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Reflexões sobre o cenário atual da Universidade Federal do Maranhão

Maria do Carmo Lacerda Barbosa, Departamento de Medicina I 

Maria do Rosário de Fátima Fortes Braga, Técnica em Assuntos Educacionais 

Marcos Antonio Custódio Neto da Silva, Curso de Medicina – Centro de Ciências de Imperatriz 

Cidinalva Silva Câmara Neris, Licenciatura Interdisciplinar em Estudos Africanos e AfroBrasileiros

João de Deus Mendes da Silva, Departamento de Matemática

Ao completar cinquenta e sete anos, a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) se encontra em um momento crucial de sua história. O processo eleitoral que se anuncia carrega enorme responsabilidade e inúmeros desafios que deverão ser enfrentados, a fim de que seja preservado o caráter de instituição pública, gratuita, democrática, inclusiva, acessível, comprometida com o ensino, pesquisa, extensão e inovação tecnológica, bem como no desempenho adequado das suas funções técnicas e administrativas.

A UFMA, em tempos mais recentes aderiu ao Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), adotou integralmente o Sistema de Seleção Unificada (SISU) e a Política de Ações Afirmativas para a Graduação e Pós-graduação, em uma estrutura multicampi.

A expansão da UFMA decorrente da adesão as políticas de inclusão, alimentou o sonho de ingresso na universidade pública de qualidade, no entanto, tal sonho foi frustrado por falta de estratégias e ações da gestão institucional que garantissem a permanência do estudante e a aquisição de conhecimentos e de oportunidades. 

Sem dúvida, neste ponto, a gestão da universidade falhou. O que se observa é sua ineficiência na implementação destas políticas tão necessárias para a inclusão social de uma grande parcela da sociedade brasileira marcada historicamente pelas múltiplas exclusões.

Constata-se, porém, o desvio do objetivo central desta política, focando-se no gasto excessivo com a construção de prédios suntuosos, os quais na maioria encontra-se inacabados e/ou sem recursos para sua manutenção. Como resultado disso observa-se se o sucateamento dos laboratórios essenciais as práticas para formação do estudante, a exemplo dos cursos das engenharias; prédios inacabados em todos os campi; ausência de insumos para laboratórios e salas de aulas; laboratório de habilidades e simulação realística para as práticas na área saúde em condições precárias; ausência de renovação dos contratos de cooperação técnica com a rede de saúde e da educação básica para garantir os cenários de prática, são alguns dos vários pontos de fragilidades apresentados em todos os cursos de graduação UFMA. Soma-se à falta desta estrutura mínima, a ausência de concursos para o corpo técnico e docente de forma a garantir o ensino de graduação com qualidade.

Para além do cenário externo, a gestão atual da universidade tem contribuído de forma sistemática com o desmonte do ensino, pesquisa e extensão. A realidade nos mostra que UFMA oferta o menor número de bolsas de extensão e está nos últimos lugares dos rankings internacionais de qualidade de ensino, pesquisa, empreendedorismo e inovação.

Pensar e agir para garantir a sustentabilidade institucional da UFMA exige autonomia, descentralização, transparência, diálogo, participação, ou seja, exige a nossa adesão aos valores e princípios fundamentais da conduta democrática, com a consciência de que deveremos refazer caminhos, reorientar perspectivas, reavaliar procedimentos e os impactos das ações.

Diante de todos esses desafios, conclamamos a comunidade universitária a construir hoje a universidade que queremos ter, com transparência, descentralização e autonomia no exercício democrático da gestão acadêmica e administrativa. Uma universidade com ensino de graduação e de pós-graduação de qualidade; a extensão como importante base para o ensino e a pesquisa centrada no fortalecimento da relação universidade-comunidade; e que desenvolva pesquisas inovadoras capazes de gerar impactos positivos e com atendimento à responsabilidade social. Esse sonho somente será possível se construirmos juntos.

2 respostas em “Reflexões sobre o cenário atual da Universidade Federal do Maranhão”

Há sempre que se renovar.
A permanência de uma mesma pessoa ou grupo por muitos mandatos, traz efeitos deletérios dentro do setor público, criando vícios e levando ao nepotismo.

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