Nesses tempos de globalização e imperialismo, fiquei refletindo sobre dois textos interessantes que conectam o filósofo Karl Marx e o poeta Carlos Drummond de Andrade.
O primeiro escrito está na obra “Contribuição para a crítica da economia política”, onde Marx situa o processo de circulação das mercadorias em escala mundial.
A escrita poética, por sua vez, é uma crítica à idolatria e ao fetiche da mercadoria no processo de consumo.
Veja os escritos:
“Enquanto que o mesmo ouro que desembarca na Inglaterra sob a forma de eagles americanas [moedas de 10 dólares] se transforma em soberanos, circula três dias depois em Paris sob a forma de napoleões, encontra-se algumas semanas mais tarde em Veneza sob a forma de ducados, conservando sempre, no entanto, o mesmo valor, o proprietário de mercadorias apercebe-se de que a nacionalidade is butguinea’sstamp [não é mais que o cunho do guinéu]. Tem do mundo inteiro uma ideia sublime, a de mercado – de mercado mundial.” (MARX, 1977, p. 145)
Eu, Etiqueta
(Carlos Drummond de Andrade)
Em minha calça está grudado um nome que não é meu de batismo ou de cartório, um nome… estranho. Meu blusão traz lembrete de bebida que jamais pus na boca, nesta vida. Em minha camiseta, a marca de cigarro que não fumo, até hoje não fumei. Minhas meias falam de produto que nunca experimentei mas são comunicados a meus pés. Meu tênis é proclama colorido de alguma coisa não provada por este provador de longa idade. Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro, minha gravata e cinto e escova e pente, meu copo, minha xícara, minha toalha de banho e sabonete, meu isso, meu aquilo, desde a cabeça ao bico dos sapatos, são mensagens, letras falantes, gritos visuais, ordens de uso, abuso, reincidência, costume, hábito, premência, indispensabilidade, e fazem de mim homem-anúncio itinerante, escravo da matéria anunciada. Estou, estou na moda. É doce estar na moda, ainda que a moda seja negar minha identidade, trocá-la por mil, açambarcando todas as marcas registradas, todos os logotipos do mercado. Com que inocência demito-me de ser eu que antes era e me sabia tão diverso de outros, tão mim-mesmo, ser pensante, sentinte e solidário com outros seres diversos e conscientes de sua humana, invencível condição. Agora sou anúncio, ora vulgar ora bizarro, em língua nacional ou em qualquer língua (qualquer, principalmente). E nisto me comprazo, tiro glória de minha anulação. Não sou – vê lá – anúncio contratado. Eu é que mimosamente pago para anunciar, para vender em bares festas praias pérgulas piscinas, e bem à vista exibo esta etiqueta global no corpo que desiste de ser veste e sandália de uma essência tão viva, independente, que moda ou suborno algum a compromete. Onde terei jogado fora meu gosto e capacidade de escolher, minhas idiossincrasias tão pessoais, tão minhas que no rosto se espelhavam, e cada gesto, cada olhar, cada vinco da roupa resumia uma estética? Hoje sou costurado, sou tecido, sou gravado de forma universal, saio da estamparia, não de casa, da vitrina me tiram, recolocam, objeto pulsante mas objeto que se oferece como signo de outros objetos estáticos, tarifados. Por me ostentar assim, tão orgulhoso de ser não eu, mas artigo industrial, peço que meu nome retifiquem. Já não me convém o título de homem. Meu nome novo é coisa. Eu sou a coisa, coisamente.
A Casa de Cultura Josué Montello vai realizar dia 25 de setembro (quinta-feira) o lançamento da nova edição celebrativa dos 50 anos de publicação da obra “Os tambores de São Luís”.
Uma programação especial está sendo preparada para celebrar a obra, considerada um marco da Literatura.
O livro está em pré-venda até o dia 24 de setembro por R$ 100,00.
Nesse domingo, 21 de setembro, às 16h, no São Luís Shopping, será realizada a 2ª edição do Show Beneficente Projeto Propósito. O evento une música, solidariedade e inclusão em homenagem ao Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência.
O objetivo é arrecadar recursos para duas causas muito especiais: doação de ursinhos de pelúcia para crianças com microcefalia; aquisição de sondas de alívio e fraldas destinadas a pessoas com deficiência em situação de vulnerabilidade.
Além das doações, também é fundamental o apoio para cobrir os custos de realização do evento, garantindo que toda a arrecadação chegue diretamente a quem mais precisa.
A organização do evento pede colaborações de qualquer valor via pix (chave): 936124353-53
Com o tema “Imperialismo, colonialismo, racismo e guerras: balanço e perspectivas emancipatórias”, tem início nesta terça-feira, 16, a XII Jornada Internacional de Políticas Públicas (Joinpp), celebrando 100 anos de Serviço Social na América Latina.
A conferência de abertura acontece a partir das 9h, no auditório do Centro Pedagógico Paulo Freire, no campus do Bacanga (UFMA São Luís), com as professoras doutoras Claude Serfati, da Universidade de Versailles/França; e Rosane Borges, da PUC São Paulo.
A Joinpp é uma promoção da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), por meio do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas (PPGPP), com apoio da Fundação Sousândrade, Capes e CNPq.
O evento é um dos mais importantes da América Latina e reúne a comunidade acadêmica e os movimentos sociais no debate sobre temas expressivos do cenário político, econômico e cultural no cenário local, nacional e internacional.
Uma luta de duas décadas liderada pela rádio comunitária Bacanga FM chega à Câmara Municipal de São Luís. A reivindicação é básica: a reforma da feira do Anjo da Guarda, um espaço insalubre e incômodo para os moradores e comerciantes.
Nessa quinta-feira, às 14h, o tema será debatido em uma audiência pública no poder legislativo da capital, resultado da pressão dos movimentos sociais da área Itaqui-Bacanga.
Além das cobranças através dos microfones da emissora Bacanga FM, lideranças do bairro já fizeram sucessivas reuniões nos órgãos públicos para reivindicar a reforma da feira.
“Os feirantes e a população do Anjo da Guarda e região merecem ter mais dignidade! A situação da feira não pode continuar assim”, enfatiza Luis Augusto Nascimento, diretor da rádio e uma das lideranças que mais vem lutando pela revitalização desse importante equipamento de trabalho e renda no bairro.
“E não é por falta de cobrança: em 2021, a comunidade já apresentou à Câmara Municipal um abaixo-assinado com mais de 3 mil assinaturas, relembrando que há mais de 20 anos o espaço não passa por uma reforma. E, em 2022, propomos o uso de royalties da mineração da Vale para essas melhorias. Já houve, inclusive, uma audiência no Anjo da Guarda para pedir essa reforma”, lembra Nascimento.
Bar da Hora tem localização estratégica, entre o Farol de Mandacaru e a foz do rio Preguiças, em Atins. Foto: Ed Wilson Araújo
Ed Wilson Araújo
A uma hora e meia de Barreirinhas, navegando pelo rio Preguiças, tem um povoado charmoso, acolhedor e rodeado de encantarias.
Contam os moradores que nos tempos antigos havia ali uma quitanda funcionando noite e dia. Quando os pescadores precisavam de mantimentos, encostavam para abastecer as embarcações antes de encarar o mar aberto. E como o estabelecimento era full time, batizaram de Bar da Hora.
O nome faz jus também a uma gíria maranhense utilizada para qualificar situações fáceis de agilizar ou resolver. Dizer que alguém ou um lugar é “da hora” significa solução, vibrações positivas, coisa boa…
Bondade é pouco para descrever o povoado e a sua hospitalidade. O lugarejo tranquilo está localizado no território de Atins, mas preservado das pousadas sofisticadas e ressorts caríssimos.
As acomodações em Bar da Hora têm preços justos, adaptados ao bolso do visitante em busca de paz, alimentação saudável e boas práticas do Turismo de Base Comunitária (TBC).
Na pousada Ingapura, o único “corre” é feito por Renato Amorim, o cara que resolve os passeios de barco e cuida de muitos afazeres, além de bater papo sobre as curiosidades do lugar e da vida em geral, compartilhados também por Patrícia Nunes, que prepara um delicioso café da manhã servido na varanda com vista para o rio Preguiças.
Ela ainda utiliza as sobras dos alimentos na compostagem, gerando adubo orgânico.
Patricia explica como os restos de alimentos orgânicos viram adubo. Imagens: Ed Wilson Araújo. Edição: Roberto Carvalho
O QUE FAZER?
Bar da Hora tem cerca de 100 casas e 600 moradores sem pressa de “crescer” na lógica do turismo “industrial”. A sobrevivência gira em torno da pesca artesanal, pequeno comércio, cultura ancestral e sustentável. É um lugar para compartilhar os saberes e as práticas de vida dos pescadores, artesãos, ambientalistas e idealizadores de arranjos produtivos – agora denominados empreendedores.
Uma das opções é o Passeio pelos Quintais Produtivos, guiado por Jamerson Lindoso Pereira pelas ruas de areia fofa e terreiros, apreciando a vida simples e os experimentos sustentáveis.
O guia Jamerson, com o filho Francisco, explica o funcionamento do escambo e da compostagem aproveitando sobras de alimentos verdes
A primeira parada é na Casa Novo Horizonte, onde mora o guia Jamerson Pereira. Ele detalha a filosofia do TBC, as práticas de escambo (troca de produtos orgânicos e mantimentos) entre os moradores e a produção de adubo a partir de biodigestor. A compostagem feita com sobras de alimentos (folhagens e cascas de ovo) em uma caixa d’água é outro atrativo especial, bem como a produção de biofertilizante com aproveitamento do esgoto doméstico.
Já no restaurante Grelhado é possível conhecer o biodigestor à base de esterco de gado transformado em adubo orgânico, utilizado na horta que fornece verduras fresquinhas para temperar os alimentos. Além disso, o gás do biodigestor alimenta os fogões na cozinha.
Neuza comemora os resultados do biodigestor: adubo para a horta e gás na cozinha. Imagens: Ed Wilson Araújo. Edição: Roberto Carvalho
Outra experiência sustentável é a fábrica de vassouras cerzidas com garrafas pet, iniciativa de um coletivo de mulheres pescadoras. Elas recebem doações e recolhem as pets no mar. Com uma técnica simples, transformam aquilo que seria lixo em fonte de renda. O galpão da fábrica foi construído em regime de mutirão e as próprias mulheres meteram a mão na massa, enfatizam Ângela Maria Silva e Elciane Santos, responsáveis pelo empreendimento.
Garrafas de plástico viram vassouras, geram trabalho e renda. Imagens: Ed Wilson Araújo
A fábrica, o aproveitamento dos resíduos sólidos e a produção de adubo no biodigestor tiveram apoio e parceria do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e da Setres (Secretaria de Estado do Trabalho e Economia Solidária) em treinamentos e plano de negócios. As vassouras são vendidas por R$ 25,00 cada.
Mineiros, morando em Santa Catarina, o casal Luana e Leonardo, acompanhados da versátil filha Lavínia, de seis anos, chegaram ao Bar da Hora em busca de vivências e interações com as coisas simples da vida, distintas do turismo badalado.
“Estar no povoado Bar da Hora nos possibilitou adentrar a cultura local e conhecer além das belezas naturais do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. O local é permeado de calor humano, simplicidade e uma beleza surreal. A gente se desconecta de cronos para vivenciar o ritmo do sol, da lua, das marés… Eu desejo que a comunidade local se mantenha firme no modelo de TBC, seja visto pelo poder público e amparado nas suas necessidades sem perder sua essência”, resume Luana.
Jordana, Patricia, Leonardo, Lavínia e Luana: viagem e afetos. Foto: Ed Wilson Araújo
Se o visitante quiser fazer uma caminhada hard, vale encarar o percurso até o vizinho povoado Mandacaru, e, depois da trilha, se tiver fôlego, pode encarar a subida dos muitos degraus do farol e ter uma recompensa: contemplar a vista deslumbrante de uma parte preciosa dos Lençóis Maranhenses.
Fique ligado no horário. O Farol do Mandacaru é aberto à visitação somente até 17h.
CULINÁRIA RAIZ
Para comer bem, a preços justos, Bar da Hora oferece três restaurantes. No “Panela Cheia”, pilotado por Ernestina Gomes de Oliveira, vale experimentar arroz de cuxá e peixe grelhado. Depois, sobremesas de doce de caju ou banana.
Cuxá, iguaria típica da culinária dos povos originários, é feito com vinagreira (hibisco), gergelim, camarão seco e outros temperos regionais.
Na casa, recomenda-se a visada para a arquitetura da mureta, utilizando garrafas de vidro no complemento da alvenaria.
Em Bar da Hora é possível observar também as ações do governo federal chegando nos lugares mais remotos. Olhando o futuro, o empreendimento de Ernestina Oliveira estuda opções de financiamento do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) para construir uma pousada.
O restaurante “Grelhado” tem também dois quartos de hospedagem. O visitante pode apreciar a horta viçosa antes de saborear um arroz de couve com peixe frito, tomar um café “da hora” e descansar no redário sob um barracão de palha ventilado pela brisa do rio Preguiças.
Adubada pelo biodigestor, a horta de Neuza abastece a cozinha do restaurante. Foto: Ed Wilson Araújo
O negócio completou 10 anos, administrado por Neuza Oliveira Pires. Antes, ela trabalhava como pescadora e cozinheira, durante seis anos, em bares do balneário Caburé, do outro lado do rio Preguiças.
Ela conta que os turistas passavam direto de Barreirinhas para Atins, mas aos poucos os moradores de Bar da Hora foram buscando parcerias com as agências, o Sebrae, a Embrapa e o Curso de Turismo da UFMA, através da professora Monica de Nazaré Araújo, uma referência em TBC.
“Pedrão” guarda a sete chaves a magia do “licor” de gengibre. Foto: Ed Wilson Araújo
A “Toca do Caranguejo”, administrada pela família de Pedro Pires dos Santos, o Pedrão, oferece um delicioso camarão frito ao alho e óleo. Se der mais sorte, o cliente pode saborear o prato no meio da rua, com os pés na areia branca, em noite de lua cheia, batendo um papo com o dono do estabelecimento.
LUGAR DE ENCANTARIAS
Pedrão tem 50 anos de idade e várias profissões: pedreiro, carpinteiro, eletricista, encanador, pintor, mestre de obras, pescador e cozinheiro.
Ele aprendeu algumas artes da culinária com o lendário e memorável “Paturi”, um dos pioneiros do turismo em Barreirinhas.
Depois do camarão, Pedrão oferece uma deliciosa bebida à base de gengibre, que diz ter poderes especiais, mas a receita é guardada em absoluto segredo.
Além da beberagem mágica, Bar da Hora guarda outros mistérios, como a morraria encantada em formato de cabeça de cuia, visada do outro lado do rio. “O encantado é uma força”, sintetiza o guia Jamerson Lindoso.
A noite em Bar da Hora é um convite ao bate papo sobre as estórias do lugar. Foto: Ed Wilson Araújo
RECONHECIMENTO NACIONAL
Pelo conjunto da obra, em 2024 o Bar da Hora ganhou o Prêmio Braztoa de Sustentabilidade, concedido pela Associação Brasileira das Operadoras de Turismo, um dos mais importantes do setor, em reconhecimento ao trabalho coletivo dos moradores e empreendedores do povoado.
As conquistas foram viabilizadas também pela organização local, desde 2008, através da Associação de Moradores, Pescadores e Pescadoras do Bar da Hora, atualmente presidida por Neuza Oliveira Pires, proprietária do restaurante e pousada Grelhado.
A comunidade também administra o Fundo do Turismo, recurso coletivo e compartilhado para investimentos nas práticas de sustentabilidade no povoado.
Sentado em um banquinho de madeira, no fim de tarde, à margem do rio Preguiças, um homem velho olha o mar. Grisalho, de pele queimada e rugas cavadas entre as sobrancelhas, aprecia com tranquilidade o vai e vem de lanchas motorizadas velozes, indo e vindo, transportando turistas entre a sede do município de Barreirinhas e o badalado point de Atins.
Quando perguntado sobre as coisas do lugar, resumiu: “Siô, o Bar da Hora é outra estória”
COMO CHEGAR
São Luís – Barreirinhas
Carro (em média 3 horas e meia de viagem)
Ônibus: Terminal Rodoviário de São Luís: empresas Guanabara ou Cisne Branco (em média 5 horas de viagem)
Van e microônibus: diversas opções e horários de traslado
Barreirinhas – Bar da Hora
Lancha (voadeira): em média 1 hora e meia de viagem (reservar com antecedência os dias e horários)
Carro tração 4 x 4: Toyota do Caju (contato: 98 – 99147 5541)
Evento retorna ao Centro de São Luís e apresenta novidades em sua nova edição
A praça Deodoro será o palco da quinta edição da Feira Emaranhadas, dia 18 de setembro, com o tema “Mulheres e suas resistências para o Bem Viver na Amazônia Maranhense”. A feira acontece das 9h às 16h e integra o calendário de atividades do Setembro Amazônico, mês dedicado à valorização do bioma e dos povos que o habitam.
Celebração da floresta e dos povos
O Setembro Amazônico é um período marcado por mobilizações, reflexões e celebrações em todo o Brasil, em defesa da Amazônia. Um chamado à preservação da floresta, a data também valoriza os povos que nela vivem e resistem cotidianamente. No Maranhão, a Feira Emaranhadas insere-se nesse contexto ao reafirmar a centralidade das mulheres na defesa da Amazônia, unindo cultura, saberes tradicionais e economia solidária.
Segundo Karol Ramos, coordenadora geral da feira e da Rede Emaranhadas, marcar o Setembro Amazônico com a Feira Emaranhadas é reafirmar que a Amazônia não é só floresta, mas também pessoas, em especial as mulheres que a habitam, cuidam e resistem todos os dias. Demarcar esse momento no calendário nacional é um chamado à defesa da vida e dos territórios. Celebrar essa data é também fortalecer a nossa cultura, os nossos saberes que garantem bem viver para as comunidades amazônicas, afirma.
Mulheres na Amazônia Maranhense
As mulheres amazônidas são guardiãs de saberes ancestrais e protagonistas de práticas que sustentam comunidades em territórios urbanos, rurais e quilombolas. Na Amazônia Maranhense, sua atuação vai além da preservação ambiental: elas impulsionam iniciativas de geração de renda, mantêm tradições culturais vivas e fortalecem redes de solidariedade. A feira é, portanto, um espaço de visibilidade e reconhecimento dessas resistências femininas que se entrelaçam com o cuidado com a terra, a floresta e o bem viver coletivo.
Ao longo de suas quatro edições, a Feira Emaranhadas vem reunindo mulheres que integram a Rede Emaranhadas e outras empreendedoras mapeadas em comunidades rurais e nas periferias da Grande Ilha. Além das edições centrais, a Rede também já realizou uma edição itinerante da feira, na comunidade de Mojó, em Paço do Lumiar, com objetivo de potencializar a autonomia econômica das mulheres, estimulando a circulação de produtos feitos a partir da agricultura familiar, do artesanato, da culinária tradicional e da economia solidária. Dessa forma, a feira fomenta vínculos comunitários, promove formação e reforça a luta pela permanência das mulheres em seus territórios com dignidade.
Edição 2025: saberes, cultura e tradição
Neste ano, a feira busca ser mais ampla e diversificada. Além da exposição de diversos produtos, haverá oficinas de autocuidado e saberes manuais, como a de macramê. Outro ponto forte desta edição é a Tenda de Saberes, onde a quilombola Socorro, da comunidade de Cocalinho (Parnarama/MA), compartilhará seus conhecimentos ancestrais sobre plantas medicinais e práticas tradicionais de cuidado.
Já a programação cultural traz ao público atrações da cultura popular como o Tambor de Crioula de Mestre Apolônio, a discotecagem da DJ Gabi Leão e a performance de samba e axé da cantora Luciana Pinheiro. Uma celebração da cultura maranhense em diferentes segmentos musicais.
Cada edição fortalece o sentido de pertencimento e coloca em evidência o papel das mulheres como agentes de transformação social, política e econômica na Amazônia Maranhense.
A Feira Emaranhadas é uma realização da Rede Emaranhadas, com apoio do Instituto Clima e Sociedade (iCS), em parceria com o Coletivo Reocupa e colaboração da Associação Comunitária de Produtores e Hortifrutigranjeiros de Tendal Mirim e do Grupo Mulheres Unidas Cidade Nova.
SERVIÇO
5ª Feira Emaranhadas
18 de setembro de 2025 | 9h às 16h
Praça Deodoro, São Luís/MA.
Mais informações e agendamento de pauta: Deuza Brabo – 98 98115-2863
Portal Intercom – Uma iniciativa gerenciada e mantida pelo Laboratório de Podcasts Narrativos da UERJ (Lunar) cadastrou nesta semana o centésimo programa a compor o Catálogo de Podcasts Narrativos Brasileiros. A proposta é congregar trabalhos semelhantes para desenhar um panorama do avanço do gênero na podosfera. O intuito é registrar ainda a memória da mídia, preservando informações importantes sobre o estado da arte do podcast no Brasil.
Conforme informações do projeto, no catálogo são levantados dados quantitativos, como a quantidade de temporadas e episódios, mas especialmente os qualitativos. Nestes últimos, destacam-se os integrantes da equipe, as produtoras que assinam o programa e as suas fontes de financiamento. Cada podcast também é cadastrado a partir de categorias, facilitando a filtragem para identificação de outros projetos semelhantes.
O centésimo podcast catalogado foi ‘Copan: edifício em movimento’, uma produção da Pivo em parceria com a livraria Megafauna. O programa é apresentado pela atriz e diretora Mika Lins, moradora do Copan há 20 anos, e que busca contar histórias do passado e do presente deste marco da arquitetura de São Paulo.
Jair Bolsonaro e seus comparsas estão condenados. A República no Brasil está viva.
Em julgamento histórico no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão.
A sentença penaliza o réu por tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Foram condenados também o ex-ajudante de ordens Mauro Cid (dois anos de prisão em regime aberto); o ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro em 2022, general Walter Braga Netto (26 anos de prisão); o ex-ministro da Justiça Anderson Torres (24 anos de prisão); o ex-comandante da Marinha Almir Garnier (24 anos de prisão); o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional e general da reserva Augusto Heleno (21 anos de prisão); o ex-ministro da Defesa Paulo Sergio Nogueira (19 anos de prisão); o ex-diretor da Agência Brasileira de Informação (Abin) Alexandre Ramagem (16 anos de prisão);
Juristas estimam que Jair Bolsonaro comece a cumprir a pena em regime fechado antes do Natal e deve ir para o presídio da Papuda, em Brasília.
Independente do lugar onde seja preso, o importante é que o líder da organização criminosa vai para onde nunca deveria ter saído: o lixo da História.
Todos os eventos são gratuitos. Nesta edição, o Maranhão é destaque com três representantes em circulação
Setembro é o mês em que a Mostra Sesc Amazônia das Artes chega ao Maranhão. A mostra cultural itinerante, que circula entre os nove estados da Amazônia Legal e também desembarca no Piauí, é uma importante iniciativa que há 15 anos fortalece a diversidade de linguagens artísticas e amplia o acesso democrático à cultura dessa região. Em São Luís, a edição 2025 do evento acontece de 24 a 29 de setembro no Teatro Napoleão Ewerton, Quadra Sesc Comunidade, escolas municipais e Feira do Livro de São Luís.
Com uma rica programação que contempla espetáculos de teatro, dança, literatura, música, circo, cinema e artes visuais, a mostra é livre para todos os públicos, fortalecendo a diversidade de linguagens artísticas e democratizando o acesso à cultura.
A curadoria do Sesc Amazônia das Artes é pautada pela diversidade e representatividade, refletindo a pluralidade de expressões artísticas da região. Mais do que uma mostra, o projeto é uma celebração da identidade amazônica e da força criativa que pulsa em cada território.
O Maranhão é destaque na edição comemorativa de 15 anos do projeto. Estão circulando pelos estados participantes três trabalhos maranhenses: a Exposição “Imaginando a Encantaria” de Waldeir Brito, o filme “Trançatlânticas” da Explana Mermã e o espetáculo de dança “Abayomi” apresentado pelas atrizes e dançarinas Rebeca Carneiro e Andressa Brandão.
Representantes do Maranhão
Artes Visuais / Waldeir Brito
Trabalho em circulação: Exposição “Imaginando a Encantaria”
“Imaginando a Encantaria” é uma exposição que explora a narrativa visual como ponto chave para abordar elementos próprios da cultura popular maranhense. O artista Waldeir Brito convida o público para uma viagem pelos meandros das ilustrações, onde cada um pode interpretar a história de um Andarilho, personagem que costura todas as obras e percorre seu caminho por um mundo fantástico inspirado pela cultura maranhense e principalmente, pela cultura de encantados como Tambor de Mina, Terecô e Cura (pajelança). Como proposta educativa, apresenta na sua montagem, o recurso de audiodescrição para cada imagem.
Waldeir Brito é artista visual maranhense, graduado em Artes Visuais pela Universidade Federal do Maranhão, com trabalho de desenho voltado à cultura popular e sua divulgação com fins artísticos e educacionais.
Audiovisual / Explana Mermã
Trabalho em circulação: Filme “Trançatlânticas”
Dirigido por Isabela Leite, com produção executiva de Louyse Silva, a obra audiovisual põe em tela trancistas que tra(n)çam caminhos coletivos e mostram a história de poder por trás da estética.
Neste documentário cheio de cores, sons e formas urbano-quilombo-quebrada, cinco mulheres de periferia dão o tom de uma conversa-caminho. Cenas do cotidiano se misturam a lapsos no espaço, invocando o encantamento dos sentidos. Entre as raízes ancestrais do trancismo, representação identitária, empoderamento econômico e manifestação artística, um universo potente se revela.
É um convite para pensar sobre autocuidado, auto realização, independência financeira, lugar no mundo e rotas que tornam tudo isso possível. Trancistas que tra(n)çam caminhos coletivos e mostram a história de poder por trás da estética. Espiral de falas, poesias recitadas, cabelos sendo trançados, cenas da correria do dia a dia e salões de beleza conquistados com muito esforço.
Explana Mermã é uma produtora audiovisual e cultural independente. O empreendimento existe desde 2019, conduzido por mulheres pretas da periferia de São Luís (MA).
Artes Cênicas / Odu Companhia de dança
Trabalho em circulação: Abayomi: a resposta está na ancestralidade
O espetáculo de dança contemporânea com foco na reflexão e no diálogo sobre pertencimento e identidades originárias brasileiras, “Abayomi”, é marcado pelas identidades de Ita e Jurema, duas encantadas muito conhecidas nos cultos de religiões de matriz africana no Maranhão – apresentadas respectivamente pelas atrizes e dançarinas Rebeca Carneiro e Andressa Brandão.
Ao longo da apresentação de 40 minutos, a obra se destaca ao unir as ricas perspectivas da cultura popular, onde se referencia no Sotaque da Baixada de Bumba Meu Boi, revisitando e reconstruindo narrativas e corporeidades brasileiras que remetem aos povos originários, tomando como ponto de partida a linguagem da Dança Contemporânea e os atravessamentos da Dança Popular no Maranhão, tradição do folclore, Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade e espiritualidade.
A Odu é uma companhia de Dança Contemporânea cujo objetivo central é de contar histórias não contadas. Um manifesto autêntico pelo corpo brasileiro. Os odus, em sua etimologia significa “destino”, mas também são uma representação gráfica e simbólica de narrativas dos povos originários.
VEJA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA
24 a 29 de setembro/2025
24/09 – Espetáculo “Beltrano o contador de histórias”
Grupo: Grupo Artpalco – TO Horário: 9h Sinopse: Beltrano – O Contador de Histórias viaja por diversos lugares contando e cantando histórias, levando o público para uma viagem à Caixolândia. Através de fábulas e elementos cênicos, promove um espetáculo lúdico para todas as idades.
24/09 – Pocket Show Musical local Raiz Tribal – (Acessível em Libras)
Grupo: Raiz Tribal – MA Tipo: Música Local: Teatro Sesc Horário: 19h Sinopse: A banda de reggae maranhense Raiz Tribal apresenta sucessos e novidades que marcam sua trajetória no cenário nacional, com destaque para parcerias internacionais e forte presença nas redes e plataformas digitais.
24/09 – Show Musical Amazônia Afro Caribenha – (Acessível em Libras)
Grupo: Veropa Sessions – PA Local: Teatro Sesc Horário: 19h40 Sinopse: Coletivo instrumental de Belém que une sonoridades amazônicas à música afro caribenha e latina. Traz um repertório dançante que conecta a tradição local com uma linguagem universal.
25/09 – Espetáculo “O pequenino grão de areia e outros contos”
Grupo: Lúdica Cia de Arte – AC Local: Escola municipal Horário: 15h Sinopse: Luís Eduardo narra contos populares e cantigas de roda com sotaque acreano e leveza poética, promovendo encantamento e reflexão através de personagens do imaginário infantil.
25/09 – Pocket Show Musical local Cantadores do Tempo (Acessível em Libras)
Grupo: Joãozinho Ribeiro e Josias Sobrinho – MA Local: Teatro Sesc Horário: 19h
24/09 – Show Musical Amazônia na veia – (Acessível em Libras)
Grupo: Zé Miguel e banda – AP Local: Teatro Sesc Horário: 19h40 Sinopse: Dois ícones da música autoral maranhense unem forças em um show que celebra suas trajetórias e reverência a identidade cultural local com poesia e sonoridade marcante.
26/09 – Espetáculo O Sarau do Feupuudo
Grupo: Feupuudo Produções – AM Local: Feira do Livro de São Luís Horário: 15h Sinopse: Espetáculo sensível e interativo com o palhaço Feupuudo, proporcionando momentos de alegria e dando voz à plateia, em um espetáculo leve e interativo.
26/09 – Espetáculo de dança Mistério do Tempo (Acessível em Libras)
Grupo: Grupo Redemoinho de Dança – PI Local: Teatro Sesc Horário: 15h Sinopse: Com foco na sensibilidade e na desconstrução do olhar, o grupo propõe uma experiência artística que mistura corpos, afetos e inquietações sociais através da dança contemporânea.
27/09 – Espetáculo Cabaré Ruante: um Show de Palhaçada
Grupo: Teatro Ruante – RO Local: Quadra Sesc Raposa Horário: 10h Sinopse: Duas palhaças desastradas se veem obrigadas a realizar o espetáculo após a ausência dos artistas principais, criando cenas hilárias e interativas com o público em um cabaré de palhaçaria.
27/09 – Espetáculo Pantanal: Memórias Esquecidas (Acessível em Libras)
Grupo: Cia Vostraz de Teatro – MT Local: Teatro Sesc Horário: 16h Sinopse: Histórias reais de ribeirinhos e vaqueiros pantaneiros dão vida a esse espetáculo poético e sensorial, que retrata com sensibilidade o cotidiano e a beleza do Pantanal Matogrossense.
29/09 – Espetáculo Gotas de Saberes
Grupo: Cia Arteatro – RR Local: Feira do Livro de São Luís Sinopse: Narrativa inspirada em histórias do povo indígena Macuxi, construída com base na ancestralidade e nas vivências dos atores. Uma homenagem às raízes culturais amazônicas de Roraima.
29/09 – Espetáculo Abayomi: a resposta está na ancestralidade (Acessível em Libras)
Grupo: ODU Companhia de Dança – MA Local: Teatro Sesc Horário: 15h Sinopse: União vibrante entre danças populares maranhenses e a dança contemporânea em homenagem à ancestralidade feminina. Um espetáculo de pertencimento e identidade cultural brasileira.
Saiba mais sobre o projeto
O Sesc Amazônia das Artes constitui uma Rede de Intercâmbio das Artes e da Cultura entre 09 estados que compõem a Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Rondônia, Roraima, Pará e Tocantins) e o estado do Piauí como convidado. A Amazônia Legal corresponde a um conceito político de delimitação geográfica de estados possuindo aspectos sociais e econômicos semelhantes.
O projeto pretende ultrapassar a indispensável ação de divulgar os trabalhos, mas se desafia também a dar visibilidade para as potencialidades estéticas que aparecem na região amazônica, propondo encontrar respostas criativas e alternativas para as dificuldades encontradas, como a do custo amazônico e a escassez de políticas públicas.