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Causos de campanhas eleitorais: o perseverante

Na região do Alto Turi, fronteira entre o Maranhão e o Pará, mais uma situação inusitada entrou para o rol das coisas exóticas das campanhas eleitorais.

A cada dois anos uma conhecida figura da cidade se candidatava. Quando não tentava vereador, era candidato a deputado. E assim seguia perseverando.

Quando os correligionários de São Luís passavam na pequena Junco do Maranhão para dar aquele apoio ao eterno candidato, já sabiam onde rastreá-lo.

Nem precisava perguntar onde o perseverante pedia voto.

Bastava percorrer as oficinas mecânicas e borracharias da cidade para encontrar o eterno candidato.

Não é que ele tivesse grandes amizades com os profissionais de reparo dos veículos.

O motivo era outro: em toda campanha ele sempre usava o mesmo carro velho, uma surrada belina anos 1980.

Já bastante avariado, o calhambeque já tinha endereço certo para os reparos. Quando não furava pneu, estava no “prego”.

Ai o companheiro passava dias e dias só pedindo voto de mecânicos e borracheiros.

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Militância evangélica analógica não abandona o velho panfleto

Um homem entrou no coletivo silenciosamente e começou a distribuir o folheto da imagem acima. Discreto, com uma disciplina “militar”, ele entregou o papel a cada um dos passageiros e esperou pacientemente a reação.

Quando passou por mim, perguntei para qual igreja ele trabalhava.

– Universal!

O panfleto contém um espaço em branco onde as pessoas fazem pedidos para serem colocados nas orações.

Um casal sentado no banco à minha frente pediu uma caneta emprestada para preencher o panfleto.

Quando eu desci do ônibus no Centro de São Luís e caminhava pela rua do Sol, fui abordado mais duas vezes, em diferentes lugares da via, por senhoras evangélicas da Assembleia de Deus distribuindo folhetos, uma delas idosa.

Enquanto a maioria das organizações do campo democrático-popular abandona os meios de comunicação analógicos, considerando-os ultrapassados, as igrejas evangélicas seguem firme no trabalho de corpo a corpo utilizando os velhos folhetos e panfletos.

A nossa apologia ao digital parece desconhecer que uma estratégia de comunicação passa necessariamente pela combinação de meios analógicos, trabalho disciplinado de campo (corpo a corpo) e uso das ferramentas tecnológicas sofisticadas.

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Musical “Bandeira de Aço” tem 20 anos de idealização, afirma criador do espetáculo

Em menos de 50 dias, a tão aguardada estreia de “Bandeira de Aço – O Musical”, produção assinada pela Encanto Coletivo Cultural e G4 Entretenimentos, irá encantar o palco do Teatro Arthur Azevedo (TAA) em sua primeira temporada – gratuita e aberta a todos os públicos.

Idealizador do musical, o músico e administrador Guilherme Júnior, admite estar com a ansiedade a mil para poder, finalmente, observar – e sentir – a recepção do público maranhense para a adaptação de um dos discos mais importantes da música brasileira: “Bandeira de Aço”, segundo álbum do percussionista e cantor maranhense Papete, lançado pelo selo Discos Marcus Pereira, em 1978.

“O público verá no palco um espetáculo com os nossos cantores e atores do Maranhão, todos com muita qualidade e muita propriedade para fazer o que a gente está construindo juntos. É isso que a gente espera do público: esse reconhecimento e, claro, que adorem, gostem, comentem, convidem amigos, familiares, vizinhos… E que seja assim como o disco é: mais um marco para a cultura popular maranhense”, ressaltou Guilherme Jr.

Segundo o idealizador, os esboços originais da adaptação em musical para o disco “Bandeira de Aço” surgiram há mais de 20 anos – sempre com o foco em apresentar ao público tanto as inspirações para cada composição do álbum quanto as curiosidades que marcaram seu processo de produção e divulgação.

“A ideia para o musical já me veio com esse formato, em que as pessoas pudessem conhecer e ter a mesma curiosidade que eu tive em saber por que que essas músicas coexistiram, como elas foram pensadas e em que momento. Naquele contexto, nos anos 70, o país vivia para que essas músicas pudessem ser tocadas e cantadas e tudo isso somado à riqueza da cultura popular maranhense”, reforça o produtor.

Ainda sobre as inspirações do disco – e da influência que marcou a cultura popular e o São João do Maranhão, por exemplo -, Guilherme Jr. acrescenta: “A junção dessas músicas em um único disco influenciou diversas gerações, para que elas não só possam apenas gostar e aprender e cantar nos períodos sazonais, como no São João, mas que elas entendam que, por trás de todas essas canções, houveram lutas e pessoas que abriram essa trincheira para que toda a cultura popular maranhense pudesse ser o que ela é hoje: de fácil acesso a todo mundo”, concluiu.

“Bandeira de Aço – O Musical” vai navegar pelo universo das composições das nove faixas do disco, apresentando, também, os bastidores do álbum, o ponto de vista dos compositores (César Teixeira, Josias Sobrinho, Ronaldo Mota e Sérgio Habibe) e do interprete Papete. Para Guilherme Jr., apresentar no palco as diferentes opiniões (e versões) de todos os que participaram das composições foi a maior dificuldade do espetáculo.

A diversidade cultural, tão forte no Maranhão, assim como as múltiplas linguagens artísticas (música, teatro, dança), estarão todas presentes na temporada de estreia de “Bandeira de Aço – O Musical”, com previsão de estreia para setembro e que terá os patrocínios do Governo do Estado e da Equatorial Maranhão, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura.

Todas as informações sobre o espetáculo serão disponibilizadas na página oficial do projeto no Instagram: @bandeiradeacomusical.

Bandeira de Aço, de Papete

Segundo álbum do percussionista e cantor maranhense Papete, “Bandeira de Aço” conta com nove faixas – entre elas, músicas que ganharam popularidade no Maranhão, como “Boi da Lua” e “Engenho de Flores”, entre outras. Artistas como Josias Sobrinho, Ronaldo Mota, César Teixeira e Sérgio Habibe assinam as composições do álbum, que tinha Papete como intérprete oficial.

Lançado durante o período da Ditadura Militar no Brasil, “Bandeira de Aço” é referenciado como uma produção que representava o povo brasileiro e o contexto social e histórico em que foi lançado.

Imagem destacada / Elenco do musical. Foto: Quilana Viegas /divulgação

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Cohatrac recebe sarau RicoChoro ComVida na Praça

Segunda noite da temporada 2022 acontece neste sábado (20), às 19h, e tem como atrações o dj Marcos Vinícius, Instrumental Tangará, Bia Mar e Carlos Cuíca

Por Zema Ribeiro*

Está chegando a hora: neste sábado (20), a partir das 19h, na Praça Nossa Senhora de Nazaré, no Cohatrac, acontece o segundo sarau da temporada 2022 do projeto RicoChoro ComVida na Praça. O primeiro aconteceu dia 6 de agosto e foi um sucesso absoluto, tendo contado com a participação especial surpresa do cantor e compositor mineiro Paulinho Pedra Azul.

Desta vez as atrações são o dj Marcos Vinícius, o Instrumental Tangará, e os cantores e compositores Bia Mar e Carlos Cuíca. A programação é gratuita e aberta ao público e o evento conta com acessibilidade, com assentos preferenciais, banheiros adaptados, audiodescrição e tradução simultânea em libras, a língua brasileira de sinais.

Atrações – Uma das vozes mais conhecidas do rádio maranhense, o dj Marcos Vinicius é também um colecionador e pesquisador, além de pioneiro na discotecagem de reggae a partir de discos de vinil. Mas sua atuação inclui também os universos do samba e da black music, entre outros gêneros. “Estamos preparando um repertório bem especial, dançante e pensante, para mais uma participação nesse projeto que é um marco na produção musical da nossa cidade, oportunizando palco e plateia aos nossos artistas e convidados”, promete.

O Instrumental Tangará é fruto da renovação vivida pela cena choro do Maranhão. Diversos músicos jovens têm se dedicado ao gênero, aprofundando estudos e pesquisas e aprimorando o fazer musical, ratificando a ilha de São Luís do Maranhão como uma importante praça de choro, tanto do ponto de vista da execução quanto da criação. O grupo é formado por Andrezinho (acordeom), Gustavo Belan (cavaquinho), Tiago Fernandes (violão de sete cordas), Valdico Monteiro (percussão) e Victtor Sant’Anna (bandolim).

A cantora e compositora Bia Mar iniciou sua carreira aos 15 anos e com a bagagem acumulada desde então, tornou-se uma das vozes mais conhecidas e respeitadas da cena local quando o assunto é samba. Além da carreira solo, ela também é vocalista do bloco carnavalesco A Escangalhada, que costuma arrastar multidões pelas ruas do Centro Histórico da capital maranhense. Parceira de nomes como Aldair Ribeiro, Allyson Ribeiro e Vicente Melo, ela planeja para breve o lançamento de “Cupuaçu”, seu primeiro single, em parceria com Carlos Boni.

Além de percussionista versátil, batizado por seu instrumento preferido, Carlos Cuíca é também inspirado cantor e compositor. Figura fácil nas rodas de samba da ilha, ano passado ele teve sua “Mestre Antonio Vieira”, homenagem ao saudoso compositor, classificada entre as 12 finalistas do Festival de Música Timbira 80 Anos.

Arte na luta contra a fome – O projeto RicoChoro ComVida na Praça é parceiro do “Pacto pelos 15% com fome”, da ONG Ação da Cidadania. Atualmente mais de 33 milhões de brasileiros não têm o que comer. O objetivo da campanha é “promover uma grande aliança entre entidades da sociedade civil e empresas, grupos de mídia, agências de comunicação e publicidade, pessoas físicas, artistas e influenciadores, para atuarem na linha de frente no combate à fome e às desigualdades sociais”. Por ocasião do sarau, interessados/as poderão se cadastrar como voluntários/as, fazer doações e/ou conhecer melhor a campanha, que busca minimizar os efeitos desta tragédia nacional.

O sarau RicoChoro ComVida na Praça é uma realização da Sociedade Artística e Cultural Beto Bittencourt, com produção de RicoChoro Produções Culturais e Girassol Produções, que agradecem o apoio do Deputado Federal Bira do Pindaré para sua realização, através de emenda parlamentar destinada à Prefeitura Municipal de São Luís, através da Secretaria Municipal de Cultura (Secult).

Serviço

O quê: sarau RicoChoro ComVida na Praça

Quem: dj Marcos Vinícius, Instrumental Tangará, Bia Mar e Carlos Cuíca

Quando: dia 20 (sábado), às 19h

Onde: Praça de Nossa Senhora de Nazaré (Cohatrac)

Quanto: grátis

Informações: @ricochoro (instagram e facebook)

*Zema Ribeiro é jornalista. Coordenador de produção da Rádio Timbira, produz e apresenta, aos sábados, na emissora, o Balaio Cultural, com Gisa Franco. Escreve no Farofafá

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Apruma promove 1ª Mostra científica, artística e cultural

Com informações do site da Apruma – “A universidade pública no cotidiano maranhense” é o tema da 1ª Mostra científica, artística e cultural organizada pela Associação dos Professores da Universidade Federal do Maranhão (Apruma), dia 15 de setembro (quinta-feira).

O evento tem o objetivo de demonstrar a inserção do ensino, da pesquisa e da extensão produzidas pela comunidade acadêmica da UFMA no dia-a-dia da nossa população, bem como trazer a sociedade para o ambiente acadêmico, aproximando instituição e público.

A programação terá início a partir das 9h e contará com a exibição de resultados de pesquisas, mostra fotográfica e atividades voltadas à Educação Infantil na praça do Centro de Ciências Sociais (CCSo), projetos de extensão no hall do Castelão, palestras e manifestações culturais ao longo do dia. Membros da comunidade universitária de toda a UFMA poderão inscrever atividades a partir do dia 10 de agosto.

As inscrições abrangem as seguintes modalidades:

Apresentação de banner científico (caso estudante, será requerida vinculação a grupo de pesquisa ou apresentação em coautoria com docente UFMA) – modalidade admite inscrição de apenas um trabalho (um banner). Deverá constar na inscrição o tema, o objeto e a descrição do trabalho.

Mostra fotográfica – estudante ou egresso/a poderão se inscrever nesta modalidade sem necessidade de coautoria ou vinculação a grupo de pesquisa – deve ser informada essa condição no ato da inscrição).

Lançamento de livro (além dos inscritos, modalidade deverá contar com participação de convidados).

Atividade de extensão (além dos inscritos, modalidade deverá contar com participação de convidados dos cursos e grupos de pesquisa da UFMA).

Atividade artística/performática na praça de alimentação (almoço) do evento (deverá ser informado se apresentação será de musical voz e violão, se prosa/poesia ou performance). Pode ainda ser atividade artística performática ao longo da mostra, nos espaços em que houver atividade e for compatível.

Palestra “Reuni Digital e os impactos no ensino presencial” – atividade prevista para o Auditório Ribamar Carvalho, na parte da tarde.

Veja mais detalhes no site da Apruma e saiba como fazer a sua inscrição.

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Terapeuta corporal lança livro sobre bons hábitos para vida saudável

Lançamento acontece no Colégio Dom Bosco, nesta sexta, dia 19, data em que o Espaço Amélia Reis, dirigido pela escritora, comemora 31 anos de atividades

“Vida Ativa – orientações para um corpo saudável”, de Amélia Reis (foto: Marcio Vasconcelos), reúne sugestões de práticas corporais que melhoram a saúde e a qualidade de vida de pessoas de todas as idades.

Segundo o mestre em educação, neurocoaching e escritor Cid Marques, autor da orelha do livro, a obra de Amélia Reis é escrita com esmerado carinho pelo cuidar do outro e inspirado por uma experiência própria extremamente humanista. “Vida Ativa está repleto de ricas dicas de como o somático pode ajudar o psicológico e de como uma mente sã pode influir positivamente na saúde física”.

Para Marise Piedade, doutora em educação, que assina o prefácio, o livro contribuirá, sobretudo, para o desenvolvimento de profissionais na área da educação física e da terapêutica corporal, além de pessoas da terceira idade, a quem Amélia Reis tem se dirigido nos últimos cinco anos, numa experiência inovadora e de longo alcance.

O lançamento do livro de estreia de Amélia Reis é também uma forma que a terapeuta e pedagoga encontrou para celebrar mais de trinta anos de atividades na área de trabalho corporal em São Luís.

“Estou muito feliz, primeiro porque realizei um grande sonho, segundo porque  consegui reunir nesse trabalho um pouco das minhas experiências pessoais e profissionais ao longo de todos esses anos. E por último, porque esse livro vai poder ajudar muito gente a lidar com suas dores ou livrar-se delas”, afirma a escritora.

Além das orientações da terapeuta, Vida Ativa traz em suas páginas 30 imagens do fotógrafo Márcio Vasconcelos, autor de vários projetos premiados nacionalmente. Seu trabalho mais recente, Bumba meu boi do Maranhão, Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, está entre os vencedores do Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia.

A obra inova graficamente trazendo vinte e cinco ilustrações coloridas produzidas pelo webdesigner Claudio Lima, que também assina o projeto gráfico do trabalho. Cantor e compositor, Cláudio tem três álbuns lançados, entre eles Cada mesa é um palco (2006) e Rosa dos Ventos (2017).

Perfil

Amélia Reis é terapeuta corporal com formação nos métodos Pilates, Ivaldo Bertazzo Reeducação do Movimento e Ginástica Holística, este último na França, em 2009, a professora Maria Amélia Araújo Reis tem especialização em didática de nível superior (Pedagogia e Educação Física), Equilibração Corporal e Psicomotrocidade.

Professora da Universidade da Terceira Idade (Uniti), entre 1999 e 2012, Amélia Reis realiza trabalho clínico de terapia corporal há 23 anos. Foi professora de Educação Física do Estado e professora de Psicomotricidade do Instituto Educacional Mater Dei para crianças de 1 a 9 anos durante 10 anos.

Ensinou ainda a disciplina Atividade Física para Terceira Idade no curso de Educação Física da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), além de fazer palestras e vivências para pessoas de terceira idade e workshops de trabalho de consciência corporal para empresas e instituições.

Em 2007, ampliou sua área de atuação como terapeuta, criando o Studio Amélia Reis, que associou o método Pilates a outras técnicas corporais.   Membro da Associação Brasileira de Ginástica Holística, a profissional maranhense põe em prática uma visão que considera o equilíbrio do corpo como uma extensão do equilíbrio como um todo.

Em 2013, o Studio transformou-se em Espaço Amélia Reis (Rua dos Abacateiros, Edifício Rio Anil nº, salas 1 e 2 – térreo), aumentando sua área física e adquirindo equipamentos modernos. A linha de ação do trabalho no EAR privilegia um conceito que acredita no movimento consciente como pressuposto básico da transformação do corpo. Além de aulas do método Pilates, o espaço realiza trabalhos de ginástica holística e reeducação do movimento.

Vida Ativa – Orientações para um corpo saudável
Lançamento do livro de Amélia Reis
Dia 19 de agosto, às 19h30
Colégio Dom Bosco (hall de entrada)
Avenida Coronel Colares Moreira 443 – Jardim Renascença

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Causos de campanhas eleitorais: o jumento namorador

O blog publica hoje o terceiro episódio da série “Causos de campanhas eleitorais”. Veja os dois primeiros aqui

Nos anos 1980 as campanhas dos partidos pobres tinham um grande engenho criativo.

Com parcos recursos, a candidatura de prefeito e vereadores em uma cidade média do leste do Maranhão inventou uma carroça multimídia para animar a campanha.

Equiparam a carroça com sistema de som e uma televisão. E assim percorriam a cidade, faziam visitas e reuniões nas comunidades e pequenos comícios. A TV servia para exibir um filme à época muito utilizado para projetar a figura de um grande líder da esquerda.

A carroça era atração na cidade e mobilizou muita gente.

No decorrer da campanha, um grande comício estava sendo preparado para receber líderes políticos de São Luís que iriam prestigiar as candidaturas locais.

O comício fora anunciado nos quatro cantos da cidade pelo sistema de som da carroça, gerando grande expectativa.

No meio da tarde, depois de uma exaustiva jornada de trabalho, a carroça foi recolhida para voltar à praça principal da cidade às 19h.

Nesse intervalo, os partidários das candidaturas foram tomar banho e se preparar para o grande evento.

Quando tudo parecia perfeito, eis que o jumento-condutor da carroça, querido por todos e codinominado Ambrósio, desapareceu!

Foi um Deus nos acuda.

Ambrósio já era uma personagem da campanha e às vezes mais famoso que os próprios candidatos.

Todos os esforços e buscas para encontrá-lo resultaram em nada.

O comício foi improvisado sobre uma velha caminhonete porque ninguém encontrou Ambrósio.

Só no dia seguinte, depois de uma força tarefa de busca, o jumento foi encontrado às margens de um campo, na beira de um lago, enamorado de uma formosa burra.

Entre todas as candidaturas, ninguém se elegeu. Apenas Ambrósio ficou na memória do povo pela sua peripécia no dia mais importante da campanha.

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Rádio e agricultura familiar: cultivo de hortaliças muda a realidade do povoado Flexeira, nos Lençóis Maranhenses

Rádio comunitária como indutora do desenvolvimento local. Esse objetivo está sendo alcançado através da parceria entre a Secretaria de Estado da Agricultura do Maranhão (Sagrima) e a Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (Abraço). A iniciativa vem mudando a realidade do povoado Flexeira, em Humberto de Campos, na região dos Lençóis Maranhenses.

Flexeira é pioneiro na implantação do projeto “Mulheres semeando quintais”, que consiste na produção de hortaliças nas áreas livres dos fundos das casas do povoado.

Os quintais que eram apenas terrenos baldios agora produzem alface, tomate, cebolinha, coentro, cheiro verde, quiabo, entre outros. O projeto já funciona em 17 quintais. Toda a produção é aproveitada para consumo e venda do excedente pelas famílias.

A Sagrima viabilizou kits de irrigação e assistência técnica para orientar todo o processo de preparo da terra, manejo das sementes, plantio e monitoramento dos cultivos.

A ideia de cultivar os quintais partiu do diretor da Abraço Maranhão, engenheiro Fernando Cesar Moraes, em diálogo com a rádio comunitária Mapari 87.9 FM, sediada em Flexeira. A emissora coordenada pela professora Lauri e Erick Viegas abraçou a ideia e foi fundamental no trabalho da comunicação visando sensibilizar a comunidade para aderir ao projeto (veja vídeo abaixo).

Dona Licinha partilha a alegria do projeto com a professora Lauri e Erick Viegas, da rádio comunitária Mapari FM

A proposta foi acatada e aperfeiçoada na Sagrima, à época sob a gestão do secretário Luiz Henrique Lula. “Percebemos o potencial da parceria envolvendo a produção de alimentos e a mobilização local através da rádio comunitária e logo designamos a nossa equipe para acompanhar o projeto, viabilizando todas as condições materiais e assistência técnica”, destacou Lula.

O engenheiro Moraes sonha em multiplicar o projeto para outras emissoras comunitárias e criar uma cadeia de produção de alimentos saudáveis, gerando renda e segurança alimentar para milhares de famílias no Maranhão.

Veja depoimentos de integrantes do projeto “Mulheres semeando quintais”

“Ver as famílias e especialmente as mulheres fazendo sementeiras, canteiros, plantando, colhendo e vendendo o excedente dá uma alegria danada e a certeza de que para combater a pobreza, a insegurança alimentar, gerar trabalho, renda e dignidade para o povo das comunidades rurais, precisamos de tão pouco”, comemorou José de Mesquita, coordenador da equipe técnica da Sagrima.

Imagem destacada / Pastor Teorodo, entusiasta do projeto, colhe alface em seu quintal

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César Teixeira em novo show: “Samba de Botequim”

“Samba de Botequim” é o mais novo projeto e show que o cantor e compositor Cesar Teixeira vai apresentar no dia 23 de setembro, às 21h, no Ceprama, no Centro de São Luís. Na oportunidade haveráa arrecadação de alimentos destinados à APROSMA, a Associação dasProfissionais do Sexono Maranhão, que atua na área do Centro Histórico da capital maranhense.

Em 53 anos de carreira, Cesar Teixeira participou do álbum “Bandeira de Aço”,produzido pela Gravadora Marcus Pereira, em 1978, depois de ter participado de vários espetáculos e festivais de música popular. A partir de 1979 destaca-se como compositor de sambas para a Turma do Quinto e o Pirata do Samba, de São João de Ribamar.

Agora surge a oportunidade de registrar alguns de seus sambas feitos nos bares e quitandas da Madre Deus e da Praia Grande.  Esse é o objetivo do Projeto “Samba de Botequim”, que tem o patrocínio do Grupo Mateus através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura.

“Vamos abrir as gavetas, os arquivos, a memória e selecionar algumas obras, em parte inéditas, que devem ser preservadas, contribuindo assim com o acervo musical do samba maranhense”, assinalou Cesar Teixeira que promete um show vibrante com a participação de mais 20 artistas maranhenses, entre equipe de produção, criação, direção, músicos, intérpretes, técnicos e assistentes.

Cesar Teixeira também assinala que “essa é uma oportunidade ímpar para demonstrar que o Maranhão tem uma cultura musical ligada ao samba e que suas ramificações se enquadram na notável participação cultural das etnias que vieram para cá escravizados, sobretudo da Costa da Mina, como Jeje, Iorubá, Fanti-Ashanti, entre outros”. 

O show, com entrada gratuita, possibilita ainda o acesso democrático à cultura e ao lazer do público de todas as idades, fomentando e incentivando a formação de plateia do samba maranhense num estado em que as raízes dos batuques afro-brasileiros estão muitos presentes. Raízes que vão do Tambor de Crioula, passando pelo Bumba Meu Boi e Tambor de Mina, ao Samba de Angolaexistente em alguns terreiros.

Nesse contexto, é importante observar que, devido à sua proximidade e relação com bairros de grande densidade e efervescência cultural, como a Madre de Deus e São Pantaleão, Cesar Teixeira absorveu muito da sua produção cultural popular e conviveu com os compositores tradicionais ligados à Escola de Samba Turma do Quinto e ao bloco Os Fuzileiros da Fuzarca.

O cantor, compositor, jornalista, poeta e artista plástico, Cesar Teixeira é considerado um dos principais nomes das artes do Maranhão na contemporaneidade, com mais de 100 composições, entre sambas, valsas, canções e boleros.

Nascido em São Luís, ele participouem 1972 da fundação do Laborarte, movimento artístico de música, teatro, artes plásticas, dança e literatura existente até hoje.

Em 2000 realizou o histórico show “Papel de Seda”, no Circo da Cidade, ao lado do mestre Antônio Vieira. Em 2021, participou do Rumos Itaú Cultural Música, em São Paulo, tendo composições suas na coletânea de CDs do programa.

Também participou do Projeto Brasil de Todos os Sambas, ao lado do mestre Antônio Vieira, no CCBB, no Rio de Janeiro, em 2004, com as participações especiais da carioca Teresa Cristina e das maranhenses Rita Benneditto e Célia Maria.

Em agosto também de 2004 lançou o CD experimental Shopping Brazil, através de lei de incentivo fiscal, mostrando uma variedade de ritmos tradicionais do Maranhão e tendências da música urbana contemporânea.Cesar Teixeira foi, ainda, homenageado pela Favela do Samba no Carnaval de 2010, quando a escola de samba conquistou o pentacampeonato com o enredo “A Favela se fez Bandeira no Planeta de Cesar Teixeira”.

Em 2013, ele participou do Projeto BR 135 – Energia Musical, com o show “Bandeira de Aço 35 anos” no Teatro Arthur Azevedo, além de ter músicas de carnaval gravadas por intérpretes maranhenses como Rita Benneditto, Cláudio Pinheiro, Fátima Passarinho, Roberto Brandão, Gabriel Melônio, Regional 310, Grupo Lamparina, dentre tantos outros.

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Gente: atos e falas

Eloy Melonio

Eles estão nas ruas, nas favelas, nos condomínios. Nos palácios, nos tribunais. Nas salas de cirurgia, nas cadeias.

Nas “cracolândias” da vida e até onde não se pode imaginar.

Assim como o romancista dispõe das palavras para “caracterizar” suas personagens, recorro a “uma” que é adjetivo e substantivo. Com o adjetivo, tento desnudar o caráter dessas pessoas. Com o substantivo, vestir-lhes com o figurino desenhado pelo adjetivo. Acho que deu pra entender ― ou não?

Seja qual for a sua resposta, prepare-se para um cenário de realidades cruas. Um teatro em que não se admitem ensaios nem improvisações. Os atos são visivelmente naturais. No palco, um elenco que faz um estrago danado onde vive e por onde passa.

E, assim, minhas personagens não são doentes mentais, embora ― vale lembrar ― a psiquiatria caracterize seu comportamento como “atraso mental acentuado”. Na minha abordagem, vou apenas considerá-las “desprovidas” de inteligência e de bom senso.

Não por acaso, preciso ir além do óbvio. Porque esses “vacilões” dizem e fazem coisas sem levar em conta o resultado que elas trazem. Se olhar ao seu redor, você é capaz de identificá-los. Quem sabe alguém na sua empresa ou repartição? Ou a moça do caixa da padaria? Ou, talvez, um correligionário, um vizinho.

Lembro-me agora do tempo em que eu me meti a dono de barzinho. Quando queriam “zoar” um colega, os garçons diziam algo que eu não entendia: Esse cara é “senourrau”. Depois de algum tempo, saquei o que estavam dizendo. Essa expressão era uma deturpação de “know-how” (habilidade para executar tarefas), antecedido da preposição “sem”. Ou seja, seu coleguinha era um “imbecil”, notável por fazer um monte de coisas erradas.

Das muitas situações do dia a dia que motivaram esta crônica, destaco a principal: depois da missa, uma senhora que se espremia na fila da comida típica de um arraial do São João (num espaço religioso), reclamava da “lerdeza” da atendente. E bradou: “Isso aqui tá um inferno!”. Felizmente, uma voz sensata interveio: “Senhora, essas pessoas são voluntárias e estão doando seu tempo para a obra do Senhor”. Não sei se ela achou um lugar para meter a cara, mas provavelmente garantiu sua morada no inferno.

Duas outras cenas típicas da imbecilidade urbana: um carroceiro espancando o traseiro do burro só porque o pobrezinho, já cansado, empacou no meio da rua. E o anestesista (escândalo nacional) que abusava das parturientes para satisfazer seu estro descontrolado. (Se eu fosse um desbocado, trocaria, nesse caso, “imbecil” por fdp).

No caso do ignorante carroceiro, não se pode precisar se a burrice anda na frente ou “na trás” (como dizia, aos seis anos, a minha neta). Quanto à ética do sexo, talvez a imortal Nélida Piñon tenha uma explicação mais plausível para esse “calor” destemperado.

Como a lista dos “imbecis” é tão grande quanto a torcida do Flamengo, vou poupá-lo, caro leitor, de tanta imbecilidade. Não sem antes lembrar seu “point” favorito: as videocassetadas e as pegadinhas, tão populares na TV, e cujos protagonistas são “imbecis assumidos” de todas as raças, idades e profissões.

Além de falar de suas ações, que tal também considerar suas falas? Sim, porque ― no ambiente das redes sociais ― os imbecis são mais conhecidos pelo que dizem. Suas palavras voam no espaço digital numa velocidade assustadora. Felizmente, não constituem evangelho que mereça fé e confiança, ou mesmo atenção.

Os primeiros anos da pandemia da covid-19 foramum terreno fértil para esse show de idiotices. Da parte de quem falava e da parte de quem lhes dava ouvidos. E o teatro da estupidez não fechava suas portas. No palco e na plateia, gente que resistia à vacina com medo de “virar jacaré”.

Fiz uma enquete no WhatsApp para saber qual seria ― entre seis adjetivos ― o mais repudiado numa discussão acirrada. Das três mulheres, duas optaram por “imbecil”; dos quatro homens, dois seguiram a mesma opção. Os outros três se dividiram entre “idiota”, “ignorante” e “estúpido”. E, assim, “imbecil” (57.14%) foi sumariamente condenado. Talvez por sua pesada carga negativa. Ou porque alguns de seus sinônimos são blindados com requinte lexical: estulto, inepto, néscio, parvo.

É razoável que ninguém se julgue um imbecil. Em atitude humilde, sempre é sensato considerar a ironia de Millôr Fernandes (1923-2012): “Às vezes você está discutindo com um imbecil… e ele também”.

Em pleno século XXI, uma constatação mítica: nosso mundo político (legislativo e executivo) ― que sempre foi um “saco de gatos” ― hoje é uma “caverna” que abriga milhares de “espertinhos”. Acho até que nem mesmo Platão conseguiria jogar luz sobre tanta escuridão.

Nessa estrada de loucuras, dois imbecis juntos não valem um sozinho. Esse aforismo é tão verdadeiro que, numa discussão entre dois radicais seguidores dos principais candidatos à presidente, um deles se arrepende de ter insultado o outro: “Desculpa. Pensei que você fosse um imbecil”. O outro, sereno, aceita a desculpa. E, logo em seguida, solta ― segundo ele mesmo ― uma antiga expressão chinesa: “Sem no problem”.

Nesse fogo cruzado, não sei se fico com “um pouco de esperança” do Fundo de Quintal ou se “pego a viola e vou viajar” com o Renato Teixeira.

Acho que o melhor mesmo é pedir carona nas asas do “Pavão Mysteriozo”, do cearense Ednardo: “Eles são muitos, mas não podem voar”.

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Eloy Melonio é contista, cronista, ensaísta, letrista e poeta.