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Praias limpas na ilha?!

A Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) divulgou novo relatório e mapa sobre a balneabilidade das praias na ilha de São Luís, que compreende a capital e os municípios de São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa.

Segundo o relatório, considerando a última coleta realizada em 21 de agosto, estão próprios para banho: 2 trechos da Ponta d’Areia, a Ponta do Farol inteira, 3 trechos da São Marcos, 2 trechos no Calhau, Olho d’Água, Meio e Araçagi, 1 na Olho de Porco e 1 no Mangue Seco (veja imagem abaixo)

Relatório aponta trechos de balneabilidade e impróprios na ilha.

Os dados oficiais precisam ser comparados às situações reais da ilha, quais sejam:

1 – Inchaço da região metropolitana de São Luís, com aumento do número de condomínios verticais e horizontais que despejam os esgotos in natura nos rios da ilha;

2 – Desde 2015 houve apenas um grande investimento em saneamento, na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do Vinhais;

3 – A região metropolitana cresceu em população e assentamentos urbanos, mas não houve a implantação de nenhuma nova ETE;

4 – Não ocorreu também qualquer investimento na recuperação dos rios; pelo contrário, eles foram transformados em valas de esgotos;

5 – A Companhia de Saneamento Ambiental (Caema) é um órgão historicamente sucateado e precarizado, em todos os governos;

6 – Nos últimos 20 anos, o manejo do Plano Diretor é focado na expansão da área industrial, visando atrair investimentos predatórios e poluidores para dentro da ilha;

Considerando os itens acima, é possível questionar os níveis de balneabilidade apontados no relatório da Sema.

AS CORES DAS PRAIAS

Cabe observar também com rigor a coloração das águas do mar em São Luís.

As praias da ilha têm dois aspectos visuais bastante distintos. No primeiro semestre, período das chuvas intensas, as águas têm cor “achocolatada” devido às enxurradas de material orgânico que descem pelos rios e desembocam no mar, assim como os materiais sólidos e líquidos das vias públicas que são arrastados das ruas e avenidas pelas chuvas e depositados no mar.

Já no segundo semestre, com a suspensão das chuvas e menor quantidade de material movimentado pela pluviosidade, as praias têm coloração bem mais clara e chegam a ser esverdeadas nos meses de agosto e setembro, especialmente, dando a impressão de que estão “limpas”.

Dito isso, o ideal seria a Sema explicar detalhadamente como foram feitas as coletas, quais os critérios e metodologia adotados para chegar aos resultados divulgados. E, para termos maior controle, precisaríamos comparar o relatório da Sema como outros laudos de instituições científicas e de pesquisadores não governamentais.

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