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Escuta Ciência: 5º episódio aborda pesquisa sobre os grandes tradutores de livros, no século XIX, em São Luís

Você sabia que o clássico “Os miseráveis”, de Victor Hugo, foi traduzido e publicado em São Luís poucos meses depois do lançamento da obra na Europa?

Essa é uma das revelações da pesquisa do doutor em Estudos Portugueses pela Universidade Nova de Lisboa (Portugal), Roberto Sousa Carvalho, autor do livro “Maranhão, província tradutora: livros e tradutores em São Luís do séc. XIX”, publicado pela Editora da UFMA.

O 5º episódio do Escuta Ciência (clique aqui para ouvir) conversou com o pesquisador sobre o movimento intelectual formado por médicos e escritores dedicados ao ofício de traduzir relevantes textos que circulavam fora do Brasil.

O programa aborda também o surgimento da imprensa no Maranhão, em 1821, no nascedouro do jornal “O Conciliador”, além da pujante produção gráfica e editorial das tipografias instaladas em São Luís naquele período.

Escuta Ciência é um programa de divulgação científica que tem o objetivo de popularizar trabalhos acadêmicos ou da cultura popular. A produção tem apoio da Apruma Seção Sindical e é fruto da Oficina de Divulgação Científica realizada durante a greve dos docentes e técnicos administrativos da UFMA, no primeiro semestre de 2024.

O programa tem produção e apresentação dos professores Carlos Agostinho Couto e Ed Wilson Araújo.

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Imprensa no Maranhão nasceu áulica. E hoje, como está?

Criado em 1821, o jornal “O Conciliador do Maranhão” é a principal referência histórica para demarcar o surgimento da Imprensa no Maranhão. Em abril daquele ano o periódico começou a circular manuscrito e posteriormente, em novembro, com a implantação da tipografia, passou a ser impresso.

O jornal era controlado pelo governador Pinto da Fonseca, que escolheu a dedo os redatores da sua maior confiança para servir aos interesses oficiais. Era uma publicação áulica, bajulatória.

Nos ruidosos anos 20 do século XIX, “O Conciliador” esteve no centro das polêmicas e contendas políticas locais, incluindo a disputa que resultou na adesão do Maranhão à Independência do Brasil.

Pinto da Fonseca tinha total controle sobre o jornal e governava com mão de ferro no tratamento dos seus adversários.

200 anos depois a Imprensa no Maranhão segue influenciada pelo poder político e econômico do Palácio dos Leões, sede do Governo do Estado; e do vizinho Palácio La Ravardière, onde está localizada a Prefeitura de São Luís.

A razão é simples. Os dois palácios manejam as verbas publicitárias que abastecem os meios de comunicação e, consequentemente, orientam as linhas editoriais dos veículos. O Governo do Maranhão e a Prefeitura de São Luís são os maiores anunciantes da mídia no estado.

O surgimento e a gestão de “O Conciliador” servem como parâmetro para observar o alinhamento dos meios de comunicação no Maranhão aos governadores(as) e aos prefeitos(as) da capital ao longo do tempo.

Na atual gestão do governador Flávio Dino (PCdoB) há uma conciliação geral do Palácio dos Leões com as grandes empresas de comunicação detentoras das maiores audiências, além do alinhamento governamental das médias e pequenas emissoras de rádio e televisão, com raras exceções.

Até mesmo o Sistema Mirante de Comunicação, sob o controle da família liderada por José Sarney, está relativamente conciliada ao Palácio dos Leões.