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Artistas e produtores culturais lançam carta reivindicando a volta do Circo da Cidade

Mobilização iniciada nas redes sociais cresce com a adesão de vários apoiadores, cobrando um conjunto de medidas para a retomada de um dos espaços mais importantes para a difusão cultural e formação de plateia em São Luís – o Circo da Cidade.

Para entender o contexto da causa, acesse aqui

Leia abaixo o documento dirigido ao prefeito e vereadores

CARTA ABERTA À PREFEITURA MUNICIPAL E À CÂMARA DE VEREADORES DE SÃO LUÍS

“Faz escuro, mas eu canto!” Thiago de Mello

Respeitável Público!

Nós, do Movimento “Cadê o Circo?”, representados por artistas, produtores culturais e entusiastas, manifestamos nossa profunda insatisfação e indignação pela ausência de informação sobre o retorno do Centro Cultural Nelson Brito, antigo Circo da Cidade, local de iniciativas culturais que propiciava à sociedade alegria e reflexão criativa, promovendo e difundindo o direito de participação e acesso à Cultura através de manifestações artísticas.

O Circo da Cidade contribuiu para o desenvolvimento das cadeias produtivas da economia cultural. Os projetos desenvolvidos, por meio de coletivos artísticos, companhias, geraram renda e empregos diretos e indiretos para a classe artística do Maranhão, principalmente para produções independentes.

Em sua estrutura abrigava o projeto educacional Circo-Escola, direcionado às crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, cumprindo seu papel social de forma efetiva por mais de uma década, garantindo a continuidade da herança cultural circense.

Em razão de um absurdo projeto político e eleitoreiro, o Veículo Leve sobre os Trilhos (VLT), que sequer saiu do papel e que até hoje causa ônus aos cofres públicos, o Circo da Cidade teve suas lonas desarmadas do Aterro do Bacanga, em 2012. Um desrespeito à classe artística e à população da cidade, que nunca foram consultadas. Mesmo com o projeto de remanejamento do Circo da Cidade para um novo endereço que continua engavetado na Secretaria de Cultura do Município de São Luís-MA.

O país atravessa um período delicado na conjuntura econômica e social em virtude da pandemia e da crise política. É preciso valorizar, incentivar, proteger e acolher todos os setores, inclusive, o cultural, extremamente prejudicado, principalmente, neste período pandêmico, que deve ser fortalecido com políticas públicas. Por isso, estamos nos mobilizando pela construção de um espaço de diálogo democrático e participativo com as autoridades responsáveis, em prol da reconstrução, preservação e fortalecimento material e imaterial da cultura circense e artística, com o retorno do Circo da Cidade.

Convidamos artistas, produtores culturais, coletivos, estudantes, professores, profissionais liberais, gestores, cidadãos em geral, para refletirmos e questionarmos “Cadê o Circo?”.

Os nossos objetivos são:

1. Traçar um planejamento com transparência de financiamento e cronograma de construção democrática e participativa para a reabertura do Circo da Cidade, ainda neste ano de 2022;

2. Dialogar e reunir com os representantes das instituições responsáveis para que apresentem caminhos assertivos para o retorno do Circo da Cidade;

3. Garantir a montagem do Circo da Cidade em espaço democrático, acessível e seguro para que possam se beneficiar da cultura circense e artística;

4. Garantir o caráter público, democrático, com gestão participativa e de qualidade do Circo da Cidade, evitando qualquer contrato com setor privado para a governança das suas atividades;

5. Garantir programas de fomento ao funcionamento, produção, formação e à pesquisa artística;

6. Apresentar plano e protocolo de cuidado em saúde no contexto da pandemia global do novo coronavírus, que garanta a continuidade das atividades do Circo da Cidade.

Temos certeza, que diante dessa manifestação pública, as autoridades responsáveis tomarão providências urgentes para, enfim, sanar esse prejuízo à arte e cultura que vem se arrastando por dez anos, prejudicando a classe artística, cultural, comunidade e toda cadeia produtiva que as envolve. Em breve, convidaremos todas as pessoas para uma audiência popular sobre o Circo da Cidade que queremos!

São Luís, 31 de janeiro de 2022.

Movimento Cadê o Circo?

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Cadê o Circo da Cidade? Espaço cultural foi desativado para a implantação do VLT, que nunca saiu do papel

Uma nova onda de protestos e reivindicações de artistas e produtores culturais de São Luís ganha força para cobrar a reimplantação do Circo Cultural Nelson Brito, o Circo da Cidade, desativado em setembro de 2012, na gestão do ex-prefeito João Castelo (PSDB), a pretexto de instalar um VLT (Veículo Leve sobre Trilhos).

Segundo o Ministério Público, a compra do VLT, em torno de R$ 7 milhões, foi irregular.

À época, parte do Aterro do Bacanga foi utilizada para fixar trilhos e exibir um vagão do VLT com o objetivo de turbinar a campanha à reeleição do tucano. Então, um dos equipamentos sacrificados foi o Circo da Cidade, retirado da área contígua ao Terminal da Integração, no Centro Histórico de São Luís.

O projeto do VLT foi abandonado após a campanha eleitoral de 2012
Foto: Biné Moraes / O Estado do Maranhão

João Castelo perdeu a eleição e no final da primeira gestão (2013-2016) do prefeito Edivaldo Holanda Junior, então candidato à reeleição, houve a apresentação de um projeto para reativar o circo, inclusive com a divulgação de maquetes.

A nova estrutura prometida teria lona tensionada, palco moderno, público de até 500 pessoas sentadas, arquibancadas empilháveis, banheiros, escritório e bilheteria, mas nada foi concretizado.

Maquete do novo circo não foi concretizada
na gestão de Edivaldo Holanda Junior

Desde 2012 ocorrem diversas cobranças, com atos presenciais e na web, pedindo a volta do Circo da Cidade.

Neste janeiro de 2022, a luta continua. A comunidade artística retomou as manifestações nas redes sociais, através de vídeos, com uma pergunta: cadê o Circo da Cidade?

A ideia foi ganhando força através de comentários e compartilhamentos, questionando o fim de um dos mais importantes equipamentos culturais da capital maranhense, onde circularam variadas atividades artísticas, sob a lona que virou ponto de encontros e de afetos em um período muito produtivo no panorama estético de São Luís.

Um ato para reiterar a cobrança está marcado para segunda-feira (24 de janeiro), às 19h, na Feira da Praia Grande (Mercado das Tulhas), no Centro Histórico.

“O Circo da Cidade representa uma democratização cultural imensa e tão necessária que a gente fica tentando entender o que foi que passou pela cabeça dos senhores em seus gabinetes, em salas com ar condicionado, quando decidiram que São Luís poderia abrir mão dele, ainda mais numa cidade rica em expressões culturais e tão carente de espaços para apresentações artísticas.”, avalia o cantor e compositor Beto Ehongue.

A batalha pela retomada do espaço cultural já dura uma década, marcada por indignação. “O Circo da Cidade, espaço absolutamente democrático e acessível aos artistas e ao público,  só poderia acabar sendo alvo do desprezo das “autoridades” que deveriam cuidá-lo. Nós artistas vivemos à mercê dos desmandos desses políticos que trocam de lugar no poder e além de não fomentarem políticas de incentivo, ainda nos tiram as poucas conquistas que obtivemos com muita luta. Em 2012, já cobrávamos a volta desse importante espaço cultural. E dez anos depois,  continuaremos cobrando. Cadê o Circo da Cidade?”, insiste a atriz Rosa Ewerton Jara.

O Circo Cultural Nelson Brito foi inaugurado em 1999, na gestão do prefeito Jackson Lago (PDT), vinculado à Fundação Municipal de Cultura. O espaço serviu de palco para produções cênicas e musicais locais, nacionais e internacionais, revelou talentos, difundiu novas gerações e reafirmou nomes consagrados, gerou oportunidades e formou plateia.

Fachada do Circo da Cidade. Foto: kamaleao.com
Circo homenageia o artista Nelson Brito, uma referência
na cultura popular do Brasil / Foto: Facebook do Laborarte

A localização próxima ao terminal de ônibus facilitava o acesso do público de todas as classes sociais e bairros da cidade, alcançando diversas faixas etárias, inclusive crianças.

Músicos, atrizes, gestores(as) de projetos sociais, atores, cantores, cantoras, produtores e produtoras culturais e o público estão órfãos de um dos espaços mais vibrantes da cidade.

O projeto do VLT desperdiçou dinheiro público
em obras inúteis. Foto: Ed Wilson Araújo
Fim da linha para o VLT. Foto: Ed Wilson Araújo

No lugar vazio do circo, rastejou no palco morto do Aterro do Bacanga uma peça grotesca. O vagão do VLT, comprado por R$ 7 milhões, nunca saiu do lugar e o plano eleitoreiro passou a ser motivo de chacota na cidade, visto como um golpe publicitário fracassado, infelizmente pago com dinheiro público.

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São Luís: Armazém do Campo completa 1 ano de espaço cultural e político no Centro Histórico

Ed Wilson Araújo

Inaugurado em 6 de julho de 2019, o Solar Cultural Maria Firmina dos Reis homenageia uma escritora negra, abolicionista, citada entre as pioneiras do romance brasileiro, autora de Úrsula, obra de referência na Literatura, publicada em 1859.

A criação do solar é uma iniciativa do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Localizado em um charmoso casarão na rua Rio Branco, 420, no Centro Histórico de São Luís, nesse pouco tempo de vida o ambiente passou a ser um dos principais pontos de referência dos encontros culturais e políticos da capital do Maranhão.

Trabalhadores e trabalhadoras rurais, estudantes, professores, artistas, jornalistas, profissionais liberais e a militância democrática em geral compõem o público, que pode acessar palestras, debates, sessões de estudo, shows e recitais, entre outras produções realizadas no solar.

Sala de reunião, espaço para leitura, livraria, restaurante, quitanda com oferta de produtos orgânicos, bar na parte superior (onde é possível ver o pôr do sol) e boa acolhida fazem parte do cardápio de oportunidades proporcionadas pelo Armazém do Campo. A oferta de produtos orgânicos reforça o compromisso do MST em dois sentidos: a reforma agrária e o cultivo de alimentos saudáveis.

Maria Firmina inspirou o batismo do Armazém do Campo.
Imagem capturada no site mst.org.br

Entre os propósitos do Armazém do Campo está o de demarcar o território da produção e comercialização de alimentos originados da agricultura familiar cultivados sem veneno em diversas regiões do Maranhão, especialmente nos assentamentos do MST.

Mas, o espaço é sobretudo um lugar de resistência democrática e de encontros para celebrar o trabalho, a produção da terra e os afetos.

A opção de instalar o espaço no Centro Histórico de São Luís também agregou valor a essa importante região da cidade, que vem recebendo algumas obras de revitalização decorrentes do PAC Cidades Históricas, iniciado no governo Dilma Roussef (PT), em 2013.

Embora não tenha celebração presencial, o aniversário de 1 ano do Solar Cultural Maria Firmina dos Reis é lembrado nas redes sociais.

Veja abaixo uma das postagens que circula nas redes sociais:

“Este bloco de homenagens ao primeiro ano de vida é dedicado a um dos espaços que inspiram luta e fazem chegar à sua mesa os frutos dos nossos ideais: o Armazém do Campo!

Conheça um pouquinho de quem produz, como e onde produz e quem consome. Porque “quando se tem a terra, em se plantando dá (…) tem coco, tem limão, tem carambola!”

A gente quer terra pra plantar!

A gente quer terra pra viver!

A gente quer de um tudo compartilhar!

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