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Wilson Zara em novo Tributo a Raul Seixas

Neste sábado (19) o cantor apresenta mais uma edição do tradicional tributo com que reverencia o artista baiano desde 1992

Considerado um dos pais do rock brasileiro e até hoje um de seus nomes mais importantes, o baiano Raul Seixas (1944-1989) deixou um vasto legado que vai além da música: a filosofia raulseixista influencia artistas surgidos após sua passagem por este planeta e também gente comum, que se afina com as ideias do “maluco beleza”, assim chamado em referência a um de seus maiores sucessos.

Toda essa herança cultural será celebrada em mais uma edição do já tradicional “Tributo a Raul Seixas”, que o maranhense Wilson Zara apresenta ininterruptamente desde 1992 – durante a pandemia de covid-19 o evento teve edições online.

“A gente costuma fazer um show longo, eu e a banda que já está comigo na missão há algum tempo, passeando pelos diversos álbuns e fases da carreira de Raul Seixas, artista que se aventurou por diversas veredas da música brasileira, muitas vezes abrindo-lhes as picadas, para que depois a gente pudesse passear. O legado de Raul permanece vivo”, afirma Zara, que costuma alinhar grandes hits de Raul Seixas, até hoje presença marcante em programas de rádio, mas também lados b do roqueiro baiano, que iniciou sua trajetória ainda na década de 1960, em Salvador/BA, à frente do seminal Os Panteras, quando ainda assinava Raulzito, e com quem lançou um único disco (1969).

Foi como Raulzito, aliás, que Raul Seixas assinou composições e produções para artistas como Balthazar, Diana, Odair José, Edy Star, Miriam Batucada (1947-1994) e Sérgio Sampaio (1947-1994) – os três últimos, seus colegas de Sociedade da Grã Ordem Kavernista, que gravou o disco “Apresenta Sessão das 10” (1971).

Este ano o “Tributo a Raul Seixas” acontecerá dia 19 de agosto (sábado), às 22h, no Soul Lounge (Av. Litorânea). Na ocasião, Wilson Zara (voz e violão) estará acompanhado por Mauro Izzy (baixo), Moisés Ferreira (guitarra), Marco Moraes (teclados) e Marjone (bateria). A noite contará ainda com a participação especial da Durrock Band. Os ingressos custam R$ 30,00, à venda no local e na Bilheteria Digital (meia para estudantes com carteira e demais casos previstos em lei somente no local).

Serviço

O quê: show “Tributo a Raul Seixas”

Quem: o cantor Wilson Zara e banda

Quando: dia 19 de agosto (sábado), às 22h

Onde: Soul Lounge (Av. Litorânea, Calhau)

Quanto: R$ 30,00. Ingressos no local e na Bilheteria Digital (meia para estudantes com carteira e demais casos previstos em lei somente no local).

Informações e entrevistas: (98) 99975-3999

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E a Feira do Livro de São Luís?

Após a euforia pela celebração dos 200 anos de nascimento do poeta Gonçalves Dias, é hora de perguntar: como estão os preparativos para a 16ª Feira do Livro de São Luís?

Vale muito lembrar que a edição 2022 da Felis foi um fracasso retumbante (veja aqui).

Espera-se que a Prefeitura de São Luís e as organizações parceiras estejam desde já pensando em recompor o evento, desta vez embalado pela euforia gonçalvina.

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MEC abre concurso para técnicos com nível superior

Certame será aplicado no dia 8 de outubro e oferecerá 220 vagas para o cargo de Técnico em Assuntos Educacionais. Inscrição vai até 28 de agosto, pelo site do Cebraspe

O Ministério da Educação (MEC) publicou no Diário Oficial da União o Edital no 1/2023, referente ao concurso público para provimento de vagas no quadro permanente. Ao todo, são ofertadas 220 vagas de nível superior para o cargo de Técnico em Assuntos Educacionais. As provas objetivas e a discursiva do certame serão aplicadas no dia 8 de outubro, em Brasília (DF).   

Inscrição – O período de inscrição para o concurso do MEC será de 9 a 28 de agosto, por meio do site do Cebraspe, banca aplicadora do certame. A inscrição somente será confirmada após o pagamento da taxa de inscrição, no valor de R$ 80, exceto para aqueles que solicitarem a isenção da taxa.  

No momento da inscrição, o candidato deverá informar o número do seu Cadastro de Pessoa Física (CPF) e enviar, via sistema de inscrição, uma fotografia individual, tirada nos últimos seis meses anteriores à data de publicação do edital. Na imagem deve, necessariamente, aparecer a cabeça (sem estar coberta) e os ombros do candidato.   

Isenção – No mesmo período da inscrição (de 9 a 28 de agosto), os candidatos também podem solicitar a isenção da taxa de inscrição. O procedimento é direcionado para pessoas com Cadastro Único (CadÚnico), amparados pelos Decretos nº 6.593/ 2008 e nº 11.016/2022; ou para quem é doador de medula óssea em entidades reconhecidas pelo Ministério da Saúde, conforme a Lei nº 13.656/2018.   

A solicitação de isenção da taxa deve ser realizada mediante envio de documentação comprobatória, conforme especificado no edital do concurso. Aquele que tiver a solicitação de isenção indeferida deve pagar a Guia de Recolhimento da União (GRU) até o dia 11 de setembro, conforme previsto no edital.  

Requisitos – Para concorrer ao cargo de Técnico em Assuntos Educacionais, o candidato deve ter diploma de conclusão de curso de graduação em nível superior, em qualquer área de formação, fornecido por instituição de ensino superior reconhecida pelo MEC. 

Vagas – As 220 vagas estão distribuídas entre ampla concorrência (165), candidatos com deficiência (11) e candidatos negros (44). A indicação no tipo de vaga deve ser realizada no momento da inscrição, com envio de documentação especificada no edital.  

Remuneração – O candidato aprovado terá jornada de trabalho de 40 horas semanais e remuneração no valor de R$ 6.255,90 – sendo R$ 2.419,90 como vencimento básico, acrescido de R$ 3.836,00, referente à Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo (CDPGPE).   

Fonte: Assessoria de Comunicação Social do MEC, com informações da Secretaria Executiva 

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Auto da Compadecida em São Luís neste fim de semana

Fonte: Agenda Maranhão

O Grupo Maria Cutia de Teatro apresenta o espetáculo Auto da Compadecida, neste fim de semana, em São Luís.

No sábado (12), as aventuras dos personagens João Grilo e Chicó serão apresentadas, na Praça Nauro Machado, no Centro Histórico de São Luís. No domingo (13) no Largo do Teatro Itapicuraíba, no bairro Anjo da Guarda.

A iniciativa do evento é do Grupo Maria Cutia de Teatro, que contará uma versão mineira da obra do paraibano Ariano Suassuna, com concepção e direção de Gabriel Villela.

Com uma trajetória de quase 20 anos, a premiada companhia de Belo Horizonte já percorreu seis países e todas as regiões do Brasil.

Na versão mineira e tropicalista, os atores cantam, ao vivo, canções de Roberto Carlos, Caetano Veloso, entre outros grandes nomes da música brasileira.

Oficina

Além dos dois espetáculos, a companhia mineira também vai oferecer uma oficina de teatro no sábado (12), na sede do Grupo Grita, no Anjo da Guarda às 10h, voltada a estudantes de arte, educadores e interessados em geral, intitulada “Auto no Ato”.

As inscrições para a oficina foram feitas atrás de um link disponibilizado nas mídias sóciais da Cia Maria Cutia e do Grupo Grita. Onde foi feita uma seleção, para participar da oficina cênico-musical.

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O bolsonarismo vivo na Polícia Militar

Imagem destacada / PM fardado utiliza meias com estampa do rosto do ex-presidente Jair Bolsonaro – Bruna Fantti/Folhapress

O ex-presidente Jair Bolsonaro está inelegível. É um alívio para a humanidade.

Lula vai bem e desejamos muita saúde para ele ser reeleito ou encaminhar um(a) sucessor(a) progressista.

Se tudo der certo, a civilização tem perspectivas no Brasil.

Salvo esse otimismo, é preciso ver com atenção certos fenômenos de ativação da extrema direita “na base” da sociedade.

Não é novidade que o campo militar é uma dessas bases e os fatos recentes são preocupantes.

Preocupa porque tanto a PM de São Paulo (governado por um bolsonarista) quanto a da Bahia (de gestão PTista) estão nas estatísticas de matança sem precedentes no Brasil recente.

As PMs comandadas por campos políticos antagônicos têm algo em comum – estão virando organizações independentes dos governos, pautadas no uso da força para fazer justiça com as próprias mãos.

A PM mata induzida por um tipo de pensamento que está vivo dentro e fora da corporação.

Precisamos pensar sobre tudo isso no caminho da próxima eleição.

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O poema “Marabá” nos 200 anos de Gonçalves Dias

Neste 10 de agosto, quando da comemoração do bicentenário do múltiplo intelectual Gonçalves Dias, o poema Marabá merece destaque.

Pelos seus versos fala Marabá, de origem miscigenada, filha de europeu com indígena.

O poema explora o conflito identitário da protagonista, rejeitada entre seus pares indígenas e também entre os brancos porque é mestiça.

Marabá dialoga com o outro, interpelando-lhe à procura de respostas, em uma exuberante construção poética.

Veja o trecho inicial:

Eu vivo sozinha, ninguém me procura!

Acaso feitura

Não sou de Tupá!

Se algum dentre os homens de mim não se esconde:

— “Tu és”, me responde,

“Tu és Marabá!”

…….

— Meus olhos são garços, são cor das safiras,

— Têm luz das estrelas, têm meigo brilhar;

— Imitam as nuvens de um céu anilado,

— As cores imitam das vagas do mar!

……….

Se algum dos guerreiros não foge a meus passos:

“Teus olhos são garços”,

Responde anojado, “mas és Marabá:

“Quero antes uns olhos bem pretos, luzentes,

“Uns olhos fulgentes,

“Bem pretos, retintos, não cor d’anajá!”

………..

— É alvo meu rosto da alvura dos lírios,

— Da cor das areias batidas do mar;

— As aves mais brancas, as conchas mais puras

— Não têm mais alvura, não têm mais brilhar.

……..

Se ainda me escuta meus agros delírios:

— “És alva de lírios”,

Sorrindo responde, “mas és Marabá:

“Quero antes um rosto de jambo corado,

“Um rosto crestado

“Do sol do deserto, não flor de cajá.”

……….

— Meu colo de leve se encurva engraçado,

— Como hástea pendente do cáctus em flor;

— Mimosa, indolente, resvalo no prado,

— Como um soluçado suspiro de amor! —

…………….

“Eu amo a estatura flexível, ligeira,

Qual duma palmeira”,

Então me respondem; “tu és Marabá:

“Quero antes o colo da ema orgulhosa,

Que pisa vaidosa,

“Que as flóreas campinas governa, onde está.”

………..

— Meus loiros cabelos em ondas se anelam,

— O oiro mais puro não tem seu fulgor;

— As brisas nos bosques de os ver se enamoram

— De os ver tão formosos como um beija-flor!

………..

Mas eles respondem: “Teus longos cabelos,

“São loiros, são belos,

“Mas são anelados; tu és Marabá:

“Quero antes cabelos, bem lisos, corridos,

“Cabelos compridos,

“Não cor d’oiro fino, nem cor d’anajá,”

………….

E as doces palavras que eu tinha cá dentro

A quem nas direi?

O ramo d’acácia na fronte de um homem

Jamais cingirei:

……………

Jamais um guerreiro da minha arazóia

Me desprenderá:

Eu vivo sozinha, chorando mesquinha,

Que sou Marabá!

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Clausewitz para “ler” Oppenheimer

O filme “Oppenheimer” constrói a trama entre três campos sociais: o científico, o militar e o político. Entre eles, transita o campo filosófico, permeando os temas da moral e da ética.

Cientista renomado, Robert Oppenheimer lidera uma elite de pesquisadores para construir a bomba atômica, sob o argumento de que os Estados Unidos precisavam se antecipar na corrida nuclear contra os nazistas.

A pegada filosófica, no campo das ideias, percorre as três horas do longa. Embora reconhecido e adorado pelos seus feitos científicos, Oppenheimer vive assombrado pela acusação de ter pertencido ao partido comunista.

O imperialismo e o macarthismo (ação de “caça” aos comunistas, liderado pelo senador Joseph McCarthy) souberam usá-lo e descartaram seus serviços quando a tecnologia da bomba já era de pleno domínio dos militares.

As reflexões morais e éticas sobre a bomba ganham evidência na cena em que Oppenheimer tem um encontro com o presidente dos EUA Dwight Eisenhower. No diálogo, o cientista demonstra preocupação e certa dose de arrependimento sobre os futuros efeitos da corrida nuclear, considerando os danos causados em Hiroshima e Nagasaki.

Bem ali, naquele momento da narrativa, Oppenheimer cai na real, quando o presidente diz que o Japão e suas vítimas pouco se importavam com que idealizou a bomba e sim com quem autorizou o bombardeio – o presidente dos EUA.

O personagem de Eisenhouer, no filme, chega a ser sarcástico, quando sugere evitar novos encontros com o “bebê chorão” Oppenheimer.

A palavra final do presidente dos EUA pode ser lida com apoio do livro “Da guerra”, do general prussiano Carl von Clausewitz. A obra é considerada um tratado sobre a arte da guerra e uma das principais referências sobre conflitos bélicos.

General de campo e teórico, Clausewitz ensina que na guerra os objetivos políticos estão acima dos objetivos militares, sendo estes o meio para concretizar a estratégia.

Em síntese, Clausewitz é preciso ao apontar a subordinação da guerra à política e aos objetivos políticos, assunto de decisão exclusiva do Governo de um Estado.

Os ensinamentos do general e teórico prussiano ajudam a entender porque um gênio da Ciência foi devorado pelos interesses maiores da política imperialista dos Estados Unidos.

Dos quatro campos sociais agendados no filme, prevaleceu a combinação político-filosófica: o poder da força guiado pelas ideias da dominação.

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UFMA despreza orientação de TCC

Imagem destacada / Cerimônia de defesa do TCC: professor orientador Arnold Filho, professor membro da banca avaliadora Marcos Figueiredo, o estudante Lucas Gonçalves e o professor coorientador Ed Wilson Araújo

Causa indignação e total repúdio a omissão dos nomes dos professores orientadores do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do aluno autista Lucas Marques Araújo Gonçalves, do curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

Ele desenvolveu um excelente trabalho, intitulado “A popularidade dos artistas na Era de Ouro do rádio: a construção da celebridade de Emilinha Borba e Marlene”

Aluno brilhante, Lucas Gonçalves teve assistência dos tutores da Diretoria de Acessibilidade (Daces-UFMA), formada por uma equipe multidisciplinar que deu total apoio ao estudante.

Segundo a Daces, Lucas é o primeiro estudante com Transtorno de Espectro Autista (TEA) a concluir sua graduação na UFMA e foi aprovado com nota máxima (10) no TCC.

É muito importante também lembrar e registrar que ele teve orientador e coorientador; respectivamente, os docentes José Arnold da Serra Costa Filho e Ed Wilson Ferreira Araújo.

Foram dias e noites, horas e horas de trabalho, inclusive fora do horário normal da UFMA. Lembro especialmente de uma sexta-feira, quando tive de sair às pressas no início da missa de sétimo dia de uma família amiga para correr muito, chegar em casa 21h sem jantar e ter uma das tantas orientações. Isso sem contar as constantes demandas por WhatsApp, até nos fins de semana.

Apesar de todo esse esforço e trabalho, meu nome de coorientador não teve registro nas redes sociais da UFMA, conforme prints abaixo:

Publicação do Instagram sem os nomes do orientador e coorientador. O mesmo textão foi reproduzido no Facebook

A UFMA só registrou a orientação e coorientação na matéria do site (no último parágrafo!), mas omitiu a informação nos textões das redes sociais.

Para mim, professor Ed Wilson Ferreira Araújo, não é surpresa que a UFMA tenha deletado meu nome da orientação nas redes sociais.

Sigamos em frente. A luta continua.

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Gonçalves Dias: “Como eu te amo”

Como se ama o silêncio, a luz, o aroma,
O orvalho numa flor, nos céus a estrela,
No largo mar a sombra de uma vela,
Que lá na extrema do horizonte assoma;

Como se ama o clarão da branca lua,
Da noite na mudez os sons da flauta,
As canções saudosíssimas do nauta,
Quando em mole vaivém a nau flutua,

Como se ama das aves o gemido,
Da noite as sombras e do dia as cores,
Um céu com luzes, um jardim com flores,
Um canto quase em lágrimas sumido;

Como se ama o crepúsculo da aurora,
A mansa viração que o bosque ondeia,
O sussurro da fonte que serpeia,
Uma imagem risonha e sedutora;

Como se ama o calor e a luz querida,
A harmonia, o frescor, os sons, os céus,
Silêncio, e cores, e perfume, e vida,
Os pais e a pátria e a virtude e a Deus:

Assim eu te amo, assim; mais do que podem
Dizer-to os lábios meus, — mais do que vale
Cantar a voz do trovador cansada:
O que é belo, o que é justo, santo e grande
Amo em ti. — Por tudo quanto sofro,
Por quanto já sofri, por quanto ainda
Me resta de sofrer, por tudo eu te amo.

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Gonçalves Dias: Canção do Tamoio

I

Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar.

II

Um dia vivemos!
E o homem que é forte
Não teme da morte;
Só teme fugir;
No arco que entesa
Tem certa uma presa,
Quer seja tapuia,
Condor ou tapir.

III

O forte, o cobarde
Seus feitos inveja
De o ver na peleja
Garboso e feroz;
E os tímidos velhos
Nos graves concelhos,
Curvadas as frontes,
Escutam-lhe a voz!

IV

Domina, se vive;
Se morre, descansa
Dos seus na lembrança,
Na voz do porvir.
Não cures da vida!
Sê bravo, sê forte!
Não fujas da morte,
Que a morte há de vir!

V

E pois que és meu filho,
Meus brios reveste;
Tamoio nasceste,
Valente serás.
Sê duro guerreiro,
Robusto, fragueiro,
Brasão dos tamoios
Na guerra e na paz.

VI

Teu grito de guerra
Retumbe aos ouvidos
D’imigos transidos
Por vil comoção;
E tremam d’ouvi-lo
Pior que o sibilo
Das setas ligeiras,
Pior que o trovão.

VII

E a mãe nessas tabas,
Querendo calados
Os filhos criados
Na lei do terror;
Teu nome lhes diga,
Que a gente inimiga
Talvez não escute
Sem pranto, sem dor!

VIII

Porém se a fortuna,
Traindo teus passos,
Te arroja nos laços
Do inimigo falaz!
Na última hora
Teus feitos memora,
Tranqüilo nos gestos,
Impávido, audaz.

IX

E cai como o tronco
Do raio tocado,
Partido, rojado
Por larga extensão;
Assim morre o forte!
No passo da morte
Triunfa, conquista
Mais alto brasão.

X

As armas ensaia,
Penetra na vida:
Pesada ou querida,
Viver é lutar.
Se o duro combate
Os fracos abate,
Aos fortes, aos bravos,
Só pode exaltar.