Com o tema “Civilização ou barbárie: o futuro da humanidade”, a Jornada Internacional de Políticas Públicas (Joinpp) acontece de 20 a 23 de agosto no campus do Bacanga da Universidade Federal do Maranhão. Promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Politicas Públicas da Ufma, a jornada chega à sua nona edição consolidada como um dos principais eventos acadêmicos da instituição. As atividades acontecerão no Centro Pedagógico Paulo Freire.
Constam da programação conferências, mesas redondas,
minicursos, mesas temáticas e o lançamento de livros e revistas.
A cerimônia de abertura acontece às 9 horas do dia 20, no auditório do Centro Pedagógico Paulo Freire, seguida da conferência que tem como título o tema da 9ª Joinpp, com a participação dos professores Atílio Boron (UBA/Argentina) e Mauro Luís Iasi (UFRJ/Brasil). Ainda no primeiro dia acontecerão sessões de mesas temáticas coordenadas da 14h às 20h.
Na quarta-feira (21) ocorre a mesa redonda Crise do
capitalismo, neofascismo e as estratégias da classe trabalhadora, com as
presenças dos professores Giovanni Fresu (UFU/Brasil), Ricardo Festi (Unicamp/Brasil)
e Marcelo Buzetto (CUFSA/Brasil). À tarde acontece a primeira sessão de
minicursos (das 14h às 16h), seguida de sessões temáticas de comunicações orais
(16h às 19h), do lançamento de livros e revistas (19h) e de uma
confraternização entre os participantes da Joinpp.
No dia 22 (quinta-feira) haverá a mesa redonda O processo de democratização do trabalho e da sociedade, com os professores Pierre Cours-Salies (Paris VII/França), Ilse Gomes Silva (Ufma/Brasil) e Olga del Carmen Fernández Rios (Universidade de Havana/Cuba), seguida da segunda sessão de minicursos (das 14h às 16h), e de sessões temáticas de comunicações orais (16h às 19h).
No último dia do evento (23) acontecem pela manhã sessões temáticas de comunicações orais (das 8h30 às 11h30). Á tarde, a terceira sessão de minicursos (14h às 16h) e a conferência de encerramento, intitulada Centenário de Luxemburgo, uma rosa vermelha para a democratização socialista, com a professora Isabel Maria Frederico Rodrigues Loureiro (UFPR/Brasil) e o professor Flávio Bezerra de Farias (Ufma/Brasil), das 16 às 18 horas. Logo a seguir acontecerá a cerimônia de encerramento.
Mais informações sobre a IX Jornada Internacional de
Políticas Públicas, inclusive sobre as edições anteriores, podem ser
visualizadas na página da jornada na internet: http://www.joinpp.ufma.br/index.php.
O programa apresentado pela jornalista Andréa Oliveira terá o ator e diretor como atração nesta sexta, 16, às 19h, no Teatro Napoleão Ewerton. O Palavra Acesa tem como pauta principal o amor ao livro.
O ator César Boaes, que dá vida à hilária Clarisse Milhomem na comédia Pão com Ovo, será o entrevistado do programa Palavra Acesa nesta sexta-feira, 16. Ele vai dividir com o público sua paixão pelos livros, lembranças de suas primeiras leituras e contar sobre o que tem lido no momento.
Lançado no último dia 27 de julho, com exibição da entrevista gravada com o compositor Zeca Baleiro, o projeto segue até dezembro, com novas conversas (uma a cada mês), todas registradas em vídeos que serão disponibilizados na internet. O bate-papo com Baleiro está disponível aqui.
“O Palavra Acesa nasceu da necessidade de acender uma chama nesse momento sombrio pelo qual o Brasil está passando. Em lugar do ódio e das armas, declaramos o amor aos livros e ao conhecimento como ferramenta para vencer a barbárie”, afirma Andréa Oliveira.
As conversas serão sempre em torno das memórias e da relação da pessoa com a literatura. Um diferencial em relação aos demais programas com esse perfil é a escolha dos convidados. O critério inicial é de que não sejam escritores ou profissionais que tenham o livro como ferramenta de trabalho. “A proposta não é trazer histórias de escritores, mas de leitores. Gente que tem paixão pela leitura e que atua nas mais diferentes profissões”, explica.
Além das entrevistas, o projeto está formando um acervo especial com as obras citadas pelos convidados. A cada encontro eles apresentam o livro mais marcante de sua vida, lêem um trecho da obra e a dedicam ao programa. “A ideia inicial era que a cada edição o Palavra Acesa ganhasse um livro autografado pelo entrevistado. Mas durante a edição do piloto com Zeca Baleiro, mapeamos mais de 20 livros, o que nos motivou a formar um conjunto mais robusto de obras”, diz a jornalista.
O Palavra Acesa, idealizado e apresentado por Andréa Oliveira, é uma realização conjunta com o Festival BR-135 e tem parceria com o Sesc MA, Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão/Escola de Cinema do Maranhão, com apoio do Circuito Palavra Acesa, integrado pelas livrarias Vozes, Sebo do Arteiro, Chico Discos, Poeme-se, PaçoProsa e Feira da Tralha, todas localizadas no Centro de São Luís.
PALAVRA ACESA O quê: Andréa Oliveira entrevista César Boaes Quando: Sexta, 16 de agosto, às 19h Onde: Teatro Napoleão Ewerton (Av. dos Holandeses, em frente ao Ibis Hotel) Entrada: Gratuita (retirar senha meia hora antes). Acesso limitado à capacidade do teatro
Pelos alto-falantes da Voz Tupi muita gente namorou e até casou. A música de Odair José Pare de tomar a pílula era “febre”. Havia também os animados shows de calouros que revelaram talentos musicais nos bairros de São Luís
Antes do
surgimento da rádio comunitária Bacanga FM, no Anjo da Guarda, houve pelo menos
três serviços de alto-falante no bairro: Voz Tupi, Voz Montecarlo e a Rádio
Popular. No início da década de 1970, a Voz Tupi foi a principal referência de
comunicação local utilizando equipamentos de propagação da voz – microfone,
amplificador e alto-falante. Nesse interstício surgiu ainda a Voz Montecarlo. A
partir de 1988, durante uma década (até 1998), foi a vez da Rádio Popular dominando
os “ares” do Anjo da Guarda e adjacências.
Originada
no bairro Lira, a Voz Tupi chegou no Anjo da Guarda após o rumoroso incêndio
nas palafitas do Goiabal, em 1968, que provocou o primeiro grande deslocamento
populacional para a região Itaqui-Bacanga.
O radialista José de Ribamar Furtado, 63 anos, também conhecido no meio radiofônico como Ribinha, lembra um bordão marcante falado pelo advogado Jurandir Sousa : “Voz Tupi, 20 anos no ar servindo bem a comunidade”. Furtado começou a trabalhar na Voz Tupi logo no início da década de 1970, como operador, assim que a emissora chegou no Anjo da Guarda.
Segundo
o radialista, a amplificadora cresceu junto com o bairro e foi uma prestadora
de serviço para os moradores. “Era uma escola e ajudou muito na minha caminhada
no rádio no Maranhão. A Voz Tupi era chamada o cacique
suburbano e teve como donos iniciais o advogado Jurandir Sousa,
Vadico e Oliveira”, recordou.
Já o bancário
aposentado Raimundo Silva Pereira Neto
morou no Lira e no Anjo da Guarda, onde chegou em novembro de 1969. Nos dois
bairros recorta as memórias da Voz Tupi, liderada por Wlademir de Oliveira
Silva, o Vadico, e Jurandir Sousa. Nas duas amplificadoras a música dominava a
programação, mas elas repercutiam também os acontecimentos do bairro, avisos,
informes, utilidade pública, anúncio de aniversário e falecimento de moradores,
notas sobre o dia-a-dia da comunidade e propaganda do comércio local.
No Anjo
da Guarda a amplificadora funcionava nas proximidades do Teatro Itapicuraíba. “Era
um cômodo onde tinha o estúdio e um poste de madeira com o alto-falante. Existia
um grupo de músicos do Anjo da Guarda (Chiquinho, Seu Doca, Vavá). Eles
anunciavam ‘daqui a 15 dias vai ter um programa de calouro’ e as pessoas se
inscreviam e no dia montavam o palco, passavam as músicas e era convidada uma
equipe para fazer o julgamento. Havia muita participação popular”, enumerou
Neto, reiterando que os programas de calouros eram o aspecto mais emblemático.
“Pra mim aquilo já era o estímulo da produção da arte popular. A Voz Tupi
estimulava isso através da música”, enfatizou.
Cacique suburbano
A expressão “cacique” era uma referência à cultura indígena. No bairro Coréia, por volta da década de 1950, havia a amplificadora Voz Guarani, conforme o relato de Ligia Oliveira Belfort (reveja aqui)
Provavelmente,
as denominações indígenas dos serviços de alto-falante seguiam a lógica dos
Diários Associados, de Assis Chateaubriand, que designavam as emissoras
filiadas sempre com referência às etnias. No Maranhão, a rádio Gurupi e depois
a Timbira são exemplos dessa tendência.
José de Ribamar Furtado conta que foi levado para a amplificadora por Haroldo Viana. “Eu comecei como operador. A Voz Tupi tinha dois pratos (toca discos) e por ali eu comecei a aprender a colocar a emissora no ar. Havia um amplificador de 75 watts, a válvula. Com a ida do Haroldo Viana para Brasília eu passei a ser locutor também. Aos poucos fui tomando consciência da responsabilidade que eu estava abraçando para que essa aprendizagem me levasse até o rádio”, explicou.
Espalhadas
em diversos bairros de São Luís, as amplificadoras geralmente apresentavam como
principal produto a programação musical e nos fins de semana os animados “shows
de calouros”. Segundo Furtado, os concursos de cantores amadores na Voz Tupi
eram oportunidades para revelar novos talentos musicais que tinham dificuldade
de inserção nas rádios.
Em algumas ocasiões, a Voz Tupi fazia a retransmissão das partidas de futebol ou inseria os jornais falados das emissoras profissionais de rádio AM, mas os hits davam o tom na programação. “O essencial era tocar os sucessos. Quando chegou aquela música de Odair José, “Pare de tomar a pílula”, ave maria, era legal”, comemorou, explicando que os discos (LPs de vinil) eram comprados nas lojas ou distribuídos pelos produtores e propagandistas das gravadoras.
A escritora Lourdes Lacroix, no livro “São Luís do Maranhão Corpo e Alma” registra a existência das amplificadoras desde janeiro de 1930 na capital, quando “a Casa Autovictor, situada na Praça João Lisboa, inaugurou um serviço de altofalante com o objetivo de projetar artistas locais.” (Lacroix, 2012, p. 520)
Embora
já houvesse emissora profissional de rádio AM instalada em São Luís desde o
início dos anos 1940, os serviços de alto-falante ou voz ainda tinham uma
relativa importância nos anos 1970. “Havia uma disputa fantástica pela
audiência entre as rádios profissionais, mas existia um apelo popular porque a
gente tinha nosso espaço através dos serviços de alto-falante, apesar da força
do rádio AM no Maranhão”, esclareceu Furtado.
As
formas de arrecadação ocorriam mediante a cobrança pela veiculação de mensagens
comemorativas, anúncio de produtos dos estabelecimentos comerciais, divulgação
de festas e eventos em geral.
No Anjo
da Guarda a Voz Tupi funcionava diariamente das 11h às 13h e das 17h às 19h.
Excepcionalmente aconteciam as alvoradas musicais para homenagear um
aniversariante. Nessas ocasiões a emissora tinha uma transmissão específica às
6h da manhã com oferta de músicas e mensagens ao homenageado.
Audiência e namoro pelo alto-falante
A interação com a audiência era ativa. “A comunidade sempre participou de maneira direta ou indireta, principalmente através de carta e mensagens. Sempre teve essa aproximação entre o trabalho da voz e o ouvinte. Era tão participativo que todas as vezes que falecia alguém e a gente tocava a música “El silencio” gerava expectativa para saber quem havia falecido. O bairro inteiro parava”, detalhou o radialista Furtado.
Pelos alto-falantes da Voz Tupi muita gente namorou e até casou. A veiculação de mensagens afetivas ou o oferecimento de música aproximava as pessoas pela emoção. “Eu casei com a minha primeira esposa – Dulcié Bastos Furtado – através da Voz Tupi. Ela achava minha voz bacana, me admirava. Pra mim foi marcante. Eu lembro até de algumas músicas que eu colocava pra ela, como “Davy”, na voz de Nalva Aguiar; e “Meu bom José”, interpretada por Rita Lee. Mas não foi só eu não. Teve outros companheiros que se casaram pela Voz Tupi”, apontou.
Veja abaixo os videos de Nalva Aguiar e Rita Lee
De acordo com Furtado, as amplificadoras fizeram escola para muitas pessoas que posteriormente foram para o rádio. “Foi o berço da minha trajetória e de vários outros companheiros. Com eles aprendi a trabalhar com seriedade, informação precisa e verdadeira”, detalhou.
Imagem destacada / Entrada do bairro Anjo da Guarda / Acervo do jornal O Imparcial / capturada neste site
Os fatos recentes sobre o despejo da comunidade Cajueiro para a construção de um porto privado em São Luís, com capital chinês, extrapolaram o bom senso.
Usando um aparato policial exagerado e muita violência, o Governo do Estado não só acionou a Polícia Militar para garantir o despejo na zona rural como também para expulsar os manifestantes que estavam acampados no Palácio dos Leões.
A Polícia Militar agiu de forma desproporcional contra os
acampados, lançando bombas de efeito moral e outros equipamentos repressivos
com tal agressividade que causa espanto, indignação e revolta.
Quando tomou posse, o governador Flávio Dino afirmou em alto
e bom som que os leões do palácio (sede do governo) nunca mais iam rugir contra
o povo do Maranhão.
O que se viu ao longo desse dia 12 de agosto de 2019 foram
mais que rugidos. Os leões usaram as suas garras para derrubar as casas de dia e
desmobilizar o acampamento pacífico das pessoas pró-Cajueiro, à noite.
Esses fatos, de tão espantosos e aviltantes, deixaram perplexas até mesmo aquelas pessoas que pouco se manifestam sobre política no Maranhão.
Diante de tanta violência, só resta a indignação e a
denúncia. Repetem-se, neste governo, as velhas práticas da oligarquia: o
massacre contra os pobres.
A violência em Cajueiro é consentida porque lá estão lavradores, pescadores e extrativistas.
São tantas as injustiças no Maranhão… mas não se vê a
mesma contundência da Justiça e da Polícia Militar para combater a grilagem e a
violência no campo.
Pouco se nota a ação do sistema de Justiça e do governo para
impedir a grilagem urbana ou o esquema de agiotagem nas prefeituras.
Bem ali, perto do Palácio dos Leões, a Prefeitura de São Luís conspira para mudar o Plano Diretor e reduzir a área rural da cidade em 40% visando atender aos interesses da especulação do grande capital.
Cajueiro é mais um passo na escalada do processo de
modernização conservadora iniciada pela Vale e Alumar nos anos 1980 que não
resultaram em melhoria da qualidade de vida da população, não reduziram as
desigualdades e também não geraram empregos necessários.
Temos mais ônus que bônus com esses grandiosos
empreendimentos que não se traduzem em desenvolvimento no sentido pleno.
Ainda sobre o despejo e a violência na porta do Palácio dos
Leões, resta sempre insistir no diálogo como o melhor caminho para resolver o
conflito.
Infelizmente, o governo preferiu as bombas de efeito moral,
os tratores, as balas de borracha, as sirenes das viaturas e o choque.
O deputado federal licenciado e atual titular da Secretaria de Cidades e Desenvolvimento Urbano (Secid), Rubens Pereira Junior (PCdoB), é um nome firme do governador Flávio Dino para disputar a Prefeitura de São Luís em 2020.
O secretário está turbinado pelo programa Nosso Centro, uma ação planejada para dar visibilidade ao pré-candidato nas asas do conjunto de investimentos previsto para a grande área do Centro Histórico e os seus arredores.
No comando da Secid, Rubens Junior vai pilotar inicialmente R$ 140 milhões do programa Nosso Centro, com a meta de investimentos na recuperação de casarões, educação tecnológica e geração de empregos mediante parceria com o setor privado.
Originário de Matões, com família influente no controle daquele município, Rubens Junior não tem raízes em São Luís. O programa Nosso Centro seria uma forma de conectá-lo à capital por um território que ganhou mais visibilidade publicitária após a decoração das festividades juninas de 2019.
No São João e nas férias de julho as ruas da tradicional Praia Grande (projeto Reviver) passaram a ser visitadas pelos moradores de São Luís em busca do atrativo cenário colorido para as cobiçadas fotografias, gerando uma identidade reforçada pelas imagens entre a população da capital e o Centro Histórico.
O programa Nosso Centro é um caminho para vincular Rubens Junior a um ambiente de São Luís onde transitam formadores de opinião, artistas, produtores culturais e também abriga grandes eventos como o Carnaval e o São João, sem demérito das outras regiões da cidade.
Enfim, o pré-candidato precisa de uma “liga” com a “ilha”, considerando que, até então, é visto como político referenciado nos redutos eleitorais do continente/interior.
Na eleição de deputado federal em 2018 ele foi eleito com 111 mil 584 votos, mas conseguiu apenas 9.320 sufrágios na capital , quase a mesma votação obtida em sua terra natal, Matões – 9.311 votos.
Em São Luís, o deputado federal Bira do Pindaré (PSB), por exemplo, tem mais identidade com os sentidos da cidade, além da militância.
Rubens Junior é o preferido do PCdoB para disputar a Prefeitura de São Luís, mas várias fontes com trânsito dentro e fora do governo avaliam que o secretário é também um nome pensado para a própria sucessão do governador Flávio Dino em 2022.
O secretário seria, em tese, um político de confiança do governador. Daí, se não der certo para prefeito, pode ascender à condição de candidato à cadeira principal do Palácio dos Leões em 2022.
Cada eleição é um caso, mas a votação de 2018 serve para balizar, em parte, 2020 e os pleitos futuros.
Imagem destacada: Acompanhado de assessores, o secretário Rubens Junior aponta para os casarões no Centro Histórico (Foto: Jasf Andrade)
“Lula sequer deveria estar preso em lugar nenhum porque é inocente e foi condenado numa farsa judicial”, traz a nota subscrita por Gleisi, Pimenta e Humberto Costa.
1) A decisão de transferir o presidente Lula de Curitiba para São Paulo é de exclusiva responsabilidade da Superintendência da Polícia Federal do Paraná, que solicitou a medida, e da juíza de Execuções Penais Carolina Lebbos, que deferiu o pedido sem considerar os argumentos da defesa do ex-presidente.
2) Lula não deveria estar preso em lugar nenhum porque é inocente e foi condenado numa farsa judicial. Não deveria sequer ter sido julgado em Curitiba, pois o próprio ex-juiz Sergio Moro admitiu que seu processo não envolvia desvios da Petrobrás investigados na Lava Jato.
3) A decisão da juíza Carolina Lebbos caracteriza mais uma ilegalidade e um gesto de perseguição a Lula, ao negar-lhe arbitrariamente as prerrogativas de ex-presidente da República e ex-Comandante Supremo das Forças Armadas.
4) O Partido dos Trabalhadores exige que os direitos de Lula e sua segurança pessoal sejam garantidos pelo estado brasileiro, até que os tribunais reconheçam a sua inocência, a parcialidade da sentença de Moro e a ilegalidade da prisão, onde quer que seja cumprida.
Enquanto a população se deslumbra com as maquiagens na cidade, a Prefeitura e parte da Câmara de Vereadores costuram mudanças perversas na legislação urbanística que podem levar a capital ao caos
O ano de 2019 “celebra” os 30 anos de domínio relativo do
PDT em São Luís. Embora não tenha elegido todos os prefeitos consecutivamente
desde 1989, o partido segue no comando das principais instâncias de poder na
máquina pública.
Nessas três décadas pelo menos as avenidas principais da
cidade deveriam ter condições melhores de pavimentação. No mais, nem vamos perder
tempo avaliando o segundo mandato de Edivaldo Holanda Junior.
Seguindo a tradição, o prefeito se esbalda na propaganda para divulgar seus feitos e esconde o principal: a revisão na legislação urbanística.
A quase totalidade da população sequer tem conhecimento de
que a Câmara dos Vereadores vai apreciar a proposta de revisão do principal
instrumento de planejamento da cidade. O Plano Diretor é a lei maior e dela
derivam outras importantes relacionadas ao zoneamento, uso e ocupação do solo, toponímia,
etc.
O Estatuto das Cidades orienta a realização de audiências
públicas para que a população participe efetivamente dos debates e tome amplo
conhecimento das mudanças previstas no Plano Diretor.
A Prefeitura de São Luís praticamente silenciou a divulgação das nove audiências públicas realizadas em janeiro e fevereiro de 2019 para apresentar a proposta de revisão da legislação da cidade.
A primeira audiência, realizada em 15 de janeiro de 2019, na Faculdade Pitágoras, foi esvaziada do principal – a população. As audiências de fachada apenas cumpriram as exigências do Estatuto das Cidades e foram ocupadas por funcionários da Prefeitura, lobistas da construção civil e do setor industrial e portuário. além de representantes dos movimentos sociais.
Os moradores da cidade não participam simplesmente porque não foram convidados com ampla divulgação e propositadamente a Prefeitura esconde do interesse público um tema que mexe diretamente na vida de mais de 1 milhão de pessoas.
O calor, as inundações e os alagamentos, a falta de água, os engarrafamentos, a morte dos rios, a mobilidade urbana e rural, a poluição intensa das praias, do ar e das águas subterrâneas, a violência etc têm relação direta com o Plano Diretor.
Os mais apaixonados e encantados com a cidade vão dizer que
há exagero nesta análise, mas a coisa é grave. Não se trata apenas de revisão
da lei, mas de uma descarada entrega da cidade para a especulação imobiliária e
ao capital internacional visando transformar São Luís em uma cidade portuária e
industrial.
Entre as várias aberrações, a proposta de revisão do Plano Diretor que será apreciada pelos vereadores prevê a redução da área rural em 41%.
Quem mora no Centro ou nos bairros urbanizados pode até não perceber com intensidade, mas a zona rural tem importância fundamental na qualidade de vida de toda a cidade. Se forem retirados 41% da zona rural as implicações serão sentidas por tod@s, indistintamente, até para quem mora na área nobre.
A zona rural é um precioso território no contexto do mercado
de terras em São Luís. 41% significam 8.643 hectares a menos (redução de 20.820
para 12.177 hectares.
Os principais operadores do mercado de terras são as empreiteiras (Sindicato da Construção Civil – Sinduscon), a Vale, a Alumar, a Federação das Indústrias do Maranhão (Fiema) e o capital internacional chinês, entre outros grupos econômicos interessados em um vasto território fundamental para a qualidade de vida na cidade.
Silenciosamente, sem que a população tome conhecimento, a Prefeitura e os lobistas com influência nos três poderes armam uma bomba para o próximo aniversário de São Luís.
Brevemente, a Câmara dos Vereadores vai debater o tema mais importante para o futuro próximo da cidade. Espera-se que os nossos parlamentares tenham sensibilidade para não fazer do Plano Diretor um presente estragado nos outros 400 anos de São Luís.
“Falar que se passa fome no Brasil é uma grande mentira”; “Os dados da economia estão maravilhosos”; “Suicídio acontece pessoal pratica” (em relação à morte do jornalista Herzog); “É uma coisa que não mede a realidade” (em relação ao IBGE); “Estou convencido que os dados de desmatamento são falsos”. As afirmações são daquele que ocupa o mais alto cargo político do país: presidência da república.
A lista poderia ser alongada, mas seria inútil ampliá-la,
importa entender: elas são recorrentes. Uma forma de se interpretar este
comportamento bizarro é dizer que simplesmente nos encontramos diante de um
conjunto de mentiras (diz-se muitas vezes fake news). Esta é a
explicação corrente entre jornalistas e políticos. Basta lermos os jornais,
blogs e sites de notícias para nos convencermos disso.
Cada afirmação pode ser desmentida pela apresentação dos
dados de realidade: há fome no Brasil; a economia anda mal; Herzog foi
assassinado; o IBGE é uma instituição confiável; o desmatamento é um fato. O
equívoco seria desconsiderar o mundo real de maneira assim tão evidente; as
afirmações seriam uma espécie de aberração. Entretanto, outra interpretação,
que não anula inteiramente a anterior, é possível. Há primeiro um elemento que
não se pode descartar: se elas são recorrentes devem significar algo mais.
A repetição não pode ser considerada apenas expressão de
mentira. Mas para entendê-las é preciso circunscrever sua falsidade dentro de
um contexto mais amplo: o governo Bolsonaro nada tem de “normal”, ele é uma
ruptura em relação à vida política brasileira. Sem considerar este aspecto
anterior, um conjunto de falas, gestos e ações da presidência tornam-se
ininteligíveis. Não se pode esquecer que nos encontramos diante de uma situação
na qual o autoritarismo (manifesta-se em diversas áreas: educação, cultura,
meio ambiente, direitos humanos, etc.) tornou-se moeda corrente, quero dizer,
banal. Dito de outra forma: os mecanismos institucionais intrínsecos à
democracia são sistematicamente destruídos pela eleição institucionalmente
democrática de um oligarca. Trata-se portanto de uma realização perversa da
democracia, pois seus valores são atingidos na sua essência.
Uma maneira de se compreender alguns traços deste mandonismo
recente (lembra o fascismo de início e meados do século XX) é considerá-lo
através da noção de populismo (não tenho a intenção de fazer uma discussão
conceitual a respeito).
Mas faço antes uma ressalva: o termo, neste caso, não se
confunde com a ideia de tradição populista existente no Brasil ou na América Latina
(Vargas ou Peron), ele adquire um novo significado. O populismo atual é
resultado de uma falha estrutural das democracias contemporâneas, por isso
manifesta-se em diferentes lugares do planeta: Trump nos Estados Unidos,
extrema-direita nos países da Europa oriental e ocidental.
Pode-se dizer que existem duas dimensões que o conceito nos
ajuda a apreender da vida política nacional. Primeiro, que a ideia de povo pode
ser simplificada como uma simples oposição entre “nós” e “eles”, “virtuosos” e
“corruptos”, neste sentido, ele coincidiria com a parte sã da sociedade, àquela
que os políticos conservadores preferem privilegiar. Segundo, a suspeita que o
sistema representativo seria estruturalmente corrompido. Esta é uma
reivindicação explícita dos bolsonaristas, o fim do Congresso Nacional e do
Supremo Tribunal Federal; toda mediação entre governo e povo seria abolida em
nome de uma representação mítica do governante, ele traduziria, sem
intermediários, a vontade popular. Entre nós isso ficou conhecido como substituição
da “velha” pela “nova” política.
Para efeito de argumentação neste artigo, deixarei de lado o
aspecto no qual o oligarca se vê como alguém acima das instituições
democráticas. Considerar a ideia que ele exprime a vontade de um povo,
significa aceitar uma premissa anterior: existe uma entidade idealizada,
denominada “povo”, que coincide com a própria dimensão sociológica na qual os
indivíduos que dele fazem parte estão inseridos. Não existiria assim uma
defasagem entre a concepção ideal e a vida real das pessoas.
O populismo imagina que existe uma superposição entre que
essas duas esferas. O representante do povo seria uma expressão do real.
Colocadas dentro desta perspectiva as afirmações acima podem ser lidas dentro
de uma linha distinta de interpretação. Não é difícil demonstrar que existe
fome no Brasil, ou que o desmatamento da Amazônia seja um fato verídico. Os
dados acumulados são suficientes para contradizer sua denegação. Porém, isso é
pouco relevante, pois a afirmação não toma a realidade como seu referente.
O oligarca que a enuncia não está interessado na vida
concreta das pessoas, mas na delimitação de um “nós” do qual ela seria a
expressão autêntica. É este “nós”, que se manifesta, sobretudo nas redes
sociais, que confere materialidade à sua falácia. Os apoiadores de Bolsonaro
reforçam sua própria ilusão, ela planta raiz na concretude do terreno das
disputas políticas.
Mas para se acreditar na veracidade do que está sendo dito é
preciso aceitar que tal operação discursiva repousa numa ideologia (no sentido
de falsa consciência) que exige uma clara separação entre “nós” e “eles”. A
mentira é evidente para os que se situam fora do discurso populista,
“verdadeira” para os que nele estão incluídos.
Mais importante ainda, o “nós” estabelece o vínculo, sem
mediação, entre o povo e o oligarca. Isso tem uma implicação, os que se
encontram fora das fronteiras desta definição restritiva e discriminatória de
povo deveriam ser considerados como estrangeiros, isto é, a fração mínima a ser
apagada da nação. Os insultos, as agressões e a força, tornam-se assim
elementos legítimos na luta contra a parte malsã da sociedade, o “eles” que
ameaça a idealização de um “nós”. Este é certamente um aspecto que diferencia o
populismo no Brasil de outros países como os Estados Unidos, França ou
Alemanha. Ali o “eles” é representado pelo que se encontra fora de suas
fronteiras: os imigrantes. Tudo deve ser feito para impedir sua entrada para
evitar a poluição dos valores originais da cultura nacional. Por isso a metáfora
do muro retornou com toda sua força. Antes ela se aplicava à cidade de Berlim,
cindida em duas partes incomunicáveis, representando a divisão entre
capitalismo e comunismo. Agora volta a ser utilizada em relação aos limites
territoriais de cada país ou conjunto de países (Comunidade Européia),
separando a identidade de uns em detrimento de outros. No caso brasileiro a
questão é outra, o tema da imigração não faz parte da agenda política atual
(embora o fenômeno exista), ele não conquistou (pelo menos ainda) as mentes e
os corações.
Neste sentido o “eles” manifesta-se no interior do espaço da
nação. O ideal seria que ele desaparecesse, deixasse de existir, dando lugar
apenas ao “nós” autoritário que se quer afirmar. Surge assim uma estranha
figura política de nossos tempos: ser exilado em nosso próprio país.
Renato Ortiz – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas – Departamento de Sociologia – Unicamp
Nos lugares distantes no litoral do Maranhão a criatividade dos moradores adapta os recursos naturais para o uso cotidiano. Na ilha de Mangunça, a comunidade Taboa tem apenas seis residências, quase todas do mesmo tronco familiar. A pequena vila tem criação de gado, ovinos, caprinos, pescaria e extrativismo.
Sem energia elétrica convencional, as casas são beneficiadas
com o recurso natural do sol para tornar a vida mais cômoda.
Dona Nalva explica como os moradores da Taboa adaptam placa
de energia solar para iluminar as residências e acionar eletrodomésticos.
A Taboa está localizada no “fundo” da ilha de Mangunça, no
município de Cururupu, litoral ocidental do Maranhão.
Mangunça é uma das 17 ilhas da Reserva Extrativista de
Cururupu.
Breve novas postagens sobre o panorama da Taboa. Aguarde.