Categorias
notícia

Livro: Manuela D’Ávila lança “Revolução Laura” em São Luís

“Revolução Laura” aborda a experiência de Manuela enquanto mulher e mãe na política. Evento acontece na Casa do Maranhão.

Considerada uma das maiores lideranças feministas do país na atualidade, a ex-candidata a vice-presidente da República em 2018, Manuela D’Ávila, estará em São Luís na próxima terça-feira (09) para o lançamento de seu livro “Revolução Laura: reflexões sobre maternidade e resistência”, lançado pela editora gaúcha Belas Letras.

O evento será realizado a partir das 18h, na Casa do Maranhão, com venda de exemplares, sessão de autógrafos e um bate-papo que contará com a presença do governador Flávio Dino. As inscrições para participação estão sendo feitas gratuitamente através da plataforma Sympla, no endereço: https://www.sympla.com.br/lancamento-do-livro-revolucao-laura—sao-luis-ma__492655

O livro, que teve a primeira edição esgotada em apenas 15 dias, retrata o desafio de uma mulher que aceitou o desafio de concorrer à presidência do Brasil e chegou ao segundo turno como candidata a vice-presidente sem abrir mão da maternidade. E mostra como ser mãe não somente revolucionou a vida de Manuela, mas intensificou a luta para que privilégios não existam mais.

“Quando a gente mudar a nossa cultura vai achar estranho pais que nunca estão com seus filhos. Alguém está. Esse alguém é a mãe. Isso tem relação com mulheres não ocuparem espaço público. É fácil, fácil pra um homem. Quando desfila com o filho, vira mito.”, diz a autora.

Já lançada em diversas capitais brasileiras, a obra se apresenta como um recorrido mental de impressões que parecem bilhetes, crônicas ou anotações simples. Foi escrito aos pedaços, durante uma longa trajetória em que Manuela percorreu 19 estados amamentando Laura em campanha presidencial e foi construindo uma nova forma de ocupação do espaço político.

A publicação é também uma jornada de aprendizado e acolhimento sobre privilégios; sobre as lutas para que privilégios não existam mais. É sobre direitos. É sobre feminismo e liberdade. É sobre afeto, carreira e amor, porque não tem sentido ser pela metade. É sobre estar e não estar; presença e ausência. Sobre acolher, sonhar um outro mundo e ser o outro mundo sonhado. Profundamente, é sobre uma revolução chamada Laura. Uma revolução de amor, de amor próprio, de potência.

SOBRE O LIVRO

Revolução Laura: reflexões sobre maternidade e resistência.

Editora Belas Artes, 2019. 192p.

Preço de capa: R$ 44,90.

SERVIÇO

O que?: Lançamento do Livro “REVOLUÇÃO LAURA: reflexões sobre maternidade e resistência”.

Onde? Casa do Maranhão, Rua do Trapiche, Praia Grande.

Quando?: Dia 09 de abril, a partir das 18h

Contato/Pauta: Samir Aranha. (98) 9.9135-2308 – aranha.sam@gmail.com

Categorias
notícia

São Pedro dos Crentes (parte 3): futebol é tabu na Assembleia de Deus

Ed Wilson Araújo

O blog publica a terceira reportagem sobre São Pedro dos Crentes, cidade encravada no sul do Maranhão, com aproximadamente 5 mil habitantes, fundada por fiéis da Assembleia de Deus nos idos de 1940. Nessa matéria abordo as relações entre os evangélicos e as práticas desportivas.

Você pode ver os textos anteriores aqui e aqui

As poucas opções de entretenimento na pequena São Pedro dos Crentes criam ambiente propício para a frequência às igrejas como principal fonte de sociabilidade entre os moradores.

Práticas desportivas, por exemplo, são assuntos delicados de tratar com os jovens. Nem precisa instigar muito para saber que entre o bônus e o ônus de ser assembleiano algo é frustrante – jogar futebol. Em síntese, os rapazes sentem-se meio intimidados porque a doutrina tem algumas restrições à arte da bola.

Repudiar o futebol não é consenso na Assembleia de Deus, mas na provinciana São Pedro dos Crentes este esporte é tratado como tabu. Alguns líderes religiosos proíbem a prática do esporte mais popular do Brasil; outros, interpõem restrições bíblicas aos fiéis. Nesta forma de ver o mundo, o futebol abriria caminho para os descaminhos como o consumo de álcool e outras práticas consideradas profanas.

O pastor Manoel Lima (vídeo abaixo), principal liderança religiosa de São Pedro dos Crentes e presidente da Comadesma (Convenção dos Ministros das Igrejas Evangélicas Assembleias de Deus no Maranhão), argumenta que o berço do futebol é o paganismo. “Baseado nas origens do futebol, que nasce como uma festa comemorativa a um deus pagão, por conta disso, o paganismo, que é uma grande idolatria e se torna um pecado diante das informações bíblicas, a Assembleia de Deus informa os crentes para se afastarem disso por conta que o pecado ofende a santidade Deus”, sintetizou Lima.

Pastor Manoel Lima: futebol é coisa de paganismo

O deus (do futebol) Pagão

No futebol, de fato, havia um deus para as torcidas do Santos e do São Paulo, clubes onde o centroavante goleador Paulo César de Araújo, o “Pagão”, fez sucesso com jogadas fantásticas nos anos 1950 e 60.

Pagão, o “bailarino clássico” do Santos, é inspiração para Chico Buarque
Pagão deixa o legado da camisa 9 e assinatura na súmula para o peladeiro Chico Buarque

Pagão era tão reverenciado que virou ídolo do cantor Chico Buarque, a ponto de o menestrel só jogar no Politheama com a camisa 9, em homenagem ao craque santista. Para o radialista Walter Dias o estilo de Pagão era de um “bailarino clássico”, tão habilidoso a ponto de ser comparado ao rei Pelé. Apenas no Santos Pagão jogou 345 partidas e marcou 157 gols. Buarque também presta homenagem ao seu ídolo assinando na súmula das peladas do Politheama o nome do jogador elegante que encantou multidões.

Segundo o professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), pós-doutor em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e pastor da Igreja Evangélica Congregacional, Lyndon de Araújo Santos, não existe qualquer fundamentação na História e nem nos textos bíblicos sobre a relação direta entre futebol e paganismo.

“O futebol moderno tem origem na Inglaterra, no contexto operário pós-segunda revolução industrial, nos fins do século XIX. Trata-se de uma prática esportiva secularizada, não necessariamente “pagã”. Se há alguma referência indireta entre futebol e religião, estaria na prática de um jogo de pelota entre os maias e astecas na América Colombiana, que seria um misto de futebol com basquete, um jogo ritual com uma bola que representava o conflito cósmico, em que os perdedores eram sacrificados. O conceito de paganismo é difuso e equivocadamente posto como sinônimo à idolatria”, explicou o pastor Lyndon Santos.

Pastor Lyndon Santos: o futebol tem origem no contexto operário da Inglaterra

As restrições da Assembleia de Deus ao futebol podem ter origem no puritanismo, conceito fundamental para a ascese protestante. Segundo Max Weber, na obra A ética protestante e o ‘espírito’ do capitalismo , ascese é o controle rigoroso e disciplinado sobre o corpo diante das tentações e prazeres do mundo. Essa austeridade implicava no corpo disciplinado para o foco principal do capitalismo – o trabalho diário e metódico como um dever religioso e a forma ideal de cumprir a vontade de Deus. Essa concepção puritana de vocação profissional, baseada na conduta ascética, é uma espécie de estilo padrão de vida capitalista.

Desde Lutero – argumentou o pastor Lyndon Santos – “a profissão foi interpretada como vocação divina, qualquer profissão, no intuito de desconstruir a exclusividade do clero como vocacionado por Deus. Todos, então, são sacerdotes, o sacerdócio universal dos santos. Calvino retoma esta ideia ao dizer que essa nova concepção de trabalho serviu para o desenvolvimento do espírito do capitalismo que, historicamente, emancipou-se da ética e da religião, como um sistema secularizado”.

Nessa perspectiva, o corpo está voltado para o trabalho tanto secular como o religioso. O crente assembleiano é aquele que realiza o “trabalho” ou a “obra de Deus”. Assim, o puritanismo via na prática dos jogos esportivos e nos prazeres da diversão algo meio nocivo à conduta de vida ordeira. Weber (p. 151-152) detalha o contexto da concepção puritana e a sua repulsa ao esporte: “Na verdade, aliás, a aversão do puritanismo ao esporte não era uma questão simplesmente de princípio […]. Apenas devia servir a um fim racional: à necessária restauração da potência física. Já como simples meio de descontrair e descarregar impulsos indisciplinados, aí se tornava suspeito e, evidentemente, na medida em que fosse praticado por puro deleite ou despertasse fissura agonística, instintos brutais ou o prazer irracional de apostar, é evidente que o esporte se tornara pura e simplesmente condenável. O gozo instintivo da vida que em igual medida afasta do trabalho profissional e da devoção era […] o inimigo da ascese racional, quer se apresentasse na forma de esporte “grã-fino” ou, da parte do homem comum, como frequência a salões de baile e tabernas.”

Pichações no muro do estacionamento do principal hotel de São Pedro dos Crentes associam Deus e dinheiro. Foto: Ed Wilson Araújo

De acordo com o pastor Lyndon Santos, o puritanismo foi uma corrente protestante oriunda do movimento calvinista (sécs. XVI-XVIII) que zelava pela pureza ética, moral e comportamental do fiel, como evidência da eleição e da salvação. Puritano é aquele(a) que, mesmo estando inserido no mundo rejeitava este mundo naquilo que ele tem de prazer, volúpia, tentação, luxúria etc. “Max Weber desenvolveu a ideia de um ascetismo intramundano como um elemento que fazia parte do calvinismo puritano. Esse ascetismo intramundano contrastava com o ascetismo católico medieval que era extramundano (a exemplo dos mosteiros). Neste ascetismo estava o trabalho como meio de demonstração da obediência e de santidade”, detalhou Santos.

Calvino – esclareceu Santos – retoma esta mesma ideia quanto a uma nova concepção de trabalho. Esta serviria para o desenvolvimento do espírito do capitalismo que, historicamente, emancipou-se da ética e da religião, como um sistema secularizado.

Ao pé da letra o puritanismo era levado em conta logo nos primórdios da fundação de São Pedro dos Crentes. Nos anos 1970, por exemplo, assistir televisão era um ato de pecado. Hoje os hábitos mudaram. As Assembleias de Deus no Brasil, na década de 1990, começaram a flexibilizar os usos e costumes, como assistir televisão, uso de roupas fora dos padrões conservadores, corte de cabelo, prática esportiva e maquiagem e adereços para as mulheres. Embora sejam preponderantes os traços do conservadorismo, a cidade campeã de votos para Jair Bolsonaro na eleição presidencial está repleta de inimigos do puritanismo – os bares e botecos.

Bar tem bebedeira e jogatina no acesso à rua do comércio e de serviços em São Pedro dos Crentes. Foto: Ed Wilson Araújo

Logo na entrada principal de São Pedro dos Crentes um “templo” da bebida alcoólica e da jogatina movimenta os fins de semana até com torneio de sinuca, música em alto volume e muita gente fumando. Os bares estão distribuídos em vários ambientes da área central da cidade, mas a concentração maior é na famosa rua da Vaquejada, lugar de concentração dos botecos, onde as festas rolam até altas horas, antes e depois dos cultos nas igrejas evangélicas.


As crentes Eldeni, Andreza e Eudeli, moradoras da rua da Vaquejada.
Foto: Ed Wilson Araújo

Eldeni de Oliveira Aguiar, 20 anos, é crente desde criança e filha de evangélicos. Ela é uma das moradoras da rua da Vaquejada. “Aqui tem uns cinco bares e um clube também. É muito complicado [morar na rua dos bares], mas a gente vai levando a vida”, descontraiu.

Na quarta reportagem da série vou abordar a divisão entre as congregações e lideranças evangélicas e partidárias em São Pedro dos Crentes.

Ref: Citação da obra A ética protestante e o “espírito” do capitalismo (Companhia das Letras, 2004), com edição de Antônio Flávio Pierucci.

Imagem: Pagão com a camisa de campeão paulista 1958 retirada deste site

Imagem: Pagão e Chico Buarque retirada deste site

Imagem: Pastor Lyndon Santos retirada deste site

Categorias
notícia

Abril com gosto de fel

O governo Jair Bolsonaro parece amaldiçoado. No setor da educação caíram dois raios no mesmo lugar. Ninguém se entende no Inep e a gráfica que imprimia as provas do Enem, faliu!

Para completar, bolsonetes e o próprio presidente dizem que o nazismo é de esquerda.

Por fim, posa com uma arma de alto poder destrutivo em Israel e o porta-voz da Presidência da República diz para os jornalistas não ficarem na frente do atirador.

Fecha o pano!

Categorias
notícia

Assembleia Legislativa precisa emitir nota oficial repudiando evento pró-ditadura militar

Editorial do jornal Vias de Fato cobra explicações sobre a permanência da divulgação de um evento pró-ditadura militar na Assembleia Legislativa (Alema). O presidente da Casa, deputado Othelino Neto (PCdoB), assegurou que a organização do evento sequer fez solicitação para realizá-lo nas dependências da Alema e que, se for feita a solicitação, será negada.

Falta, no entanto, uma nota oficial do poder Legislativo para ser distribuída nos meios de comunicação esclarecendo a opinião pública sobre a situação, porque a propaganda da extrema direita, envolvendo o nome do parlamento maranhense, continua.

Veja abaixo o editorial do jornal Vias de Fato.

Parlamento, ditadura, crimes e fake news

Não é possível ser tolerante com a intolerância. Não pode haver condescendência com os que defendem a barbárie. É preciso combater com firmeza aqueles que querem fraudar a história. A questão aqui é civilizatória.

Estamos falando do golpe de Estado dado no Brasil em 1.º de abril de 1964; que implantou uma ditadura sangrenta e hoje é exaltada pelo atual presidente do nosso país e alguns de seus seguidores.

Um exemplo disso foi uma atividade marcada para a Assembleia Legislativa do Maranhão, favorável ao golpe e a ditadura. O anúncio foi feito por uma livraria, que se apresentou como promotora do evento, ao lado de uma organização de extrema-direita. A ação foi marcada para o próximo dia 4 de abril, às 16 horas, no auditório Fernando Falcão, na sede do parlamento maranhense.

Nas redes sociais, a reação foi imediata. E diante da rápida repercussão negativa, o deputado estadual Othelino Neto (PCdoB), atual presidente da Casa, publicou em uma rede social, na noite do dia 28 de março, que considera “aviltante atos que reverenciam o golpe militar de 64”, afirmando também que “a Assembleia nem sequer recebeu pedido de cessão de espaços internos para esse evento”.

E ficam no ar as perguntas: baseado em quê anunciaram um evento na Assembleia com hora, local e palestrantes definidos? Foi uma provocação? Mais uma fake news? Quiseram criar um fato? Vão dizer que Othelino está mentindo? A livraria tem algum documento? Tem alguma liberação ou solicitação do espaço? Como anunciar um evento sem qualquer garantia que ele aconteça? É coisa de maluco? Ou piada de péssimo gosto? Enfim, por que um auditório da Assembleia aparece como sendo o local desse evento?

É bom que tudo isso seja devidamente esclarecido, até porque a exaltação da ditadura é hoje, cada vez mais, um problema sério em nosso país. O desastre decorrente do processo eleitoral brasileiro em 2018 deixou isso claro. A ditadura militar implantada no Brasil, a partir de abril de 1964, ainda precisa ser eficientemente denunciada. Existe muita desinformação, muita mentira.

Estamos falando de uma ditadura homicida, responsável por uma série de assassinatos. Um regime que promoveu inúmeras sessões de tortura, com requintes de crueldades, envolvendo até crianças, estupro de mulheres; incluindo mulheres grávidas! São crimes de lesa humanidade! O circo dos horrores foi rotina.

A ditadura liquidou a liberdade de expressão, fechou parlamentos, cassou mandatos, restringiu o Poder Judiciário, afastou juízes, censurou a imprensa, acabou com eleições, proibiu a organização social, calou artistas, prendeu e/ou expulsos do país inúmeros democratas. Muitos perseguidos e torturados recorreram ao suicídio. E vários desapareceram sem que ninguém, entre parentes e amigos, soubessem até hoje do seu paradeiro.

Sendo assim, em nome de todas as mulheres e homens, crianças e adultos que foram vítimas daquela ditadura, em nome de milhares e milhares de famílias que sofreram com aquela covardia absoluta, nós repudiamos toda e qualquer apologia a esse famigerado regime.

Em relação aos parlamentos brasileiros, eles precisam melhorar; melhorar muito! Mas com todas as suas distorções, contradições e problemas; eles precisam ser preservados enquanto instituições. Por isso, nunca fará sentido uma Assembléia Legislativa servir de palco, para aqueles que buscam justificar as atrocidades cometidas por uma ditadura.

  • Editorial Jornal Vias de Fato (31/03/19)
Categorias
notícia

Governo homenageia líder camponês, médica comunista e poeta que tiveram direitos violados pela ditadura militar

O governador Flávio Dino assina, neste sábado (30), às 16h, o Projeto de Lei que concede pensão especial ao líder camponês Manoel da Conceição (imagem acima), lesionado por ação policial no período da ditadura militar. A assinatura do projeto que será encaminhado à Assembleia Legislativa acontecerá no memorial Maria Aragão, e na oportunidade a médica negra, maranhense, que dá nome à praça, também será homenageada, assim como o jornalista e poeta Bandeira Tribuzi, ambos já falecidos.

O Projeto de Lei pretende garantir reparações ainda possíveis a uma das vítimas das graves violações de direitos humanos deixados por governos autoritários que marcam a História até os dias atuais, vigente de 1ª de abril de 1964 até 1985, com a retomada de presidência via eleição. A intenção da medida é, ainda, destacar o compromisso do Governo do Maranhão com direitos fundamentais e em prevenir a ocorrência de novas violações.

Maria Aragão: médica comunista é referência de militância

Manoel Conceição Santos nasceu em 1935, no município de Pedra Grande (MA), e esteve engajado na luta camponesa por acesso à terra para trabalho e moradia desde a juventude. Em 1968, quando estava presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Pindaré, Manoel foi alvejado com três tiros de revólver no pé esquerdo e dois tiros de fuzil no pé direito, em uma ação da Polícia Militar do Estado do Maranhão. Sem os cuidados ideias, Manoel acabou sendo submetido à amputação da perna direita.

Conforme Relatório da Comissão Nacional da Verdade, Manoel Conceição Santos foi vítima de oito prisões ilegais entre os meses de fevereiro e setembro de 1972, bem como submetido à tortura no Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI).

Outras homenagens 

O escritor Bandeira Tribuzi deixa um legado literário na sua obra

Na ocasião, o governador Flávio Dino prestará homenagens frente ao busto de Maria Aragão, também localizado na praça. Nascida em 1910, na cidade de Pindaré-Mirim, Maria José Camargo Aragão se formou em Medicina no Rio de Janeiro, mas preferiu exercer a profissão no Maranhão, onde atuou, principalmente, com atenção à saúde da mulher e de pessoas mais humildes. Em razão dos posicionamentos políticos, foi presa várias vezes, torturada com agressões físicas e psicológicas e perseguida pela ditadura militar. Maria Aragão morreu em 1991.

Em seguida à solenidade, o governador se desloca até a Praça Deodoro, onde está o busto do jornalista Bandeira Tribuzi, também homenageado. Poeta, músico, escritor, caricaturista, Tribuzi nasceu em São Luís em 1927. É reconhecido por ter introduzido o Modernismo no Maranhão e autor do poema Louvação a São Luís, que se tornou hino da capital maranhense. De formação humanística, o jornalista de ideologia libertária também foi preso durante o período ditatorial.

Imagens capturadas na web / divulgação

Categorias
notícia

Rádio Web Tambor completa 1 ano com dois novos programas

Nestas águas de março a Rádio Web Tambor celebra o primeiro aniversário mantendo programação jornalística diária, o Jornal Tambor, com notícias, reportagens, opinião e um bloco especial de entrevistas – Dedo de Prosa – repercutindo fontes dos mais variados segmentos da sociedade.

O Jornal Tambor é transmitido ao vivo, de segunda-feira a sexta-feira, das 11h às 12h, por três plataformas: site agenciatambor.net.br,  Facebook Agência Tambor e no aplicativo RadiosNet (Rádio Tambor).

Inauguração da Tambor: Flávia Regina, Emilio Azevedo, Fernando Cesar, Ed Wilson Araújo, Geremias dos Santos, Taynara Castelo Branco e Gerlane Pimenta

No mês de aniversário a emissora pôs na tela o segundo programa – Papo de Crente – com o objetivo de dialogar sobre fé e vida para todos os públicos, evangélicos ou não. E na próxima semana, 2 de abril, estreia o programa “Na Boca do Caixa”, ancorado pelo Sindicato dos Bancários, mas aberto à agenda dos movimentos sociais.

Oficialmente, a emissora teve a primeira transmissão experimental dia 22 de março de 2019. De lá pra cá a Rádio Tambor rufa sem parar, em meio às conquistas e dificuldades para quem se propôs a fazer uma emissora sem fins lucrativos. A rádio é vinculada ao projeto Agência Tambor, que visa à produção de conteúdo jornalístico, educativo-cultural e artístico nos formatos de texto, áudio e vídeo.

O pioneiro e os novos programas materializam a vibe de um projeto coletivo gestado bem antes da inauguração da emissora, no I Seminário Comunicação e Poder no Maranhão, realizado nos dias 24 e 25 de outubro de 2017, no auditório central da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), organizado por várias entidades: jornal Vias de Fato (Sociedade Maranhense de Mídia Alternativa e Educação Popular Mutuca), Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (Abraço-MA), Teia de Povos e Comunidades Tradicionais do Maranhão, CSP-Conlutas, Sindicato dos Bancários, Apruma (Associação dos Professores da UFMA, seção sindical do Andes), blog Buliçoso, Movimento de Defesa da Ilha de São Luís, Carabina Filmes, Casa 161 (residência artística) e Coletivo Nódoa, envolvendo ainda como apoiadores o Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), grupos de pesquisa nas instituições de ensino superior, pastorais sociais, militantes e entidades dos direitos humanos, coletivos de jovens e artistas de variadas tendências estéticas.

O seminário partiu da crítica à estrutura oligopolizada dos meios de comunicação no Brasil e as suas especificidades no Maranhão, considerado um caso excepcional de concentração midiática. Depois dos debates, era o momento de concretizar um sonho antigo, cultivado por muitas pessoas: ter uma rádio com foco na democratização da comunicação, direitos humanos e diversidade.

A inspiração para o nome da rádio surgiu durante a fala dos indígenas, quilombolas e quebradeiras de coco no I Seminário Comunicação e Poder no Maranhão, quando afirmaram que o tambor serve para comunicar as lutas de resistência, chamar para as batalhas, festejar conquistas e celebrar a vida nos rituais festivos dos povos e comunidades tradicionais.

Estava aí, na prática, aquilo que o teórico canadense Marshal McLuhan sistematizou ao cravar o sentido do rádio como “tambor tribal”, meio que convoca, agrega, mobiliza e dissipa sentidos.

Por esses caminhos da mobilização a Agência Tambor e a Rádio Web Tambor conectam-se à Teia de Comunicação Popular do Brasil, que também faz um ano em março. Estamos juntos e misturados na mesma rede formada por comunicadoras e comunicadores de todos os cantos do país com foco na democratização da comunicação.

Nos fios da Teia repercutem muitos tambores espalhados por todas as tribos, produzindo diariamente conteúdos não agendados nas grandes redes de comunicação. Nesse sentido, somos força pulsante de quem acredita em outro mundo possível, com múltiplas vozes ecoando no espaço público.

Ao longo desse primeiro ano o estúdio da Rádio Tambor já recebeu centenas de entrevistados: de pessoas comuns sem cargos ou sobrenomes famosos até magistrados. Os conteúdos da emissora são disponibilizados para a audiência ouvir a qualquer momento, independente da transmissão ao vivo.

Esta foi outra sacada. O rádio, no sentido convencional, está passando por transformações. O futuro está na web. Mas, independente da tecnologia, o que mais importa é a causa. Seguimos firmes no propósito da democracia, dos direitos humanos e da diversidade.

Categorias
notícia

São Luís sedia o 1º Congresso de Liberdade Religiosa

Evento reunirá especialistas dos campos jurídico e teológico para um debate sobre respeito e tolerância aos ritos e crenças no mundo atual

A Missão Nordeste Maranhense (MNeM) realiza em São Luís o 1º Congresso de Liberdade Religiosa, evento que reunirá pastores, teólogos de renome nacional da Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD), professores de Direito, juristas e o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Maranhão (OAB-MA), Thiago Diaz. O congresso ocorrerá nos dias 29 e 30 deste mês em uma programação intensa, realizada no Teatro da Faculdade UNDB, no bairro Renascença II. 

O evento é aberto ao público e a inscrição custará apenas dois quilos de alimento não perecível. As vagas são limitadas e os interessados devem comparecer no local do evento às 18h, para fazer sua inscrição. 

O 1º Congresso de Liberdade Religiosa será aberto com a palestra do pastor Hélio Carnassale, líder de Assuntos Públicos e Liberdade Religiosa, da Divisão Sul-Americana da IASD, que tratará do tema “Visão Macro e Micro da Proteção da Liberdade Religiosa no Brasil e América do Sul”. Carnassale ainda ministrará a palestra “As Sagradas Escrituras e o Espírito de Profecia como esteio para os Direitos e Deveres do Cristão e a Liberdade Religiosa”.

No campo jurídico, o professor e mestre Michael Lima tratará do tema “Liberdade Religiosa, Tolerância e Liberdade de Expressão: Razão de Ser, Desafios e Patologias”. O Dr. João Bispo Serejo (advogado) ministrará a palestra “A Cidadania Religiosa num Estado Laico”.

Destaque ainda para a palestra do Dr. Jardel Moreira (advogado) falará de “Fundamentos Jurídicos da Liberdade Religiosa à Luz da Constituição Federal de 1988”; e a Dra. Fernanda Bayma ministrará a palestra “Liberdade Religiosa nas Relações de Trabalho: Uma Visão Contemporânea”.

*Legislação -* Um dos temas em debate será a Lei 13.796/2019, sancionada pela Presidência da República no início deste ano, que permite aos estudantes que faltem aula e provas por motivos religiosos, prevendo alternativas legais, sem prejuízo ao conteúdo letivo.

Essa é a primeira vez, em São Luís, que juristas e teólogos participam do encontro que vai debater as alterações na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

SERVIÇO

*O quê?* Primeiro Congresso de Liberdade Religiosa

*Quando*: dias 29 e 30 de março

*Onde:* Teatro da Faculdade UNDB, Avenida Colares Moreira, bairro Renascença II, São Luís-MA.

*Horários*: dia 29 a partir das 18h e o sábado a partir das 7h30 da manhã e à tarde a partir das 15h.

*Inscrição:* Dois quilos de alimento não perecível.

Categorias
notícia

IV Simpósio Nacional de Arte e Mídia terá palestras, oficinas e apresentação de pesquisas

Abertura ocorrerá no dia 3 de abril com conferência ministrada pela artista e pesquisadora Rosana Paulino    

O O IV Simpósio Nacional de Arte e Mídia é promovido pelo Núcleo de Pesquisa e Produção de Imagem (NUPPI), com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema) e traz como tema central “Imagina(R)Existências”. Através dessa temática busca-se promover o debate sobre as resistências, imagens e iniciativas que com seu acontecer reafirmam a variabilidade de existências possíveis e que acabam muitas vezes por se contrapor às visibilidades e narrativas predominantes nos meios midiáticos e artísticos.

As atividades serão realizadas nos dias 3, 4 e 5 de abril de 2019, na Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Na programação constam palestras e mesas redondas com convidadas(os) que discutirão o tema “Imagina(R)existências”.

A abertura será às 15h30, no Auditório Central da UFMA, com a conferência “Memória e História: resistindo através da produção feminina negra”, que será ministrada pela artista visual, professora e pesquisadora Rosana Paulino. Ela recentemente teve sua produção exposta na Pinacoteca de São Paulo, em homenagem aos seus 25 anos de carreira.

No dia 4, às 15h, a professora Rosane Borges, autora de vários livros e articulista da Carta Capital, do blog da Editora Boitempo e do site Jornalistas Livres, irá proferir a palestra “Imaginário(s) e visibilidades: desafios para a reexistência contemporânea”. Logo depois, às 16h30, haverá a mesa redonda “Nossas vidas impossíveis se manifestam umas nas outras”, com a professora e pesquisadora Cíntia Guedes, doutora pelo Programa de Pós-Graduação da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); e o mestre em Performance pelo Programa de Pós-Graduação em Artes da Cena da UFRJ, Miro Spinelli, cujo trabalho enfoca o corpo e suas possíveis poéticas e políticas.

No último dia do simpósio, 5 de abril, um dos destaques será a mesa “Comunicação e Visibilidade Indígena”, que ocorrerá às 14h, ministrada por Genilson Guajajara, comunicador popular, formado em audiovisual pelo Vídeos nas Aldeias, membro do Coletivo Pinga Pinga e do Mídia Índia; e por Francisco Apurinã, doutorando em Antropologia Social. Às 16h30, haverá a palestra “Imagens Contracoloniais: um olhar do quilombo”, ministrada pelo ativista político e militante do movimento quilombola Antonio Nego Bispo, que, na ocasião, relançará seu segundo livro, “Colonizações, Quilombos: Modos e Significações”.

Oficinas e Grupos de Trabalho

O período da manhã será dedicado à realização de oficinas e apresentação dos grupos de trabalho, que ocorrerão das 9h às 12h.

Entre as temáticas abordadas nas oficinas estão “Fotografia 360 graus”, com o professor Márcio Carneiro; “Por que produzir imagens?”, com Andressa Zumpano e Ingrid Barros; “Expografia”, com Layo Bulhão e Filipe Espíndola; “Fotografia Pinhole”, com o professor Carlos Eduardo Cordeiro; “Me vejo no que vejo: artes visuais e revolução científica”, com Ghustavo Távora; e “Experimentos para perseguir rastros de fuga”, com Miro Spinelli e Cíntia Guedes. 

Os Grupos de Trabalho, divididos em seis áreas de interesse, acontecerão no CCSo-UFMA: Estética, Mídia e Cultura (GT1); Arte Contemporânea e o Contemporâneo das Artes (GT2); Fotografia, Cinema e Vídeo (GT3); Redes Sociais, Mídias Digitais e Economia das Imagens (GT4); Corpo, Arte e Mídia (GT5); Palavra, Imagem e Som (GT6).

A programação completa das apresentações dos GTs pode ser acessada aqui

SERVIÇO

O que: IV Simpósio Nacional de Arte e Mídia

Quando: 3, 4, 5 de abril de 2019

Onde: Universidade Federal do Maranhão e Instituto Federal do Maranhão

Inscrições: https://doity.com.br/simposioartemidia 

Mais informações em http://simposioartemidia.ufma.br

Categorias
notícia

Bairro e condomínio: amizade e muros que separam as pessoas

Eu voltava do jogo do Moto Club com meu vizinho das antigas, Guimarães (“seu Guima”), putos de raiva porque o Papão perdeu um caminhão de gols contra o Fortaleza e ficou fora do G-4 na Copa do Nordeste.

Ao entrarmos na rua Astolfo Marques é impossível não olhar o Bar do Zé e curiar os frequentadores. Logo avistamos Bivar, um dos filhos adotivos do Apeadouro.

Rolava um som alto no “paredão” de Bivar e batemos um papo rápido. Ele começou a lembrar dos tempos passados, as personagens, os lugares, as pessoas, o futebol na rua, os “raspas”, as brigas … tantos bons momentos naquela São Luís dos anos 1980.

Bivar lembrou até da grande paixão da sua vida por uma amiga nossa que nunca foi concretizada.

“Seu Guima” quis logo descer do carro para tomar umas, só para não perder a pinta de onça velha.

Ele é filho do “Bala”, Norberto Guimarães, figura lendária no Apeadouro, levado para morar lá pelo meu pai, Raimundo Nonato Araújo, o “Cabeça Branca”.

Os dois, motenses “doentes”, se conheceram na feira do João Paulo lá pelos idos de mil novecentos e carne de porco.

E agora (em pleno sábado de jogo decisivo do Moto) eu me encontrei com “seu Guima” no Castelão, como se fosse uma continuidade da colegagem dos nossos pais.

O bairro tem essas coisas. Você conhece as pessoas e mata saudades nos reencontros. Bairro é um monte de vivências misturadas: moradia, quitanda, futebol, cachaça, conversa fora, fuxicada e muitos relacionamentos.

A matriz das redes sociais contemporâneas está no bairro e nos seus circuitos analógicos onde transitam as informações públicas e privadas. Bairro é território, lugar de identidade(s) geográfica(s) e afetivas.

Eu tenho o maior orgulho de ter “nascido e criado” no Apeadouro, onde aprendi o que um ser humano precisa para conhecer um pouco da vida.

Apeadouro é minha aldeia no gigantismo do mundo. Não foi por acaso que eu vim ao mundo na rua Sousândrade, nome de poeta porreta!

No entanto, a cidade mudou.

Parece que a sociedade da violência e a indústria imobiliária fizeram um pacto para vender a ideia dos condomínios privados como a melhor forma de vida em sociedade. Em parte a Engenharia tem razão. Afinal, com pouco espaço, onde vamos alojar as pessoas?!

Nos condomínios, moramos juntos e não nos conhecemos. O vizinho é indiferente e pode até virar inimigo. Estamos todos encaixotados, na lógica do espaço milimetrado para caber mais gente.

A ideia do bairro vai se dissolvendo nas mudanças estéticas somadas à ganância das empreiteiras para construir cada vez mais, sem limites, importando apenas os seus lucros.

E assim vamos erguendo barreiras. Os condomínios fechados são nosso ideal de vida porque vendem o conceito de segurança.

O outro não importa. Assim crescemos nos distanciando, isolados. E a cidade fica desumanizada. Cada um por si e Deus tentando segurar a onda.

Quem anda pelos bairros, percebe. As zonas residenciais estão sendo transformadas em áreas mistas ou de comércio e serviço. As casas, vizinhos, comunidades inteiras vão se desmantelando porque as pessoas são seduzidas pelos condomínios fechados, por necessidade ou convicção de que a vida segura é entre os paredões com suas cercas de arame farpado, câmeras e empresas de vigilância.

Quando vejo São Luís assim sempre lembro do Apeadouro, onde estão as minhas amizades remotas, de tantas estórias, pilhérias, figuras emblemáticas, alegóricas e causos fantásticos.

A vida pulsa melhor no bairro, onde tem paquera, festa de aniversário e solidariedade numa xícara de óleo ou um púcaro de manteiga emprestada pelo vizinho por cima do muro, na hora do sufoco.

Nos bairros de concreto, os condomínios, a vida deve rolar de outro jeito, que precisa ser contada.

Categorias
notícia

Chuvas, Plano Diretor e a disputa eleitoral de 2020 em São Luís

A serpente acordou, diz a lenda! Na vida real um bicho de várias cabeças brotou por toda a cidade em forma de água, lama e crateras, árvores caídas, condomínios alagados, muros caídos e os bairros pobres mais afetados.

Sejamos justos. Qualquer cidade que recebesse a quantidade de chuva desabando sobre a capital nestas águas de março de 2019 sentiria o impacto. Foi algo fora do normal.

Porém, o conjunto dos transtornos é preocupante se pensarmos no que está previsto para a revisão do Plano Diretor (PD) de São Luís.

A cidade está sendo loteada para as empreiteiras e ficando refém da lógica da expansão portuária e industrial.

Para atender a esses interesses, segundo a proposta de revisão do PD, a zona rural será reduzida em 40% (leia aqui).

Quem mora no Centro e nos condomínios pode não perceber no médio prazo, mas a zona rural é de suma importância para a vida urbana. É nas áreas com menor adensamento populacional que ocorre a absorção das águas para a manutenção dos lençóis freáticos, fundamentais ao abastecimento de água na capital.

Mas a zona rural é, acima de tudo, o lugar de vida e sobrevivência de milhares de famílias, ambiente da produção agrícola e extrativismo, sociabilidade e vida fora da lógica do lucro desenfreado.

Se não houver um Plano Diretor adequado ao desenvolvimento sustentável, São Luís pode ficar pior. Basta observar que até no regime normal de chuvas a cidade tranca.

Em nome da especulação imobiliária desenfreada, as empreiteiras ergueram muralhas tapando os rios, aterraram os brejos, mataram as nascentes. Somados, esses atos vão bloqueando a cidade, fechando os canais por onde transitam os mananciais e se alimentam as antigas fontes.

Uma perversidade domina e engenharia em certas construções. Na sua maioria, os condomínios não têm árvores. O terreno é todo impermeabilizado com asfalto ou concreto, sem condições de vazão da água.

O impulso demográfico ergueu a máxima dos condomínios fechados até mesmo na zona rural, cercando os territórios e exterminando os bairros.

Assim, a cidade vira um amontoado de paredões com prédios chiques e condomínio de todos os tipos. Essas muralhas de concreto, que todos nós buscamos em nome da segurança, mostram suas contradições.

Com as chuvas intensas, os próprios condomínios são vítimas do fechamento. E as outras pessoas, ricas ou pobres, ficam ilhadas na cidade.

O que faz a Prefeitura de São Luís diante disso?

Conduz uma das piores visões de futuro para a cidade – a proposta de revisão do Plano Diretor nociva aos interesses da coletividade.

Visando atender à ganância e interesse dos grandes grupos imobililários, a gestão municipal está funcionando como lobista das empreiteiras para aniquilar o sentido de cidade.

Apenas para ficarmos em um exemplo: os rios que transbordaram neste fim de semana estarão mortos em breve porque eles próprios arrastam para os seus leitos o entulho que a cidade produz: lixo, desmatamento, extermínio das matas ciliares e violação das áreas protegidas por leis ambientais.

30 anos e mais quantos?

Em 1988 o médico Jackson Lago disputou e ganhou a Prefeitura de São Luís. São inegáveis as melhorias da sua gestão, assim como a aparência de uma cidade limpa e de buracos tapados na administração de Tadeu Palácio.

Passados 30 anos, há um cansaço das gestões do campo maior do PDT na capital. Se houve avanços, são mínimos comparados aos fracassos.

Com a reeleição do prefeito Edivaldo Holanda Junior temos uma década perdida em rotinas eleitoreiras: reforma de praças, operações tapa-buracos, capina do matagal, pintura dos meios-fios etc

A caminho de 2020, qualquer candidatura séria à Prefeitura de São Luís precisa pensar a cidade do futuro. Se o PD for aprovado da forma que a gestão atual quer, vamos assinar um atestado de óbito da cidade.

Precisamos de medidas concretas para planejar a cidade do futuro com o mínimo de condições civilizatórias. Não temos sequer faixa de pedestre decente em São Luís, à exceção daquela em frente ao shopping Tropical.

Queremos um prefeito católico que abrace os pais e mães de santo e os evangélicos, ou vice-versa. A cidade precisa de uma candidatura de fato enraizada no campo democrático-popular, capaz de dialogar com a população e estabelecer uma gestão antenada em ciência e tecnologia.

Por mais que tenha intenção de parceria, o governador Flávio Dino (PCdoB) é uma ferrari e o prefeito Edivaldo Holanda Junior, um fusca. Esse descompasso precisa mudar.

A Prefeitura se recusou a debater o Plano Diretor até na Câmara Municipal, mesmo após a cobrança de alguns vereadores.

Temos previsão de mais chuva. Como diz a música, são as águas de março fechando o verão.

Esperemos que as correntezas encerrem um ciclo político e abram promessa de vida em nossos corações e mentes na eleição de 2020.

Imagem destacada retirada neste site