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São Pedro dos Crentes (parte 1): cidade evangélica tem fiéis ardorosos e irmãos desviados

O Blog do Ed Wilson publica hoje a primeira de uma série de matérias sobre São Pedro dos Crentes, cidade no sul do Maranhão povoada por evangélicos da Assembleia de Deus.

A primeira impressão de quem visita São Pedro dos Crentes é de estranhamento. Logo no acesso à rua principal da cidade, onde ficam as lojas do comércio, um bar reúne muitos homens no famoso campeonato de sinuca, com um boi vivo de premiação para o vencedor. Jogo, bebida, cigarro e música nas alturas destoam da expectativa criada em torno da cidade cuja marca é a expressiva população evangélica e as suas congregações.

Bar na entrada da cidade movimentou torneio de sinuca

Caminhando na praça do templo central da Assembleia de Deus, a primeira moradora convertida em São Pedro dos Crentes retorna de mais uma sessão de oração. Aos 86 anos, Terezinha Carvalho de Sousa ‘aceitou Jesus’ quando tinha sete anos de idade e está cada vez mais firme na fé. “Eu tinha o desejo de ir para o céu. Aí nos instruímos bem como era o céu, mostrado pela bíblia e aí eu entendi e se convertemos (sic), as três irmãs. Fiquemos crentes, graças a Deus. Eu leio a bíblia do começo ao fim, duas a três vezes no ano. Quem não segue ela está perdido”, definiu.

Terezinha Sousa: perseverança a caminho do céu

Origens religiosas

Encravada no sul do Maranhão, a 758 Km da capital São Luís, a cidade tem seus primórdios nos anos 1940, quando o missionário húngaro João Jonas percorreu a região ainda totalmente rural, montado em animais ou a pés, recrutando os primeiros fiéis.

Naquela época a fazenda São Pedro nucleava um povoado que posteriormente se transformaria na cidade São Pedro dos Crentes, recebendo esse registro porque as terras dos herdeiros da propriedade foram distribuídas apenas aos convertidos da Assembleia de Deus. “Os filhos e a viúva fizeram um inventário e doaram uma parte para a igreja e aí começaram a vir os crentes para morar”, explicou Antônio Lopes de Castro, 87 anos, um dos primeiros moradores do então povoado São Pedro, ainda em 1952.

Para Antônio Castro, ser crente é “aceitar Jesus como salvador para ter a certeza da salvação da alma e conviver juntamente aos irmãos com união perfeita e santidade. E esperar então as providências de Deus.”

A enciclopédia da cidade

Uma das referências sobre a história da cidade é o autodidata Pedro Damasceno Pereira Pinto. Ele reuniu em um livreto as memórias sobre a presença dos evangélicos na região, com o título “História da Assembleia de Deus em São Pedro dos Crentes”

Damasceno reúne memórias e registros sobre a cidade

Indagado sobre a fé, ele foi direto ao ponto: “Com toda razão eu lhe explico, porque Deus dá o conhecimento e as pessoas vão pensando e todos eles têm o conhecimento da bíblia. Deus abençoa. Em primeiro lugar nós temos conhecimento da bíblia, que diz ‘feliz é a nação cujo Deus é o senhor’. E também feliz é aquela cidade que tem Deus como seu Senhor que ora”, pregou.

O sentimento dos idosos Terezinha Sousa, Antônio Castro e Pedro Pinto ainda não está formatado no pensamento da pré-adolescente Mariane da Silva Aguiar Sousa. Com apenas 13 anos de idade, manipula um smartfone na porta de casa, tentando fugir do calor escaldante. Ela mudou recentemente da cidade vizinha (Fortaleza dos Nogueiras) para São Pedro e já aderiu à Assembleia de Deus. “É sempre bom ir para a igreja, aprendemos várias coisas lá na escola dominical, ouvir da Palavra, os hinos, cantar também, falar com Deus”, detalhou.

Crente Raimundo

O encontro de gerações na religião é observado com frequência nas famílias. À sombra de um frondoso pé de jambo na porta de casa, perto do templo central da Assembleia de Deus, o lavrador Pedro dos Reis Pinto, 76 anos, está cercado de filhos e netos, todos convertidos. “Tem um ou dois desviados, mas é pouca casa que tem pessoa que não é crente. Desviado é a assim […] a pessoa cresce, o rapaz tá grande, aí dá fé da perversidade, aí se desvia, larga de ser crente para seguir a perversidade”, explicou Pinto.

Pedro e o filho Joades: perseverança é o caminho para a salvação

No jargão evangélico há uma expressão jocosa para caracterizar o fiel que se afasta dos princípios rigorosos do Evangelho. Trata-se do “crente Raimundo”, definido pelo bordão “aquele tem um pé na igreja e outro no mundo”, denominado também de “crente desviado”.

Nesta situação encontra-se Joades de Sousa Pinto, um dos filhos de Pedro dos Reis Pinto. Ele tem 40 anos de idade e segue a religião desde criança. “Sou cristão, só estou um pouco afastado da igreja, um pouco desviado. Eu acho assim, devido alguns problemas pessoais de família, tipo a gente se separa, começa a conhecer outras pessoas também aí vai indo e a pessoa cai no mundo, mas não afastado de vez da igreja”, considerou.

O pai de Joades ajuda a qualificar o desvio de certos fiéis. “Eu acredito que seja desse tipo que estou lhe dizendo. Eles se desviam assim porque são novinho, foram criado no evangelho, não viram nada, aí quando vê o movimento do mundo, quando pensam que não estão lá”, enumerou.

O cabeleireiro Hudson: fé e fidelidade ao Evangelho

Próximo ao templo central da Assembleia de Deus, dois jovens conversam em pé, ao lado de uma motocicleta. Um deles fuma cigarro. Joelson Castro de Sousa, 30 anos, foi evangélico desde criança até completar 19 anos de idade, depois ficou desviado. O pai dele está na mesma situação, mas a mãe segue firme na igreja. Ele atribui o desvio aos “problemas que tem na vida da gente, a gente é falho mesmo, mas breve também estou voltando. A gente sabe que tá aqui fora, tá no erro, já errando mais, mas temos que voltar. O caminho certo é voltar para a casa do Senhor, contornou.

Mas, os desviados estão em menor quantidade. Durante reportagem ficou visível a frequência dos irmãos nas igrejas, desde crianças até idosos, engajados em todas as dimensões da fé, nas orações e nos sofisticados instrumentos musicais que animam os cultos.

O jovem casal Hudson da Silva Fontes Aguiar (21 anos) e Eldeni de Oliveira Aguiar (20 anos) é exemplo de geração focada no Evangelho. “O meio evangélico é bom. A partir do momento que eu aceitei mesmo entrar na religião, através disso vem mudando meu aspecto de viver porque até então certos atos a gente não faz, né, devido as doutrinas da igreja. Tá sendo uma maravilha, graças a Deus. “A vida de evangélica é muito boa […] aceitar Jesus. Na igreja a  gente aprende a palavra, os hinos, é muito bom”, completou Eldeni Aguiar.

Na próxima reportagem vamos abordar as relações entre política e religião em São Pedro dos Crentes

Imagem destacada: Centro de São Pedro dos Crentes / Magna Regina Santana.

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Musical em homenagem ao cantor João do Vale volta ao palco do teatro Arthur Azevedo

Após o grande sucesso da última temporada, o musical ‘João do Vale, O Gênio Improvável’ encerrará a programação do GEMA – Grandes Espetáculos do Maranhão, evento promovido pelo Governo do Maranhão a partir da coordenação da Secretaria de Estado da Cultura e Turismo (Sectur), por meio do Teatro Arthur Azevedo.

Serão quatro apresentações: no dia 22 às 21h, no dia 23 às 18h e às 21h e no dia 24 às 19h. As apresentações marcam a preparação para a turnê nacional prevista para começar neste semestre.

Desde 2017, o musical já percorreu diversas cidades do interior do Estado com a turnê ‘De Teresina a São Luís’. São Luís, Caxias, Codó, Coroatá, Pedreiras e também a capital do Piauí, Teresina, estiveram no roteiro do espetáculo, que lotou praças e espaços públicos por onde passou.

‘João do Vale, o Gênio Improvável’ retrata a trajetória do cantor e compositor maranhense João do Vale, natural da cidade de Pedreiras, que ainda na adolescência abandonou a sua terra para viver o sonho de ser compositor.

Suas canções ganharam destaque nas ondas do rádio nas décadas de 60 e 70, na voz de grandes interpretes da música brasileira como Nara Leão, Zé Kéti, Chico Buarque e muitos outros.

O músico e compositor maranhense João do Vale é a inspiração do espetáculo produzido e idealizado pelo diretor do Teatro Arthur Azevedo, Celso Brandão.

“Quando assumi a direção da casa em 2016, me deparei com o enorme privilégio de estar aqui nas vésperas dos seus 200 anos. E eu pensei que precisaria fazer algo que marcasse esse bicentenário”, conta Celso Brandão.

“A fascinação por João do Vale sempre foi muito presente na minha vida e na minha carreira. Ele é uma figura excepcional, que representou o Maranhão Brasil afora e precisava de uma homenagem como essa que veio a casar com os 200 anos da maior casa de espetáculos do nosso Estado”, completa.

O projeto GEMA

Grandes Espetáculos do Maranhão trouxe para o palco do Teatro Arthur Azevedo grandes produções maranhenses.

A comédia ‘O Auto da Compadecida’ teve duas sessões lotadas nos dias 2 e 3 de fevereiro. No dia 10, foi a vez do espetáculo ‘O Miolo da Estória’, que emocionou a todos com a dramática história do operário João Miolo.

‘Chico, Eu e Buarque’ mostrou porque é considerado o melhor espetáculo de dança do Maranhão sendo sucesso com uma única apresentação no dia 15, seguida de ‘Pai e Filho’, nos dias 16 e 17, que encantou o público e foi sucesso de crítica.

Os ingressos para assistir ao musical João do Vale no GEMA estão sendo vendidos nos pontos da Bilheteria Digital (Rio Poty Hotel, Shopping da Ilha e Rio Anil Shopping), na bilheteria do Teatro Arthur Azevedo (aberta de terça a domingo, das 14h às 18h30) ou pelo site (bilheteriadigital.com).

Os valores são: plateia e frisa R$ 50,00, camarote R$ 40,00, balcão R$ 30,00 e galeria R$ 20,00.

Mais informações pelo telefone (98) 99167-2696 ou pelo site (cultura.ma.gov.br/taa) e redes sociais do Teatro Arthur Azevedo.

Foto destacada: cena do espetáculo “João do Vale, o gênio improvável” / divulgação / Secretaria de Comunicação e Assuntos Políticos (Secap)

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A mídia descontrolada: livro analisa atuação dos meios de comunicação no Brasil

Fonte: NPC (Núcleo Piratininga de Comunicação)

A publicação traz uma coletânea de artigos produzidos por um dos maiores especialistas do Brasil no tema da democratização da comunicação. Em São Paulo, haverá lançamento no dia 13 de março, às 18h30, na Livraria da Vila da Fradique Coutinho.

As eleições presidenciais de 2018 desorientaram os meios de comunicação tradicionais. Todos eles apostavam numa candidatura palatável para os seus interesses políticos e empresariais mas não encontraram quem a encarnasse. De repente se viram às voltas com uma realidade inesperada. Têm pela frente um governo que os despreza, que assusta muito dos seus leitores, ouvintes e telespectadores, mas do qual não podem se afastar totalmente, como sempre acontece no Brasil. A dependência das verbas publicitárias oficiais e de outros favores governamentais é muito grande.

Já dão mostras que se acomodarão aos novos tempos. Daí a importância dos movimentos sociais seguirem na luta por uma comunicação que abra espaço para a diversidade do país, democratizando a circulação de vozes existentes na sociedade. Uma parte importante dessa batalha está em A mídia descontrolada – episódios da luta contra o pensamento único, novo livro de Laurindo Leal Filho, o Lalo, lançado pelo Barão de Itararé.

A publicação traz uma coletânea de artigos produzidos por um dos maiores especialistas do Brasil no tema da democratização da comunicação. A análise crítica da atuação dos meios de comunicação feita por Lalo fornece ao leitor as peças do quebra-cabeça que revela os interesses e o poder jogado pelo oligopólio midiático no país. Uma contribuição que reúne o rigor da investigação científica do professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP) com linguagem acessível mesmo a quem não está acostumado com as discussões do mundo da comunicação.

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Novos (e velhos) impactos no cerrado maranhense

Texto de autoria do jornalista Mayron Régis, do Fórum Carajás

Os municípios de Buriti, Mata Roma, Chapadinha e Afonso Cunha se localizam na bacia do Médio Munim, rio que corta e abastece vários povoados e cidades do norte e centro-norte maranhense. O rio Munim tem suas nascentes principais no município de Aldeias Altas, região dos Cocais, onde sofre impacto pela produção de cana-de-açúcar, e em Codó, onde tem impactos pela criação de gado.

No final dos anos 90, a região do Médio Munim começou a receber fluxos de plantadores de soja, entre eles a empresa SLC, que comprou irregularmente mais de 50 mil hectares de áreas de chapada, das mãos do ex-prefeito de Buriti, Nenem Mourão.

Esses mais de 50 mil hectares estão localizados parte no município de Buriti e outra parte em Mata Roma. A empresa SLC, assim como outros plantadores de soja, beneficiaram-se de apoio de grupos políticos locais e estaduais que pressionavam pela rápida liberação de licenças ambientais.

Em 2009, o Fórum Carajás denunciou a SLC por grilagem de terras e por irregularidades na obtenção de licenças ambientais. Em 2010, a empresa, alegando questões financeiras, vende a fazenda para um grupo desconhecido. Mais tarde se ficou sabendo que a fazenda foi apenas arrendada e um dos objetivos desse arrendamento seria plantar mudas de eucalipto que se destinariam à fabrica de pellets da Suzano Papel e Celulose, planejada para a cidade de Chapadinha.

O projeto da Suzano não foi adiante e os plantios de eucalipto ficaram encalhados para objetivos mais lucrativos. Atualmente, os eucaliptos são cortados e vendidos para cerâmicas em vários pontos do estado do Maranhão, o que não compensa financeiramente. A última noticia que se tem é que a SLC pediu as terras de volta e para que isso ocorra a empresa arrendatária precisa cortar todos os eucaliptos.

Nesse processo, os funcionários da empresa arrendatária cortam os eucaliptos e derrubam também a mata nativa do cerrado. Segundo informações de moradores da zona rural de Buriti, os funcionários desmataram mais de 300 hectares e a pretensão é alcançar 1500 hectares, atingindo as cabeceiras do riacho Feio, principal tributário do rio Munim e de fundamental importância econômica ambiental para várias comunidades nos municípios de Buriti e Chapadinha.

Caso esse desmatamento e outros desmatamentos se concluam as comunidades verão seus acessos a água e à biodiversidade se restringirem ainda mais com impactos no clima e no solo.

Imagem destacada: vegetação do cerrado maranhense / Fórum Carajás

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Rádios comunitárias: Abraço Maranhão realiza encontro na região do Turi e Gurupi

Radialistas das emissoras comunitárias participam neste sábado, 16 de fevereiro, do I Encontro da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (Abraço) Maranhão na regional Alto Turi e Gurupi, compreendendo 20 municípios. O evento será realizado na Câmara Municipal de Santa Luzia do Paruá, das 8h às 18 horas.

A iniciativa da Abraço visa mobilizar as emissoras e fortalecer a organização da entidade na região. Durante o evento haverá palestras sobre a atuação do movimento de rádios comunitárias no Maranhão e no Brasil, além dos temas de interesse jurídico e técnico sobre o funcionamento das emissoras diante da legislação e das novas diretrizes do MCTIC (Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações).

Haverá também uma palestra especial, em formato de videoconferência, sobre marketing digital aplicado às rádios comunitárias. A palestra será proferia por Maira Moraes Ollila, formada em Administração e Marketing na East Central University, nos Estados Unidos.

Segundo o diretor regional da Abraço na regional Alto-Turi, Cícero Julio, diretor da rádio Difusora, localizada no bairro Josias, em Zé Doca, o encontro será uma oportunidade importante para congregar as rádios e fortalecer a organização da entidade em uma região importante do Maranhão.

Agência Tambor

Um dos assuntos em pauta durante o encontro é a parceria entre a Agência Tambor e as rádios comunitárias.

A Agência Tambor é uma ação de apoio à comunicação livre, popular, comunitária e alternativa, lançada no Maranhão, em março de 2018, a partir de uma articulação do Jornal Vias de Fato, da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias no Maranhão (Abraço-MA), com o apoio de outras organizações sociais. A Agência Tambor tem uma Rádio Web, que pode ser acessada no site www.agenciatambor.net.br 

De segunda a sexta-feira é produzido o Jornal Tambor, um radiojornal, com uma hora de duração, sempre a partir das 11h. Um dos objetivos da Agência Tambor é construir uma parceria com as rádios comunitárias para compartilhar conteúdo jornalístico e também formar uma rede de repórteres para atuar em ação colaborativa visando a produção de notícias, reportagens e entrevistas sobre temas de interesse municipal, estadual e nacional.

Programação do I Encontro da Abraço Maranhão no Alto Turi e Gurupi

8h – Apresentação dos participantes

9h – Panorama da Abraço no Maranhão e a situação das rádios comunitárias (Ed Wilson Araujo, presidente da Abraço-MA)

10h – Lanche

11h – Palestra sobre temas jurídicos e técnicos das rádios comunitárias (engenheiro Fernando Cesar Moraes e advogado Fernando Câmara)

12h – Almoço

14h – Plenária aberta para relato sobre as rádios comunitárias da região do Alto Turi

16h – Videoconferência “Redes sociais e as rádios comunitárias: ameaças ou desafios? (Maira Moraes Ollila*)

17h – Encaminhamentos

18h – Encerramento

* Maranhense, formada em Administração e Marketing na East Central University, nos Estados Unidos. A macroregião do Alto Turi e Gurupi compreende os municípios: Araguanã, Bom Jardim, Governador Newton Bello, Nova Olinda do Maranhão, Presidente Médici, Santa Luzia do Paruá, São João do Caru, Centro Novo, Centro do Guilherme, Zé Doca, Boa Vista do Gurupi, Governador Nunes Freire, Junco, Maracaçumé, Maranhãozinho, Amapá do Maranhão, Candido Mendes, Carutapera, Godofredo Viana e Luis Domingues.

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Vídeo: “Diálogos Republicanos” aborda pós-verdade e fake news

O vídeo contém a gravação integral da primeira edição da série “Diálogos Republicanos”, evento organizado pelo Centro Cultural e Administrativo do Ministério Público do Maranhão, dia 6 de fevereiro, promovida pela Escola Superior do Ministério Público (ESMP), com a discussão sobre o “Direito à informação, pós-verdade e fake news”.

Mediado pelo promotor de justiça Márcio Thadeu Marques, diretor da ESMP, o tema foi debatido pelo promotor de justiça Alessandro Brandão, da comarca de Imperatriz, e pelos professores Ed Wilson Araújo (Ufma), doutor em Comunicação pela PUC do Rio Grande do Sul, e Leonardo Ruivo (Uema e Ufma), mestre e doutor em Filosofia também pela PUC-RS.

Assista ao vídeo abaixo e aqui a reportagem completa com texto e imagens do jornalista José Luiz Diniz

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Casa D’Arte recebe exposição fotográfica “Crianças Tentehar” e show com Djuena Tikuna

No próximo domingo, 17 de fevereiro, o Quintal Cultural, do Casa d’Arte Centro de Cultura, homenageia os povos indígenas através do evento (R)existência, com a abertura da exposição “Crianças Tentehar”, do fotógrafo Taciano Brito, show musical da cantora Djuena Tikuna, roda de conversa com o Povo Tremembé e lançamento do trailer do filme “Iwazayzar: Guardiões da Natureza”. Artesanatos Tikuna estarão à venda durante todo o evento.

A exposição

Nessa exposição, Taciano Brito traz como principal estética fotográfica o portrait, gênero na pintura ou na fotografia onde a intenção é descrever um sujeito humano, que normalmente pode ser inspirado pela admiração ou carinho do artista pelo “objeto”.

Djuena Tikuna canta a natureza. Foto: Diego Jonatã

Na exposição “Crianças Tentehar”, a admiração e o carinho transmitem bem o sentimento que o fotógrafo tem pelos povos originários, trazendo com sensibilidade recortes da sua passagem pela ancestral Festa do Mel, em agosto de 2017, quando dava início à jornada do seu longa-metragem: “Iwazayzar – Guardiões da Natureza”.

Roda de Conversa

O evento tem ainda bate-papo com o Povo Tremembé sobre suas experiências de resistência nos municípios de Raposa e São José de Ribamar, suas histórias e costumes.

Música ao pôr do sol

A cantora do povo Tikuna, Djuena, é uma artista da Amazônia, da região do Alto Solimões. Filha de Nutchametükü e Tochimaüna. Nasceu em Umariaçu, onde o rio “banzeira as  fronteiras” do Brasil, Peru e Colômbia. Djuena, “a onça que pula no rio”, canta a cultura do seu povo, mantendo viva a sua história.

O álbum Tchautchiüãne, primeiro disco de Djuena, foi indicado ao Indigenous Music Awards, a maior premiação mundial da música indígena, que acontece em Winnipeg, no Canadá.

Djuena Tikuna encanta quando provoca o público a entrar em contato com sua ancestralidade, participando assim de um ritual de celebração, como uma revoada de pássaros multicoloridos, entoando canções de resistência e liberdade.

Programação:

16h – Abertura da Exposição fotográfica Crianças Tentehar, de Taciano Brito

17h – Roda de conversa com o Povo Tremembé

18h – Show musical com a cantora Djuena Tikuna

SERVIÇO

QUINTAL CULTURAL NO CASA D’ARTE

Domingo, 17 de fevereiro, a partir das 16h.

A entrada é gratuita. Cachê colaborativo (contribua com o que quiser ou puder).

Local: Casa d´Arte Centro de Cultura. Rua do Farol do Araçagy, nº 9, Raposa-Maranhão (rua em frente à clínica Ruy Palhano).

Informações: www.casadarte.art.br/blog

(98) 99974-9366 / (98) 98160-9188

Imagem destacada: Taciano Brito

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Filme sobre o bispo Casaldáliga explica o combate atual à Igreja Católica progressista no Brasil

Uma boa narrativa para entender as denúncias de espionagem contra religiosos da Igreja Católica é o documentário “Descalço sobre a terra vermelha”, que narra a saga do bispo emérito de São Félix do Araguaia (MS), Dom Pedro Casaldáliga.

No auge da ditadura, em 1968, Casaldáliga enfrentava latifundiários, grileiros e jagunços que exterminavam lavradores e índios no Mato Grosso.

O documentário retrata uma terra sem lei nem justiça, onde a força bruta e a bala imperavam, com apoio do próprio sistema de segurança oficial.

Em determinada cena do filme, os fazendeiros reunidos concluem que a resistência e organização dos lavradores e indígenas não estava apenas em Casaldáliga, mas na força das ideias progressistas impregnadas na leitura da bíblia.

Leia-se nessas ideias a Teologia da Libertação, o método “ver-julgar-agir” e as CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), que vicejaram na América Latina a partir da Conferência de Medellín (1968), mesmo ano em que Pedro Casaldáliga chegou ao Araguaia.

Parte da igreja, o chamado clero progressista, aderiu à Teologia da Libertação e ao seu princípio fundamental – a “opção preferencial pelos pobres” – atuando em defesa da reforma agrária, do meio ambiente e contra a ditadura militar.

No documentário, é nítida também a batalha ideológica que ocorre dentro e fora da Igreja Católica.

Casaldáliga enfrentava os latifundiários no Brasil e era acuado também pela censura do Vaticano, sob o comando do então cardeal linha dura da direita católica Joseph Ratzinger.

A Teologia da Libertação era um incômodo à cúpula do Vaticano, que censurou vários religiosos na América Latina, entre eles Leonardo Boff e Clodovis Boff.

O silêncio imposto aos religiosos, o corte de recursos para as ações da Teologia da Libertação e uma série de restrições ao trabalho de base do clero progressista acabou afastando a Igreja Católica das suas bases no meio do povo.

A postura da cúpula do Vaticano colaborou muito para a proliferação das igrejas evangélicas pentecostais e neopentecostais, ainda mais à direita que a linha dura do cardeal Ratzinger.

No Brasil atual, a suposta espionagem contra o chamado clero de esquerda tem raízes mais profundas. Basta ver o filme protagonizado pelo bispo Dom Pedro Casaldáliga.

Assista aqui ao documentário “Descalço sobre a terra vermelha”

Diretor: Oriol Ferrer

Coprodução: TVC, TVE, TV Brasil, Raiz Produções e Minoria Absoluta (produtora espanhola)

A película é baseada na obra homônima do escritor Francesco Escribano.

Imagem destacada capturada neste site

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Jornalista é processado 59 vezes após publicação de reportagem sobre suposta fraude em Sobral (CE)

Fonte: Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji)

Após publicar em 13.set.2018 a série de reportagens Educação do Mal sobre supostas fraudes nas avaliações de educação em Sobral, o jornalista Wellington Macedo passou a ser alvo de 59 processos por danos morais no Juizado Especial Cível. As ações são movidas por diretores e diretoras de escolas do município e foram protocoladas em um intervalos de 7 dias (de 19.set.2018 a 27.set.2018). O advogado em todas as ações é Charles Antonio Ximenes de Paiva, responsável pelos contratos e convênios da Secretaria de Educação de Sobral. 

O material, publicado no canal de Macedo no YouTube, traz entrevistas com estudantes e pais sobre o funcionamento do suposto esquema de fraudes do município. Os estudantes com bom desempenho escolar seriam previamente selecionados pela diretoria das escolas para realizar as provas, além de receberem treinamento para dar as respostas certas. O esquema de adulteração dos resultados funcionaria graças a uma articulação entre alunos, professores, gestão escolar e secretaria de Educação.

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Pirataria “francesa”: Polícia Civil apreende objetos históricos furtados de comunidades quilombolas no Maranhão

A pedido do Ministério Público da Comarca de Bacuri, por meio de Ação Cautelar, o juiz Alistelman Mendes Dias Filho expediu mandado de busca e apreensão em uma casa localizada no bairro Murici, no povoado Portugal, onde estavam guardados clandestinamente vários artefatos, objetos e peças de interesse histórico retirados de áreas quilombolas pela dupla de supostos arqueólogos Magnólia de Oliveira e François-Xavier Pelletier, integrantes da ong Homme Nature.

Leia aqui a primeira reportagem sobre o caso.

A Ação Cautelar do Ministério Público atendeu à denúncia formalizada pelo lavrador João dos Santos Oliveira, que relatou ao promotor Denys Lima Rego a retirada de duas estruturas de ferro (uma roda e uma viga medindo 2,5m) do sítio da sua família, no povoado Mutaca, onde vivem seus antepassados há mais de 150 anos. Segundo João Oliveira, o furto foi efetivado pela dupla Magnólia e François.

Na ocasião, o promotor Denys Lima Rego também ouviu denúncias de dois moradores da área quilombola São Félix, onde houve devastação de mata nativa, escavações e perfurações de solo, seguidas da retirada de vários objetos. Segundo os relatos de vários moradores de São Felix, foram subtraídas estruturas metálicas assemelhadas a encanações, esferas de ferro fundido parecidas com munição de canhão, vigas com características de lanças e arcos, pedras espessas quadradas e retangulares similares a piso ou assoalho para residência, lascas de madeira, restos de material cerâmico e pedregoso, além de amostras de solo (veja imagens ao longo desse post).

As denúncias de violação das comunidades vieram à tona por meio historiadora Klíssia Jéssica Fonseca Ferreira, titular da Coordenação de Igualdade Racial, vinculada à Secretaria de Assistência Social da Prefeitura de Bacuri. Ela é responsável pelo mapeamento histórico das comunidades com o objetivo de obter a certificação de área remanescente de quilombo, expedida pela Fundação Palmares, órgão do governo federal.

A descrição dos moradores de São Félix sobre os artefatos retirados da comunidade coincide com várias peças encontradas na casa do bairro Murici, utilizada por Magnólia de Oliveira e François-Xavier Pelletier para estadas temporárias e guarda dos objetos.

“A Polícia Civil informou que na casa foram encontrados diversos objetos de valor histórico, cultural e arqueológico, inclusive objetos grandes assemelhados a rodas de engenhos e bolas de canhão, retirados de forma irregular e eram depositados nessa casa.”, informou o promotor.

Reportagem publicada neste blog apurou junto à vizinhança da casa, no bairro Murici, que a dupla Magnólia e François retirou uma expressiva quantidade de objetos pequenos ainda no sábado (2 de fevereiro), colocou no carro e bateu em retirada. Fontes ouvidas pelo blog também revelaram que os objetos seriam levados por François para o exterior. “Não sabemos quais objetos já tinham sido retirados quando da suposta fuga do casal”, disse Denys Rego.

As autoridades do Judiciário e o MP vão entrar em diálogo e viabilizar um local para guardar os objetos de forma adequada e dar o destino mais seguro.

A diligência do promotor Denys Lima Rego foi essencial para agilizar a busca autorizada pelo juiz Alistelman Filho. O representante do Ministério Público ajuizou Ação Cautelar dia 4 de fevereiro e a decisão do magistrado saiu em 5 de fevereiro, no final da tarde. A Polícia Civil cumpriu o mandado nesta quarta-feira (6).

 “Durante todo o dia recebemos várias ligações para saber informações a respeito dessa questão porque envolve não só as comunidades quilombolas aqui de Bacuri, mas toda a população dentro e fora do Brasil em uma batalha constante pelo direito do povo negro. Queremos deixar claro que estamos dando prioridade total para essa questão e esperamos que em breve espaço de tempo a gente possa dar um desfecho. O fato é que logramos êxito em ter achado esses objetos e já vão servir com certeza de prova para outros crimes que possivelmente serão investigados pela Polícia Federal”, detalhou Rego.

Há cerca de um ano, a dupla Magnólia e François vinha percorrendo as comunidades quilombolas e demais povoados de Bacuri, munida de detector de metal e outros equipamentos, a pretexto de fazer pesquisa arqueológica e criar um museu na região.

François é fluente em francês e Magnólia seria originária do Pará, da cidade de Barcarena.

Com a apreensão dos objetos, eles devem ser indiciados por outros crimes, agora na esfera da Polícia Federal, além do furto na residência dos familiares do lavrador João dos Santos Oliveira, no povoado Mutaca.

“Estamos esgotando aqui a nossa atribuição e caso haja a necessidade de novas intervenções com certeza o Ministério Público Estadual, por meio da Promotoria de Justiça de Bacuri, assim como pela Procuradoria Geral de Justiça dará todo encaminhamento e a celeridade necessária para tão importante causa para a nossa sociedade”, resumiu o promotor Denys Lima Rego.

Leia a primeira reportagem sobre a pirataria “francesa” aqui.

Imagens: divulgação / Polícia Civil de Bacuri, Maranhão