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Jornalista premiado com foto de ritual indígena apresentou documentário sobre a degradação das siderúrgicas em Açailândia

A foto do jornalista Mikaell Carvalho conquistou o primeiro lugar  no “Prêmio fotográfico 2018 com todos os direitos”, promovido pelo Fundo Brasil, em parceria com a Fundação Tite Setubal.

Carvalho venceu com a foto “Festa da Menina Moça”, capturada durante um ritual da cultura indígena do povo Guajajara, da aldeia Piçarra Preta, na Terra Indígena Rio Pindaré, em Bom Jardim (Maranhão). 

Na etapa final, dez entidades concorreram e a disputa teve entre os critérios a votação de internautas na plataforma digital da organização do concurso. “A mobilização nas redes sociais foi decisiva para engajar simpatizantes na minha foto”, explicou Mikaell.

Saiba mais sobre o prêmio aqui

Aos 28 anos de idade, graduado em Jornalismo pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) de Imperatriz, em 2015, Mikaell Carvalho fez o trabalho de conclusão do curso apresentando o documentário (vídeo abaixo) intitulado “Desenhando um sonho: a história da luta de Piquiá de Baixo”, no qual atuou como roteirista, diretor de fotografia e edição.

Além do caráter denunciativo, o documentário narra o processo de mobilização dos moradores para conquistar novo território e implantar um bairro com todos os equipamentos necessários à qualidade de vida usurpada pela poluição das siderúrgicas no pólo Piquiá.

Os entrevistados no documentário explicam as mudanças drásticas na vida dos moradores a partir da implantação do polo siderúrgico na região.

Imagem destacada: 
Vista do povoado de Piquiá de Baixo, no distrito industrial de Açailândia (MA). Casas de moradores dividem espaço com fábricas de ferro gusa ao fundo. Foto: Fabíola Ortiz, retirada neste site

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Estudantes da Estácio lançam nota de solidariedade aos professores demitidos

“Professores brilhantes ensinam para uma profissão. Professores fascinantes ensinam para a vida.” (Augusto Cury)

Alunos de Direito, Educação Física e Jornalismo repudiam as demissões e ressaltam as qualidades dos docentes excluídos.
Veja abaixo a nota 

Vivemos em um tempo marcado pelo desrespeito às liberdades individuais e pelos ataques aos direitos fundamentais em nossa sociedade. A Reforma Trabalhista, a Lei da Terceirização Irrestrita e o congelamento dos gastos com saúde e educação por 20 anos passaram facilmente pelo Congresso Nacional sem muita resistência da população, dos estudantes e dos trabalhadores em geral. O resultado dessa omissão começa a ser visto agora, com o emprego informal, o desemprego, as demissões em massa e a perda de direitos históricos.

Nesse período sombrio da história do nosso país, acreditamos que a única saída para a atual geração é a educação transformadora e libertadora, que encoraje os jovens a irem à luta por seus direitos, combatendo toda e qualquer espécie de preconceitos, intolerâncias e fundamentalismos.

Essa mudança de pensamento depende, indubitavelmente, do auxílio crucial dos professores, grandes mestres, pensadores que estiveram,estão e sempre estarão no cerne de toda a transformação social, devendo, pois,serem cada vez mais valorizados e reconhecidos.

Lamentavelmente, porém, a Faculdade Estácio tem ido de encontro a esse entendimento. Na quarta-feira, dia 12/12/18, a instituição demitiu 22 professores do seu quadro, em São Luís, alegando que a revisão periódica de sua base de docentes é um “processo natural”. Em seu comunicado, a Faculdade evidenciou, explicitamente, a maneira insensível e desrespeitosa comovê seus professores, ou seja, como meros objetos, peças de um mobiliário que precisam ser trocadas a cada estação, pensamento este inaceitável!

Nós, alunos de instituição, discordamos, terminantemente, dessa decisão unilateral da Estácio. Afinal, professores não têm prazo de validade. Devem ser valorizados e respeitados, ainda mais profissionais tão gabaritados quanto os que foram dispensados. Desse modo, exigimos respeito e reconhecimento aos docentes:

•             Thyenes Corrêa, advogada, com especialização em Direito de Família, Sucessões, Processual Civil e Tributário, há 15 anos lecionando na Estácio;

•             Ricardo Calado, advogado civilista reconhecido, especializado em Direito Público, com 12 anos de excelentes serviços prestados na Faculdade;

•             Paulo Roberto Barroso, graduado em Direito, Economia, Sociologia e Administração, Mestre em Gestão de Empresas, Doutor em Ciências Jurídico-Sociais, Pós-Doutorem Democracia e Direitos Humanos, há 7 anos compartilhando seu vasto saber na casa.

•             Ranie Leão, advogado especializado em Direito Processual Penal, servidor público e há 3 anos ensinando na Estácio São Luís;

•             Isaque Ramos, professor especializado em Direito Constitucional Aplicado, com MBA em Gerenciamento de Projetos, nosso coordenador do NPJ;

•             Gustavo Alencar, mestrando em ciências jurídicas; professor de direito penal, processual penal e direitos humanos; delgado de polícia.

•             Kátia Alencar, graduada em Direito e Jornalismo, especializada em Jornalismo Cultural, Direito do Trabalho e Previdenciário, além de mestranda em Criminologia;

•             Marcio Antônio de Oliveira, pós-graduado em Direito Penal e Direito Constitucional,com MBA em Direito Civil e Processo Civil.

Como visto no breve currículo pessoal supramencionado, esses professores são referências em suas áreas, profissionais com alto grau de especialização, que gozam de irrestrito respeito e reconhecimento dos acadêmicos da Estácio e da comunidade jurídica maranhense.

Vale ressaltar que não somos meros pagantes dessa Faculdade, somos futuros juristas, educadores, comunicadores e outros profissionais , em  formação, defensores dos direitos sociais, dos direitos trabalhistas e, sobretudo, do valor social do trabalho e da dignidade da pessoa humana.

Por isso, não aceitamos que a Estácio demita nossos professores, terceirizando-os, desvalorizando-os, precarizando suas condições laborais e suas vidas. Lutaremos pelo emprego desses mestres, que aprendemos a respeitar pela capacidade técnica e pelo caráter.

Merecemos professores de qualidade! Não nos calaremos diante dessas demissões injustas e desnecessárias, cujo único objetivo é aumentar o lucro da Estácio em detrimento do saber! Estamos a postos para denunciar, nos solidarizar e apoiar esses grandes mestres!

Ante o exposto, convidamos todos os alunos, ex-alunos, professores e ex-professores da Faculdade Estácio, a se juntarem a nós nessa luta em defesa do emprego, da qualidade do ensino, contra as terceirizações e por nenhum direito a menos!

Alunos dos cursos de Direito, Educação Física e Jornalismo da Estácio de Sá Campus São Luís.

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Agência Tambor e jornal Vias de Fato recebem diploma de Direitos Humanos

O Centro de Promoção da Cidadania e Defesa dos Direitos Humanos Padre Josimo realiza hoje (17), às 19 horas, na Uemasul, em Imperatriz, a cerimônia de entrega do diploma de reconhecimento público para 16 entidades e duas personalidades que se destacam na luta pelos direitos humanos. A Agência Tambor de Comunicação e o jornal Vias de Fato estão entre as organizações contempladas (veja lista completa abaixo).

Na ocasião haverá o seminário com o tema “O Brasil e os direitos humanos: 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos”, com o objetivo de debater a efetivação deste documento no Brasil em sete décadas da sua publicação, os avanços conquistados pela classe trabalhadora e pelos governos democráticos e as ameaças atuais frente ao cenário nacional e internacional de avanço das forças conservadoras e ultraliberais.

A mesa do seminário será composta por quatro palestrantes: um membro do Centro de Promoção da Cidadania e Defesa dos Direitos Humanos Padre Josimo e três dos representantes de entidades que serão homenageadas: o MST, a SMDH (Sociedade Maranhense de Direitos Humanos) e o Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos de Açailândia (CDVDH).

Depois do debate, às 21h, terá início a cerimônia de entrega do Diploma de Reconhecimento Público de entidades, órgãos, militantes e personalidades que ao longo dos anos atuaram e prosseguem na luta pela efetivação da Declaração Universal dos Direitos Humanos no Maranhão.

As personalidades reconhecidas são Manoel da Conceição e Denise Leal, ex coordenadores do Centro de Promoção da Cidadania e Defesa dos Direitos Humanos Padre Josimo.

Agência Tambor

A Agência Tambor é uma ação de apoio à comunicação livre, popular, comunitária e alternativa. Fundada em março de 2018, é uma iniciativa da Sociedade Maranhense de Mídia Alternativa e Educação Popular Mutuca, em parceria estratégica com a Associação Brasileira de Rádios Comunitária no Maranhão (Abraço-MA), com o Sindicato dos Bancários do Maranhão (SEEB-MA), Jornal Vias de Fato e outras organizações sociais.

A Tambor tem uma Rádio Web, que pode ser acessada no site agenciatambor.net.br. De segunda a sexta é produzido o Jornal da Tambor, um radiojornal, com uma hora de duração, sempre a partir das 11h.

A Agência Tambor é um espaço para produção de conteúdo jornalístico. Um instrumento comprometido com a luta das trabalhadoras e trabalhadores do campo e da cidade, dos povos e comunidades tradicionais, por um movimento sindical forte e independente, pela defesa permanente dos direitos humanos, pelo combate ao machismo, racismo, homofobia, com o compromisso com os povos e comunidades tradicionais, pela preservação do meio ambiente e pelo respeito e estimulo à arte e a cultura.

Veja mais sobre o perfil e a missão da Agência Tambor aqui (http://www.agenciatambor.net.br/sobre-nos/)

Veja a lista de organizações e personalidades diplomadas

1 – MST
2 – Centro de Direito da Vida de Açailândia
3 – Justiça nos Trilhos
4 – Sociedade Maranhense de Direitos Humanos
5 – Coapima (Coordenação das Organizações e Articulações dos Povos Indígenas do Maranhão)
6 – Fórum de Mulheres de Imperatriz
7 – Movimento de Mulheres Camponesas / MMC
8 – Amima (Associação das Mulheres Indígenas do Maranhão)
9 – Fórum Regional das Entidades de Pessoas com Deficiência da Região Tocantina
10 – MIQCB (Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu)
11 – Fórum de Mulheres Maranhense
12 – Centro de Cultura Negra Negro Cosme
13 – Agência Tambor
14 – Jornal Via de Fato
15 – Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Vereadores
16 – Comissão de DH da OAB.

PERSONALIDADES

1 – Manoel da Conceição
2 – Denise Leal
Ambos são ex-coordenadores do CDDHPJ (Centro de Promoção da Cidadania e Defesa dos Direitos Humanos Padre Josimo)

SERVIÇO

Evento: Seminário “O Brasil e os direitos humanos: 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos”

Data: 17 de dezembro (segunda-feira)

Hora: 19h

Local: auditório da UEMASUL, rua Godofredo Viana, 1300, Centro (Imperatriz-MA)

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Católicos preparam grande virada do ano na avenida Litorânea

Missa e shows católicos fazem parte da programação da virada

A Renovação Carismática Católica (RCC) da Arquidiocese de São Luís realizará no dia 31 de dezembro a Virada do Ano Com Jesus, a partir das 20h30, na Praça do Pescador, na avenida Litorânea.

A Virada do Ano com Jesus já faz parte do calendário de festividades de fim de ano da sociedade maranhense. É um evento pioneiro no Brasil que está em sua 20ª edição, sendo esse, o terceiro ano na Litorânea.

Na abertura acontecerá um grande show  com a Banda Mouras, logo em seguida será celebrada  a Santa Missa e haverá grande momento de adoração e louvor. Além de toda essa programação, não poderá faltar a contagem regressiva.A festa continuará após a queima de fogos com os shows do  Ministério Fiat e do cantor Cosme, ambos muito conhecidos entre os católicos.

No local,será montada uma estrutura com palco, cadeiras e banheiros para garantir a comodidade dos participantes. Além de espaço gourmet, onde será oferecido jantar a preço acessível e  lanches. Outro diferencial é o espaço kids com brinquedos, para que as famílias possam viver esse momento ao lado das crianças. 

SERVIÇO

O que? Virada do Ano com Jesus

Quando? 31/12 a partir das 20h30

Onde? Praça do Pescador, Av. Litorânea

Entrada franca

Contatos para entrevistas: 

Robert Araújo: (98) 9123-5952

Letícia Barone: (98) 8853-6537

Adriana Duarte (98) 98812-3227

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O pênis decepado e o sucesso da sofrência

por Ed Wilson Araújo

Ao longo de toda a minha vida de jornalista eu nunca tinha escrito um texto com título tão apelativo, escandaloso e sensacionalista.

Num dia triste e frio de Porto Alegre, eu saí do teatro São Pedro pensando no padre Antonio Vieira:

“A pregação que frutifica, a pregação que aproveita, não é aquela que dá gosto ao ouvinte, é aquela que lhe dá pena.Quando o ouvinte a cada palavra do pregador treme; quando cada palavra do pregador é um torcedor para o coração do ouvinte; quando o ouvinte vai do sermão para casa confuso e atônito, sem saber parte de si, então é a preparação qual convém, então se pode esperar que faça fruto […]. (VIEIRA, 2013)

Foi assim que a minha alma ficou após as cortinas se fecharem – torturada, sentindo o açoite das cenas, em harmonia coma navalhada das falas. Cada ator tinha, entre os dentes, a língua ensanguentada pelo ódio das lâminas atravessadas no meio da boca.

Baseada no texto do dramaturgo grego Dimitris Dimiátridis, com a direção de Luciano Alabarse e Margarida Peixoto, a peça “A vertigem dos animais antes do abate” aborda a formação e a decadência de uma família conturbada pela sexualidade do patriarca, produzindo um turbilhão de paixões entre o casal, os filhos e um amigo.

A trama é atravessada por conflitos de toda ordem das paixões – amor, ódio, avareza, desejo, ira, ganância, inveja,arrogância, luxúria, fome de poder… – numa impressionante dinâmica cênica com final surpreendente, que resulta em ato extremo insinuado no título desse texto.

Pausa para o(a) leitor(a) me chamar de spoiler!

No teatro, a família esfacelada parece receber inspiração filosófica. É como se Nietzshe colocasse querosene na fogueira de Bakunin.

Escrita por um grego nascido em 1944 (Dimitris Dimiátridis) a peça bebe na fonte da tragédia grega clássica.

Como não sou crítico de teatro, fiz referência ao espetáculo apenas para falar sobre outras dimensões da tragédia -a vida comum das pessoas fora do palco.

Por diferentes caminhos, estilos e formas de expressão, o sentido da tragédia está presente tanto nos artistas eruditos quanto nos compositores populares. Ocorre que as distintas formas de apropriação das pulsações do mundo pelos artistas levam a produção cultural para ambientes separados: o bar cult e a choperia; o teatro acarpetado e apraça; o meio da rua e o palco sofisticado; o You Tube e o velho rádio.

Todos são válidos e refletem o espírito democrático da produção, distribuição e consumo dos bens culturais.

O brega e a sofrência, por exemplo, são manifestações precisas dos conflitos humanos, onde o amor é sempre acentralidade.

Em torno dele, o amor, circula um imenso caleidoscópio de sentimentos e motivações tantas.

Na música popular, aquela que toca nas quitandas, nos botecos, nas espeluncas das feiras, nas choperias, serestas, clubões e galpões de festa, barracões e terreiros, o amor é o mantra.

Com ele, circula uma atmosfera de sentimentos e atos: ciúme, traição, machismo, vingança, perdão, reencontro,decepção, interesse, desejo, sexo, poder e impotência, dinheiro, casamentos e divórcios, paz na cama, separações e reencontros, frustrações, volta por cima,opressão, exploração, submissão…

Esse é o manancial de sensações que permeia as músicas dominantes nas camadas populares.

A sofrência, por exemplo, percorre com maestria esse universo das subjetividades plenas de desejo, em versos fáceis,rimas previsíveis, acordes padronizados, bons de memorizar e repetir, cantar sem perceber, automaticamente.

A música popular industrial ou mesmo a produção artesanal transformada em hit de massa na era digital penetra no universo sensorial das pessoas em busca de fidelizá-las pelo coração, no sentido mais piegas para a tradução do amor.

Os temas das composições são sempre os mesmos, mas nunca perdem a majestade: o amor, na sofrência, só faz sentido se tiver conflito, frustração, contrariedade, dor … em uma palavra, tragédia!

As coisas do coração alimentam uma estética sonora fatal, precisa, direto ao ponto frágil – a crise conjugal, o amor não correspondido, relacionamento proibido ou incompatível pela posição social, dinheiro, as antíteses do casal, cenas de ciúme, desprezo, abandono,infidelidade, reconciliação e tantos outros lances.

A cada tempo, a indústria fonográfica ou alguém de fora do circuito comercial fabrica uma letra mágica, transformada em mantra nos programas de rádio, celulares, nas redes sociais, radiolas dos bares,carros sonorizados e shows ao vivo nas festas populares.

Se você, caro(a) leitor(a), andar pelos bairros de São Luís vai perceber enormes cartazes colados nas paredes anunciando festas grandiosas dos cantores de brega, sofrência e sertanejo universitário, apenas para ficar nesses exemplos.

Esses shows, às vezes produzidos até fora do circuito comercial, arrastam multidões.

O hit marcante o ano inteiro está sempre colado no tripé amor / traição / sofrimento.

2018 já tem um verso predominante, com um título formado apenas por duas letras: “Oi”, composição de Bruno Caliman e sucesso na voz de Leo Magalhães. O refrão, uma febre, é de uma simplicidade cruel:

 “Toda vez que você me disser oi / Eu vou responder só oi”

Esta letra, como outras a cada época, virou epidemia musical. Toca em todos os lugares, independente da chamada grande mídia, às vezes sem o controle dos donos das gravadoras gigantes.

É a música temática daquilo que é latente na vida comum: “chifre”, escracho, deboche, a fofoca d@s feirantes, as futricas da vizinhança, o papo predileto dos homens no balcão do bar, a resenha da quitanda, o papo em volta do jogo de dama e dominó ou depois do jogo de futebol e dos fuxicos dos homens bisbilhoteiros que não curtem esporte.

Sem qualquer pretensão de escrever sobre teatro, tema que desconheço, tomei a peça citada apenas para abordar outro tipo de tragédia – a música consumida nos meios populares, o lugar onde,concretamente, um processo de indústria criativa se alastra, capaz de produzir fenômenos como Reginaldo Rossi e Amado Batista, este último colecionador de prêmios e tantos discos de ouro e platina.

Eis o som da malemolência, da pilantragem e da malandragem, dos homens e mulheres vadios (no sentido filosófico da vadiagem)…. É o hit da sacanagem, da traição pela frente e por traz, da raparigagem e do tomamento de gosto com a pessoa proibida.

A traição refinada na tragédia grega é a raparigagem da sofrência. O cult sofisticado e o trivial comem o mesmo alimento espiritual – as paixões e as suas deformações.

Ou mutilações. O pênis decepado no teatro é a imagem e semelhança do homem ou mulher impotente, traído(a)! Ele geralmente vai para a mesa de bar e finaliza a farra madrugada adentro, com uma cerveja quente, derrotado por si mesmo, diante da incapacidade de amar ou ser amado.

Certas melodias suscitam amputação. É oque se costuma dizer sobre determinado padrão denominado “música de cortar pulso”.

Ao final de um processo grotesco de aniquilação do casamento e da família, o patriarca na peça “A vertigem dos animais antes do abate” decepa o próprio pênis, apontando o seu órgão genital -a representação da virilidade – como responsável pela sucessão de tragédias.

No teatro, o pênis, participante da cópula que engendra a criação, é um objeto sexual propagador da destruição de uma família inteira por crime e loucura.

A instituição familiar, um dos pilares da sociedade burguesa, foi implodida no teatro grego.

Outras tantas tragédias cotidianas são narradas pela música do meio popular, falando sobre a vida comum e as dores do amor.

Sofrência, foi a tragédia que te pariu!

Leia mais sobre a peça “A vertigem dos animais antes do abate aqui e aqui

Imagem: recorte do cartaz da peça “A vertigem dos animais antes do abate”, retirada dese site

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O pregão do Cuscuz Ideal

De longe se ouve o brado, ou melhor, o pregão, na voz que ecoa pelas avenidas entre os paredões de concreto ou nas ruas e becos da cidade, em diversos bairros de São Luís.

Os pregoeiros do Cuscuz Ideal fazem parte da “paisagem sonora” de São Luís há mais de 40 anos, quando os vendedores popularizaram este produto típico da culinária nordestina, originário da base alimentar indígena.

Por todos os cantos da cidade os vendedores do Cuscuz Ideal anunciam a iguaria, na forma de pregão, formato de anúncio criado no gogó e adaptado pelos ambulantes ao longo de décadas.

Na São Luís antiga, éramos acordados pelos pregões dos vendedores de carvão de varinha, dos mercadores de frutas e verduras da Maioba, entre tantos outros criativos anúncios do povo.

Luis Carlos da Silva sustenta a família vendendo cuscuz ideal há 35 anos.

A fábrica desta saborosa invenção gastronômica está instalada desde 1967, no bairro do Anil, nas proximidades da escola Cintra.

Segundo Luis Silva, 80 vendedores percorrem as ruas da cidade todos os dias, exceto às segundas-feiras, dia de folga. A maioria faz o percurso de bicicleta. Outros ainda vendem carregando a caixa na cabeça.

Nos dias de chuva, não há quem resista a um café acompanhado de um ideal fumaçando.

Imagem cuscuz capturada neste site

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Hoje vamos de poesia!

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Lançamento do livro “Chorografia do Maranhão” fecha a temporada 2018 do projeto RicoChoro ComVida na Praça

Evento terá o grupo Tira Teima e a cavaquinhista
carioca Luciana Rabello

A cavaquinista carioca Luciana Rabello já está em São Luís. Ela é a artista convidada do sarau de encerramento da temporada 2018 do projeto RicoChoro ComVida na Praça, que acontece no próximo sábado, 15 de dezembro, às 19h, na Praça Gonçalves Dias (Centro).

Luciana Rabello já tem seu nome garantido na história da música popular brasileira, sobretudo o Choro, gênero musical que abraçou desde sua estreia em disco, em 1977, no elepê “Os Carioquinhas no Choro”, em grupo que tinha também seu irmão, o saudoso Raphael Rabello, no violão sete cordas, que acabaria a ser um prenúncio da merecidamente festejada Camerata Carioca.

De lá para cá ela vem colecionando canções, créditos em fichas técnicas de discos e shows, além de muito trabalho, sobretudo desde que fundou, com Maurício Carrilho, a gravadora Acari Records, dedicada exclusivamente ao Choro, por onde lança seus próprios trabalhos e os de mais um sem fim de talentosos artífices da música popular produzida no Brasil.

Seu disco solo mais recente é “Candeia Branca” [Acari Records, 2013], completamente autoral, com composições feitas em parceria com o marido Paulo César Pinheiro, outro gigante da música popular brasileira, fornecedor de repertório para nomes a perder de lista.

O Choro na roda de conversa

Na véspera de sua apresentação (sexta-feira 14), Luciana Rabello participará de uma roda de conversa, aberta a músicos, estudantes de música, curiosos e interessados em geral, na Escola de Música do Estado do Maranhão Lilah Lisboa de Araújo (Emem, Rua da Estrela, Praia Grande). O papo terá como tema o Choro, passando por seus fundamentos básicos, sua história, chegando até o Choro contemporâneo. A atividade também é gratuita.

O longevo Tira-Teima — Na ocasião do sarau de RicoChoro ComVida na Praça, Luciana Rabello será recebida pelo Regional Tira-Teima, mais antigo grupamento de Choro em atividade no Maranhão, reconhecido por este feito pela Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão com a Medalha do Mérito Legislativo João do Vale (resolução legislativa nº. 747/2014).

O grupo está em atividade desde meados da década de 1970, tendo figurado, com outra formação, na ficha técnica de “Lances de Agora”, disco lendário de Chico Maranhão, lançado pela também lendária gravadora Discos Marcus Pereira. O álbum foi gravado em quatro dias, em junho de 1978, na Sacristia da Igreja do Desterro, bairro do centro histórico da capital maranhense. No entanto, só em 2016 eles lançaram “Gente do Choro”, seu disco de estreia, em que fazem o registro de choros autorais, nomes que passaram pelo grupo, caso do cantor e pandeirista Léo Capiba, e de homenagens recebidas, caso da valsa “Simples como Serra”, composta pelo violonista João Pedro Borges, em homenagem ao flautista da formação.

Atualmente o Tira-Teima é integrado pelos seguintes bambas: Francisco Solano (violão sete cordas), Henrique Brasil (percussão), Júnior Maranhão (violão sete cordas), Paulo Trabulsi (cavaquinho solo), Sadi Ericeira (cavaquinho centro), Serra de Almeida (flauta) e Zé Carlos (percussão).

Entre os destaques do repertório do grupo estão “Dom Chiquin” (Serra de Almeida), “Companheiro” (Paulo Trabulsi/ Francisco Solano), “Expressivo” (Paulo Trabulsi) e “No balanço da Luciana” (Avena de Castro). A estas se somam, do repertório de Luciana Rabello, “Flor de sapucaia” (Luciana Rabello/ Cristóvão Bastos), “Manga rosa” (Jonas Pereira da Silva), “Um choro pro Waldir” (Cristóvão Bastos/ Paulinho da Viola) e “De bem com a vida” (Luciana Rabello).

Participação especial — Durante sua apresentação, a cavaquinhista contará com a participação especial da cantora Alexandra Nicolas, cuja estreia fonográfica, o disco “Festejos”, lançado pela Acari Records em 2013, teve direção musical de Luciana Rabello e Maurício Carrilho.

Os trabalhos serão abertos pelo DJ Franklin, um dos mais requisitados e talentosos da cena ludovicense. Seu nome é sinônimo de diversidade, fruto de sua pesquisa, curiosidade, acervo e disposição.

O Choro registrado em livro — Ainda durante o sarau, que marca o encerramento das atividades do projeto em 2018, será lançado o livro “Chorografia do Maranhão”, de Ricarte Almeida Santos, Rivânio Almeida Santos e Zema Ribeiro. O livro reúne em 52 entrevistas, o depoimento de 54 instrumentistas de Choro, nascidos ou radicados no Maranhão, publicadas como uma série, entre março de 2013 e maio de 2015, no jornal “O Imparcial”. O livro sai pela editora Pitomba! com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema) e a chancela do Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (PGCult) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

Acessibilidade — Todas as edições de RicoChoro ComVida na Praça garantem a presença confortável de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. O projeto itinerante conta com banheiros acessíveis, assentos preferenciais com sinalização, audiodescrição e tradução simultânea em libras.

RicoChoro ComVida na Praça é uma realização de Eurica Produções, Girassol Produções Artísticas e RicoChoro Produções Culturais, com patrocínio de TVN, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Maranhão.

 Serviço:

O quê: Última edição da temporada 2018 do projeto RicoChoro ComVida na Praça

Quem: DJ Franklin, Regional Tira-Teima, Luciana Rabello e participação especial de Alexandra Nícolas

Quando: dia 15 de dezembro (sábado), às 19h

Onde: Praça Gonçalves Dias (Centro)

Quanto: grátis

Redes sociais: facebook/instagram: @ricochorocomvida

Patrocínio: TVN, através da Lei Estadual de Incentivo àCultura do Maranhão.

Foto: Piu Dip, capturada neste site

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TV Ed Wilson

Guerreiro e a casa Granfina em Ponta de Areia

Saindo de barco do porto do município de Guimarães, em uma hora de navegação pela baía de Cumã, chegamos a Ponta de Areia, uma bela praia e povoado no município de Alcântara.

Antes mesmo de desembarcar, nas proximidades da praia, avista-se uma casa que desperta curiosidade. De longe avistamos bandeirolas hasteadas em mastros, algo parecido com um terreiro enfeitado para festa de tambor, paisagem comum no interior do Maranhão.

Só ao caminhar pela praia e chegar perto podemos perceber que a casa tinha um adereço especial – a inscrição encravada na parede principal dando nome ao lugar “Granfina – o descanso do guerreiro”.

Veja mais no site Agenda Maranhão

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Sem Terra reocupam área em Pindaré-Mirim, no Maranhão


Sem terra enfrenta policiais durante o despejo de novembro de 2018.
Crédito: jornal Brasil de Fato

As famílias haviam sido despejadas violentamente no início de novembro

Por volta das 6 horas desta sexta-feira (07/12) o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) reocupou com cerca de 150 famílias o acampamento Novo Pindaré, na fazenda Vila Velha, localizada em Pindaré Mirim, a cerca de 250 km de São Luís, capital do Maranhão.

Com a reocupação da área que já estava sob o controle dos sem terra há mais de dois anos, antes do violento despejo de novembro de 2018, o MST reivindica do Instituto de Terras do Maranhão (Iterma) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a agilidade na vistoria da área e o assentamento imediato das famílias.

Para a Coordenação Estadual do MST, a reocupação tem também outro fundamento: pressionar uma negociação pelo direito das famílias colherem toda a produção de alimentos realizada nos últimos dois anos.

 Antes do despejo de novembro deste ano, a área cultivada estava calculada em cerca de 10 hectares da arroz, oito hectares de feijão e cerca de 110 hectares de mandioca, além de criação de galinhas e de porcos, e só agora um mês depois as famílias poderão saber os prejuízos.

O dito proprietário da área é João Claudino, empresário dono de uma rede de lojas no Norte e Nordeste do Brasil. O MST afirma que a área é da União e que o despejo de novembro foi completamente irregular.

João Claudino responde a um processo na Justiça Federal de Teresina, no Piauí, por invasão de terras públicas, no caso, uma como Área de Preservação Permanente (APP) localizada às margens do rio Parnaíba, no território piauiense.

Até o momento a situação no acampamento Novo Pindaré encontra-setranquila, sem conflito.

Fonte: Assessoria de Comunicação do MST