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A sagrada cajazeira da Casa das Minas vive!

O vídeo foi capturado durante os festejos juninos de 2025, durante o ritual realizado todos os anos pelos grupos de bumba-meu-boi em homenagem à Casa das Minas, localizada na rua de São Pantaleão, em São Luís.

A imagem captura o reflorescimento da árvore, após a rachadura e queda dos seus grandes galhos centenários, em dezembro de 2024, desabando sobre o telhado, mas sem provocar danos aos moradores e frequentadores da Casa das Minas.

Parte da cajazeira caiu no final de 2024. Foto: Cícero Centryni
A árvore brotou novamente e segue viçosa. Imagem: Ed Wilson Araújo

Velha e vigorosa, a cajazeira sagrada brota novamente no terreiro. A árvore é um dos voduns do território sagrado e bastante reverenciada no livro “Os tambores de São Luís”, do escritor Josué Montello, especialmente nas vivências da personagem Damião.

Veja abaixo um trecho da obra que menciona a cajazeira:

No rodar do tempo, a casa não mudou. O que era ontem, na época do cativeiro, continua a ser hoje, na época da liberdade – com o mesmo corredor comprido, as mesmas salas e quartos, o mesmo santuário, e o mesmo terreiro de chão batido, que se pontilha de velas votivas durante a noite, e a que dão sombra, durante o dia, os ramos torcidos de uma cajazeira sagrada.

Entra-se ali pela porta da Rua de São Pantaleão. E o que logo se vê, ao chegar à varanda, depois de atravessar o corredor atijolado, são os tambores rituais, de pé, em número de três, ocupando o fundo à esquerda e compondo a base de um triângulo, cujo vértice é o encontro das paredes.

Um longo banco de madeira sem recosto acompanha a parede que olha o quintal. Entretanto, ao sentar ali, o que o visitante descortina são os ramos da cajazeira, porque um muro se alteia, de pouco mais de metro e meio, na divisória da varanda. Mas esse mesmo muro se abre, mais adiante, para dar passagem ao terreiro, permitindo olhar de perto a velha árvore, toda vestida de folhas miúdas, de um verde queimado, muito escuro, e que a luz do sol tropical custa amarelecer.

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Ato Brasil soberano é sexta, 1º de agosto, na praça Deodoro

Nessa sexta-feira, 1º de agosto, a partir das 15h, todas e todos que defendem a soberania nacional têm um encontro marcado na praça Deodoro para um ato em defesa da soberania do Brasil, contra os traidores da pátria.

A manifestação “Brasil soberano: contra os traidores da Pátria” é convocada por um coletivo de militantes, parlamentares, sindicalistas e ativistas dos direitos humanos e da democracia.

“Vamos dizer bem alto que a nossa independência não se negocia. É hora de defender nosso país e dizer que os verdadeiros patriotas não atacam o Brasil”, informa a convocação do evento.

O ato é uma reação ao tarifaço de Donald Trump, em defesa do pix e das instituições do país, denunciando as pressões dos Estados Unidos na tentativa de livrar Jair Bolsonaro da prisão, no julgamento dos ataques golpistas iniciados em 8 de janeiro de 2023.

“Não permitiremos a interferência dos Estados Unidos nos rumos do nosso país. Donald Trump e Jair Bolsonaro estão unidos contra o Brasil. Eles querem salvar o golpista e submeter o país aos ditames imperialistas. Sem anistia para golpista, entreguista e lambe-botas do imperialismo. O destino deles é a lata de lixo da história”, reitera a organização do ato.

SERVIÇO

O que: Ato Brasil soberano: contra os traidores da Pátria

Onde: praça Deodoro

Quando: sexta-feira (1º de agosto)

Hora: 15h

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Brasil deixa o Mapa da Fome pela segunda vez sob Lula, diz ONU

De volta à mesa: com menos de 2,5% da população em subnutrição, país cumpre meta antes do previsto; em dois anos, 24 milhões saíram da insegurança alimentar

Boletim Focus – É a segunda vez na história que o Brasil sai do Mapa da Fome pelas mãos de um mesmo presidente. Vinte anos depois de colocar o combate à fome no centro da política nacional, Luiz Inácio Lula da Silva vê novamente o país deixar a lista da ONU de nações com subalimentação crônica. 

O relatório “O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo 2025”, divulgado pela FAO nesta segunda-feira (28), confirma: com menos de 2,5% da população em situação de subnutrição, o Brasil está fora do Mapa da Fome. A meta, que constava no programa de governo de Lula, foi atingida dois anos antes do previsto.

Promessa cumprida: tirar o Brasil da fome

O dado, calculado com base na média dos anos de 2022 a 2024, revela um esforço intenso de reconstrução institucional e combate à miséria. Em apenas dois anos, o país conseguiu reverter um dos legados mais dramáticos do bolsonarismo: a volta da fome em massa. 

A insegurança alimentar grave, que atingia mais de 33 milhões de brasileiros em 2021, recuou a patamares históricos. Foram retiradas da fome cerca de 24 milhões de pessoas até o fim de 2023.

Segundo a FAO, estar no Mapa da Fome significa ter mais de 2,5% da população em subalimentação crônica, ou seja, sem acesso regular a calorias mínimas para uma vida saudável. 

O Brasil havia deixado essa lista em 2014, ao final do ciclo de expansão das políticas sociais inauguradas por Lula e mantidas por Dilma Rousseff. Voltou em 2021, sob o impacto do desmonte de programas sociais, dos cortes de orçamento e da gestão negacionista durante a pandemia. Com o retorno da fome e a explosão da pobreza extrema, o país viu retroceder conquistas que haviam se tornado referência mundial.

A reconstrução como resposta

Em seu terceiro mandato, Lula colocou a fome novamente como prioridade nacional. Criou o Plano Brasil Sem Fome, restaurou o Bolsa Família, ampliou o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e promoveu ações interministeriais voltadas à segurança alimentar, ao combate à desigualdade e à geração de renda. 

A atuação conjunta dos ministérios garantiu foco na equidade de gênero, com políticas voltadas a mulheres rurais, comunidades tradicionais e famílias em situação de vulnerabilidade.

O impacto foi imediato. Em 2024, o desemprego caiu a 6,6%, a menor taxa desde 2012, e a renda dos 10% mais pobres cresceu 10,7%, ritmo 50% superior ao dos 10% mais ricos. A classe média, pela primeira vez em anos, voltou a crescer, atingindo 52% da população. O índice de Gini, que mede a desigualdade, caiu para 0,506, o menor da série histórica. O Brasil também bateu recorde de rendimento domiciliar per capita, que alcançou R$ 2.020.

Programas como o CadÚnico e o Bolsa Família foram decisivos: 98,8% das 1,7 milhão de vagas de trabalho com carteira assinada em 2024 foram preenchidas por pessoas inscritas nos programas sociais, das quais 75,5% eram beneficiárias do Bolsa Família. 

Em julho de 2025, cerca de 1 milhão de famílias deixaram de precisar do programa, evidência de que a inclusão produtiva e a retomada do emprego estão surtindo efeito real na vida das pessoas.

A marca de Lula e o papel do Estado

Ao celebrar a conquista com o diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, Lula afirmou: “Hoje sou o homem mais feliz do mundo. E quero ser um soldado mundial no combate à fome e à pobreza”. Em setembro de 2024, o presidente recebeu o Prêmio Goalkeepers, da Fundação Bill e Melinda Gates, por seu histórico de combate à fome. O reconhecimento internacional reforça uma evidência: justiça social exige a presença do Estado. 

Para o ministro Wellington Dias, do Desenvolvimento e Assistência Social, a saída do Mapa da Fome representa o cumprimento da missão central do governo. “É o Brasil vencendo. A redução da miséria para menos de 4,4%, o menor índice da história, mostra que políticas públicas bem aplicadas mudam destinos.”

A superação da insegurança alimentar, além de restaurar a dignidade de milhões, reafirma a centralidade da política pública. O combate à fome não é retórica, é resultado. E quando o povo volta a comer, o Brasil volta a ser país.

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Crime! Ambientalistas denunciam lixão na APA do Itapiracó

Uma grande quantidade de resíduos sólidos foi encontrada por um grupo de ambientalistas dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) do Itapiracó, na ilha de São Luís.

O território completou 28 anos de existência e é uma das poucas áreas protegidas na região metropolitana, estendendo-se pelos bairros Cohab, Cohatrac e Parque Vitória, no município de São José de Ribamar.

As imagens são do dia 27 de julho de 2025 e foram capturadas durante uma caminhada educativa (passarinhada) organizada por integrantes do Movimento Jardim Calçada Verde (MJCV), que cuidam da área com diversas atividades educativas.

O lixão está próximo dos bairros Alto do Turu, Terra Livre e Canudos, no grande Parque Vitória (São José de Ribamar).

Fica aqui o alerta para os órgãos de fiscalização e controle acerca do grave dano causado aos recursos naturais pelo acúmulo de lixo dentro de uma área de preservação, configurando crime ambiental.

Dentro da APA existem nascentes de rios e riachos, diversas espécies de plantas, pássaros, animais de pequeno porte e uma rica biodiversidade.

Todo o território é de uma expressiva importância para a qualidade de vida não só dos moradores dos três bairros mencionados, mas para toda a ilha de São Luís.

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As belezas e os contrastes das praias de São Luís

Na Ilha do Amor, São Luís do Maranhão, julho só não é mais lindo que setembro.

Este meio de ano marca o fim das chuvas e os pores do sol intensos, explosivos, como se fossem bolas de fogo apagando no mar.

A imagem desse post foi capturada na praia da Ponta d’Areia.

É belo de ver, mas não se pode desfrutar totalmente. As águas poluídas não recomendam o banho.

Quando setembro chegar, o visual vai ficar ainda mais esplendoroso porque a água, embora poluída, perde um pouco do tom achocolatado e fica mais clara, quase esverdeada.

A mudança de tonalidade acontece porque durante o primeiro semestre, sempre chuvoso, o mar de São Luís recebe um grande volume de água dos rios que desembocam na baía de São Marcos, arrastando para as praias lixo orgânico dos leitos de água doce.

De julho em diante, com a escassez de chuvas e menos enxurradas dos rios, a água fica visualmente mais limpa e clara, mesmo que poluída por esgotos.

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Potenciais e obstáculos ao turismo no Maranhão

Localizado no litoral ocidental do Maranhão, no município de Apicum-Açu, este porto é um dos principais entrepostos comerciais de peixes e mariscos da Reserva Extrativista Marinha (Resex) de Cururupu.

Saída do porto de Apicum-Açu a caminho das ilhas do Arquipélago de Maiaú

É também um lugar estratégico para o turismo na região da Floresta dos Guarás.

Através do porto você pode tomar uma embarcação e chegar até a lendária Ilha dos Lençóis e ao conjunto insular do Arquipélago de Maiaú, composto por 17 localidades ricas em biodiversidade e encantos visuais.

A Ilha de Lençóis e conhecida pela presença de pessoas com albinismo e referenciada nas encantarias relacionadas ao sebastianismo.

Conta a lenda que o rei de Portugal, Dom Sebastião, morto no século 16, durante uma batalha na África, aparece nas noites de lua cheia montado em um cavalo ou touro ornamentado por joias e cavalga sobre as dunas de areia branca da Ilha dos Lençóis.

A ilha tem uma ótima receptividade, pousadas e acolhida comunitária. Tudo isso é muito bom, mas… o problema é conseguir chegar em Apicum-Açu.

A viagem é longa e tem vários obstáculos. O primeiro deles é o péssimo serviço de ferry-boat na travessia entre São Luís e Cujupe.

Se o viajante optar pelo trajeto totalmente terrestre, através de Vitória do Mearim, tem de enfrentar uma das piores estradas do Maranhão – a MA-014.

Enfim, tenhamos fé, um dia as coisas vão melhorar.

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Vida e história

Eloy Melonio é cronista, contista, poeta e letrista.

Sexta-feira, 18 de julho de 2025.

Uma data perdida no tempo é só uma data. E que, como muitas outras, pode referir-se a um trecho do caminho de cada um de nós. No entanto, dependendo das circunstâncias, pode ser um dia qualquer em abril ou uma sombra aprisionada num calendário de nossa vida.

Dito isso, vida e história são parceiras de longas datas. Andam de mãos dadas no rastro do tempo. Na história da humanidade e na literatura universal não dá para separar uma da outra. Elas se cruzam, mas não se separam. Que seria de mim se não soubesse quando nasci, de onde vim, por onde passei?

Numa cena da novela “Dona de mim” (Rede GLOBO, 2025), uma crise afetiva entre pai e filho chamou minha atenção. Abel (Tony Ramos), pai de Davi (Rafael Vitti), pergunta: “Em que trecho do caminho nós nos perdemos?” Imagino que você sacou o contexto dessa cena: duas vidas e duas histórias.

Dia desses, minha esposa trouxe para a mesa da cozinha alguns envelopes entupidos de fotografias. Um prato cheio com pedacinhos de nossas vidas. Em alguns momentos, dúvidas: “Quem é essa pessoa ao lado da sua mãe?” Em outros, emoção: “Caramba! Olha você aqui nas Cataratas do Niagara!”

Nem sempre tínhamos respostas para algumas dessas surpresas. Mas o que nos animava era o deslumbramento diante dos flagrantes da nossa história. Em alguns momentos, o coração batia mais forte. Noutros, eram os olhos que umedeciam. Em cada foto, uma constatação: somos parte da história de outras pessoas, assim como elas também marcam nossas recordações. Ninguém tem uma história de solidão. Porque — filosófica ou poeticamente — até a nossa sombra pode ser uma companhia indispensável.

Um dos resgates foi a “preciosidade” que ilustra esta crônica. Porque revela um momento memorável que quase se perde na névoa das lembranças. Nela, eu (minha esposa e um amigo) apareço com Vilfredo e Heloisa Schurmann, velejadores catarinenses, que estavam em São Luís em 1996 para uma palestra. Fui encarregado de acompanhá-los durante o dia (passeios, etc.). Na foto, momento de um almoço regado a muitas histórias e aventuras desse casal cuja vida são os mares do mundo.

Prefaciei, recentemente, o livro de memórias “A Lâmina do Machado”, do escritor Misael Rubim (Icatu-MA). Apesar dos detalhes de sua infância e adolescência, o protagonista é o seu pai e sua história de vida, marcada por trabalho, coragem e honradez. Mas o que chamou minha atenção foi o episódio em que, após a morte do pai (que viera morar com ele na capital para se tratar de um câncer), o autor volta à sua terra para resolver algumas pendências. Certo dia, enquanto cavalgava por uma rua da pequena cidade, percebeu que as pessoas o olhavam com certo espanto. Até que, numa parada ocasional, alguém se manifestou: “Não sei quem é o senhor, mas o cavalo é do Domingos Rubim, não é?”.

Duas mortes recentes me afetaram sobremaneira: o cantor Carlindo Filho, amigo e parceiro, morte precoce, vítima de um câncer. O outro, aos noventa e seis anos, o gramático e filólogo Evanildo Bechara. Para o artista da música: RIP (Rest in Peace). Para o artista das palavras: DEA (Durma entre suas Amadas).

Dizem que o velório é um bom momento para se rever histórias de vida. Os grupos de conversa são inevitáveis. Fica-se sabendo das “novidades e curiosidades”. Sim, os mortos têm novidades! Numa dessas situações, soube que um amigo (vivo e presente ao velório) tinha sérias desavenças com o irmão (defunto). Infelizmente nada ficou acertado entre eles, e a pendência só será resolvida num outro cenário além-hoje e além-mundo.

Infelizmente, a história de cada um de nós tem um fim. Porque a nossa vida é como as águas de um rio que correm, correm, até se jogarem no cemitério-mar. Não há outro caminho. A história do mundo, ao contrário, é um infindável carnaval. Séculos e séculos de um desfile que nunca chega à praça da Apoteose.

Uma coisa é certa: não se pode mudar a história de vida de uma pessoa. Nem a multifuncional “IA” tem essa pretensão. Porque o tempo (passado ou futuro) é uma muralha intransponível. Um diretor de cinema pode refazer uma cena de que não gostou, mesmo depois do “The End”. Mas não pode mudar nenhum trecho de que foi protagonista na vida real.

Você lembra a data na abertura desta crônica? Pois é, ela faz parte da minha história de vida, bem mais curta que os dez mil anos de Raul Seixas. Eu nasci numa sexta-feira de julho de 1952.

Se é assim, viva a nossa vida, e viva a nossa história!

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Reocupa lança projeto de arte urbana no bairro Monte Castelo

Intervenção artística celebra a Amazônia Legal, as culturas tradicionais e mobiliza a cidade por meio do grafite

A partir de sábado (26), a capital maranhense ganha um novo símbolo artístico e ambiental com o início do projeto “Arte nas cidades – Amazônia Legal em cores”, realizado pelo Coletivo Reocupa. A proposta é ocupar o espaço urbano com uma grande empena de grafite no Condomínio São Marcos, no bairro do Monte Castelo, dando visibilidade à temática da Amazônia Legal e promovendo a valorização da cultura, da arte urbana e das identidades tradicionais.

Com foco no tema Mata – Maranhão, território amazônico – a iniciativa busca chamar atenção para a sociobiodiversidade da região, suas florestas, rios, mares, fauna, flora e, sobretudo, seus povos. A arte será usada como ferramenta de conscientização ambiental e fortalecimento da produção artística amazônica.

Uma série de murais para falar de Amazônia

A empena no Monte Castelo é a primeira de uma série de intervenções urbanas previstas pelo projeto, que pretende ocupar outros espaços da cidade com painéis que dialoguem com a paisagem, a cultura e as urgências socioambientais da Amazônia Legal.

A escolha pelo grafite não é aleatória: como arte pública e acessível, ele transforma e ocupa espaços urbanos com cores, símbolos e narrativas visuais. A obra do Condomínio São Marcos, localizada em uma área de intenso fluxo de pessoas, será um novo ponto de referência visual e cultural em São Luís, somando-se aos atrativos turísticos e comunitários da cidade.“Acreditamos que o grafite tem o poder de comunicar questões sociais e ambientais de maneira direta, sensível e transformadora”, destaca Kadu Vassoler, um dos coordenadores do projeto. “Além disso, a iniciativa contribui para a revitalização de espaços públicos e para a promoção da identidade cultural local.”

Maranhão amazônico

Dos 217 municípios do Maranhão, 181 integram a Amazônia Legal, incluindo a ilha de Upaon Açu e seus quatro municípios. O estado abriga florestas, manguezais e um rico ecossistema de transição, uma riqueza que vem sendo perdida gradativamente. Dados do PPBio- Programa Prioritário de Bioeconomia indicam que a vegetação original da Amazônia maranhense já foi reduzida a menos de 25%. O desmatamento, impulsionado pelo avanço do agronegócio, é hoje o principal algoz desse território.

Dessa forma, além de ressaltar a identidade amazônida, o projeto também pretende educar visualmente a população e ampliar a compreensão pública sobre os desafios socioambientais que afetam o território. Com o avanço do desmatamento e as ameaças crescentes às comunidades tradicionais, ações como essa se tornam ainda mais relevantes.

Fortalecimento de artistas local

Para essa primeira intervenção, foram convidados dois nomes expressivos da cena artística local: Will Barros e Lea Pac, artistas visuais que trazem em seus trabalhos uma forte relação com o território, a natureza e a resistência cultural.

Will Barros é designer, grafiteiro, tatuador e diretor criativo do ateliê coletivo Gruta do Mangue. Com ampla experiência em muralismo e arte urbana, trabalha com diferentes suportes como stickers, stencil, lambes e artes plásticas.

Lea Pac, nascida em Açailândia (MA), é artista plástica autodidata com 10 anos de trajetória no grafite e na educação artística. Atua como professora e curadora do Programa Arte de Rua do Estado do Maranhão e se destaca pela revitalização de áreas degradadas, utilizando cores marcantes e composições que enaltecem a fauna e a flora amazônicas.

Apoio e parcerias

O projeto Arte nas Cidades – Amazônia Legal em Cores conta com o apoio do ICCI-  Instituto Cultura, Comunicação e Incidência. Ics- (Instituto Clima e Sociedade), do Fundo Dema em parceria com a empresa Potiguar, que somam forças para viabilizar essa série de intervenções. A expectativa é que a empena se torne um cartão-postal contemporâneo da cidade, um espaço de encontro entre arte e meio ambiente, entre o urbano e o ancestral. Um convite coletivo para refletir, pertencer e agir.

Sobre o Reocupa

O Reocupa foi fundado em abril de 2016, ocupando e mobilizando a cena local há mais de sete anos. Tem sede no Centro Histórico de São Luís. O casarão, também um centro cultural autogestionado, independente e aberto ao público, conta com acervo de livros, discos e brechó em seu espaço.

Acreditando na construção coletiva, o Reocupa é um espaço plural, disponível para as mais diversas manifestações artísticas, com o objetivo de democratizar a arte, a cultura e a educação através de perspectivas coletivas, influenciando e modificando a forma de ser e coexistir em sociedade.

Atualmente, o coletivo atua nas seguintes frentes: acesso universal à cultura, direito à cidade, educação popular e de checagem de informações, justiça climática, direitos humanos, luta feminista e manutenção dos saberes ancestrais através dos povos e territórios.

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O quê: Projeto Arte nas Cidades – Amazônia Legal em Cores

Início: 26/07/2025

Local: Condomínio São Marcos, Avenida Getúlio Vargas, Monte Castelo

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ECA 35 anos: Brasil lança guia sobre crianças, adolescentes e uso de telas

Estatuto da Criança e do Adolescente completa 35 anos com avanços em políticas públicas e novo guia para proteger infâncias no mundo digital

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completa 35 anos como referência internacional na garantia de direitos e na formulação de políticas públicas no Brasil. Promulgado em 1990, o ECA impulsionou a criação dos Conselhos Tutelares, inspirou programas como o Bolsa Família e o PETI e serviu de base para legislações como a Escuta Protegida, a Lei Henry Borel e a Lei da Palmada.

Para marcar a data, o governo federal lançou o guia “Crianças, Adolescentes e Telas”, resultado de uma consulta pública realizada em todo o país com jovens, educadores e famílias. O documento propõe recomendações práticas para um ambiente digital mais seguro, saudável e participativo, 

O ECA também tem ampliado seu alcance em novas frentes, como a inclusão dos direitos da infância nas políticas ambientais brasileiras, apresentadas pela primeira vez na COP 28, e nos debates sobre regulação digital e proteção de dados de crianças e adolescentes.

Participação e proteção no ambiente digital

Como parte das ações comemorativas pelos 35 anos do Estatuto, a Secretaria de Políticas Digitais (SPDIGI), em parceria com a SECOM da Presidência da República, lançou o guia “Crianças, Adolescentes e Telas”, resultado de uma consulta pública nacional voltada à escuta de jovens e educadores sobre os impactos do uso excessivo de dispositivos digitais.

Organizado pelo Instituto Alana, com apoio do Programa de Acesso Digital da Embaixada do Reino Unido e da Rede Conhecimento Social, o processo envolveu 70 crianças e adolescentes de 11 a 18 anos, 32 educadores e 18 responsáveis, em encontros presenciais e online realizados em 43 municípios (incluindo 14 capitais) de 20 estados, abrangendo todas as regiões do país.

O guia reúne análises, recomendações e boas práticas internacionais, com base em evidências científicas. A proposta é construir um ambiente digital mais seguro, saudável e responsável, respeitando o direito à participação, um dos princípios centrais do ECA.

ECA 35 anos: Brasil lança guia sobre crianças, adolescentes e uso de telas
Consulta nacional ouviu 70 crianças e adolescentes, de 11 a 18 anos, em 43 cidades brasileiras. As contribuições deram origem ao guia oficial “Crianças, Adolescentes e Telas” Foto: Agência Brasil

O que dizem os jovens

Entre as sugestões apresentadas pelas crianças e adolescentes participantes estão: valorizar atividades off-line, limitar o uso de celulares durante interações presenciais, realizar campanhas contra o cyberbullying e reforçar a proteção da privacidade on-line. Também recomendam que os adultos deem o exemplo e sejam mais cuidadosos ao expor imagens de menores nas redes sociais.

As contribuições demonstram o interesse direto das juventudes em construir um ecossistema digital mais equilibrado, onde tecnologia e bem-estar caminhem juntos. A expectativa, segundo os organizadores, é que o material ajude a orientar políticas públicas mais assertivas, fortalecendo a atuação do Estado na proteção e escuta das novas gerações.

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Contra a impunidade, em defesa da soberania

Esse é o desafio que o governo Lula, as esquerdas brasileiras, os partidos de centro e mesmo os setores conservadores não golpistas: defender a institucionalidade democrática, defender a soberania nacional diante desse ataque inaceitável e avançarmos nas conquistas sociais e ambientais alcançadas a partir da posse do Presidente Lula em janeiro de 2023

Pedro Tierra (Revista Teoria e Debate) – Ao longo de sua carreira, o ex-capitão aprendeu a identificar as brechas da institucionalidade, a contar com a conhecida leniência das elites brasileiras, seja na caserna, seja nos espaços civis e esgueirar-se por elas para escapar da punição pelos crimes que cometeu.

Construiu a partir daí um projeto político familiar que em nada o diferencia da cultura do submundo das milícias por onde se move. Nesse aspecto, reproduz no Brasil um século depois o tradicional vínculo que verificamos entre o lumpem e a emergência das experiências nazifascistas europeias da primeira metade do século 20.

A ascensão do clã ao poder no turbulento pleito de 2018 à presidência da república, ancorado pelos setores conservadores da direita tradicional oligárquica – remember “A escolha difícil” – para se contrapor ao retorno do Partido dos Trabalhadores ao governo central contribuiu para reforçar a convicção entre eles de “com a gente não acontece nada” expressa na frase emblemática: “Para fechar o STF, basta um cabo e um soldado”.

Essa segurança da impunidade – como ocorreu com os carniceiros da ditadura – acabou por se constituir numa cultura de atropelo das regras institucionais – ao contrário do discurso “sempre dentro das quatro linhas” –, em que os membros do clã e seu entorno agiram durante o período de governo como produtores de provas abundantes contra si mesmos.

Ao se confirmar a denúncia, o clã entrou em pânico diante da circunstância concreta de uma Procuradoria Geral da República que se dispôs a cumprir seu papel institucional de defesa da sociedade, diferentemente da flagrante conivência observada nos anos anteriores e de um Judiciário alvo de ataques contínuos, determinado a fazer justiça e defender a Constituição liberal-democrática de 1988.

As medidas cautelares adotadas nos últimos dias pelo Supremo Tribunal Federal contra o ex-capitão agora réu, com o claro propósito de não ser colhido de surpresa como no caso Zambelli, despertou reações enfurecidas de neo-defensores de direitos humanos no Parlamento, nos meios de comunicação e nas redes sociais em defesa do líder que não faz muito tempo proclamava em alto e bom som nos meios de comunicação: “Eu sou a favor da tortura! Tu sabe disso”! O mesmo que liderou o golpe de Estado que buscava reverter pela força os resultados das eleições presidenciais de outubro/novembro de 2022. E se materializou no desastre e na derrota em 8 de janeiro de 2023. Neste momento esse personagem sinistro aguarda julgamento, a partir de agora, com limitadas possibilidades de fuga.

Num passado recente – pós-Segunda Guerra Mundial – a CIA estendeu sua rede pelo continente, conspirou e derrubou governos democráticos legítimos e impôs regimes ditatoriais por décadas. Naquele período os agentes recrutados pela CIA eram remunerados. Agora, aparentemente adotou o sistema de trabalho voluntário. O que vemos nos últimos dias é que a CIA utiliza os serviços de agentes a troco de casa e comida. Mais precisamente, oferecem cidadania americana e escola para os filhos dos traidores recrutados, como ocorre com o deputado foragido, em véspera de perder o mandato. Como se sabe as lutas políticas não dispensam a traição, mas não perdoam (no tempo devido) os traidores.

A ação insidiosa dos membros do clã com audiência no comando da Internacional neofascista e interlocução com a Casa Branca resulta, neste momento, na ofensiva em curso contra o Brasil anunciada por Trump, impondo tarifas de 50% sobre os produtos comercializados com os Estados Unidos a partir de 1º de agosto. Com a condição do país suspender IMEDIATAMENTE o processo contra o líder da fracassada tentativa de golpe de Estado consumada no 8 de janeiro de 2023.

O governo dos Estados Unidos não convidou o governo brasileiro para uma negociação em torno de tarifas.

Nos impôs um ultimato político pelas redes sociais.

Esse é o desafio que o governo Lula, as esquerdas brasileiras, os partidos de centro e mesmo os setores conservadores não golpistas: defender a institucionalidade democrática, defender a soberania nacional diante desse ataque inaceitável e avançarmos nas conquistas sociais e ambientais alcançadas a partir da posse do Presidente Lula em janeiro de 2023.

Os setores organizados da sociedade brasileira, os sindicatos, as associações profissionais, os movimentos comunitários, populares e culturais, os setores empresariais comprometidos com a soberania nacional, as igrejas, as universidades e centros de pesquisa, a intelectualidade são chamados a ocupar as redes e as ruas numa campanha organizada a partir de comitês populares, nos moldes das “Diretas Já” em defesa da dignidade do Brasil, de sua independência como nação diante do avanço do projeto neocolonialista em curso apoiado por um clã de escroques que trama à luz do dia contra os interesses do povo brasileiro.

SOBERANIA SEMPRE!

Brasília, 20 de julho de 2025.

Pedro Tierra é poeta, ex-Presidente da Fundação Perseu Abramo