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Estudantes da Uema repudiam evento de inspiração fascista com o deputado Yglésio Moisés

Uma nota (veja abaixo na íntegra) emitida por coletivos de estudantes da Universidade Estadual do Maranhão (Uema) rechaça a promoção de um evento caracterizado como “aula” a ser proferida pelo controverso deputado estadual Yglésio Moisés (PSB), com o tema “Por que abandonar urgentemente a esquerda?”

A realização do evento é do “Grupo de Estudos Conservadores”.

Segundo a nota, o corpo discente vê com preocupação a realização de atividades “reacionárias na tentativa espúria de servir aos interesses doutrinários e particulares de uma docente, a senhora, Mayalu Felix, lotada no curso de Letras – UEMA.”

A docente que lidera o “Grupo de Estudos Conservadores”, diz o texto dos estudantes, “expressa com conforto suas posições políticas lamentáveis. É assumidamente antivacina, negou a pandemia, flerta com o fascismo e verbaliza opiniões potencialmente racistas em turma e em suas próprias redes sociais.”

Sobre o convidado, os estudantes apontam como deputado de “trajetória polêmica e contraditória no parlamento, que, recentemente, surpreendeu seu próprio eleitorado com sua nova faceta ultraconservadora e com sua caricata reincidência de falas e comportamentos discriminatórios.”

Ex-petista, o deputado, atualmente filiado ao PSB, legenda do governador Flávio Dino, já provocou uma série de polêmicas com outros deputados e um promotor (leia O soneto do promotor e a emenda do deputado).

Pelo seu estilo sempre agressivo e violento, vem sendo acolhido com festa na extrema direita.

Quando foi candidato a prefeito de São Luís, no dia de votar o deputado mandou confeccionar uma camisa com vários insultos a um dos seus concorrentes e divulgou em uma rede social.

Comportamento agressivo é a marca do deputado

Veja abaixo o texto completo:

NOTA DE REPÚDIO

• A quem interessa destruir à esquerda?

As organizações de juventudes, coletivos estudantis organizados, com ampla participação dos estudantes da Universidade Estadual do Maranhão, Campus Paulo VI, em consonância ao entendimento das demais organizações estudantis que respaldam a luta e representatividade dos discentes da UEMA, vimos a público repudiar a realização da aula intitulada: “Por que abandonar urgentemente a esquerda?”, que será ministrada pelo médico e Deputado Estadual Dr. Yglésio Moysés, no dia 26/05 no auditório do CECEN.

O corpo discente observa com preocupação a proposição de atividades com temas especulativos, puramente ideológicos que flertam com movimentos e narrativas subversivas e reacionárias na tentativa espúria de servir aos interesses doutrinários e particulares de uma docente, a senhora, Mayalu Felix, lotada no curso de Letras – UEMA. Rechaçamos a culminância da atividade, considerando os seguintes fatos abaixo:

1. A democracia brasileira é sustentada pelo pilar da pluralidade política e de ideias, a promoção de um evento com o intuito de demonizar um pensamento político flerta com o autoritarismo. Não é tolerável que uma Instituição de Ensino seja conivente com atividades que busquem silenciar o posicionamento político divergente e incutir debates nada democráticos no ambiente acadêmico.

2. A docente que lidera o “Grupo de Estudos Conservadores” expressa com conforto suas posições políticas lamentáveis. É assumidamente antivacina, negou a pandemia, flerta com o fascismo e verbaliza opinões potencialmente racistas em turma e em suas próprias redes sociais.

2. A referida impõe de maneira arbitrária e reiterada suas próprias factoides às turmas onde leciona. Reproduzindo teorias desconexas da realidade histórica do Brasil e do mundo se distanciando do conteúdo programático da disciplina. A docente utiliza-se da sua investidura para verbalizar sustentações alienadas e suposições sabidamente inverídicas. Além disto, nos cabe ponderar que, no arcabouço de suas referências teóricas repassadas aos estudantes, Mayalu ignora teóricos e pesquisadores relevantes ao campo da ciência de sua área de atuação, preferindo trazer referências de escritores de “best-seller’s” desprovidos de capital intelectual para tal, como Olavo de Carvalho.

3. O evento na formatação que foi construído e sugerido aos estudantes NÃO tem relação direta com a disciplina de Linguística Aplicada.

3. A condução indireta dos estudantes à obrigatoriedade de participação no evento. Os estudantes que se dispuserem a ir, ganharão determinado número de pontos. Quem porventura não for, precisará elaborar um trabalho escrito.

4. O convidado trata-se de um parlamentar com trajetória polêmica e contraditória no parlamento, que, recentemente, surpreendeu seu próprio eleitorado com sua nova faceta ultraconservadora e com sua caricata reincidência de falas e comportamentos discriminatórios.

Somos veementemente contra a coerção e alienação política unilateral dos estudantes no âmbito da Universidade Estadual do Maranhão.

Na democracia, o debate não pode ser desleal. É preciso resguardar a cultura bipartida do diálogo no campo da consciência e das ideias, de modo a preservar a manifestação do contraditório.

Solicitamos à Reitoria da UEMA e à direção do CECEN as devidas providências disciplinares e que acompanhe o fato, que apure de forma responsável o desconforto dos discentes com a metodologia adotada pela professora e proceda com todas as medidas cabíveis para o momento.

São Luís, 19 de Maio de 2023

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