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Deus é liberdade, não opressão

Por Ed Wilson Araújo

A tolerância é uma das maiores virtudes.

Em nome dela tentamos entender as diferenças e ver qualidades naquela pessoa que anda na contramão das nossas ideias, preferências e gostos.

Acontece geralmente quando tomo um taxi ou carro de aplicativo. Entro no veículo e o motorista está sintonizado na Jovem Pan ou em alguma rádio evangélica, tipos de emissoras muito ouvidas pelo público da ultradireita ou conservadores médios.

Conto até dez, em nome da tolerância, tentando descontrair com alguma conversa amena.

Em um desses meus deslocamentos o condutor ouvia música gospel não sertaneja nem forrozeira, despertando a minha atenção para uma suave melodia que aplainava o sol a pino do meio dia.

Puxei uma conversa sobre a música e fomos dialogando sobre fé, Deus, amor etc.

Contei a ele que uns dias antes eu tinha entrado na igreja da Sé, no Centro Histórico de São Luís, apenas para agradecer a Deus por estar vivo e com saúde. Nada mais.

O motorista, evangélico adventista, emendou a conversa e disse que a minha atitude – agradecer – era rara. Segundo ele, as pessoas tendem sempre a pedir, pedir e pedir, às vezes deixando a gratidão em segundo plano.

Depois, emendou: “a gente deve sempre se humilhar diante de Deus, se prostrar aos pés d’Ele”.

Cheguei ao meu destino refletindo sobre aquela frase, embora não concorde com o sentido apregoado pelo rapaz.

A minha relação com Deus é de amizade. Quando entro em uma igreja, católica ou evangélica, vou em busca de um encontro afetivo sem me sentir humilhado.

Deus é grande, mas não é um ditador.

A minha fé compreende uma relação de afeto e, como cristão, sinto-me tocado a olhar para o mundo e ver como ajudar o outro, individual e coletivamente.

Na minha formação na Pastoral da Juventude aprendi que as desigualdades econômicas e sociais não são obras de Deus.

Seu filho, Jesus, veio aqui para nos ensinar a repartir o pão, o conhecimento, o poder e a riqueza. Esse é o sentido da fé libertadora, aquela que prega igualdade e justiça.

Fé e liberdade caminham juntas. Deus não está ao mundo para nos oprimir. Ele vive no meio de nós como um amigo, solidário, companheiro e atento.

Deus cuida de nós o tempo inteiro, presente ao nosso lado, estendendo a mão quando precisamos, nos bons e maus momentos.

Por isso é sempre bom agradecer. Não precisa ter um pedido alcançado. A gratidão deve ser todo dia, a cada momento.

Como foi bom ser tolerante com a música daquele rapaz adventista. Reforcei com ele, mesmo nas nossas diferenças, a compreensão de que Deus é amor.

Naquele dia eu me senti ainda mais livre para professar a minha fé, sem me humilhar, porque a fé liberta e não serve à opressão.

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1º de Maio: movimentos sociais arrecadam alimentos para doação às comunidades carentes

Diversos sindicatos, associações, ONGs e organizações de direitos humanos realizam a campanha “Comida para quem tem fome – 1º de Maio Solidário”, data alusiva ao Dia dos Trabalhadores e Trabalhadoras.

O objetivo é arrecadar alimentos para comunidades e grupos em situação de vulnerabilidade social. Uma parte será entregue ao Fórum de Segurança Alimentar e o restante será destinado a iniciativas diversas que serão posteriormente divulgadas.

A primeira etapa da Campanha acontece de 20 de abril a 5 de maio, de duas formas: doação de 1 kg de alimento não perecível ou de qualquer quantia em dinheiro (em conta bancária), que será revertida para o mesmo fim. 

Iniciativa reúne parceria de várias organizações pela solidariedade

“Vamos comemorar o Dia dos Trabalhadores e Trabalhadoras de forma especial na pandemia. Embora quase todas as categorias enfrentem muitas dificuldades e ataques nesse momento, sabemos que a solidariedade é irmã da luta. E estamos de mãos dadas para combater a fome e a injustiça social”, justificam as entidades promotoras da campanha.

COMO DOAR

A doação em alimentos pode ser entregue no Posto Central de Coleta, localizado no Solar Cultural da Terra – Rua Rio Branco nº 420, Centro, próximo à Praça Deodoro, ao lado da Caixa Econômica ou em outro posto de arrecadação oferecido pelas entidades promotoras da Ação, divulgados por cada uma delas.

Devido às medidas sanitárias, se o doador não quiser sair de casa para levar o alimento até o Solar Cultural da Terra, pode fazer a colaboração em dinheiro. Veja abaixo os dados bancários:

Banco do Brasil

Agência: 2972-6

Conta: 14.220-4

Cooperativa Central de Reforma Agrária no Estado do Maranhão/CCA-MA – CNPJ: 03.074.764.0001/10

Chave PIX celular: 98991051658 Qualquer dúvida, entre em contato com uma das entidades promotoras pelo celular ou pelo email: campanhacontraafome@gmail.com

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Feira solidária mobiliza apoiadores das bancas de revista

O despejo das bancas de revista do Renascença II gerou uma rede de solidariedade para as mulheres “jornaleiras” que trabalhavam no local há mais de 20 anos e perderam sua única fonte de renda.

Nesse sábado (21) será realizada a I Feira Solidária, evento organizado com o objetivo de colher doações para ajudar as “jornaleiras”, enquanto o novo local das bancas está sendo preparado para reacomodá-las (veja abaixo).

O evento vai acontecer na praça Duque de Caxias, no bairro João Paulo, em frente ao quartel do exército, das 8h às 14h.

“Nesta ação cultural, as proprietárias das bancas de revistas poderão vender seus produtos, receber doações de livros e revistas para serem vendidas na própria feira e, o mais importante, receber o nosso carinho e apoio moral”, esclareceu a comissão organizadora do evento.

A programação da I Feira Solidária terá exposição e vendas de livros e revistas raras de histórias em quadrinhos (HQs), venda e troca de figurinhas dos álbuns Marvel 80 anos, Chaves/Chaplin Colorado, Batman, Brasileirão 2020 e muitos outros.

No momento cultural os frequentadores poderão participar de roda de conversa sobre a Semana da Consciência Negra, sarau do reggae e outras atividades com artistas de São Luís.

Entenda o caso das bancas

Duas bancas de revista instaladas na avenida Miércio Jorge, no Renascença II, foram retiradas pela Prefeitura de São Luís, através da Blitz Urbana, cumprindo determinação do Ministério Público.

Durante a remoção, houve resistência das jornaleiras e de várias pessoas dos movimentos sociais que se juntaram para defender as bancas e a sobrevivência das famílias.

Após a retirada, iniciou o processo de negociação envolvendo a Prefeitura de São Luís, o Ministério Público, as jornaleiras, a Defensoria Pública do Estado e o poder Judiciário, através da Vara de Interesses Difusos e Coletivos.

No acordo celebrado entre as partes as bancas serão realocadas no estacionamento do shopping Trocipal, próximo ao quiosque Açai. A Prefeitura de São Luís já começou a montar a base de concreto para reinstalar as bancas no local designado.

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Doações e abaixo-assinado dão força às bancas de revista em São Luís

Retiradas pela Prefeitura de São Luís do bairro Renascença II, por determinação do Ministério Público, as duas bancas de revista e uma de lanches estão temporariamente sem uso, alojadas na margem de uma multinacional de fast food localizada nas proximidades do edifício Monumental.

Destino provisório das bancas é nas cercanias do fast food

Elas serão realocadas para o estacionamento do shopping Tropical, contíguo à avenida Colares Moreira. Enquanto aguardam o novo destino, as famílias que tiram o sustento das bancas estão com as vendas suspensas e sem fonte de renda.

Na dificuldade elas vêm recebendo alguns gestos de solidariedade, como o da estudante de Psicologia Fernanda Soares, que organizou uma “vaquinha” entre amigos para ajudar as jornaleiras. Fernanda cresceu no bairro Renascença II. Quando saía da escola sempre passava na banca de Dona Santinha e criou uma relação de amizade. “Eu soube o que aconteceu e não hesitei em ir lá e dar uma força, no aspecto moral, de estar junto. Depois veio o estalo de fazer essa arrecadação justamente porque elas estão perdendo muito seus dias de venda, a fonte de renda, num período extremamente conflituoso de pandemia e crise social e econômica. É muito triste essa situação e eu resolvi tomar essa iniciativa”, explicou Soares.

Fernanda, de blusa preta, entregou a doação da vaquinha para as
jornaleiras Santinha, Conceição e Marlúcia (da esquerda para a direita)

O dinheiro arrecadado foi distribuído para as três proprietárias de bancas (duas de revista e uma de lanche). Elas ficaram muito agradecidas pelo gesto de solidariedade e seguem todos os dias monitorando os encaminhamentos para a realocação dos estabelecimentos.

Durante a manhã e a tarde as proprietárias também fazem coleta de assinaturas em um abaixo-assinado de apoio. Muitas pessoas que passam pelo local caminhando ou de carro manifestam solidariedade às bancas, que já estavam incorporadas à cena do bairro.

A nova vida para as jornaleiras depende da reforma das bancas danificadas durante o despejo, da construção de uma base de concreto para reassentá-las e da ligação de energia elétrica. Essas providências estão sendo tomadas pela Prefeitura de São Luís, após o acordo mediado pela Defensoria Pública para garantir plenas condições de funcionamento no local determinado – estacionamento do shopping Tropical.

Fernanda Soares avisa que as doações ainda podem ser feitas na conta abaixo:

Quem quiser doar qualquer valor pode depositar na conta acima

Nos dois mandatos do prefeito Edivaldo Holanda Junior (PDT) (2013-2020) ocorreu uma verdadeira perseguição às bancas de revista, que foram eliminadas de todas as praças reformadas pela administração municipal.

Recentemente, diante do processo de extermínio das bancas, os(as) proprietários(as) desses estabelecimentos criaram a Associação dos Jornaleiros e Jornaleiras do Maranhão (veja aqui)

Veja aqui e mais aqui o fio da meada para entender a situação das bancas de revista na única capital do Brasil, São Luis, condecorada com o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, onde as bancas de revista são expurgadas.

Foto destacada / jornaleiras exibem abaixo-assinado em apoio às bancas / Crédito: Ed Wilson Araújo

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Fotografias com afeto e solidariedade

Por Celijon Ramos

Qual é o preço de um olhar que esteja atento? Um olhar pode valer milhões, afinal o que se compra hoje pode valer milhões amanhã no insondável mundo da arte contemporânea.

Mas, neste momento, o olhar é principalmente solidário. Aí ele já vale muito hoje mesmo. Vale a solidariedade. Vale sentimento de comunhão e humanismo. Vale o abraço fraterno e o carinho que se pode demonstrar e entregar ao próximo.

A campanha Olhar Solidário tem todos esses significados e, por isso, merece seu apoio explícito no gesto de adquirir fotografias.

A iniciativa, que ocorre concomitante em várias cidades do Brasil e do mundo, está em São Luís por motivação da fotógrafa e produtora cultural Fafá Lago, com apoio de amigos (do Foto Sombra, da Clara Comunicação e da curadora Svetlana Farias), que se associaram a outros quase 50 fotógrafos da cidade para doarem seus trabalhos fotográficos e reverterem a renda em benefício das entidades filantrópicas do Lar de José e Pouso Obras Sociais.

Pois é. Seu Olhar Solidário tem o valor da riqueza que vem do coração ao aproximar a beleza dos mais sublimes sentimentos carregados pela emoção.

Campanha Olhar Solidário: fotógrafos independentes

Coordenação: Fafá Lago

Curadoria: Svetlana Farias

Financeiro: Rafael Sombra

Marketing: Clara Comunicação Ltda

Apoio: Foto Sombra e Clara Comunicação 

Período: 26 de junho a 27 de julho de 2020

Vendas: Foto Sombra no site https://fotosombra.com/home, nas lojas do São Francisco e Shopping da Ilha .

Tamanho: 30×45

Valor: R$ 120,00

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Literatura para ouvir: fragmentos de García Márquez em áudio

Tudo começou quando o poeta Celso Borges postou em uma rede social que começaria a reler “Cem anos de solidão”, obra clássica do escritor colombiano Gabriel García Márquez.

Eu também queria revisitar a obra, mas estava impedido pela pandemia de buscar meu livro na antiga casa da minha família, no bairro Apeadouro, guardado em alguma caixa ou armário que eu demoraria a encontrar.

Ainda sou do tipo fissurado em livro de papel e não tenho o hábito de ler grandes obras literárias em pdf nos dispositivos móveis.

Então pedi a Celso que gravasse alguns trechos em áudio e enviasse por WhatsApp. Aos poucos ele está me abastecendo com passagens de um livro marcante para toda a minha vida.

Nas três gravações já enviadas você pode ouvir um trecho descritivo sobre Macondo, a morte do coronel Aureliano Buendía e a reação irada de Aureliano Segundo.

Ando ansioso para o poeta enviar algum trecho da personagem “Remédios, a Bela”

Já que não me interessei em fazer o download do livro de Márquez, fiz o upload dos fragmentos da obra enviados por áudio para a minha nuvem no Soundcloud. Obrigado, Celso.

A pandemia tem dessas coisas. Nós estamos isolados, mas não solitários. Viva a solidariedade.

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Rádio comunitária Tapera FM entrega casa nova construída em campanha de solidariedade

Após enorme repercussão nas redes sociais, o programa Forró do Asfalto, da rádio comunitária Tapera FM, fez a entrega oficial da casa nova para Maria José Sanfoneira e sua filha Talita.

A solenidade reuniu apaixonados pelo forró pé de serra na cidade de São José da Tapera, no sertão de Alagoas, onde a casa nova foi construída em regime de mutirão.

SUCESSO EM ALAGOAS, o radialista Mano Martins comanda a Tapera FM

Antes de ganhar a casa, Maria José já tinha sido agraciada com um kit de instrumentos de forró (sanfona, zabumba, pandeiro e triângulo) doado por ouvintes e simpatizantes da rádio Tapera FM.

Durante a entrega do kit, Maria José mostrou as condições precárias da sua antiga casa e o drama sensibilizou a audiência da emissora espalhada em todo o Brasil, através do programa Forró do Asfalto.

SONHO REALIZADO na casa nova de Maria José Sanfoneira e a filha Talita

Maria José toca sanfona habilidosamente e tem a companhia da sua filha Talita no vocal. Ambas foram contempladas com os instrumentos e a residência.

O programa Forró do Asfalto é transmitido ao vivo na rádio comunitária Tapera FM e também pela plataforma do You Tube, no canal TaperaFM.

Reportagem do Blog do Ed Wilson conta o sucesso da Tapera FM

Sob a coordenação do radialista Mano Martins, o Forró do Asfalto reúne instrumentistas, cantores e cantoras de forró pé de serra da região sertaneja de Alagoas, mas tem admiradores em todo o país.

Aos poucos a transmissão e os vídeos editados e postados no You Tube foram conquistando audiência fora de São José da Tapera e algumas reportagens superam 1 milhão e 500 mil visualizações.

Recentemente Mano Martins foi eleito presidente da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (Abraço) em Alagoas. “Sinto uma honra em representar as rádios comunitárias do nosso estado e mais ainda gratificado em poder ajudar as pessoas através da nossa emissora. A solidariedade, a informação correta e a prestação de serviço são conteúdos fundamentais para a construção da cidadania e as rádios comunitárias somam muito nessa luta”, afirmou Mano Martins.

O presidente da Abraço Brasil, Geremias dos Santos, reiterou que a rádio comunitária Tapera FM é um exemplo para o Brasil e deve servir de parâmetro para outras emissoras valorizarem a cultura local. “Os artistas dos municípios, as mulheres e homens que produzem arte e não têm oportunidade para divulgar seus talentos na chamada grande mídia podem usufruir desse espaço fantástico que são as rádios comunitárias”, acentuou o dirigente nacional da Abraço.

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Solidariedade à rádio comunitária Difusora, de Zé Doca, Maranhão

A ABRAÇO Maranhão manifesta sua solidariedade à rádio comunitária Difusora FM, de Zé Doca, que foi atingida por raio em decorrência de um temporal na cidade que durou quase duas horas.

O raio atingiu a torre da emissora, queimou o transmissor, 1 computador, 1 nobreak, 1 DVR, 1 TV de 32 polegadas, 1 roteador e outros equipamentos, deixando a rádio fora do ar.

Nesse momento de dificuldades do nosso companheiro e da equipe da Difusora FM, pedimos apoio de todos que possam ajudar.

Cícero Julio é um grande lutador na causa das rádios comunitárias e merece toda a nossa solidariedade.

O contato de Cícero Júlio é + 55 98 8139-6510.

Atenciosamente,
ABRAÇO Maranhão.

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Futebol e reggae marcam a confraternização no Sá Viana

Neste domingo (29 de dezembro) a bola rola a partir das 9h da manhã no Estádio Cardosão, palco de mais uma iniciativa solidária na confraternização 2019 no bairro Sá Viana, localizado na área Itaqui-Bacanga.

O “Futreggae Solidário” é uma iniciativa é do trabalhador autônomo (lavador de carros) Amilton Farias Lobato, o popular “Mussolino”, que todos os anos organiza atividades esportivas e de recreação com o objetivo de integrar estudantes da UFMA (Universidade Federal do Maranhão), moradores dos bairros próximos ao campus do Bacanga e amigos.

Na partida desse domingo terá o confronto entre as equipes Amigos de Gladstone x Amigos de Gradiente.

A bola rola a partir das 9h da manhã, seguida de feijoada e discotecagem ao som de reggae com o DJ Marcos Vinícius.

A festa esportiva e musical tem ainda o objetivo de arrecadas brinquedos e alimentos para a comunidade do Sá Viana.

Quem quiser doar e obter mais informações sobre a festa pode ligar para o fone (98) 98226-0130.

Veja a divulgação do “Futreggae Solidário” nesse link

https://www.instagram.com/p/B6nwRsnDfjd/
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ONU deveria adotar o programa “Mais Médicos” para a humanidade

Um espectro ronda o mundo. Cuba, um país boicotado pela ditadura dos Estados Unidos, ainda consegue ser escola de referência em uma das profissões mais caras, requisitadas e cobiçadas no mundo inteiro – a Medicina.

Ao exportar médicos para tantos países, Cuba poderia ser elevada à condição de multinacional da saúde pública, gratuita e de qualidade, atendendo principalmente aqueles que mais precisam.

Esse é o debate principal: saúde não é mercadoria.

Por isso Cuba incomoda tanto. Um país que sobrevive ao bloqueio econômico internacional ainda consegue desenvolver expertise na formação de uma elite de profissionais, alimentar e educar suas crianças e ter bom desempenho nos esportes.

E, de sobra, criar uma escola internacional de cinema e televisão, referência na produção audiovisual do mundo.

Isso tudo acontece em um país permanentemente boicotado e ameaçado pela ditadura imperialista estadunidense, seja ela regida por Barack Obama ou Donald Trump.

Há uma tese na elite econômica internacional: Cuba não pode dar certo. É preciso demonizar este país que foge à lógica do mercado e da agenda neoliberal.

Vem daí o denuncismo e o veto a todas as parcerias estratégicas do Brasil na América Latina e na África, visando impedir a costura de um núcleo de poder econômico entre os países mais pobres.

A gente não vê na televisão e não conhece as agendas positivas de Cuba porque as agências internacionais de notícias boicotam, censuram e dificultam a circulação de informações sobre a ilha.

Cuba só é notícia sob o enquadramento da Prisão de Guantánamo, de uma ditadura exótica ou do turismo caro para estrangeiros.

Então, é o caso de pensar e refletir sobre as contradições e os critérios de noticiabilidade: Cuba se fechou porque quis ou devido ao bloqueio econômico internacional?

A longevidade do partido comunista no poder, associado ao sentido de ditadura, se tem erros, jamais pode ser comparada à ditadura internacional dos Estados Unidos, seja em território cubano ou em qualquer lugar do planeta.

Vamos pensar juntos. Qual regime e modelo econômico é mais nocivo à humanidade? O imperialismo dos Estados Unidos ou o socialismo à cubana?

Enquanto os Estados Unidos fabricam guerras mundo afora, matando milhões de pessoas para alimentar os lucros da indústria de armas, Cuba exporta médicos para salvar vidas.

Quais iniciativas são mais produtivas ao planeta? A cobiça incontrolável das multinacionais que destroem o meio ambiente, escravizam e matam pessoas ou o atendimento do médico cubano aos ribeirinhos da Amazônia?

Cuba retém parte da remuneração dos médicos para que possa haver mais investimentos na formação dos profissionais. Isso não tem qualquer relação com escravidão.

Educação e Saúde pública são tratadas como política de Estado, não relacionadas ao lucro, universalizadas para qualquer cidadão cubano.

O que rege a política de Saúde e Educação é a lógica humanitária e não a do lucro que enriquece os hospitais privados e desmonta o SUS, tendência predominante no Brasil.

Por tudo isso, a ONU deveria adotar o programa Mais Médicos como parâmetro de Medicina solidária para atender às pessoas desamparadas em todo o planeta.

O ataque ao programa “Mais Médicos” (sob o argumento de que os cubanos eram escravizados no Brasil) é tão desprovido de fundamento que até alguns eleitores de Jair Bolsonaro discordaram do “messias”.

Sinal de que o Brasil ainda tem salvação e pode levar essa fatia do eleitorado a pensar sobre as diferenças de concepção.

Os argumentos a favor, por sua vez, são masoquistas. Bolsomínios ferrenhos queixam-se da taxação sobre os médicos de Cuba, mas calam diante da extorsão do Bradesco nas suas contas.

Estes mesmos seres humanos que reclamam de Cuba engolem a língua para os juros altos no Brasil e silenciam diante dos sucessivos aumentos nos planos de saúde, no gás, na energia elétrica e no reajuste exorbitante nos salários dos ministros do STF.

É preciso internacionalizar Cuba no que este país tem de bom: a expertise na Medicina e a universalização da Educação. E deixar de lado seus defeitos: o mando de um só partido e a imprensa única.

Democracia, com todas as imperfeições, é o melhor caminho.

Cuba é uma ideia necessária ao contraponto neoliberal.  E o Mais Médicos a prova concreta de que Educação transforma. E a submissão ao imperialismo só vai produzir mais miséria no mundo.

É preciso manter acesa a chama da utopia, perseverar nas diferenças e afirmar as boas experiências que tanto incomodam aqueles que se julgam donos do mundo e senhores absolutos do poder.

Imagem: Raul Hernandez trabalha em São Miguel do Gostoso, no Rio Grande do Norte, através do programa Mais Médicos (Foto: Karina Soares)