A grande muralha humana de proteção a Lula, no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, provocou um recuo no cumprimento do mandado de prisão do petista, expedido pelo juiz Sergio Moro.
Cercado de militantes, parlamentares, governadores e prefeitos, lideranças dos movimentos sociais, artistas e intelectuais, Lula ganha fôlego e tempo para articular uma alternativa à prisão.
Além da rede solidária diretamente ligada à vida política e partidária, o petista lidera todas as pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial.
Uma eventual prisão, sem apoio da maioria da população, pode ter o efeito contrário ao planejado pela cúpula do Judiciário e da corporação midiática.
Enquanto a Globo e seus satélites aguardam o desfecho final de uma prisão humilhante, a ser narrada com o tom da derrota petista, o povo na rua escreve outro roteiro – da resistência.
A decretação da prisão de Lula, se por um lado regozijou Sergio Moro, por outro acendeu a chama da indignação popular.
Os atos de solidariedade ultrapassaram as barreiras de São Bernardo do Campo e ganharam o país.
Fora do Brasil Lula também é acolhido por manifestos e moções de apoio, denunciando o golpe contra a democracia.
Lula está vivo, firme e forte, transformado em um ente coletivo. Agora, são milhões de “lulas”.
O tempo dirá se ele, com apoio do povo, vencerá a guerra contra Sérgio Moro.
A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), na madrugada de hoje, negando o habeas corpus para Lula, coloca o petista na iminência da prisão e correndo o risco de ficar fora do processo eleitoral na condição de candidato.
Se até esta madrugada o PT acreditava que era possível o STF construir um entendimento para livrar Lula, agora o partido cai na real e precisa redirecionar a estratégia.
Os recursos que restam junto aos tribunais serão apenas protelatórios. Os analistas políticos mais pé no chão, sem as paixões exageradas, dão como certa a prisão de Lula.
Ele será recolhido em espetáculo televisivo hollywoodiano, com requintes de humilhação, dando aos manifestoches novas motivações para ir à rua com sangue nos olhos.
Resta ao PT e ao conjunto das forças democráticas a ofensiva na rua, mobilizando o povo para manter acesa a chama da democracia, com ou sem Lula na eleição.
Não se trata mais da defesa de uma candidatura, mas de garantir o que sobrou da democracia.
As forças democráticas e progressistas precisam de unidade mínima para garantir as eleições de 2018, diante das ameaças de intervenção militar.
Se antes o bordão era “eleição sem Lula é golpe”, agora tem de ser “queremos eleições” como bandeira mínima na regra do jogo democrático.
Com Lula fora do jogo, o PT precisa encontrar uma saída com um nome próprio ou fazer aliança no campo progressista.
Chegou a hora de a base petista retomar a rua como principal lugar da guerra. Nos tribunais, a batalha está perdida.
Líderes jovens desembarcam nesta sexta-feira, 6 de abril, na cidade de Arari, para a I Reunião Ampliada do Fórum de Políticas Públicas de Juventude da Baixada Maranhense. A intenção é discutir propostas para diminuir o avanço da violência nas cidades da região e criar um comitê de discussão permanente com diversas organizações existentes na Baixada.
O evento será realizado na sede do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Arari e reunirá 60 líderes de várias organizações da Baixada Maranhense, como Fóruns de Juventude, Grêmios Estudantis, Conselhos Municipais de Juventude, Secretarias e Coordenações de Juventude, Pastoral da Juventude e Movimentos Evangélicos e outras organizações que trabalham com o setor em municípios da nossa região.
Na programação, além de criar uma Agenda Positiva do Fórum Regional de Juventude, será feita uma Mesa Redonda com diversas organizações da região para discutir a segurança pública. Entre os convidados estão a Secretaria de Estado da Juventude, Labex/Uema, Instituto Baixada, Instituto Formação, União de Vereadores da Baixada, Promotoria de Justiça e Fórum em Defesa da Baixada Maranhense.
O pré-candidato a presidente da República pelo PSOL, Guilherme Boulos, cumpriu agenda intensa na região tocantina e em São Luís.
Na UFMA, ao fim da tarde, lotou o auditório Ribamar Carvalho, na Área de Vivência, falando para estudantes, professores, militantes de movimentos sociais e lideranças partidárias.
Fazia muito tempo que aquele auditório não via tanta gente reunida para ouvir um líder partidário em tempos de despolitização da sociedade.
Marielle estava presente a todo momento. O assassinato dela, que teve o objetivo de intimidar as pessoas, transformou-se em movimento e ação.
Boulos é o porta-voz de um sentimento coletivo pela recomposição da política que vai, aos poucos, reconquistando os órfãos da utopia.
Ele foi direto ao ponto. A jornada eleitoral é um momento importante, mas só vale a pena se for para virar a mesa, mudar profundamente.
“A disputa não é para administrar esse sistema e sim para transformar”, cravou.
Democracia só faz sentido com participação, tendo o povo no centro do jogo, para acabar com o abismo entre Brasília e o Brasil.
Boulos encerrou o discurso com a tônica da solidariedade a Lula. Há diferenças em relação ao petista, mas não pode haver condenação injusta, demarcando o entendimento de que o golpe não é só contra o PT.
Com objetividade e clareza da conjuntura e da estrutura, disse que não adianta ganhar a eleição e tentar construir acordos com as máfias que controlam o país.
Em síntese, a palestra de Boulos sistematizou três ideias principais: a democracia indissociável da participação popular, radicalizar a distribuição de renda com uma profunda reforma tributária, manter uma agenda permanente com as maiorias violentadas e excluídas: mulheres, negros, LGBT e índios.
Fez referência especial à sua companheira de chapa na pré-candidatura, a liderança indígena Sonia Guajajara, finalizando com uma frase simbólica para os tempos de pragmatismo em alta voltagem: “a nossa vida não acaba nas eleições”.
A entrevista com o pré-candidato a presidente pelo PSOL, Guilherme Boulos, que seria concedida à rádio web Tambor, foi adiada devido à agenda lotada do convidado e atrasos provocados pelo descolamento em São Luís.
A rádio web Tambor estreia nesta terça-feira (3 de abril) o programa Jornal Tambor, com duas entrevistas. A emissora vai receber o pré-candidato a presidente da República pelo PSOL, Guilherme Boulos; e o líder indígena Inaldo Kum`tum Akroá Gamela.
O Jornal Tambor vai ao ar às 11 horas da manhã e pode ser acessado neste site. As entrevistas também serão transmitidas nos perfis das redes sociais da Agência Tambor. (https://www.facebook.com/agenciatamborradioweb/)
Além da veiculação na web e pelas redes sociais, o Jornal Tambor será disponibilizado para retransmissão nas emissoras comunitárias vinculadas à Abraço (Associação Brasileira de Rádios Comunitárias no Maranhão), entidade que integra a Agência Tambor, juntamente com o jornal Vias de Fato e a Teia de Povos e Comunidades Tradicionais, com apoio do movimento sindical.
Para acompanhar as entrevistas, nesta terça-feira (3), acesse o site agenciatambor.net.br
Veja o perfil dos entrevistados:
Guilherme Boulos
É membro da Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e pré-candidato a presidente da República pelo PSOL.
Inaldo Kum`tum Akroá Gamela
Agente pastoral, foi coordenador da Comissão Pastoral da Terra no Maranhão (CPT-MA). Indígena Gamela, vive hoje novamente na Baixada maranhense, lutando ao lado do seu povo pela retomada das terras que lhes foram roubadas.
Karina Waleska atua na rádio comunitária Alcântara FM, é graduada em História, tem especialização em Gestão da Cultura e é diretora do Museu Casa Histórica de Alcântara
Fé, amor, devoção e emoção em contraste com um cenário histórico marcaram a tradicional Via Sacra de Alcântara. Crianças, jovens e adultos se reuniram no propósito de recriar o fato mais importante da história do Cristianismo em uma peça cheia de surpresas e comoção. O espetáculo começou no Largo do Carmo e encerrou-se na Praça da Matriz.
Centenas de pessoas percorreram, nesta Sexta-Feira Santa (30), os principais pontos turísticos da cidade histórica de Alcântara atentos a cada detalhe da Paixão de Cristo. A peça foi realizada pela Companhia de Teatro Culturarte com o apoio da Prefeitura de Alcântara.
Para Karina Valesca, escrever a Paixão de Cristo é uma experiência única, que fica para a vida inteira. “Quando a gente começa se aprofunda na história de Jesus é muito emocionante. Aprendemos a ter mais fé a cada dia de estudo. E ver essa história sendo encenada em praça pública é impagável”, destacou a escritora.
De acordo com a espectadora Maria dos Remédios, a Via Sacra é emocionante ainda mais quando apresentada nas ruas de Alcântara. “Os casarões, as ruas de pedras e as ruínas deixaram esse espetáculo mais original. Durante a peça senti que minha fé se renovou, porque foi lindo e cheio de vida tudo que vi”, disse Maria.
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O jornalista, secretário de Formação do PT no Maranhão e pré-candidato a deputado estadual, Luiz Henrique, vem percorrendo todas as regiões do estado com uma mensagem de esperança, renovação e força junto à militância petista. Firme na defesa de Lula, Dilma e das conquistas alcançadas nos mandatos presidenciais do PT, ele tem diálogo permanente com as bases em diversas atividades do partido. Nas suas incursões pelos mais longínquos municípios está conhecendo melhor as experiências e os potenciais produtivos do Maranhão, seja de empresas ou de comunidades rurais quilombolas.
Na Secretaria de Formação, Luiz Henrique segue determinado no trabalho de levar mais oportunidades de qualificação aos militantes e dirigentes do partido. Uma delas é o Curso de Difusão de Conhecimento, articulado junto à Fundação Perseu Abramo, que já foi realizado em Coelho Neto, Pedreiras e será replicado em Imperatriz, para a região tocantina, e em São Luís.
Nessa entrevista, Luiz Henrique faz um balanço da situação do PT, analisa os desdobramentos do golpe e especula sobre os cenários de 2018.
Blog – Qual a situação do PT atualmente, após o golpe que tirou o mandato da presidente Dilma Roussef? Está acuado ou ainda pulsa?
Luiz Henrique – O PT pulsa forte. E ainda bem que assim seja. O PT é tão necessário para a jovem democracia brasileira e creio que o povo percebeu isso muito rapidamente, bastou um ano e alguns meses pós-golpe parlamentar e derrubada da presidenta Dilma. De repente nos vimos em um retrocesso de direitos e conquistas duramente conseguidos. Há pouco mais de um ano, em uma bem orquestrada narrativa da Globo e grande mídia, estávamos carimbados e identificados como partido da corrupção. Hoje voltamos a ser, aos olhos do povo, o que realmente somos, um partido identificado com direitos e a luta dos interesses da classe trabalhadora. Pesquisa recente aponta que somos líderes no item partido confiável para 19% da população. O segundo lugar tem 5%. O PT pulsa forte. E, como partido de massa e quadros, se reinventa. O tempo de ficar acuado, passou.
Blog – O fenômeno Lula é determinante no PT. Alguns analistas chegam a dizer que o lulismo é maior que o PT. Você concorda com essa avaliação?
Luiz Henrique – Lula um dia vai passar e será memória e história, o PT não. Em grande medida Lula e PT se confundem, criador e criatura se harmonizam. O Partido dos Trabalhadores não é só o pensamento, história, conceito, concepção, ideais e luta de Lula. Ele também é minha história, a trajetória de milhões de brasileiros, o ideal de tantos militantes, vivos ou que já não estão entre nós, como Chico Mendes, de pessoas que nem são filiadas ao PT. Aliás, costumo dizer que o maior número de filiados não é o que consta no cadastro do partido, mas o que está nas ruas. Gente que não sabe que é PT, mas é; os que têm vontade de ser; e os que têm consciência que são, sem vínculo de filiação.
Lula sintetiza e encarna essa luta, essa história, esse projeto de país que defendemos. Lula tem o traço pessoal do carisma, da fala compreensível às massas. Lula é um fenômeno político da natureza. Daqui a 100 anos estarão falando de Lula, pelo que é, pelo que fez como presidente, pelo que representou para a consolidação democrática do Brasil, e por realizar um outro país possível, com inclusão social. Contudo, o PT não é um legado de Lula. É o contrário, Lula é que é um legado petista. O PT é maior do que ele.
Blog – Nas suas andanças pelos municípios do Maranhão, o que mais incentiva você a permanecer no PT?
Luiz Henrique – O aceno positivo de cabeça da maioria das pessoas do povo, com quem temos conversando, toda vez que falo da nossa experiência de governo, quando comparo o que fomos para o povo e como era a vida no passado e no presente.
Reafirmo que estou no caminho certo, quando ouço uma senhorinha dizer que se decidirem prender Lula, ela vai pedir para ficar na cadeia no lugar dele… Ouvi isso nas minas andanças. Dona Francisquinha, uma mulher do povo, dizendo que ela e os filhos ficaram livres foi de prisão maior, que era a fome, a falta de perspectiva. Hoje, diz ela: “tô alimentada e tenho filho doutor. 10 anos de cadeia pra mim é nada”.
A seu modo, o povo sabe que Lula pode ser preso, não por erros, que nesse caso do tal triplex não cometeu, mas pelos acertos e opção de seu governo na direção do povo, gente como dona Francisquinha, de quem escutei essa declaração. Isso é que me dá a certeza da luta e do lado que estou. Assim, sigo petista.
Blog – Poderia citar um exemplo de petistas ainda autênticos e como estão fazendo o partido com base em princípios?
Luiz Henrique – O que não falta ao PT são bases autênticas. Quer ver um exemplo: todos devem lembrar de Valdinar Barros deputado, mas antes de tudo Valdinar é um trabalhador rural. Sabe onde era comum encontrar Valdinar depois que ele perdeu eleição? Na roça. Valdinar ia pra roça, resolver no seu lote de terra, conquistado na luta na região de Imperatriz, o sustento de sua família. Agora imagina qualquer deputado de qualquer outro partido viver essa experiência?!.
Valdinar é apenas um exemplo de que o PT teve a ousadia de eleger um lavrador para ser um dos 42 deputados do Maranhão e, ao não se reeleger, voltar a ser o que é, sem ascender econômica e socialmente por conta de uma função pública. O que acontece com o companheiro Valdinar é recorrente no PT. Olívio Dutra, depois de ser governador do Rio Grande do Sul, voltou a ser caixa de banco Banrisul, onde era servidor.
Hoje Valdinar está contribuindo com sua experiência parlamentar e de vida com a prefeitura de São Francisco do Brejão, como secretário de Agricultura, mas não tenho dúvidas que se precisar voltar pra lida na enxada, o fará. Ao seu modo revela sua consciência de classe.
Quer ver outro exemplo, há poucos dias atrás o PT de São Roberto, que compunha o governo municipal, com três Secretarias Adjuntas (Obras, Saúde e Agricultura); uma Secretaria titular e outros postos, todos pediram exoneração dos cargos, haja vista o prefeito condicionar a permanência dos petistas na gestão, mas tendo que votar em candidatos a deputado federal e estadual dos compromissos assumidos por ele, prefeito. A resposta do autêntico PT de São Roberto foi não!. Eles têm compromisso e fidelidade é de votar em candidaturas do PT. Aí não contaram conversa, saíram todos dos 21 cargos de confiança que ocupavam. Quer mais autêntico e movido a princípios que isso? Será que não fará falta o que ganhavam? Claro que sim, mas primeiro os princípios.
Blog – A tendência Mensagem ao Partido fez recentemente um encontro e mudou a denominação para Resistência Socialista. Ainda é possível reencantar o PT com o socialismo?
Luiz Henrique – O reencantar é diário. Como disse antes, um partido como nosso, cuja força motriz é o povo e sua base social organizada em sindicatos, ONGs, movimentos ligados a terra, como MST; ou a comunicação, como Abraço; ou ao meio ambiente; a cultura, vive de se reinventar.
As histórias de vida que acabo de citar são ou não encantadoras? Desafiadoras? O surgimento de uma nova corrente política, como agora a Resistência Socialista, é também um reinventar, um reencantar. É um balançar na zona de conforto do PT e de pessoas. A palavra tem poder; assim, quando sustentamos a denominação de uma força política interna ao partido na resistência e no socialismo, estamos nos afirmando.
O capitalismo é hegemônico no mundo desde que o mundo é mundo, mas é o socialismo que liberta o homem da opressão, da miséria. No Brasil o socialismo nunca foi tão necessário. Os ventos de ódio, intolerância e quebra de direitos e conquistas são fortes e ameaçadores. Somente o muro do socialismo, a consciência de classe, será capaz de barrar as extremas desigualdades do capitalismo.
Blog – O que é o curso Difusão de Conhecimento e como está sendo recebido nas bases do PT?
Luiz Henrique – A Difusão do Conhecimento é uma iniciativa da Fundação Perseu Abramo, entidade da estrutura petista de organização, que resolveu fazer um curso, com duração de três meses, um curso a distância, aberto à sociedade e não só aos quadros partidários. A finalidade é dar condições de análise crítica da história contemporânea, explicando como o mundo se move na perspectiva dos interesses do grande capital e da classe trabalhadora. O curso visa contribuir com a capacidade de criticidade da população na interpretação desse processo.
Blog – Qual o papel da Secretaria de Formação do PT nesse cenário de crise e pós-golpe?
Luiz Henrique – Em qualquer circunstância, o papel de uma Secretaria de Formação é fundamental. Ainda mais quando enfrentamos um ambiente com essa complexidade. Portanto, nosso papel é formar nossos quadros para intervir com clareza e conhecimento de causa nos desafios a nós apresentados pela conjuntura. É disseminar o debate interno, para que a partir daí ele ganhe espaço na sociedade. É sustentar, com base e dados, o projeto de país que nós queremos, do mundo que desejamos. É preparar nossos quadros na defesa do nosso legado de governo e concepção.
Tenho pautado a postura da Secretaria de Formação nessa perspectiva. Já realizamos duas etapas do curso no Maranhão, formando duas turmas de 80 participantes cada, a do leste, cuja aula inaugural foi em Coelho Neto, e agora, neste final de semana, no Mearim, em Pedreiras. Até o final do primeiro semestre, iremos realizar mais duas etapas: São Luís, previsto para 1º de junho; e dia 3 de junho em Imperatriz, cobrindo assim a região tocantina.
Blog – 2018 será um ano fundamental para a política. Quais os seus palpites para a situação de Lula?
Luiz Henrique – Creio que dificilmente Lula será preso. Prender Lula sem prova, só com a convicção do Moro e do MPF, é desmoralizar de vez a Justiça. Fará Lula ficar maior do que ele é. A prisão vai trazer todos os olhares do mundo para o Brasil e matar a nossa jovem democracia, que nada será, senão um simulacro do estado democrático. A prisão pode transformar Lula, de novo, em um preso político. Mas hoje, ao contrário de ontem, aos olhos do Brasil e do mundo, ele não é um anônimo. Prender Lula pode ser o que a bala que matou Vargas representou: o estopim para a intifada tupiniquim, pode provocar a revolta dos anônimos, como da dona Francisquinha, que se submete até a ficar presa no lugar dele. Para eles, 10 anos é nada. Pra nós petistas também.
Até o momento a sociedade, até porque está dividida, tem permanecido anestesiada, diante da seletividade da Justiça em relação às punições ou tentativas, a Lula e a petistas, mas se prenderem Lula sem provas, vai faltar presídio no Brasil. A porta da cadeia estará aberta para os tantos Gedel, Paulo Preto, Aécio Neves, Azeredo, Moreira, Jucá, Temer e sua gangue. Contra eles, ao contrário de Lula, há malas e até apartamento de dinheiro e provas em abundância.
Há alguns meses, escrevi um artigo e afirmei que não há eleição sem Lula. Mesmo que consigam impedir a candidatura, não impedirão que ele aponte seu voto. Traduzindo: seu voto será o sinal de quem ele indica para substituí-lo em 2018. O Brasil vai virar milhões de Lulas, a substituir o voto que ele não poderá dar em si mesmo.
Penso também que dependendo do tamanho que Lula chegue em agosto, se chegar com a força descomunal das ruas, ele será candidato, porque a elite é tudo, menos doida e burra. Vai preferir governar com Lula do que deixar ele governar com o povo, ou seja, creio que Lula ganha eleição com Lula ou sem Lula. Lula só perderá se não tiver eleição. Isso é possível? Sim, infelizmente é possível.
Blog – Em relação ao cenário maranhense, qual a sua avaliação sobre a posição do PT nas eleições de 2018. Vai repetir a aliança com Flávio Dino?
Luiz Henrique – Se depender do meu voto como dirigente e como delegado no encontro de tática eleitoral, sim. Flávio Dino representa no Maranhão o que Lula representa no país, precisa da unidade das forças populares, democráticas e de esquerda. Não há dúvidas que o Maranhão é outro. Quando me perguntam qual o legado do governo Flávio Dino, não me restrinjo às políticas implementadas, tais como Mais IDH, IEMA, Escola Digna, finanças austeras, que permite pagamento de salários e serviços, crescimento PIB, em muitos anos, agora o maior do país. Nada disso. O que me convence é a opção de pela primeira vez experimentarmos o republicanismo. Um estado sem dono, por isso voto Flávio Dino.
Mas, tem sempre um “mas”, precisamos pensar também nos interesses do PT. Não dá pra não ter protagonismo. Com o cenário que se apresenta, não dá para o PT ser menor que os partidos golpistas DEM, PRB, PPS e demais especulações possíveis. Temos militância, história, tempo de TV e Lula. Precisamos debater qual o espaço digno do PT nessa composição. Pelo beiço, não.
Blog – E o cenário das eleições proporcionais? O partido vai assegurar as bancadas atuais ou ampliará?
Luiz Henrique – O PT vai só para eleição proporcional, há consenso de não fazer coligação. Com as candidaturas que temos, para deputado estadual elegeremos dois deputados, com possibilidade de um terceiro se ampliarmos a chapa e uma boa campanha de legenda, puxada por Lula ou por uma candidatura ao Senado. De igual modo, para federal, até em razão da legislação, que aproveita a sobra, se o partido não atingir o quociente eleitoral, faremos um deputado federal. Qualquer ampliação é possível, mas dependerá da chapa e legenda. Nesse cenário, em todas as bolsas de apostas, tenho ficado bem posicionado.
Blog – Por que você está disponibilizando o nome para ser avaliado em 2018?
Luiz Henrique – Nem foi uma decisão minha. Claro que passou por mim, mas a decisão foi do mesmo agrupamento político que elegeu o deputado Zé Carlos por duas vezes. É uma decisão avalizada por dois dos sete prefeitos petistas e demais lideranças da Resistência Socialista, tendência política que milito internamente no PT.
Os companheiros compreendem que estou pronto para exercer um mandato de deputado estadual, que posso contribuir com o PT e com um governo de esquerda, como é o governo Flávio Dino. Estão nesse projeto coletivo homens e mulheres, juventude, lideranças de vários segmentos sintonizados na concepção de que podemos disputar o futuro, que precisamos estar à altura do pós-Flavio Dino. Esses fatores me fizeram candidato.
Muito mais que a escolha de um nome, existe um projeto coletivo em torno da defesa da educação pública de qualidade, da reforma agrária, da questão ambiental, das minorias, dos quilombolas, indígenas, quebradeiras de coco, ou seja, outro modelo de desenvolvimento para o estado, que priorize os recursos naturais, a vocação local de cada região.
Blog – Qual é o sentido da política na sua vida?
Luiz Henrique – A política é intrínseca a todos e todas. Todo mundo faz política. Fiz política eclesial na igreja; quando estudante, no movimento secundarista; política no movimento social, sou ex-presidente da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (Abraço) no Maranhão; faço política partidária desde 1989, quando me filiei no PT, e tive que esperar um ano para que acatassem meu pedido no diretório municipal de Pedreiras. Assim sigo. Quando me perguntam porque me dedico à política, respondo que toda pessoa honesta costuma ter preconceito na ocupação desse espaço. O problema, como disse Luther King, é o silêncio dos bons. Se não ocuparmos esse espaço, os bons sempre reclamarão dos maus, do que fazem da política. Se depender de mim, vamos disputar com eles, os maus políticos, para a política ser espaço dos bons.
O programa “Trem das CEBs*”, apresentado todos os sábados à tarde, na rádio Educadora AM 560 Khz, fez hoje uma significativa demonstração sobre a convivência entre pessoas e práticas religiosas diferentes.
No estúdio, para dialogar sobre a Páscoa, estavam representantes do catolicismo, de religião de matriz africana e um pastor luterano. Todos expuseram seus pontos de vista sobre os sentidos da ressurreição de Jesus Cristo.
Apresentado por Cesar Soeiro, Ramon Alves e Neguinho, o “Trem das CEBs” promoveu um diálogo saudável, dando oportunidade para a audiência compreender a Páscoa e as interpretações de variadas concepções e práticas religiosas sobre esse tema celebrado em todo o mundo.
Em tempos de fundamentalismo político e religioso, a rádio Educadora AM, pertencente à Igreja Católica, deu uma significativa demonstração de tolerância, ecumenismo e respeito às diferenças.
O programa “Trem das CEBs” reforça o sentido pleno do rádio como uma plataforma de comunicação educativa.
Fica a sugestão para que o exemplo da Educadora AM seja seguido pelas emissoras controladas por evangélicos. A audiência ganha muito quando um tema religioso é abordado por padres, pastores e pais de santo em diálogo sobre fé e História, admitindo a diversidade.
O que é Comunidade Eclesial de Base
Segundo o site Vida Pastoral, as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) surgiram no Brasil como um meio de evangelização que respondesse aos desafios de uma prática libertária no contexto sociopolítico dos anos da ditadura militar e, ao mesmo tempo, como uma forma de adequar as estruturas da Igreja às resoluções pastorais do Concílio Vaticano II, realizado de 1962 a 1965. Encontraram sua cidadania eclesial na feliz expressão do Cardeal Aloísio Lorscheider: “A CEB no Brasil é Igreja — um novo modo de ser Igreja”.
O pássaro bem-te-vi é tão significativo em São Luís que deveria ser informalmente declarado patrimônio imaterial da sonoridade na Ilha do Amor
Meu bairro da infância e adolescência, o Apeadouro, é um laboratório para a vida inteira. Sempre que vou lá visitar a minha mãe, na rua Sousândrade, tenho lembranças. Uma delas é o hábito de botar apelido nos outros. Naquela época, o bullying ainda não tinha a visibilidade dos tempos atuais, embora já fosse uma prática muitas vezes grosseira.
No Apeadouro tinha apelido para todos os gostos. Eu era menino magrelo demais, parte da genética e também por queimar muitas calorias jogando bola na rua até escurecer. De tão franzino, ganhei apelido de bem-te-vi, carimbado por um homem grisalho, de voz grave, onde eu sempre levava sapatos para consertar. Ele próprio tinha apelido – Chapolion – e eu nunca soube seu nome de batismo.
Toda vez que eu ia entregar ou receber sapatos e sandálias na oficina de Chapolion, ele me recebia com um sorriso e a característica saudação “fala, bem-te-vi”. Nunca me incomodei com aquele codinome, talvez por isso o apelido não tenha colado.
Fato é que carreguei essa lembrança a vida toda e um carinho especial por esse pássaro, cantado em tantas músicas, narrado na literatura de Josué Montello e nome de um jornal importante na Balaiada – “O Bem-Te-Vi” – porta-voz das forças políticas urbanas que se opunham ao poderio dos comerciantes portugueses e proprietários de terras, na primeira metade do século XIX.
O pássaro bem-te-vi é tão significativo em São Luís que deveria ser informalmente declarado patrimônio imaterial da sonoridade na ilha do amor.
Nesta sexta-feira Santa de 2018, nos primeiros clarões do dia, eles já estavam quebrando o silêncio e nos convidando a refletir sobre a Paixão de Cristo e o significado da cerimônia do lava pés.
Fiquei uns minutos ouvindo o canto deles, aprendendo com os pássaros o sentido da humildade num tempo de tanta arrogância, fundamentalismo, agressões e intolerância.
O canto do bem-te-vi inspira o sentido do diálogo. É sempre responsivo, se proclama no encontro com o outro, em sintonia.
Há sempre uma doação na cantoria deles. Sábado de Aleluia e Domingo de Páscoa são dias bons para ouvir os bem-te-vis e capturar deles o sentido da solidariedade.