ou se, pelo contrário, elas e seus processos automáticos passaram a dominar e até mesmo a destruir o mundo e as coisas.”

Imagem destacada capturada neste site