Grupo composto por aproximadamente 500 mulheres integra a Associação Regional das Mulheres Trabalhadoras Rurais do Bico do Papagaio (ASMUBIP), em atividade desde 1992
O território do Bico do Papagaio é cenário para a prática de extrativismo sustentável realizada pelas Quebradeiras de Coco Babaçu da Associação Regional das Mulheres Trabalhadoras Rurais do Bico do Papagaio (ASMUBIP). Da parte interna localizada entre a casca (utilizada na fabricação de carvão) e a amêndoa (matéria-prima para a extração do azeite e do óleo do fruto da palmeira) está o mesocarpo, que dá origem à farinha de coco babaçu. Nutritiva e sem glúten, a farinha vegana é o principal produto a ser beneficiado no Entreposto Viva Babaçu, no centro da cidade de São Miguel do Tocantins (TO).
A reforma do espaço construído no ano 2000 é resultado de uma iniciativa conjunta entre as Quebradeiras de Coco da ASMUBIP, Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas Gerais (CAA), DGM Brasil, Alternativa para a Pequena Agricultura no Tocantins (APA-TO), PPP-Ecos, ISPN, Fundo Amazônia,, Banco Mundial, Climate Investment Funds (CIF) e CERES Projeto Cerrado Resiliente. A revitalização do espaço e a compra de maquinário contou com um investimento de mais de 250 mil reais em um período de 2 anos de execução.
“É importante destacar a importância dos financiamentos socioambientais para as Quebradeiras de Coco Babaçu e para todos os segmentos de Guardiões das florestas, das Águas da vida e dos biomas Amazônia, Cerrado e Caatinga. Esses financiamentos são fundamentais para a recuperação e preservação desses ecossistemas. Os investimentos são um reconhecimento e apoio a esses guardiões, incluindo as mulheres da floresta e das águas. Juntas, podemos garantir um futuro sustentável para todas e todos”, explica Maria do Socorro Teixeira Lima, Coordenadora-Geral da ASMUBIP.
Durante a inauguração do espaço haverá o lançamento da marca Viva Babaçu, com identidade visual desenvolvida pela agência de design paraense Libra. O produto, que entra como uma alternativa saudável ao amido de milho, será comercializado no mercado local em duas versões: na embalagem de 200g e outra, de 500g. Além do mesocarpo, outros produtos derivados do coco babaçu serão fabricados e porcionados na agroindústria das Quebradeiras de Coco como o azeite e o óleo.
“A criação de um entreposto representa mais do que uma simples estrutura industrial. É a materialização de oportunidades e possibilidades para as Quebradeiras de Coco. Ao terem acesso a um local regularizado junto à vigilância sanitária, elas não apenas garantem a qualidade e segurança dos produtos, mas também abrem portas para novos mercados.”, explica Selma Yuki Ishii, Diretora Executiva da Alternativa para a Pequena Agricultura no Tocantins (APA-TO)
O evento também conta com atividades em prol do fortalecimento do babaçu como a visita guiada ao espaço de beneficiamento; assinatura do termo de cooperação técnica entre ASMUBIP, MIQCB e Prefeitura de São Miguel; feira de produtos e lançamento do novo site da ASMUBIP.
SERVIÇO
Inauguração Entreposto Viva Babaçu
25 de novembro 8h30 às 15h Avenida Santos Dumont, s/nº, Vila Barreto, São Miguel do Tocantins
A capital do Maranhão, São Luís, será a primeira cidade do Norte e Nordeste a sediar o Congresso da Mobilidade Elétrica (C-MOVE), nos dias 27 e 28 de novembro, no Centro Pedagógico Paulo Freire (Campus da UFMA – Bacanga). O evento, que registra edições em estados como São Paulo, Santa Catarina e no Distrito Federal, será espaço aberto para discussões sobre os desafios do setor na atualidade, cenários de investimentos e avanços obtidos.
Nos dois dias de programação, haverá painéis e rodas de conversa com executivos e especialistas no assunto. Estarão presentes as principais empresas do setor da eletromobilidade, com apresentação de novidades. A expectativa é de participação de empresários, gestores públicos, professores universitários e de diversas áreas.
O presidente do Instituto Brasileiro de Mobilidade Sustentável (IBMS) e organizador do evento, Ricardo Guggisberg, explica que o Congresso C-Move é um importante catalisador de conexões e negócios. “É um momento de estabelecer parcerias promissoras para a geração de novos negócios estratégicos e novos empregos no Maranhão”.
O debate proposto pelo evento é importante diante do crescimento acelerado do setor no Brasil. De acordo com os dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), nos primeiros oito meses de 2023, o mercado de veículos eletrificados leves no país emplacou 49.052 unidades, um crescimento de 76%, na comparação com o mesmo período de 2022 e praticamente o total de todo o ano passado (49.245).
Atuação especializada
Ricardo Guggisberg é idealizador das marcas Congresso C-Move, VE Latino-Americano e Dia da Mobilidade Elétrica. Está à frente da MES Eventos, empresa com 18 anos de atuação, especializada em ações de eletromobilidade, detentora das marcas e realizadora dos eventos pelo país.
Apaixonado pelo setor, ao longo de sua carreira, investiu na promoção e transformação do mercado. Guggisberg é presidente do Instituto Brasileiro de Mobilidade Sustentável (IBMS) e membro do Painel Estratégico da Plataforma Nacional da Mobilidade Elétrica (PNME), além de ter sido o primeiro presidente da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), entidade onde permanece como diretor.
Texto base do 3º Seminário de Comunicação e Poder no Maranhão
Entre os anos de 2019 e 2022, com a presença de um governo fascista no Brasil, muito se falou em democracia.
A eleição de 2022 ocorreu. Conseguimos eleger e empossar novamente Lula presidente. E agora? Como devemos lidar com as várias ameaças e ataques do conservadorismo?
Como avançar em direção a decantada democracia? E qual a relação do assunto com a comunicação?
A recente avalanche fascista esteve muito associada as chamadas fake news, mas a questão não é nova, sendo chamada antigamente de boato, mentira, calúnia.
A Lava Jato – para ficar com um caso bem recente – foi uma enorme fake news. Naquela conjuntura, o cartel da mídia bancou as falácias e foi protagonista nos golpes dados entre 2016 e 2018.
Hoje, a Rede Globo é uma instituição que tenta passar a ideia de que está preocupada com os direitos humanos, inclusão, valores democráticos. Não se trata de nenhum tipo de milagre ou conversão. É só uma empresa privada preocupada em garantir seus lucros. É a antiga fé e devoção ao dinheiro.
A comunicação digital abalou uma hegemonia absoluta, que até pouco tempo, no Brasil, era da TV aberta. Porém, a mudança tecnológica não alterou tanto o cenário do ponto de vista político.
Os interesses que movem a comunicação hegemônica no país seguem relacionados a tempos bem antigos. Continuamos a ter no país uma comunicação milionária, controlada por quem ainda deseja uma sociedade com Casa Grande e Senzala.
Violência naturalizada
Quando se fala em comunicação no Brasil, seguimos tendo do mesmo lado as grandes empresas de mídia, a extrema direita, as Big Tech, o latifúndio, o grande capital, os opressores e exploradores de sempre, a ideologia colonial, o conservadorismo político, algumas igrejas, os que seguem liquidando o meio ambiente, os violadores de direitos humanos.
Num país historicamente marcado por profunda desigualdade social, esse é o lado dos que concentram poder. São os mesmos que promovem, legitimam e naturalizam diferentes formas de violência.
Juntos, eles são exatamente os herdeiros do golpe de 1964. A turma que implantou e bancou uma ditadura militar de duas décadas. É a rapaziada golpista.
O cartel da mídia de mercado é, desde sempre, o porta voz da direita brasileira, tendo no discurso da imparcialidade uma de suas fake news mais conhecidas e antigas.
São as mesmas empresas que – a partir de um jornalismo de entretenimento – faz toda uma maquiagem de civilidade, sem conseguir disfarçar tão bem suas alianças com os assassinos do povo. Sim, são assassinos!
Hoje, este bloco midiático tem uma disputa particular com os extremistas que recentemente articularam o bolsonarismo. Ambos querem aumentar seu poder de influência e manipulação junto à opinião pública.
É uma disputa que não diz respeito à democracia. Ela é de natureza conservadora, mercadológica, sem qualquer relação com justiça social. Trata-se de uma queda de braço circunstancial. E ela só interessa aos imediatos projetos de poder dos envolvidos.
E a democracia?
Segue na pauta política brasileira a necessidade de fracionar o poder da produção de conteúdo informativo, diversificando o jornalismo.
O bom jornalismo tem uma relação histórica com a luta social. Mas não é qualquer um que serve a democracia.
É necessário articular, promover e fortalecer uma comunicação popular ligada aos interesses da classe trabalhadora, com uma relação honesta com a defesa dos Direitos Humanos, que tenha como prioridade o compromisso com a luta social e cultural das periferias, dos pobres, dos negros, dos quilombolas, dos povos originários e das comunidades rurais, um compromisso com a verdadeira defesa do meio ambiente e da vida.
E para cumprir esta tarefa, precisamos estar cada vez mais articulados. A questão passa por nossa organização política.
E a partir da nossa articulação, precisamos enraizar a comunicação popular de norte a sul do país, na vida econômica do país.
Assinatura de canais de TV? Dinheiro público para financiar grandes máfias midiáticas? O agro é pop? E quem financia o jornalismo popular?
Precisamos produzir conteúdo informativo de qualidade, legitimar veículos do nosso campo social, consolidar referências informativas com capacidade de interferir na agenda pública, apresentando fontes que possam romper pactos de silêncios e incomodando quem precisa ser incomodado.
Vamos investir, cada vez mais, em formação de comunicadores populares. Uma formação técnica, mas também ideológica.
Além disso, as pessoas que saem das universidades – formadas em comunicação e querendo fazer jornalismo – não podem ter como única opção servir aos interesses da conhecida turma do colarinho branco.
A luta é antiga. O desafio é cada vez mais atual. E a democracia segue no fim do túnel.
Fonte: Agência Assembleia / Imagem: Jornalista Fábio Cabral entrevista os radialistas Lima Coelho, Saylon Sousa e Edwilson Araújo, no programa Contraplano. Foto: Miguel Viegas
A conversa girou em torno de recortes do passado, reflexões sobre o presente e projeções para o futuro do Rádio como veículo de comunicação
O programa ‘Contraplano’ abordou, nesta terça-feira (7), na TV Assembleia, o rádio como uma das ferramentas de comunicação mais poderosas do planeta. O apresentador e jornalista Fábio Cabral conversou com o presidente da Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária no Maranhão (Abraço-MA), jornalista Ed Wilson Araújo; o radialista e comunicólogo Saylon Sousa; e o jornalista, radialista e escritor Lima Coelh
A conversa girou em torno de recortes do passado, reflexões sobre o presente e projeções sobre o futuro do rádio como veículo de comunicação.
Transformação
Questionados sobre se o rádio, de fato morreu, os debatedores divergiram. “Acho que o Governo não matou só o rádio, matou um veículo de intercâmbio social, porque o rádio AM levava a informação até o interior sem precisar de internet. Hoje, a população que utilizava o rádio está isolada”, afirmou Lima Coelho, sobre o fim da faixa AM.
Para Ed Wilson Araújo, o rádio está mais vivo do que nunca e se adaptando ás novas tecnologias. “Dizer que o rádio morreu é uma expressão muito forte e não adequada para esse momento de virada tecnológica que estamos vivendo. O rádio está se abrindo e se incorporando para novas perspectivas, de novos sentidos e para a produção de novos produtos e intercâmbio com novas tecnologias”, declarou.
Saylon Sousa observou que o rádio que se conhecia está morrendo, mas, paradoxalmente, está renascendo para novas perspectivas de comunicação. “A grande questão que fica entre morrer e ressuscitar o rádio somos nós, que consumimos. Como é que nós nos colocamos diante desse processo de transformação pelo qual o rádio passa? A grande questão é o lado humano dessa relação midiática”, acentuou.
Políticas públicas
Os debatedores convergiram no sentido de que está faltando políticas públicas que atendam aos segmentos da população que ficou privada de ouvir rádio, fazendo sua inclusão por meio do acesso às novas tecnologias de comunicação. “As camadas mais carentes da população não têm as informações. Não têm mais rádio e não tem internet. Quem suprimiu o rádio AM não se lembrou de garantir acesso às pessoas mais carentes às novas formas de acesso do rádio”, assinalou Lima Coelho.
“As camadas mais carentes da população vivem uma orfandade em termos de acesso a novas tecnologias de comunicação. O direito à informação está sendo negado a essas pessoas. Isto é um problema que os governos precisam resolver”, advertiu Ed Wilson Araújo.
“O processo de migração das rádios AM para FM, cujo prazo finda, agora, no final do ano, vai deixar uma parcela significativa da população sem acesso ao rádio, pois as emissoras de caráter nacional que podem continuar operando na frequência AM são muito poucas. Falta investimento público e empresarial para o surgimento de novas emissoras AM, que vão deixar de operar e causar prejuízos a muitas pessoas”, alertou Saylon Sousa.
Papel do rádio
Quanto ao papel do rádio como veículo de comunicação, os debatedores também convergiram nas opiniões. “O rádio, hoje, tem o papel de conectar as pessoas e depois de informar, como vimos recente com o caso do apagão”, assinalou Saylon Sousa.
“O rádio deve continuar com seu papel educativo como tem sido desde o seu surgimento, mas também de entretenimento, noticioso e esportivo. No período da pandemia, por exemplo, tivemos as radio-aulas, que contribuíram para manter os alunos em dia com os conteúdos curriculares”, lembrou Ed Wilson Araújo.
“Na maioria das emissoras, hoje, a predominância é de programações mais comerciais. O foco é atingir o grande público, conquistar a audiência, em detrimento de outras áreas do conhecimento, como o jornalismo”, frisou Lima Coelho.
O programa ‘Contraplano’ é exibido todas as terças-feiras, às 15h, pela TV Assembleia (canal aberto digital.9.2; Max TV, canal 17; e Sky, canal 309).
O mesmo grupo político que deu sustentação à campanha do governador Carlos Brandão e do vice Felipe Camarão na última eleição em Nina Rodrigues, busca firmar uma aliança política para disputar a prefeitura no próximo ano.
Para tanto, foi dado um importante passo no último domingo, 5, com a realização de uma reunião entre o PT e o pré-candidato a prefeito Evimar Barbosa, que lideraram a campanha vitoriosa de Carlos Brandão e Felipe Camarão no município, apesar de o prefeito ter apoiado o senador Weverton Rocha.
Na reunião de domingo foram apresentados e debatidos os principais pontos da plataforma política do partido do Lula e do Felipe Camarão, que o PT considera prioridades.
As tratativas do PT com Evimar se iniciaram após o partido deixar a aliança política com o prefeito, alegando a inviabilidade de apoiar o seu pré-candidato a prefeito, dentre outras razões.
Além de esgotar o assunto com o prefeito, o PT também fez os devidos entendimentos políticos a nível estadual, basicamente com os parceiros históricos Zé Carlos, Superintendente Regional do Incra; e Luiz Henrique Lula, Secretário de Estado da Economia Solidária, além do vice governador Felipe Camarão.
O PT e Evimar vão intensificar as discussões por meio de uma agenda de reuniões, que visa a consolidação e formalização da aliança política. Além desse núcleo político, outras forças de oposição já se juntaram ao pré-candidato a prefeito Evimar Barbosa, o que vem fortalecendo muito o nome dele.
Inédito em São Luís, elogiado espetáculo infantil questiona, com leveza e humor, as diferenças na educação de meninos e meninas e as expectativas de pais e professores em relação às crianças.
Gabriel é um menino de 8 anos que gosta de dançar, ao mesmo tempo em que joga futebol e toca rock. Mas, na escola onde estuda, não querem que ele faça aula de dança só porque é menino. As dúvidas e reflexões sobre o garoto fazer o que gosta marcam a narrativa central do musical infantil “Gabriel só quer ser ele mesmo”, que chega a São Luís no próximo dia 15 de novembro, com sessões gratuitas no palco do Teatro Arthur Azevedo (TAA), no Centro Histórico da capital maranhense.
Inédito no Maranhão e com texto da premiada dramaturga Renata Mizrahi – que também assina a direção ao lado de Priscila Vidca – e direção musical de Marcelo Rezende, o espetáculo conta a história de Gabriel, um menino de 8 anos, vivido por Vinicius Teixeira, que ama dançar e defende isso dentro da sua escola. Desta forma, a peça questiona, com leveza e humor, as diferenças na educação de meninos e meninas e as expectativas dos pais e professores em relação às crianças.
A trama tem início no aniversário de 9 anos de Gabriel, quando o garoto expõe o medo de que ninguém apareça na sua festa devido aos inúmeros questionamentos feitos durante o ano na escola. A história, então, é contada em formato de flashbacks, mostrando momentos em que tentaram impor à criança comportamentos baseados em estereótipos de gênero.
A ideia surgiu depois que a dramaturga Renata Mizrahi assistiu ao documentário americano “The Mask You Live In”. Segundo o filme, desde a infância os garotos começam a brigar se alguém lhes diz “Quem aqui é a mulherzinha?”, demonstrando como o não reconhecimento da sua masculinidade parece torná-los fracos e “menininhas” – no caso, ser “menininha” é considerado insulto.
“Isso tem início nos primeiros anos e se arrasta por toda a vida”, lamenta Renata Mizrahi. “A hipermasculinização e hiperfeminilização se impõem às crianças desde o começo da vida. Até os brinquedos que são destinados para um ou para o outro são reflexos de uma tentativa de simplificar o mundo baseado em estereótipos de gênero, cuja origem não passa de mera construção social. Com este espetáculo, quero provocar a reflexão sobre educação infantil, sobre o quanto deixamos as crianças serem quem são, ou se estamos oprimindo a partir de uma conduta social automatizada”, completa a autora.
Com produção da Palavra Z Produções Culturais, apresentado pelo Ministério da Cultura e pelo Instituto Vale Cultural e com patrocínio do Instituto Vale Cultural através da Lei Rouanet, o espetáculo “Gabriel só quer ser ele mesmo” traz músicas originais em seus 50 minutos de duração – todas criadas por Renata e Marcelo Rezende e interpretadas pelo elenco que, além de cantar, toca instrumentos como violão, pandeiro, kazoo, escaleta, tambor grave, castanhola, agogô de coco, chocalho pequeno, ukulele e triângulo. Além de Vinicius Teixeira, completam o elenco: Flora Menezes, Julia Ludolf, Marcos França, Vicente Coelho e Clara Santhana.
Outro destaque é o cenário assinado por Mina Quental, idealizado em cima de cubos coloridos e de acessórios que simbolizam as mudanças de ambientes como o apartamento de Gabriel, a sala de aula e o pátio da escola. Também fazem parte da equipe criativa Ana Luzia Molinari (iluminação) e Flávio Souza (figurino).
O musical está há três anos em circulação por todo o país, sempre com sucesso de público, e marca a primeira parceria de Renata Mizrahi com o produtor Bruno Mariozz, que, há nove anos, desenvolve um importante trabalho teatral voltado para o diálogo entre adultos e crianças, com temas profundos e sem subestimar a lógica infantil.
Em São Luís, serão duas sessões especiais do espetáculo infantil no TAA: no dia 15 de novembro, às 17h e às 19h, com classificação indicativa livre. Além de gratuitas, as sessões também contarão com acessibilidade de audiodescrição e intérpretes de libras. E após cada apresentação, será realizado um debate sobre educação infantil com a plateia e o elenco da peça.
Já no dia 16, às 10h, também gratuita e no Teatro Arthur Azevedo, será oferecida uma oficina gratuita sobre dramaturgia infanto-juvenil, ministrada por Priscila Vidca, co-diretora do espetáculo. A oficina é destinada a quem quer aprender a escrever para o público infanto-juvenil e busca estimular a escrita para teatro a partir de cenas e textos pautados por temas contemporâneos na linguagem infantil.
No encontro, serão lidos textos de Renata Mizrahi e de outros autores. Entre as propostas da oficina, estão discussões sobre a dramaturgia para o conteúdo infanto-juvenil e, também, a realização de exercícios de escrita. “A intenção é que os alunos possam criar cenas com motivação dos personagens, a partir também da importância de diálogos criativos. Nesta oficina, eles [os alunos] poderão aprender também sobre a construção básica de texto como sinopse”, destaca a diretora Priscila Vidca sobre a oficina.
As inscrições são gratuitas e destinadas a estudantes, profissionais e o público em geral.
Histórico do musical
O espetáculo ganhou 1º lugar no edital da Eletrobrás Furnas em 2019 e estreou em janeiro de 2020, no Sesc Tijuca, no Rio de Janeiro. Durante a pandemia, fez sessões on-line gratuitas nas unidades do Sesc Rio. Em outubro de 2021, retornou presencialmente no Teatro Petra Gold, com uma temporada de um mês, obtendo enorme sucesso de público e ganhou primeiro lugar no Circuito Sesi, onde se apresentou em novembro nos teatros Sesi Duque de Caxias e Jacarepaguá.
Em agosto de 2022, o musical foi apresentado no Sesc Valença (RJ) e fez três apresentações no Teatro dos 4, no Shopping da Gávea. Também fez uma apresentação para as turmas da escola São Vicente de Paula (Cosme Velho) e para a Ong Vinde A Mim, na Tijuca, também no Rio de Janeiro. Em 2022, ficou novamente em 1º lugar – desta vez, no edital de Ocupação Glauce Rocha da Funarte, e se apresentou no mês de abril de 2023, com sucesso de público.
Em junho, a peça se apresentou no Festival do Midrash. Em julho, fez duas apresentações em Itaguaí através do edital da Vale e foi selecionada para o Festival de Teatro Musical de Niterói. Em agosto, a peça se apresentou no Festival de Teatro do CBTIJ, na Arena Jovelina Pérola Negra.
Ficha técnica
Texto: Renata Mizrahi;
Direção: Renata Mizrahi e Priscila Vidca;
Elenco: Clara Santhana, Flora Menezes, Julia Ludolf, Marcos França, Udyle Procopio e Vinicius Teixeira;
Músicas: Renata Mizrahi e Marcelo Rezende;
Direção musical: Marcelo Rezende;
Direção de produção: Bruno Mariozz;
Cenário: Mina Quental;
Iluminação: Ana Luzia Molinari;
Figurino: Flávio Souza;
Programadora Visual: Patricia Clarkson;
Design gráfico: Rafael Prevot;
Fotografias: Dalton Valério;
Produção: Palavra Z Produções Culturais;
Idealização: Renata Mizrahi e Teatro de Nós Produções Artísticas.
SERVIÇO
O quê: sessões gratuitas do musical infantil “Gabriel só quer ser ele mesmo” em São Luís;
Quando: 15 de novembro, quarta-feira, às 17h e 19h;
Onde: no Teatro Arthur Azevedo, na Rua do Sol, S/N, no Centro de São Luís;
Contatos – Assessoria de Comunicação: (98) 999682033 – Gustavo Sampaio.
Flavio Reis Professor do Departamento de Sociologia e Antropologia
Faz parte da memória das lutas estudantis, o protesto puxado pelo estudante Josemiro Ferreira de Oliveira, que há dez anos se acorrentou no portão do prédio destinado à residência estudantil, no qual a reitoria da UFMA pretendia fazer outra utilização, sem maiores explicações que não fosse a implicância (totalmente absurda) de que a moradia no Campus seria “inadequada”. A greve de fome puxada por Josemiro e seguida por outros estudantes, depois que ele foi internado por condições de saúde, teve muita repercussão na cidade e levou a uma reconsideração da decisão e finalmente destinar o prédio à finalidade para a qual tinha sido construído.
Dez anos e os mesmos personagens se chocam em torno de velhas questões envolvendo as condições da moradia estudantil. Com a situação agravada pela pandemia em uma gestão que apostou tudo nas atividades online e pouco se preocupou com as instalações, o retorno às aulas presenciais ocorreu por pressão da APRUMA e de estudantes, envolvendo o Ministério Público. Completamente jogadas às traças, as dependências da instituição encontravam-se em péssimas condições, quadro que não se alterou em quase nada até os dias atuais.
Parada em sua costumeira inação e condescendência com todos os atos vindos de cima, a comunidade acadêmica foi sacudida novamente por um conjunto aguerrido de integrantes das residências estudantis, com o apoio de outros estudantes que não se curvaram ao DCE controlado pela reitoria e levantaram novamente a bandeira da reivindicação por melhorias mínimas nas residências, onde a situação de calamidade chega às carências alimentares. Enquanto esse grupo valente peitava o descaso da reitoria, realizava-se mais uma das muitas festas de autocongratulação, desta feita a comemoração de “jubileu de ouro” das turmas que se formaram na UFMA.
As marcas que o período longo de comando que agora se encerra deixa na UFMA remetem a outromomento, entre 1979 e 1989, quando José Maria Cabral Marques dirigiu a universidade e ficou conhecido como “Rei tô”. O roteiro era mais ou menos parecido, momento de expansão, construção de prédios, qualificação do quadro docente e… autoritarismo. Cabral inchou o bolo ruim que era servido pela UFMA, construiu o CT e iniciou o CCH, mas não levou esta universidade a um patamar qualitativo efetivamente distinto. A mediocridade e a mesquinharia intelectual seguiram como tônica. A grande diferença é que estávamos na ditadura militar, no final, mas ainda eram os anos de autoritarismo. No caso atual, as práticas autoritárias foram levadas a efeito em plena vigência do regime democrático, com a aceitação passiva da imensa maioria de professores com assento nos Conselhos Superiores.
A representação mais clara da ineficiência administrativa e do descontrole orçamentário está no prédio inacabado da Biblioteca Central, pomposamente colocado na entrada do Campus. Projetado inicialmente para ser inaugurado em 2012, ano em que a UFMA sediou, pela segunda vez, o encontro tradicional da SBPC, a obra se arrastou e atravessou a década inconclusa, uma visão incômoda e desagradável, misto de má gestão do dinheiro público e megalomania vazia. É a mais gritante, com erros estruturais apontados em relatório do TCU e vários adendos financeiros, mas não a única, se compararmos, por exemplo, as imagens espetaculares dos projetos da Casa da Justiça ou da Concha Acústica com o tímido resultado final, ou o prédio do Núcleo de Artes, outro projeto que se arrasta abandonado, quase uma década depois da solenidade de anúncio promovida no CCH.
Trabalhando como professor desta universidade desde 1987 e tendo aqui feito a graduação, vejo com um travo amargo que, mais de 40 anos depois, a UFMA mudou sua aparência, embeveceu-se com números, títulos e homenagens, mas perdeu em vigor cotidiano e parece ter abdicado de qualquer sonho de uma trajetória mais eficiente e participativa. Somos hoje uma instituição-zumbi, vagando meio sem vida, com corredores esvaziados, discentes desanimados e docentes preocupados com seus respectivos Lattes, imersos num personalismo estéril, que expressa, sem dúvida, muito das características destes tempos de selfies, likes e seguidores, mas também é o espelho de uma administração superior que pouco se preocupa com uma prática efetivamente voltada para a criatividade e a transformação social. Continuamos como aquele “elefante branco” imenso e apartado da sociedade, gerindo sua própria vaidade e inutilidade.
Na “inauguração” do prédio inacabado da Biblioteca Central, não faltarão autoridades, puxa-sacos e vaidosos de todos os tamanhos. E certamente não faltarão as coberturas elogiosas da TV UFMA e da Rádio Universidade, geridas como verdadeiros apêndices submetidos aos desígnios da reitoria. Por sob essa maquiagem toda, restará, no entanto, a imagem forte daquela moçada destemida enfrentando a truculência intimidadora dos agentes armados da Polícia Federal no Campus escuro, por determinação da administração, gritando e gravando “Lutar não é crime!” diante dos policiais atônitos, que recuaram.
Esse movimento, numa ação fulminante e decidida, foi além do motivo inicial e colocou a nu os problemas graves de infraestrutura da universidade, abrangendo o funcionamento do restaurante, a segurança, a iluminação noturna, o ar condicionado das salas, os bebedouros, banheiros e mais. A pauta é extensa e mostra o descaso com que as instalações foram tratadas neste período. A reitoria tentou o tempo todo criminalizar o movimento, invertendo as coisas e mostrando os estudantes como vândalos do patrimônio público. Eles mostraram em alto e bom som quem são os verdadeiros vândalos da universidade pública, os que trabalham para o seu sucateamento. Foi uma manifestação de vida num espaço intencionalmente esvaziado e tratado pelos dirigentes com a marca inegável do velho patrimonialismo. A imagem final dessa disputa será a dos estudantes comemorando com danças e cantos no auditório centrala vitória alcançada pela Ocupação nas barras da Justiça. Cumpre, é claro, manter a mobilização e acompanhar a efetivação dos compromissos assumidos.
A UFMA vive agora seu momento mais crítico, sem vida, sem projeto, sem rumo. Não é propriamente uma surpresa, isto costuma ser o resultado do personalismo autoritário, mas também não deixa de ser uma percepção dolorosa, de uma instituição cujos membros nunca demostraram força (e mesmo a intenção) de tomar as rédeas do próprio destino e construir uma universidade efetivamente democrática, inclusiva e criativa. O quadro é sombrio e não há espaço para ilusões, mas a ação dos estudantes, recusando tutelas e chamando a comunidade universitária a discutir sobre a utilização do espaço e suas condições de funcionamento, é uma centelha teimosa a indicar que outra história ainda é possível.
Você foi convidado a participar do estudo, “Transparência e acesso à informação na América Latina: usos e percepções”. Levará entre 5-12 minutos para completar. Os resultados serão publicados aqui no Brasil e a intenção é de fomentar compromissos em prol da transparência pública.
O estudo está sendo conduzido por Silvia DalBen Furtado, da Universidade do Texas em Austin, e pelo Dr. Gregory Michener, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Para mais informações ou dúvidas entre em contato através dos e-mails silviadalben@utexas.edu e gregory.michener@fgv.br
O objetivo desta pesquisa é entender como os jornalistas, ativistas e cidadãos da América Latina utilizam e percebem os impactos e a eficácia das leis de transparência e acesso à informação em seus respectivos países.
A sua participação é voluntária e sujeita ao seu consentimento. Os participantes contribuirão para a pesquisa respondendo às perguntas disponibilizadas no Qualtrics, uma respeitada plataforma de gerenciamento de pesquisas. É necessário ter no mínimo 18 anos para participar.
Eloy Melonio é contista, cronista, letrista, poeta e produtor cultural.
Da minha casa, eu o via descendo a ladeira, já no finzinho da rua. E a sua choupana, toda de palha de babaçu, ficava a umas sete casas antes da nossa, que era a penúltima. A velha calça jeans apertada revelava suas pernas um tanto cambotas. O chapéu de palha tinha as abas laterais dobradas para cima. E, obviamente, ele não se parecia com John Wayne ou Steve McQueen. E — não menos obviamente — queria mesmo era parecer-se com um cowboy, personagem típica dos gibis e filmes de faroeste, muito populares nos anos 1960.
Assim era Santinho, apelido desse meu amigo cujo nome eu nunca aprendi. Eu devia ter 13 ou 14 anos quando ia à sua casa para trocar gibis do Cavaleiro Negro, Billy the Kid, Buffalo Bill, entre outros mocinhos do bang-bang. E ele, um tipo ermitão de aproximadamente cinquenta anos, vivia essa personagem no seu dia a dia. Não saía de casa sem a indumentária típica do velho oeste americano.
A lembrança de Santinho me fez pensar em outras pessoas que, hoje, circulam entre nós. Pessoas que fazem questão de serem notadas não pelo que realmente são, mas por uma personagem criada por elas mesmas, a qual cultuam e pela qual esperam ser reconhecidas.
Posso até elaborar uma lista de tipos: o artista, o esportista, o literato, o intelectual, o religioso.
Nesse contexto, “personagem” é alguém que chama a atenção pela forma como se apresenta em público ou pelas situações em que está sempre presente. E, assim, o “esportista” é aquele que habitualmente usa tênis, calça legging, boné, camisa de time ou de grife esportiva, mesmo não praticando nenhum esporte.
Sabe-se que personagem é uma figura imaginada por um autor. Mas, na vida real, é a idealização que alguém faz — consciente ou inconscientemente — de si mesmo, como no caso do meu amigo Santinho.
Um homem que eu geralmente via no ônibus do meu bairro me foi apresentado, muitos anos depois, no lounge do Teatro Arthur Azevedo. Nesse dia, conheci alguém que já conhecia, pelo menos de vista. Refiro-me a Zé da Chave, personagem muito popular entre os frequentadores do teatro, especialmente nos shows musicais. Sempre com um chaveiro à mão, atreve-se aqui e ali a tirar uma onda de percussionista, acompanhando trechos das músicas cantadas no palco. Reencontrei-o recentemente no show de Joãozinho Ribeiro (Canções de Amor e Paz/22-9-2023). Ocasionalmente eu o vejo por aí, enquanto o senhor do ônibus se perdeu nas ruas do passado.
Recentemente, enquanto esperava o início de um evento, a senhora ao meu lado tocou-me com o cotovelo para chamar minha atenção: “Acho que o homem chegou”. Minha incauta vizinha referia-se ao tão esperado palestrante da noite. Mas o recém-chegado era alguém como nós (audiência), só que mais articulado, saudando e falando com quase todo mundo. Do tipo caricato, “chegou chegando”, como se diz na linguagem popular.
Santana, jogador do Moto Clube nos idos de 1960, era um ídolo para os peladeiros que, como eu, tinham entre treze e quinze anos. Meio-campista de excelente nível técnico, chegou a fazer teste no Fluminense do Rio de Janeiro. Após os treinos matinais no Santa Izabel, no Canto da Fabril (hoje templo da Igreja Universal), ele e alguns colegas eventualmente subiam a Rua Grande, logradouro mais movimentado do centro comercial da cidade. Ou melhor, “desfilavam”. Mesmo os não afeitos ao esporte sabiam tratar-se de jogadores de futebol. Pela roupa, pelos gestos, pelo andar — pela ginga, afinal.
Um dos meus amigos tentava imitá-lo. E se saía muito bem nas ruas e nos corredores da escola, mas não tão bem assim nos campos de futebol. Enquanto isso, outros buscavam inspiração nos ídolos da Bossa Nova e da MPB para viver suas personagens com uma entrega de dar inveja ao Bentinho, de Machado de Assis ou o mulato Raimundo, de Aluísio Azevedo.
Sem interferência de seu ego, a verdadeira personagem nasce naturalmente. Um caso emblemático é o do deputado Ulysses Guimarães (PMDB), presidente da Câmara dos Deputados de 1985 a 1989. O emérito parlamentar ganhou e “encarnou a imagem” do Senhor Diretas, apelido carinhoso em reconhecimento à sua luta pela redemocratização do país na década de 1980. Em sua vida pública, o Dr. Ulysses foi a voz e o braço da democracia brasileira.
Lembro-me perfeitamente da personagem de um quadro do programa Zorra Total (GLOBO/1999-2000) que ficou muito popular com o bordão “Cara, crachá/Cara crachá”. Porteiro rigoroso, ele exigia a identificação de cada visitante para permitir seu acesso ao Projac (estúdios Globo), mesmo quando esse(a) se dizia amigo(a) dos figurões da emissora, falando e gesticulando como eles.
Sem vacilar, Severino (Paulo Silvino) não deixava ninguém entrar sem a devida identificação. E não se cansava de reafirmar o rigor da exigência, pois, para ele, não bastava “parecer”, era preciso “ser”.
E, aqui, um lembrete aos caras de pau dos nossos dias: não é porque vocês sabem fazer umas embaixadas que podem aparecer no treino do Flamengo. Ou porque escrevem algumas “linhas” que vão entrar para a Academia Brasileira de Letras.
Sobre a atriz Elizângela, morta no dia 3 de novembro de 2023, a autora global Glória Perez disse, no mesmo dia, em suas redes socias: “Ela vestia, sem pudor, a pele de suas personagens”. Da mesma forma, a novela da vida real só aceita “atores e atrizes” que sigam seu roteiro ao pé da letra e cuja cara corresponda fielmente à sua identificação no crachá.
De personagens os livros e os filmes estão cheios. E, se é lá o seu habitat, que fiquem por lá mesmo!
Em seus últimos textos de análise de conjuntura, o ANDES-SN vem reafirmando que o aprofundamento da crise tem resultado no agravamento das contradições insuperáveis do capitalismo em nível global. Um dos principais sintomas desse processo é a intensificação de tensões internacionais e de conflitos históricos por autodeterminação nacional. É neste cenário que se insere o acirramento do conflito entre Israel e Palestina nos últimos dias.
Um contra-ataque sem precedentes realizado pelo Hamas em 05 de outubro – 50 anos após a guerra do Yom Kipur, quando forças do Egito e da Síria realizaram um ataque surpresa contra Israel – aprofundou a instabilidade que assola a região. Foi a maior demonstração de força militar já realizada pelo Hamas. Como resposta, o governo racista e de extrema direita de Benjamin Netanyahu declarou estado oficial de guerra.
Em poucos dias, já há milhares de mortos de distintas comunidades nacionais. Lamentamos pela morte de inocentes, independente de nacionalidade ou origem étnica e manifestamos nossa solidariedade às vítimas civis dos dois lados do conflito. É preciso reconhecer e afirmar que dentre as vítimas, a maioria é formada por aquelas e aqueles que vivem na Faixa de Gaza, região que pode ser considerada a maior prisão em céu aberto do mundo. Desde a criação de Israel em 1948, sucessivos governos têm atuado proibindo o contato entre famílias palestinas, pisoteando vítimas civis e negando independência nacional ao povo palestino.
É a política do capitalismo israelense, dirigido hoje por um bloco de extrema direita apoiado pelo imperialismo estadunidense que está na raiz do conflito. Décadas de devastação e luto por bombardeios, prisões arbitrárias, intensa violência de Estado, ocupação e anexação de territórios e, fundamentalmente, de negação de direitos humanos básicos ao povo palestino criaram condições favoráveis para a ação política do Hamas. Indiferente à ineficácia desta tática para a libertação do povo palestino, a ousada ação militar de 05 de outubro foi uma resposta à exploração, à opressão e ao regime de apartheid imposto por governos reacionários de Israel.
O governo do Estado de Israel tenta tirar proveito da existência de ações indiscriminadas contra trabalhadoras e trabalhadores que não são responsáveis pela violência de Estado para justificar a intensificação de ações violentas e brutais que violam todos os tratados humanitários existentes. Tudo isso, contando com amplo apoio da grande mídia corporativa capitalista.
Contra a promessa de Netanyahu de transformar a Faixa de Gaza em “uma cidade de escombros”, o povo palestino tem o direito de se organizar para se defender e lutar contra todos os ataques. Manifestamos nosso apoio e solidariedade a todas as ações organizadas de massas contra a opressão e a exploração, pois são elas que podem fortalecer o apoio (inclusive por judeus da classe trabalhadora que se opõem ao terrorismo de estado de Israel) às lutas por libertação nacional – diferentemente dos atos terroristas que matam civis da classe trabalhadora de maneira indiscriminada. A luta do povo palestino apenas é fragilizada quando apoiada por Estados reacionários ou forças fundamentalistas que sustentam a opressão às mulheres. Por isso, deve ser combinada com a luta pela emancipação social e territorial contra todas as formas de violência colonial, racista e religiosa, as quais apenas contribuem para perpetuar um sistema capitalista em crise e que está na raiz de todo o conflito.
Toda solidariedade ao povo palestino e às lutas por direitos sociais e autodeterminação.
Contra o massacre humanitário do povo palestino realizado pelo governo reacionário de Benjamin Netanyahu e com o apoio do imperialismo norte-americano.
Pelo fortalecimento da Campanha de Boicote, Desinvestimento e Sanções contra o Estado de Israel como forma de solidariedade internacional à luta do povo palestino!