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Pesquisa sobre mapeamento de grupos de bumba meu boi tem apoio do Sebrae

O trabalho de mapeamento dos grupos de bumba-meu-boi da Grande Ilha – Caminhos da Boiada –,realizado há um ano pela professora doutora Letícia Cardoso, do Departamento de Comunicação da UFMA, por meio do Grupo de Estudos Culturais do Maranhão (Gecult), ganha a adesão do projeto de Economia Criativa do Sebrae em sua segunda etapa.

Após a conclusão dos primeiros dados do mapeamento, que já contempla dados de quase 90 grupos de bumba meu boi, em seis sotaques, o projeto em sua nova fase agrega a continuidade da coleta de dados visando a identificação de todos os grupos localizados nos municípios de São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa e outros que, mesmo originários do interior do estado, tem sedes na capital.

A participação do Sebrae contempla também a geração de conteúdo para o ambiente digital, documentação em áudio visual, construção de site e de um aplicativo que vão tornar bem mais ágil o acesso às informações coletadas. Outra vertente será a articulação com as ações de Turismo Criativo, tomando as informações como base para criação de roteiros de turismo de experiência e de base comunitária.

“Com essa parceria, vamos fortalecer as práticas culturais de empreendedores criativos pertencentes a esses grupos, valorizando um trabalho que é desenvolvido durante o ano inteiro pelos grupos de bois e, ao mesmo tempo, planejar para a qualificação e preparação desses criativos para captar recursos e empreender com sustentabilidade”, explica a coordenadora de Produtividade e Tecnologia na Inovação do Sebrae, Danielle Abreu.

Mapeamento mostra vigor do bumba-meu-boi

Há um ano, o projeto Caminhos da Boiada trabalha na perspectiva de identificar quem são e onde estão instalados grupos da brincadeira na Grande Ilha. Os dados levantados mostram a existência de cerca de 90 grupos em atuação no território. A previsão é que os dados já coletados estejam disponíveis em ambiente digital até o mês de julho.

Pesquisadores da UFMA visitam, na primeira etapa, brincadeiras como o Boi Brilho da Ilha / Imagem: Ascom Sebrae

O trabalho é fruto do Grupo de Estudos Culturais do Maranhão (Gecult), da UFMA, associado ao programa de pós-graduação em Comunicação da instituição, o PPGCOM. Coordenado pela pesquisadora Letícia Cardoso, do PPGCOM de Imperatriz e docente do Departamento de Comunicação da UFMA, o grupo conta ainda com pesquisadores colaboradores das áreas de Turismo (prof. David Bouças) e Informática (prof. Francisco Silva), além de alunos de mestrado nos três campos de conhecimento, em um total de 11 pessoas.

A ideia do mapeamento surgiu da constatação da ausência de dados atualizados sobre os grupos como base para projetos de pesquisa e formulação de políticas para o setor cultural. E também das necessidades dos grupos no que se refere à preparação para empreender e captar recursos.

“Em nossas pesquisas, de forma recorrente, precisávamos de contatos e informações sobre os grupos e não tínhamos onde encontrar. Isso gerou inquietação, até decidirmos construir o mapeamento, incluindo dados como endereço, localização georreferenciada, nomes dos líderes, telefones, sotaques, redes sociais dos grupos”, explica a professora Letícia Cardoso. Esses dados, completa ela, “servirão para a formulação de ações de apoio aos grupos ao longo do ano e também para perpetuar e difundir essa importante expressão do patrimônio imaterial brasileiro, que é o bumba meu boi”.

Imagem destacada / Projeto identifica grupos de bumba meu boi na Grande Ilha: exuberância para além dos arraiás / Fonte: Ascom Sebrae

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Fenaj convoca categoria para novo Dia Nacional de Luta em Defesa do Diploma

Nessa sexta-feira (16/06), véspera da data em que completam 14 anos da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que derrubou o critério impessoal e transparente de acesso à profissão de jornalista no Brasil, a categoria volta às redes sociais em mais um Dia Nacional de Luta em Defesa do Diploma. A mobilização digital é organizada pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e seus 31 sindicatos filiados.

“Trata-se de mais um chamamento público à categoria e à sociedade, para que pressionem a Câmara dos Deputados a votar a Proposta de Emenda Constitucional 206/2012, restituindo a formação de nível superior específica em Jornalismo no país”, explica a presidenta da Fenaj, Samira de Castro.

A proposta é de que os jornalistas vistam-se de azul para trabalhar, façam vídeos e/ou fotos, publiquem em suas redes sociais, marcando a Fenaj e o seu Sindicato nas postagens. Às 15h da sexta-feira (16/06), haverá tuitaço e instagramaço, com as hastags #PECdoDiploma e #AprovaPECDoDiplomaJá. “Também orientamos a marcar os deputados e deputadas federais de seus estados, pedindo o voto favorável à matéria”, diz Samira.

De acordo com a dirigente sindical, passada mais de uma década, a decisão do STF de derrubar o diploma de jornalista se mostrou equivocada. “Ao retirar do Jornalismo o seu caráter profissional, a mais alta corte brasileira ajudou a pavimentar o caminho que levou às fake news”, afirma, destacando a emissão indiscriminada de registros profissionais para pessoas não habilitadas e sem compromisso com a ética profissional.

Para o jornalista Edson Luiz Spenthof, professor de Direito e Políticas de Comunicação do Curso de Jornalismo na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT – Campus Araguaia), ao retirar o diploma, “levou-se adiante um projeto de desregulamentação geral da comunicação e se enfraqueceu o jornalismo como poderosa ferramenta do cidadão para a realização do seu direito inalienável à informação sobre o tempo corrente”.

Sobre a PEC do Diploma

A PEC 206/2012 é oriunda do Senado (e de autoria do então senador Antônio Carlos Valadares), onde foi aprovada em 2012, por ampla maioria de votos. Na Câmara dos Deputados, foi apensada a outras propostas de igual teor, entre elas uma de autoria do hoje ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República, Paulo Pimenta. Passou por uma Comissão Especial, sendo relatada pelo deputado Daniel Oliveira (PCdoB/BA) e aprovada simbolicamente. Portanto, a matéria está pronta para ir a plenário. Para sua aprovação, necessita de, no mínimo, 308 votos.

Uma vez aprovada, a PEC não retroage para cassar os registros profissionais emitidos de 2009 até a data da sua promulgação. “A lei trata de critério de acesso para quem exerce o Jornalismo profissionalmente, ou seja, de maneira habitual e remunerada. Comunicação é outro patamar. É uma condição humana, portanto, de livre exercício e prática”, reforça Samira de Castro, explicando que a volta do diploma não interfere, por exemplo, na atuação de comunicadores populares.

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Flavio Dino no STF?

O noticiário do meio de semana aponta que os ministros da Justiça, Flavio Dino; e dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, estariam disputando a próxima vaga do Supremo Tribunal Federal (STF), que será aberta com a aposentadoria da ministra Rosa Weber.

O STF pode até ser uma aspiração de Almeida. Já Flávio Dino está totalmente focado na Presidência da República, na herança do lulismo e na liderança do centro liberal no Brasil.

Dino já entrou na fila de presidenciável e conseguiu se posicionar bem rápido e colado em Fernando Haddad, o preferido de Lula para a sua sucessão.

Dino já é presidenciável. Precisa só resolver o time, se será candidato em 2026, 2030, 2034…

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Contradições na área ambiental

O governo Lula anuncia investimento de 10 bilhões de reais da União Europeia para investimentos em ações ambientais no Brasil.

No Congresso Nacional, a bancada ruralista pressiona o governo para aprovar agendas retrógradas.

Há um paradoxo complexo nessa relação.

A boiada da extrema direita vai passando e o governo atrai recursos para compensar os danos ambientais.

No final das contas, ainda teremos floresta de pé? Ainda teremos água no cerrado?

Ainda teremos um país?

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Um homem chamado cavalo

Eloy Melonio *

Será que existe alguém que nunca foi chamado — carinhosa ou depreciativamente — por um “nome” que não fosse o seu?

Na corrida presidencial de 2022, dois nomes subiram ao palco do circo político-eleitoral. E, sob um clima hostil, o mais ferrenho apoiador de um tentava “rasgar a jardineira” do outro: “E isso não é só um apelido não; ele é isso mesmo”.

Durante a tirania de Villegagnon, oficial naval francês (1558) que tentava estabelecer a França Antártica na costa brasileira —erradicada por forças portuguesas —, os protestantes franceses recém-chegados chamavam-no pelo infame epíteto de Caim, o filho de Adão e Eva.

E foi assim — num quase arroubo de saudosismo — que me veio a ideia de passear na praia dos apelidos. E tentar descrevê-los — segundo a intenção do emissor ou a reação do receptor — como “carinhosos”, “pejorativos”etc. E eles são assim mesmo: ora nadam nas águas do bem; ora nas águas do mal. E não raro se escondem sob a onda do tanto faz.

Não se sabe ao certo quando surgiram, mas já fazem barulho há bastante tempo. Porque é da nossa natureza exaltar um amigo ou rebaixar um desafeto. Ou simplesmente destacar a imagem de alguém com um nome diferente. Se você duvida, é só perguntar ao Adamastor Pitaco.

Nunca me esqueci de um vizinho de sete anos que tinha a língua presa. Quando zangado com um amiguinho, não pensava duas vezes para soltar seu insulto preferido: “Fumaé!” (“Filho duma égua!”, em tradução livre). Sem hesitar, seus amigos logo o batizaram Fumaé. Quando encontro seus pais, sempre pergunto por ele. Depois da resposta, risos e gargalhadas. Nesse mesmo contexto, Careca e Calango eram pai e filho que geralmente esqueciam seus próprios nomes.

Juro que nunca vi Seu Jurará, mas ouvia falar dele. Homem simples, porteiro de uma escola pública. Os alunos descobriram seu apelido quando jovem, em sua cidade natal. E aí, sabe como é! À entrada da escola (no meio da multidão), três alunos conjugavam em voz alta o futuro do presente do verbo “jurar”, da primeira a terceira pessoa do singular. Ele cerrava os dentes, mas não brigava com os alunos. Talvez porque imaginasse que “apelido só pega quando a pessoa se zanga”. Nesse caso, prevaleceu o ingrato prazer de aborrecer o outro. E a “tartaruguinha”, típica da baixada maranhense, entrou de vez na sua biografia.

Para alegria geral, existem os apelidos que não fazem sentido algum. Titoca, Lica e Amia são da praia familiar da minha esposa. E também os carinhosos ― dos parentes e amigos, das crianças e idosos ― geralmente evidenciando um afeto ou algo positivo. Canjoca era D. Arcângela, minha mãe; e Reizinho é o Artur (7 anos), filho de um casal de amigos.

Oportunistas de primeira linha, os políticos mudam o nome para ganhar mais destaque. Astro de Ogum (vereador), Ana do Gás (dep. estadual) e Bira do Pindaré (ex-deputado federal) são exemplos na minha cidade. E é a Lei 9.708/98 que lhes permite usar o apelido para completar ou modificar o registro original. Na tradição política, o nome certo é aquele que traz benefícios imediatos.

Não dá para esquecer os autoexplicativos: Zeca, Chico, Baixinho. Nem os pejorativos. Já-Morreu é “um vivinho da silva”, mas muito debilitado. E “Papa-anjo”, um marmanjo que só namora mocinhas na flor da adolescência.

Bonzinho e Deuserrô são exemplos de cunho humorístico e comportamental. O primeiro, aconselhado a parar ou desacelerar a bebedeira na mesa do bar, recusava-se a fazê-lo, justificando que ainda estava “sóbrio”. O segundo, uma menina serelepe dos meus tempos da Cohab-Anil (São Luís-MA) que vivia na rua com os meninos,empinando papagaio (pipa) e jogando bola. Não sei dizer se Deus realmente errou, pois essa é uma questão de foro teológico.

No filme “Um Homem Chamado Cavalo” (1970), John Morgan, um aristocrata inglês numa expedição em Dakota (E.U.), em 1821, é capturado por uma tribo Sioux, sendo escravizado e usado como animal de carga. Depois de conquistar a confiança da tribo por sua força e coragem, recebe o status de guerreiro e o nome de “Cavalo”.

Entre aqueles da minha memória afetiva, um é especialíssimo por causa de seu background. Carvão de Varinha, um garçom jovem e preto, ganhou esse apelido de um cliente por causa da cor de sua pele e da magreza acentuada. Mas isso nunca lhe ensopou o lenço. Porque o carvão só queimava entre um e outro. Anos depois, reencontrou o cliente em outro bar. Aproximou-se dele e o saudou: “E aí, doutor, tá se lembrando de mim?” Sem esperar a resposta, exclamou: “Sou eu, Carvão de Varinha!”. Acho que não preciso descrever esse reencontro.

E, por último, um trabalhador que fazia serviços para mim. Certo dia, atendi a sua ligação: “Quem é?” Ao que respondeu: “É Macaco, o pedreiro!” “Ah sim. Como vai?” E é claro que ― quinze anos atrás ou hoje ― eu jamais imaginaria que fosse um jogador do Real Madrid.

Feliz ou infelizmente, a folga dos apelidos está com seus dias contados. Os tempos são outros, e as relações comunicacionais, vigiadas por leis e redirecionadas por novos padrões de comportamento. Mesmo assim, eles continuam vivos e, em alguns casos, massageando egos ou causando estragos irreparáveis.

Enfim, que tal uma data para as festividades do Dia Internacional do Apelido? Pensei na mais espetacular de todas: 23 de outubro, nascimento de Pelé, o apelido mais antológico do mundo. Na lista dos convidados: Zico e Falcão, Neguinho da Beija-flor e Pretinho da Serrinha, Bochecha e Belo, Chitãozinho e Xororó. A notícia triste é a ausência confirmada de Edson Arantes do Nascimento.

Se você quiser aparecer, basta acessar @apelidos.com e revelar o seu nome.

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Eloy Melonioé contista, cronista, letrista e poeta.

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A importância da impessoalidade no processo eleitoral da UFMA em 2023

O caput do artigo 37 da Constituição Federal estabelece que a administração pública deve estar pautada nos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Particularmente no caso do princípio da impessoalidade, ele pode ser tratado na perspectiva da imparcialidade, a qual culmina numa espécie de isenção por parte do agente público em suas ações, isto é, não existem lados a serem tomados e sim o exercício cuidadoso de suas funções.

Nesse sentido, depois de denúncias que vieram à tona por meio da mídia sobre a falta de isenção de alguns membros da Comissão Eleitoral da UFMA para consulta de reitor (a) e vice, o Movimento UFMA Democrática não poderia ficar inerte.

Sendo assim, representantes do Movimento protocolaram denúncia formal  ao Ministério Público Federal por falta de isenção de alguns integrantes da Comissão Eleitoral, responsável em conduzir a consulta à comunidade acadêmica que deve eleger o novo reitor (a) e vice-reitor (a) da universidade no próximo mês.

Além de matéria amplamente divulgada com fotos, prints de conversas de membros da comissão demonstrando total alinhamento e parcialidade de alguns de seus integrantes, como Erick Santos e Ana Emília, assessora do Reitor Natalino Salgado. A denúncia tem também como base do uso da instituição como reuniões e atos da atual gestão em claro apoio aos seus candidatos a consulta. Por exemplo, em reunião realizada e publicada no site da instituição, último dia 17/05 intitulada “UFMA publica nova resolução de progressão e promoção docente” https://portalpadrao.ufma.br/site/desburocratizacao-e-modernidade-ufma-publica-nova-resolucao-de-progressao-e-promocao-docente).

Esperamos que sejam tomadas providências pelo órgão fiscalizador da lei.

Movimento UFMA Democrática está atento. Junte-se a nós!

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Sobra dinheiro na UFMA?

Ed Wilson Araújo

Atravessar o portal da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em São Luís, é um retorno ao passado.

De cara, vemos o incrível prédio inconcluso e de novo em obras da Biblioteca Central. Uma lenda viva!

Percorrendo as turmas, em tempos de inteligência artificial, são perceptíveis as aulas analógicas. Nos centros de Ciências Sociais (CCSo) e Ciências Humanas (CCH) não temos data show fixo nas salas, a conexão da internet é precária e até os pincéis de escrever nos quadros secam rápido.

A UFMA retrô se manifesta também no autoritarismo – uma forma de governar ad referendum – outra coisa do passado.

Por falar em pretérito, vale lembrar a segunda metade dos anos 1980, quando José Sarney assumiu a Presidência da República, em 1985, após a morte de Tancredo Neves. Nas ruidosas passeatas que saíam da praça Deodoro, atravessavam a rua Grande e desembocavam no Largo do Carmo, uma palavra de ordem sobressaía:

“É claro, é claro, é claro como o dia… a Nova República é a velha burguesia”

E no movimento estudantil, quando só havia um DCE e funcionava, o brado era “Fora Cabral, reitor de general”, alusivo a José Maria Cabral Marques, tempo de gestão da UFMA pilotada pelos resíduos da ditadura militar.

Agora em 2023 estamos diante de uma nova consulta prévia (um tipo de eleição real) para a escolha do(a) próximo(a) reitor ou reitora.

O passado está presente.

A professora pré-candidata Isabel Ibarra Cabrera, três vezes pró-reitora de Ensino (Proen), conhece a máquina administrativa, integra a elite gestora da UFMA e recentemente flexibilizou a relação com o grupo político que domina a Universidade há mais de 10 anos.

Em seus discursos, nota de esclarecimento e postagens nas redes sociais ela vem denunciando o uso excessivo de dinheiro nas campanhas adversárias.

Como tem origens no grupo dominante e conhece bastante a gestão, é o momento ideal para a pré-candidata não só fazer discurso eleitoral, mas prestar um serviço bem mais relevante à Universidade e ao interesse da sociedade, em respeito ao uso de recursos públicos e aos princípios da transparência e publicidade.

Afinal, como diz o poeta William Blake: “O que deseja, mas não age, semeia a peste”.

Ela poderia encaminhar aos órgãos de controle os documentos que comprovam sua afirmação nessa Nota de Esclarecimento:

“… o modo como a UFMA faz a gestão da compra de passagens, modelo este que gera altos custos administrativos e prejuízos para o contribuinte, como nesse caso da viagem que fiz com um valor exorbitante de passagens aéreas”.

A pré-candidata deveria também colocar no debate a situação dos equipamentos da UFMA.

No Centro de Ciências Sociais (CCSo), por exemplo, causa espanto a construção do auditório e da biblioteca setorial. A obra, concluída há vários anos, não pode ser utilizada porque foi mal feita. Está interditada!

O que deveria ser a Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Sociais …

Se isso causa espanto, a outra sensação é de desprezo pelo conhecimento. A biblioteca setorial deveria recepcionar, entre outros equipamentos, centenas de livros dos preciosos acervos particulares doados pelo saudoso jornalista Walter Rodrigues e pela professora doutora Jeanne Marie Machado de Freitas, Livre Docente e Titular do Departamento de Jornalismo e Editoração da USP (Universidade de São Paulo).

Todos esses livros estão amontoados e empoeirados, esperando um lugar para uso.

Talvez a(o) leitor(a) não saiba. Outra obra abandonada no campus do Bacanga, em São Luís, é o Núcleo de Artes, que deveria abrigar os cursos de Música, Teatro e Artes Plásticas.

O Núcleo de Artes seria espaço para abrigar três cursos

Sem falar nas condições rudimentares de vários campi do continente.

Em 2016, quando a UFMA completou 50 anos, criaram o slogan “A Universidade que cresce com inovação e inclusão social.”

Quais os significados de crescer, inovar e incluir?

A sensação espacial é de crescimento mesmo, parecendo um colégio bem grande, com várias unidades continentais e os problemas de uma escola qualquer do interior maranhense.

E quando se fala em inclusão, a realidade choca diante da situação de desprezo pelo Núcleo de Extensão da Vila Embratel (Neve), um equipamento fundamental que atendeu milhares de pessoas pobres da área Itaqui-Bacanga e hoje é a cara do abandono.

Equipamentos sucateados no Neve deveriam capacitar jovens da Vila Embratel

Nas entusiasmadas assembleias departamentais, encaradas com muita dedicação e seriedade pelos docentes, é admirável o zelo com a distribuição das horas, as métricas da produtividade, a nota do curso, os projetos pedagógicos, a curricularização da extensão, a avaliação do MEC…

Aí, no dia seguinte, voltamos à realidade analógica das salas de aula sem data show fixo, a internet precária, alguns ambientes mofados, os laboratórios sucateados, os equipamentos defasados e até os programas de computador ultrapassados…

Dar aula, fazer pesquisa e extensão na UFMA são tarefas de Hércules e, em alguns casos, a labuta de Sísifo.

Somos trabalhadores. Merecemos respeito!

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Wladimir Pomar presente, agora e sempre!

9 de junho de 2023, 2h02 da manhã

Por Valter Pomar, publicado originalmente no Página 13

Wladimir Pomar completaria 87 anos no dia 14 de julho de 2023.

Havia planos de festejar a ocasião, chamando amigos, camaradas e a “grande família”: 4 bisnetos e 3 bisnetas, 7 netos e 4 netas, 3 filhos e sua esposa Rachel.

As complicações resultantes de uma displasia impediram isso e o fizeram ter um fim de vida terrivelmente sofrido, totalmente diferente do que ele as vezes disse querer ter e particularmente injusto para com um camarada tão gentil, para citar um termo de Espinosa, não o filósofo, mas aquele militante bem alto, tantas vezes visto ao lado de Lula, especialmente a partir da campanha presidencial de 1989, que Wladimir ajudou a coordenar.

Wladimir Ventura Torres Pomar nasceu em Belém do Pará, no ano de 1936, filho de Catarina Torres e Pedro Pomar, militante comunista então perseguido pela ditadura Vargas.

Em 1949, aos 13 anos, Wladimir também se tornou militante do Partido Comunista. Nos anos 1950, atuou no movimento estudantil e no movimento sindical metalúrgico. Em 1962, participou do grupo que “reorganizou” o Partido Comunista do Brasil.

Preso em 1964, por resistir ao golpe militar, Wladimir viveu na clandestinidade até 1976, sendo novamente preso no chamado Massacre da Lapa, quando perderam a vida Ângelo Arroyo, João Batista Franco Drummond e seu pai, Pedro Pomar.

Wladimir saiu da cadeia em 1979, pouco antes da Anistia. Algum tempo depois, ingressou no Partido dos Trabalhadores, integrando a partir de 1984 a sua executiva nacional, como secretário de formação política. Neste período, foi um dos coordenadores do Instituto Cajamar, participou da coordenação da campanha de Lula a deputado federal constituinte e, em 1989, foi coordenador-geral da campanha Lula presidente.

Em 1990, Wladimir encerrou seu mandato no Diretório Nacional do PT e, desde então, não voltou a ocupar nenhum cargo na estrutura partidária. Tampouco foi parlamentar, nem fez parte de nenhum governo petista, com exceção de uma meteórica passagem como assessor na Prefeitura de Angra dos Reis (RJ).

Entretanto, mesmo sem cargos formais, Wladimir continuou colaborando de forma militante com o PT, por exemplo na Fundação Perseu Abramo e em atividades de formação, além de assumir algumas tarefas de inteligência na campanha presidencial de 1994.

Exceto pelo curto período em que foi profissionalizado pelo Partido, Wladimir ganhou a vida trabalhando nas mais diversas atividades, como por exemplo a agropecuária, o artesanato, a manutenção de máquinas pesadas e locomotivas, como linotipista, repórter, redator, diretor editorial, tradutor, consultor e professor. Noutras palavras, Wladimir era um “revolucionário profissional”, não um político profissional.

Vale dizer, também, que Wladimir não teve formação acadêmica; muitas vezes disse que seu diploma universitário “fora obtido na cadeia”. Brincadeiras à parte, é provável que a ausência de vida acadêmica tenha contribuído para manter grande parte de sua obra numa espécie de semiclandestinidade, isso apesar de ter sido – entre outras coisas – um dos primeiros brasileiros a decifrar corretamente o “enigma chinês”.

Entre as obras de Wladimir, uma vertente abordou a dialética marxista (A dialética da história, em quatro volumes). Outra vertente abordou temas da história do Brasil e da esquerda brasileira. É o caso de Araguaia, o partido e a guerrilha e de Pedro Pomar: uma vida em vermelho; Quase lá, Lula e o susto das elites; Um mundo a ganhar; Brasil, crise internacional e projeto de sociedade; O Brasil em 1990 e Era Vargas: a modernização conservadora; Cartas do Passado; é o caso, também, da autobiografia intitulada O nome da vida. A terceira vertente dedicou-se ao debate sobre o socialismo. Wladimir Pomar escreveu diversos estudos e livros sobre a China, entre os quais O enigma chinês: capitalismo ou socialismo; China, o dragão do século XXI; A revolução chinesa (Unesp); China: desfazendo mitos. Escreveu, ainda, uma trilogia sobre a teoria e a prática das tentativas de construção do socialismo, ao longo do século 20: Rasgando a cortina, Miragem do mercado e A ilusão dos inocentes.

Wladimir escreveu muito e parte segue inédita, a começar por uma carta escrita em 2005, na qual Wladimir fez alertas e críticas duras contra a conduta de certos dirigentes e filiados.

Ateu, marxista, comunista e petista, Wladimir Pomar foi recentemente convidado por seu amigo Beluce Bellucci a escrever uma apresentação à biografia de Apolônio de Carvalho, recém-publicada na França.

Entregue em março de 2023, este foi o último texto publicado de Wladimir. Lá está dito o seguinte:

“Eu tinha uns 10 anos de idade quando conheci Apolônio, logo depois do final da segunda guerra mundial nos anos 1940. Ele retornara da França e foi recepcionado pela direção e por muitos militantes do então Partido Comunista do Brasil, (PCB), do qual meus pais faziam parte. Na ocasião, mais do que a áurea de herói da guerra de resistência contra as tropas nazistas que ocupavam a França, me impressionou a delicadeza com que tratava a todos, incluindo as crianças que, como eu, haviam sido levadas para conhecê-lo”.

“Posteriormente, enquanto o PCB teve vida legal, meu pai e Apolônio trabalharam em sua sede central, perto da Lapa, no Distrito Federal do Rio de Janeiro. E eu me tornei um visitante constante do local, a pretexto de ver meu pai, mas principalmente para ouvir os relatos de Apolônio sobre a guerra e a resistência guerrilheira contra as tropas nazistas. Prática que foi interrompida quando o Partido Comunista do Brasil teve sua vida legal proibida e seus membros tiveram que passar a realizar suas atividades da mesma forma clandestina que utilizaram durante a ditadura Vargas”.

“Nessas condições, só retomei os contatos com Apolônio alguns anos depois. Na ocasião, eu já cursava o ginásio e havia ingressado na União da Juventude Comunista – UJC, também clandestina, e já envolta em divergências sobre as políticas que os comunistas deveriam adotar para modificar o sistema político e recuperar a vida democrática. Na ocasião, Apolônio era um dos dirigentes do PCB que davam “assistência” à UJC e, em virtude daquelas divergências, achou necessário conversar comigo a respeito”.

“Mantivemos contatos constantes durante cerca de um ano. Embora nossas divergências teóricas e práticas tenham se mostrado variadas e, em alguns casos, profundas, Apolônio jamais tentou se impor como “dirigente superior”. Tratava as divergências como algo natural do trabalho político prático, e interessava-se principalmente pelos resultados das ações práticas adotadas para ampliar a influência política entre a juventude”.

“Em vários casos, tivemos concordâncias que só se tornaram evidentes anos depois, quando o PCB se dissolveu em várias correntes políticas, após o golpe militar fascista de 1964. Nas novas condições criadas pela ditadura militar, só voltei a reencontrar Apolônio no final dos anos 1980, quando a ditadura se viu obrigada a realizar uma retirada estratégica e os comunistas puderam voltar à vida “normal”, embora disseminados, então, em vários partidos e organizações políticas. E em que muitos de nós, incluindo ele e eu, adotaram o PT como principal centro de atividade política”.

“A partir de então, tive a oportunidade de vê-lo novamente em diferentes ocasiões. Guardo na lembrança sua presença solidária no traslado dos restos mortais de meu pai, assassinado por agentes da ditadura. E sempre me lembro de haver convivido com ele em inúmeras atividades petistas. Isso, embora concordássemos que, àquela altura da vida, nossas idades já não permitiam engajamentos como os vividos no passado. E que deveríamos, principalmente, encontrar caminhos que contribuíssem para que os novos combatentes compreendessem as lições do passado”.

“Ainda mantivemos contatos esparsos, ele no Rio de Janeiro e eu em São Paulo. E o que mais me impressionava é que ele continuava mantendo o mesmo espírito de modéstia e de luta, espírito que é destacado na obra do francês Alain Viguier.”

As palavras com que Wladimir Pomar resumiu Apolônio de Carvalho sintetizam, também, a atitude do próprio Wladimir e de tantos outros heróis mais ou menos anônimos do povo brasileiro: modéstia e luta.

Há mais de quarenta anos, no dia 11 de abril de 1980, por ocasião do translado dos restos mortais de seu pai, Wladimir disse o seguinte: “Há, finalmente, quem diga que Pomar deixou uma herança. É verdade. Ele nos deixou o exemplo de sua vida, um legado de modéstia, de retidão de caráter, de dedicação à classe operária, ao povo e a seu partido, de amor entranhado à verdade, de aversão à vaidade e de constante alerta e combate aos próprios erros. Há quem queira ser dono desse legado. Essa pretensão é uma afronta a meu pai, que sempre se bateu contra o exclusivismo e o espírito de seita. A herança de Pomar, uma herança digna dos melhores revolucionários, não é patrimônio da família ou de qualquer grupo. Ela pertence a todo o seu partido, pertence a todos os revolucionários, à classe operária e ao povo explorado e oprimido. Eu a entrego a vós.”

Wladimir Pomar presente, agora e sempre!

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Reflexões sobre o cenário atual da Universidade Federal do Maranhão

Maria do Carmo Lacerda Barbosa, Departamento de Medicina I 

Maria do Rosário de Fátima Fortes Braga, Técnica em Assuntos Educacionais 

Marcos Antonio Custódio Neto da Silva, Curso de Medicina – Centro de Ciências de Imperatriz 

Cidinalva Silva Câmara Neris, Licenciatura Interdisciplinar em Estudos Africanos e AfroBrasileiros

João de Deus Mendes da Silva, Departamento de Matemática

Ao completar cinquenta e sete anos, a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) se encontra em um momento crucial de sua história. O processo eleitoral que se anuncia carrega enorme responsabilidade e inúmeros desafios que deverão ser enfrentados, a fim de que seja preservado o caráter de instituição pública, gratuita, democrática, inclusiva, acessível, comprometida com o ensino, pesquisa, extensão e inovação tecnológica, bem como no desempenho adequado das suas funções técnicas e administrativas.

A UFMA, em tempos mais recentes aderiu ao Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), adotou integralmente o Sistema de Seleção Unificada (SISU) e a Política de Ações Afirmativas para a Graduação e Pós-graduação, em uma estrutura multicampi.

A expansão da UFMA decorrente da adesão as políticas de inclusão, alimentou o sonho de ingresso na universidade pública de qualidade, no entanto, tal sonho foi frustrado por falta de estratégias e ações da gestão institucional que garantissem a permanência do estudante e a aquisição de conhecimentos e de oportunidades. 

Sem dúvida, neste ponto, a gestão da universidade falhou. O que se observa é sua ineficiência na implementação destas políticas tão necessárias para a inclusão social de uma grande parcela da sociedade brasileira marcada historicamente pelas múltiplas exclusões.

Constata-se, porém, o desvio do objetivo central desta política, focando-se no gasto excessivo com a construção de prédios suntuosos, os quais na maioria encontra-se inacabados e/ou sem recursos para sua manutenção. Como resultado disso observa-se se o sucateamento dos laboratórios essenciais as práticas para formação do estudante, a exemplo dos cursos das engenharias; prédios inacabados em todos os campi; ausência de insumos para laboratórios e salas de aulas; laboratório de habilidades e simulação realística para as práticas na área saúde em condições precárias; ausência de renovação dos contratos de cooperação técnica com a rede de saúde e da educação básica para garantir os cenários de prática, são alguns dos vários pontos de fragilidades apresentados em todos os cursos de graduação UFMA. Soma-se à falta desta estrutura mínima, a ausência de concursos para o corpo técnico e docente de forma a garantir o ensino de graduação com qualidade.

Para além do cenário externo, a gestão atual da universidade tem contribuído de forma sistemática com o desmonte do ensino, pesquisa e extensão. A realidade nos mostra que UFMA oferta o menor número de bolsas de extensão e está nos últimos lugares dos rankings internacionais de qualidade de ensino, pesquisa, empreendedorismo e inovação.

Pensar e agir para garantir a sustentabilidade institucional da UFMA exige autonomia, descentralização, transparência, diálogo, participação, ou seja, exige a nossa adesão aos valores e princípios fundamentais da conduta democrática, com a consciência de que deveremos refazer caminhos, reorientar perspectivas, reavaliar procedimentos e os impactos das ações.

Diante de todos esses desafios, conclamamos a comunidade universitária a construir hoje a universidade que queremos ter, com transparência, descentralização e autonomia no exercício democrático da gestão acadêmica e administrativa. Uma universidade com ensino de graduação e de pós-graduação de qualidade; a extensão como importante base para o ensino e a pesquisa centrada no fortalecimento da relação universidade-comunidade; e que desenvolva pesquisas inovadoras capazes de gerar impactos positivos e com atendimento à responsabilidade social. Esse sonho somente será possível se construirmos juntos.

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CPI é mais um capítulo da ofensiva contra o MST

Fonte: Site do MST

O MST, por meio desta nota, denuncia a instalação da CPI contra o Movimento, feita nesta última quarta-feira (17). A Comissão é instalada sem objeto determinado e representa uma tentativa de criminalizar o MST e pressionar o governo. Ricardo Salles, relator, e Tenente Coronel Zucco, presidente, não possuem legitimidade para conduzir qualquer tipo de investigação contra um Movimento que caminha rumo aos seus 40 anos, levantando a bandeira histórica de combate à concentração de terras no Brasil. 

Querer criminalizar nossa luta por meio de uma CPI é estratégia para omitir as reais mazelas do campo brasileiro: crescente desmatamento, grilagem de terra, queimadas, violência no campo, uso de mão de obra análoga à escravidão, destruição e contaminação dos bens naturais pelo uso de agrotóxicos. Somente neste ano, 918 vítimas de trabalho escravo foram resgatadas, um recorde em 15 anos. Estes são os temas que deveriam ser alvo de investigação. 

Defendemos o cumprimento da Constituição Federal (que o bolsonarismo tentou rasgar em 8 de janeiro) na sua integralidade, inclusive no que diz respeito ao cumprimento da função social da propriedade. Tal princípio atende a critérios produtivos, ambientais e trabalhistas e devem ser combinados. Portanto, segurança jurídica se alcança ao se cumprir a Constituição. As famílias Sem Terra acampadas fazem a luta digna por terra, teto e trabalho, direitos assegurados na Carta Magna. 

Portanto, sabendo que nossa luta é justa e que, nesta CPI, não somos nós os criminosos, dela participaremos para apresentar a Reforma Agrária que o Brasil precisa. Nesta comissão, contaremos com a solidariedade não somente de valorosas e valorosos parlamentares, mas também com o apoio de toda a sociedade. Juntos, iremos superar mais uma tentativa de criminalizar nossa luta. A CPI passará, a luta do MST seguirá! Venceremos!

Direção Nacional do MST

Imagem destacada / Marcha Lula Livre, do MST, chegando em Brasília. Foto: Leonardo Milano