Quando a arma que se tem para tentar minar ou frear o crescimento da pré-candidatura de alguém à reitoria é a de insinuar sua associação a atual gestão e deslegitimar o Movimento que a sustenta, ora aventando sua “ambiguidade”, ora espalhando que seu nome é fruto de um ardil desta para enfraquecer a candidatura de “x” beneficiando a de “y”, reproduzindo assim, em solo acadêmico, práticas repugnantes como a da fake news (cujo ímpeto nos lembra algo como a agressividade e o ódio e não propriamente a abertura para o diálogo e para a reconstrução de um ambiente democrático, arriscando implodir gestos recentes de cordialidade), é prudente considerar não apenas de onde a fala parte, a quem ela se vincula, mas também a razão pela qual essa pré-candidatura incomodaria tanto a alguns.
Quanto à sua vinculação, ato simples seria o de recorrer a história próxima e distante, o que levaria a constatação dos envolvimentos de mais de uma década com o que agora dizem romper, discurso que, curiosamente, contrariando a lógica, e talvez por pura profissão de fé, vai-se difundindo como crível, nos meios universitários – Houve um rompimento! Acreditem! –, ao passo que o boato (e uma “especulação” mal fundada é um boato), estrategicamente plantado, vai se disseminando como se fora normal que ele tome o lugar do argumento; que a pós-verdade reine sobre os fatos; e, por fim, que a dança das cadeiras, executada pelo balé “mais dos mesmos”, deva ser a única opção do processo eleitoral universitário.
Não raro, temos pago um preço caro por abrir mão da nossa capacidade de sonhar (sim, nós lutamos da mesma maneira como sonhamos e amamos!), de planejar, de investir na reconstrução de um modelo de gestão democrática. O Movimento intitulado “UFMA Democrática com Compromisso Social”, move-se nessa direção, não surgiu da ideia, por bem intencionada que fosse de um único homem, equivalente a um herói, um salvador. Não saiu exclusivamente da forma de um grupo de militantes, mesmo que merecidamente reconhecidos pelas lutas e enfrentamentos travados aos longos dos anos, embora também os abrigue.
Esse Movimento nasceu do genuíno desejo daqueles que como nós, que escrevemos esse modesto texto, compõem o tecer do cotidiano da vida acadêmica. Somos professores, técnicos, discentes. Somos a comunidade que habita e faz a UFMA nossa de cada dia acontecer nas nossas salas de aula, coordenações, secretarias, departamentos, áreas de vivências, grupos de estudos e de pesquisa, assembleias, congressos, embora em grande parte do tempo sejamos esquecidos. Afinal nossas ideias e opiniões não são as que importam, somos insultados na nossa inteligência quando auspiciosamente lembrados apenas em época de eleição.
Alguns de nossos rostos são bem conhecidos, contudo a da grade maioria não, maioria que, por sinal, vem de fato se consolidando como tal. Isso é representatividade! São os nossos anseios de comunidade que estão postos na mesa, que estão sendo considerados, escutados, discutidos com aquele que foi convidado a ser nosso pré-candidato a reitor, ele não se lançou, ele foi lançado pelos três segmentos e não por acaso, mas por ser sensível a essas demandas, por comungar dos mesmos ideais, não obstante isso não baste. A representatividade só é legítima quando ela consegue espelhar, refletir os anseios da Comunidade e a possibilidade de realização destes e não há como esse processo ser validado prescindindo da análise da história daquele a quem se confia a representação por melhor constituída que esteja sua base. Por certo que o íntimo de alguém, seu coração, seus pensamentos são imperscrutáveis. Todavia, a árvore, já dizem as Escrituras, conhece-se pelos seus frutos.
Luciano da Silva Façanha, ancorado num histórico competente de projetos e realizações que beneficiaram e beneficiam a Universidade (ensino, pesquisa e extensão), cuja marca sempre foi a da participação isonômica dos três segmentos, alavancada pelo diálogo, pautado numa escuta interessada pela opinião destes, e regado por um trato gentil, cuidadoso, educado, respeitoso, agregador, reflete, sem dúvida, o espírito desse Movimento que ele representa. Aliás, sua capacidade agregadora é inconteste, agrega porque é capaz de diálogo com vozes plurais e de diferentes tons, o que administrativamente reverbera num modelo de gestão viabilizadora de envolvimento, posto que convoca à participação, à ação. Isso é inclusão!
Inclusão é um processo que precisa começar de dentro para fora, abandonando-se, por exemplo, práticas verticais, autoritárias, que, privam, docentes e, sobretudo, discentes e técnicos de consultas, de participação e de direitos, práticas que, historicamente, estendem-se, pela sacralização da conveniência e do costume, à comunidade. O Movimento UFMA Democrática com Compromisso Social pela forma como foi se constituindo consegue dimensionar, e com propriedade, assumir como princípio a inclusão, entendendo-a como aspecto imprescindível do compromisso social da universidade.
Além disso, a recente acusação de personalismo imputada a esse Movimento se configura num equívoco sem tamanho, pois quem se beneficia dessa ilusão busca justificar sua própria pretensão de continuidade numa posição de poder, só que com outra roupagem, uma vez que foi um projeto individual preterido por uma outra candidatura ligada à gestão superior.
É nesse sentido que o referido Movimento buscou para sua representação alguém cujo histórico de gestão alinha-s aos ideais dereconstrução e aprimoramento dos princípios e processos democráticos da nossa I.E.S. Assim,o nome do professor Luciano Façanha foi lembrado como o de alguém que expressa a imagem de um movimento plural unido por uma agenda comum, que não se intimida com palavras de ordem e olhares coercitivos, visto que estamos dispostos ao diálogo autêntico e efetivo, capaz de respeitar toda e qualquer alteridade e não por mera força da ocasião.
A agenda que une e costura tamanha pluralidade busca reconstruir e aprimorar os princípios e processos democráticos da nossa I.E.S., que tanto nos são caros e vitais. O grande perigoso e assustador diferencial do Movimento UFMA democrática com compromisso social é que vislumbramos alcançar a realização de nossos princípios e projetos não através de um candidato e sim com ele.
Professora Dra. Ana Caroline Amorim Oliveira – Antropóloga
Joselle Maria Couto e Lima – Mestra em Cultura e Sociedade
Maisa Ramos Pereira – Doutora e Mestra em Linguística
Professora Dra. Maria do Carmo Lacerda Barbosa – Médica
Professora Dra. Marize Helena de Campos – Historiadora
Professora Dra. Zilmara de Jesus Viana de Carvalho – Filósofa