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Justiça tem olhos grandes sobre quilombolas e vendas para grilo rico

Uma operação de guerra foi montada no quilombo Vista Alegre, em Alcântara (MA), para cumprir ordem judicial de reintegração de posse contra a edificação de um restaurante privado, nas proximidades da orla do território, que teria sido construído de forma irregular por uma das famílias do quilombo.

A reintegração de posse, em trâmite na 3° Vara Federal Cível da Justiça Federal do Maranhão, é acionada pelo Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) e movida pela Advocacia Geral da União (AGU).

Em Vista Alegre moram cerca de 50 famílias. Durante a reintegração, segundo os quilombolas, houve violência contra homens, mulheres, crianças e idosos.

A comunidade resistiu, tentando bloquear o acesso à área de cumprimento da ordem do despejo – o restaurante. No conflito, as forças policiais utilizaram bombas de efeito moral, balas de borracha e gás lacrimogêneo.

O território do quilombo é pretendido para a expansão da Base Espacial de Alcântara.

Violência contra povos e comunidades tradicionais no Maranhão é uma constante, às vezes com ordem judicial e excesso de força repressiva ou pela ação de grileiros e jagunços baseados apenas na violência explícita.

O restaurante objeto da reintegração era um lugar aprazível, nas proximidades da praia, no território do quilombo, e poderia ser uma opção de turismo sustentável na região, gerando renda para os empreendedores locais.

Mas, como é no quilombo…a Justiça mandou e o aparelho repressivo passou o trator.

Na região dos Lençóis Maranhenses, dezenas de empreendimentos hoteleiros, condomínios, restaurantes e mansões são construídos em áreas de proteção ambiental. Os grileiros ricos atropelam as leis, não respeitam as regras, desobedecem as fiscalizações e cometem todos os tipos de aberrações dentro de um território protegido pelos governos federal, estadual e prefeituras.

Basta percorrer as margens do rio Preguiças, em Barreirinhas; ou do rio Alegre, em Santo Amaro, para perceber a grilagem correndo solta, na cara de todas as autoridades, sem a mesma diligência dos fiscais da lei aplicada ao quilombo Vista Alegre.

Isso não tem outra denominação: é racismo estrutural!

Imagem destacada / Crédito: quilombolas de Vista Alegre / Tentativa de bloquear o acesso foi alvo de repressão contra os moradores do quilombo

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