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“Dinheiro não vale mais que as nossas vidas!” Antônia Cariongo fala do caos social e ambiental no Maranhão

Agência Tambor – A Lei da Grilagem de Terras (hedionda, racista e inconstitucional), a crescente violência contra comunidades rurais, os impactos negativos provocados pela duplicação da BR 135, as mortes provocadas pela criação de camarão em cativeiro e outros gravíssimos problemas vividos hoje no Maranhão foram assuntos abordados por Antônia Cariongo, em entrevista concedida para o Jornal Tambor.

Antônia Cariongo é uma das mais importantes lideranças quilombolas do Maranhão.

Ela tem uma atuação estadual e vivendo em seu quilombo, no município de Santa Rita, testemunha e resiste às violências que resultam da união entre os poderes público e privado, cometidas contra povos e comunidades tradicionais.

(Veja, no final deste texto, a entrevista de Cariongo, concedida ao Jornal Tambor no dia 2 de fevereiro)

Ao falar dos diferentes problemas decorrentes da mineração, avanço do agronegócio, além de obras de infraestrutura, Cariongo se emocionou ao lembrar dos assassinato de lideranças quilombolas. E a certa altura, disse que “o capital não vale mais que as nossas vidas!”

Entre os problemas vivenciados por esses territórios está a duplicação da BR-135. A obra para prosseguir depende de uma consulta prévia e deve ser feita ouvindo várias comunidades quilombolas que vivem ancestralmente nos territórios rasgados pela estrada.

“Faz sete anos que nós, os movimentos sociais, as comunidades quilombolas de Santa Rita e Itapecuru-Mirim entramos com ações na justiça contra esse empreendimento”, diz Cariongo.

“Não somos contra a duplicação da BR-135, desde que não prejudique a vida dessas populações”, completa.

Ao lembrar de ações que ameaçam a vida e os modos de sobrevivência dos quilombolas, quebradeiras de coco e outras populações, Cariongo criticou o decreto do governo estadual que cria os Polos Potenciais de Desenvolvimento da Carcinicultura do Maranhão (Podescar I).

“Esse projeto é de morte”, ressaltou a líder quilombola, justificando que a presença do camarão em cativeiro liquida a possibilidade de pesca na sua região. “Mais de 60% da população de Santa Rita pesca durante o verão”, computa.

Antonia Cariongo também criticou bastante a Lei da Grilagem de Terras, falando das graves consequências socioambientais. E destacou a importância da união das organizações sociais no Maranhão. “Não devemos desistir nunca”, completou.

(Confira abaixo a edição do Jornal Tambor, com a entrevista completa de Antônia Cariongo)

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Lesbofobia! Inquérito que investiga assassinato de Ana Caroline não está concluído

Agência Tambor – O prazo para a conclusão do inquérito policial que investiga o brutal assassinato da jovem Ana Caroline encerrará no início de março.   

Segundo a assessoria da Secretaria de Segurança do Estado, a partir da prisão provisória, ocorrida no último dia 31 de janeiro, “a Polícia Civil tem prazo legal de 30 dias para conclusão, podendo ser prorrogado por tempo igual, com autorização judicial”.

O delegado geral da Polícia Civil do Maranhão, Jair Paiva, disse em entrevista coletiva, realizada também no dia 31 de janeiro, que a investigação tem sido um processo “complexo, difícil”.

Um suspeito de assassinar a jovem foi preso em Maranhãozinho, o município maranhense onde o crime aconteceu. Ele foi trazido para São Luís, levado para o Complexo Penitenciário de Pedrinhas e está no chamado regime de custódia, onde espera a posição da Justiça.   

Consta que o suspeito negou a autoria do crime. E que não foram encontrados, até a coletiva do dia 31, antecedentes criminais. Uma investigação sobre o suspeito está sendo feita no Ceará, seu estado de origem.  

A Polícia Civil diz que “os indícios criminais apontam para o preso como sendo o principal e único suspeito de cometer o crime”.  A investigação, até o dia que anunciou a prisão do suspeito, ainda não indicou a motivação do crime. 

E a exumação? 

A Justiça determinou, a pedido da Polícia Civil, que fosse realizada exumação do corpo de Ana Caroline, que ocorreu no último dia 15 de janeiro. O laudo ainda não foi entregue.

A Secretaria de Segurança informou, no último dia 2 de fevereiro, que “o material coletado está sob análise, tão logo seja concluído será enviado para autoridade policial competente, compondo a peça do inquérito”.

A perícia está sendo feita em São Luís. O corpo havia sido enterrado no município de Centro do Guilherme, cidade natal da vítima. Ela foi sepultada sem os exames necessários para a investigação do crime.

Lesbofobia e repercussão!

Ana Caroline Sousa Campêlo, de apenas 21 anos, foi assassinada em 10 de dezembro de 2023, em Maranhãozinho.

Há suspeita de crime de ódio, por ela ser uma mulher lésbica. Seu corpo foi encontrado com sinais de tortura e mutilações. A crueldade chocou pessoas por todo o Brasil.

O caso gerou indignação, com mobilizações nas ruas de várias cidades do país e nas redes sociais.

O assassinato de Ana Caroline foi denunciado na Organização Nacional da Saúde (ONU); no Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania; e no Ministério da Justiça e Segurança Pública para cobrar das autoridades respostas sobre o crime.

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Suzano denunciada por questões trabalhistas e agressões ambientais

Agência Tambor – No Maranhão, trabalhadores da Suzano fazem denúncias referentes a violações sociais e ambientais, além das questões trabalhistas

A denúncia parte do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras nas indústrias de Celulose & Papel do Sul do Maranhão (Sindcelma).

Para falar sobre esse assunto, o Jornal Tambor de quinta-feira (01/01) entrevistou Anthony Dantas. Ele é presidente e fundador do Sindcelma.

(Confira abaixo a edição do Jornal Tambor, com a entrevista completa de Anthony Dantas)

Segundo Anthony, a Suzano tem descumprido uma série de direitos trabalhistas, entre eles, está a sobrecarga de trabalho, a falta de segurança para trabalhadores, a ausência de reajuste salarial e outros benefícios para seus empregados no Maranhão.

Em relação aos impactos socioambientais que a Suzano provoca, o presidente do Sindcelma falou que o sindicato busca discutir com o poder público “quais são os mecanismos que o município de Imperatriz tem feito para fiscalizar o impacto ambiental da Suzano”.

O sindicalista enfatiza que “a indústria de celulose é altamente química”.

Anthony chamou atenção para o atual quadro de funcionários da Suzano no estado. “Hoje estamos com pouco mais de 800 trabalhadores, sobrecarregados de trabalho. E recebem menos do que aqueles que atuam em outras unidades no Brasil, desempenhando a mesma função”.

O dirigente sindical disse ainda que o Sindcelma entrou como uma denúncia contra a Suzano, no Ministério Público do Trabalho. Ele falou que o sindicato vai continuar lutando por melhores condições de trabalho para a categoria.

O outro lado

A Agência Tambor entrou em contato com a Suzano (pelo e-mail suzano@planin.com) solicitando um posicionamento sobre a situação e as demandas dos trabalhadores. Leia abaixo a nota que nos foi enviada:

A companhia informa que atua com total transparência junto aos seus stakeholders, colaboradores e comunidades, e mantém rigoroso cumprimento da Legislação Trabalhista. A sua atuação no Maranhão é pautada pelo completo respeito às questões sociais, ambientais e trabalhistas, oferecendo todas as condições para garantir a saúde e segurança de seus colaboradores e do meio ambiente.

A sua unidade fabril de Imperatriz atua seguindo as melhores práticas operacionais do mercado e mantém rígido controle interno para o cumprimento das leis vigentes, seguindo os padrões exigidos pelas autoridades e órgãos regulatórios competentes. Além disso, é importante ressaltar que seus colaboradores passam por constantes treinamentos, técnicos e de segurança, para garantir que esses procedimentos sejam cumpridos.

Cabe ressaltar que a empresa cumpre integralmente as legislações ambientais e trabalhistas aplicáveis às suas atividades operacionais, tendo como premissa o desenvolvimento sustentável da região, cumprindo assim o seu compromisso com a sociedade e comunidades do entorno de suas operações.

A companhia mantém um canal de diálogo aberto e está disponível para conversar com as instituições sindicais que representam seus colaboradores.

(Confira abaixo a edição do Jornal Tambor, com a entrevista completa de Anthony Dantas)

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Sebrae Maranhão recebe seis estatuetas no “Oscar do Turismo Maranhense”

A instituição, que teve profissionais e projetos indicados em cinco categorias do Prêmio Cazumbá, foi campeã em quatro delas e teve dois gestores homenageados na cerimônia

Em uma noite na qual o protagonismo é dos agentes e das iniciativas que fizeram mais pelo Turismo no estado do Maranhão durante o ano de 2023, o Sebrae levou para casa quatro premiações e teve dois de seus gestores homenageados durante a solenidade, entre eles o presidente do Conselho Deliberativo Estadual, Celso Gonçalo. O VII Prêmio Cazumbá de Turismo e Cultura, considerado o “Oscar do Turismo Maranhense”, foi realizado nesta quarta-feira (31), em São Luís, e reconheceu pessoas, empresas, instituições e projetos mais votados em cada uma das 24 categorias contempladas, além de prestar homenagem a nomes destacados no segmento.

De maneira indireta, o Sebrae venceu na categoria “Instância de Governança/Conselho Destaque em 2023” com o Conselho Municipal de Turismo (Comtur) de São Luís, presidido pelo diretor Técnico do Sebrae no Maranhão, Mauro Borralho. Em três categorias a instituição dividiu o pódio com outras iniciativas.

Em “Turismo, Inovação e Economia Criativa” ganhou com a Rota das Emoções e seus Novos Desafios, ao lado do projeto de transformação de São Luís em Destino Turístico Inteligente (DTI), ação iniciativa do Sebrae em âmbito nacional, em parceria com o BID, no programa Turismo Futuro Brasil.

Na categoria “Projeto/Evento Cultural” é agora tricampeão com o Mobiliza SLZ, vitória compartilhada com o Roteiro Quilombo Cultural de São Luís, fruto de ações da instituição.

Já no item “Assessorias de Comunicação ligadas ao Turismo” também saiu vencedor junto à Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado do Turismo.

“O Prêmio Cazumbá amplia o seu alcance a cada ano. Temos que destacar as iniciativas que participaram desse prêmio. São vários movimentos acontecendo, que revelam o potencial turístico e a riqueza cultural do nosso estado para a geração de emprego e renda. Então parabéns a todas as instituições envolvidas nesse processo. Vamos em frente que o Turismo de São Luís e do Maranhão já está avançando, mas ainda tem muito a crescer”, avalia o diretor técnico Mauro Borralho.

Os indicados que concorreram em cada uma das 24 categorias passaram por votação pública. No total, segundo a organização do prêmio, foram contabilizados quase 600 mil votos. Além de premiar os vencedores do Turismo do ano de 2023, o Prêmio Cazumbá também homenageou personalidades e profissionais que têm somado com o desenvolvimento turístico no Maranhão. Dois deles foram o gerente da Unidade de Negócios do Sebrae em Lençóis-Munim, David Amorim, e o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae no Maranhão, Celso Gonçalo.

“Isso nos encoraja e encoraja a nossa equipe a melhorar ainda mais esse trabalho brilhante que o Sebrae faz em Turismo e Cultura em todo o estado do Maranhão, especialmente em São Luís, com vários programas na área de entretenimento, economia criativa e muitos trabalhos nesse segmento”, afirma Gonçalo.

Rota — A Rota das Emoções foi desenvolvida pelo Sebrae para incentivar o turismo nos municípios do litoral dos estados do Maranhão, Piauí e Ceará de maneira integrada. Em 2023, foi lançada a fase 2 do projeto Rota das Emoções e seus novos Desafios, uma nova etapa de um dos roteiros mais procurados por turistas nacionais e internacionais. Ela reúne os atrativos do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, do Delta do Parnaíba e do Parque Nacional de Jericoacoara, abrangendo 14 municípios e beneficiando cerca de 700 empreendedores nos três estados.

Mobiliza SLZ — De iniciativa do Sebrae Maranhão para conectar turismo, cultura e economia criativa na capital maranhense, o movimento acumula prêmios por onde passa. Em dezembro do ano passado, o Mobiliza SLZ recebeu o Prêmio SOLuíses do Ecossistema de Inovação de São Luís na categoria Inovação em Impacto Social. Em abril do mesmo ano, foi campeão da categoria Melhores Conexões Significativas, no 3º do Prêmio de Turismo Responsável da WTM Latin America. É a terceira vez consecutiva que o Mobiliza ganha destaque no Prêmio Cazumbá.

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São Luís recebeu Encontro Nacional de Comunicação Popular

Agência Tambor – Foi realizado em São Luís (MA), entre os dias 25 e 28 de janeiro, o Encontro Nacional de Comunicação Popular, promovido pela articulação Agro é Fogo.

Jaqueline Vaz, secretária executiva da articulação, avaliou o encontro de forma positiva. Ela acredita que a atividade contribuirá para “fortalecer a rede de comunicação da Agro é Fogo”.

Jaqueline explicou que “a grilagem de terras, o desmatamento e os incêndios criminosos, eixos que compõem o Agro é Fogo, estiveram no centro da atividade”.

A secretária ressaltou que um ponto positivo foi a escuta das comunidades quilombolas e indígenas presentes no evento. Na avaliação de Vaz, a atividade provocou a articulação e a busca de estratégias de comunicação para denunciar os problemas vividos.

O encontro reuniu componentes da própria articulação, com organizações, militantes, comunicadores e jornalistas de Brasília, Goiás, Tocantins, Pará, Maranhão, Ceará, Alagoas, Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo.

São pessoas, coletivos e instituições que atuam no Cerrado, Amazônia, Pantanal e Caatinga.

A atividade teve o caráter formativo, debatendo as comunicações populares e a injustiça climática, contando com realização de oficinas sobre segurança e produção de conteúdo, além da construção de edital.

Do Maranhão estiveram presentes MST, CPT, Moquibom, Agência Tambor, Acesa, SPN, Inspirar Comunicação, Rádio TV Quilombo, MAF/ UFSC e Rama Maranhão.

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Eduardo Braide não pecou sozinho nesse Carnaval

Todo mundo sabe como acontecem as operações financeiras no Carnaval e no São João, há tempos, em quase todas as gestões em São Luís, com raras exceções.

Mas, atipicamente, uma lente de aumento visualizou as ações do prefeito Eduardo Braide, tão pecador quando seus antecessores.

Mas, por que Braide? E por que agora, no ano da eleição?

Por que a gestão de Edivaldo Holanda Junior na Cultura e na Educação não teve a mesma vigilância?

A resposta é simples: as obras e a visibilidade do prefeito Eduardo Braide nas redes sociais foram aos poucos construindo uma expectativa de reeleição.

E muito mais que isso: Braide passou a ser visto como virtual candidato a governador do Maranhão, em 2026, fora dos planos do Palácio dos Leões.

Jovem e ambicioso, com obras e forte presença na mídia, o prefeito passou a ser uma ameaça aos adversários já acomodados no grupo controlador do Governo do Estado.

É bem aí que a gente entende a cobertura de uma parte dos meios de comunicação, liderada pelo Sistema Mirante (leia-se Fernando Sarney), sobre as escolas precárias e o carnaval corrompido na atual gestão.

Isso não acontece apenas porque as instituições, incluindo a mídia, querem zelar pelo erário.

Há outros interesses profundos nesse contexto. O maior deles é a eleição para o Governo do Estado, em 2026. O prefeito, mexendo nos retornos de São Luís, pavimenta uma pista para alçar vôo ao Palácio dos Leões.

Por isso, nesse momento, Braide sofre um bombardeio.

Essa é a leitura de agora, mas tudo pode mudar. Afinal, as famílias tradicionais e a esquerda pragmática sabem se entender e organizar os interesses a qualquer tempo.

Diante do bombardeio, o prefeito está apenas ferido, mas segue na batalha. Ele pode até dar um cavalo de pau na capa de asfalto “novo” despejado nas avenidas da cidade.

Morto mesmo está o povo, atropelado faz tempo pelas velhas práticas que se repetem ad infinitum no Maranhão.

Imagem destacada: o prefeito Eduardo Braide e a esposa Graziela Braide, em cerimônia religiosa do Círio de Nazaré, no Cohatrac. Foto: Secom / Prefeitura de São Luís

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Precisamos mesmo falar do Futuro?

Por Lícia da Hora, professora do Curso de Artes Visuais do IFMA.

Fotografia: Adson Carvalho

O mês de dezembro parecia não terminar. Já contava dia 29, sexta-feira. Estava à procura do livro recém-lançado de Dyl Pires, Ninguém Quer o Futuro. Cheguei, no final da tarde, ao charmoso “Sebo e Bar” do Chico Discos. Fui recebida com acolhimento naquele local que resiste no Centro Histórico. Ali a Cidade não deixou de ser, ela é. O espaço tem uma elegância peculiar, cuja riqueza maior não está nos frequentadores, mas na figura singular do Chico, que recepciona com seu sorriso tímido e olhar atento os clientes e amigos que ali chegam à procura de música, leitura e boa conversa.

Fui informada por uma amiga que naquele lugar estariam dois exemplares do livro de Dyl. Comprei os dois. No dia seguinte, os dois livros estavam comigo na Praia do Olho D`Água. Sentada à mesa, comecei a ler primeiro a parte final do livro, em que o autor anuncia a sua biografia. Li com tristeza: Eldimir Faustino da Silva Junior decidiu parar com as atividades da escrita e do teatro há três anos. Nas palavras do autor, tornou-se um “desartista”.

Antes de avançar sobre os poemas e mergulhar no conteúdo sobre o Futuro que estava lançado ali, quis entender o que é ser um “desartista”, pois esta palavra me inquietou. Minha amiga que me acompanhava naquela tarde é muito generosa e atuante na área da Cultura, teve a paciência de dialogar comigo que sou professora por ofício, mas também uma pessoa curiosa e que adora aprender. Pedi a ela que me falasse mais sobre o que é o ofício de ser artista em um país que dá ibope para qualquer subcelebridade e escarra em louça portuguesa seus artistas.

Nos lançamos a falar sobre a realidade de ser artista no Maranhão. E lá fui eu escutar a voz política do admirável artista Beto Ehong, de quem sou fã, num vídeo que viralizou ao final de dezembro: uma crítica potente e necessária no apagar das luzes de Natal. Beto realizou críticas a Carlos Brandão e Eduardo Braide por atrasos no pagamento das atrações culturais, pois, o Governo do Estado do Maranhão e a Prefeitura Municipal de São Luís estão em débito com os artistas. Beto não economizou críticas a Flávio Dino e à ausência de políticas culturais mais produtivas e transparentes durante o tempo de sua gestão.

Voltei ao termo “desartista” e entendi que o anúncio de Dyl estava presente em Beto Ehong e em tantos outros artistas que adoramos acompanhar o trabalho nesta cidade e neste país. No poema Jornada, Dyl apresenta-se como se fosse ele mesmo, despido em cansaço. Ele parece ali dialogar diretamente comigo que queria entender o porquê de ele ser um “desartista”.

Na infância fui poeta

Na juventude um palhaço

Na vida adulta fui ator

Na velhice um faquir

A vida é hipnose

Vivo num país historicamente organizado pela

                                                               esperança

Notável especialista em começar do zero

(Dyl Pires, Ninguém Quer o Futuro)

E foi assim que adentrei a leitura de sua poesia. Não é um texto fácil de ser lido, ele te petrifica nas primeiras páginas. O ar poluído da cidade de São Luís nos asfixia junto com a poesia de Dyl. Morremos lentamente. Sua poesia nos diz sem rodeios, morremos lentamente e de uma forma esquisita numa “estranha época”. Dyl nos lembra o que muitos teimam em querer esquecer, como se tudo tivesse sido conto de ficção, rememorando a realidade e o vazio da vida na pandemia.

 “estranha época de mortes caudalosas e lives que crescem como mato alto sobre túmulo” (Dyl Pires, Ninguém Quer o Futuro).

É curioso que, mesmo que eu ainda não tivesse o interesse em refletir sobre a conexão das duas obras, a de Celso e a de Dyl, fui provocada a fazer, pois li as duas na mesma semana. A primeira dentro de casa tirando a poeira de livros; a segunda com os pés na areia olhando o horizonte. Que horizonte nos reserva o Futuro? É a questão inquietante que atravessa estas obras, cada uma a sua maneira e forma peculiar. Os dois poetas falam das angústias da vida em cidades abandonadas, vazias, e, ao mesmo tempo, querem encontrar algum rastro de beleza.

Dyl escreve de São Paulo. É nítido o barulho daquela cidade na sua escrita, não somente o barulho, mas também o vazio que ela produz nas pessoas que ali vivem e nas que não vivem. Mas não necessariamente é somente o vazio de São Paulo que nos toca o poeta, sua escrita também alcança São Luís. É o vazio dentro da gente em qualquer experiência nas cidades. É do que enche, transborda, esvazia e corre na cidade da alma. Deixo a seguir um trechinho do poema Distância.

toda vez que retorno

 a cidade está mais vazia

 [   ]

quem nela vive só não percebe

toda essa dimensão

porque também está

na ordem do esvaziamento

assim como quem

a enxerga de longe

(Dyl Pires, Ninguém Quer o Futuro)

A obra de Dyl nos provoca a refletir profundamente a existência neste mundo empobrecido e distópico. Na aceleração dos corpos frágeis pela cidade que se tocam e se repelem, que rastros ficam? O que perece nos fragmentos do corpo que vaga no tempo produtivo da cidade? Estamos correndo desorientados e desamparados no tempo de um mundo com relógios por toda parte, mas “pobre de experiências” como nos lembra mais uma vez Walter Benjamin.

Caminhamos apressadamente pela cidade e fingimos não ver a miséria humanitária e a opulência do agronegócio. Talvez fingir não seja a palavra adequada, mas como nos joga na cara o Poeta:

O ridículo de todos os dias é que dá olhos de ver (Dyl Pires, Ninguém Quer o Futuro)

Não queremos ver, não queremos sentir, não temos tempo na pobreza destes tempos de aguçar os sentidos para enxergar a catástrofe do rio que corre em direção ao Futuro que nos mata de sede. E o poeta está lá com os dedos sobre nossas pálpebras nos abrindo os olhos:

O fim está

Entrando na gente

No momento que olho para o horizonte

e vejo doze navios ancorados (Dyl Pires, Ninguém Quer o Futuro)

O que sobra, afinal? A resposta tem ironia, sarcasmo e a miséria de uma época que se anuncia ridícula.

“E agora, em nossa Era, foi-se o riso e ficaram as piadas” (Dyl Pires, Ninguém Quer o Futuro)

Celso gritou: A cidade já era!

Dyl falou: O poema já era!

O que querem estes dois poetas nos alardeando sobre o Futuro? São dois apocalípticos? Profetizam o fim dos tempos? Eles pretendem nos acelerar ao Futuro ou nos desapressar no presente? Nos pedem para ver o horizonte do futuro no passado? Querem de nós as lições do passado? De que tempo afinal eles nos falam?

Que lucidez poética é esta que rasga a carne da gente que só quer seguir festejando e fingindo que vivemos um Tempo Novo a cada ano que se segue? Por que estes dois poetas não me deixaram dormir na aparência da beleza da virada do tempo? Eu só queria serpentinas para dançar e uva passas na comida. Mas me serviram a lembrança daquela taça que Danilo Serejo nos disse: O brinde de vocês tem nosso sangue.

O que a gente faz para deixar de ser bebido?

O que separa o Futuro na Poesia de Celso de 2013 do Futuro na Poesia de Dyl de 2023? O que significa para nós uma década?

Não tenho pretensões de respostas. Mas os Artistas maranhenses estão nas ruas desde o dia 3 de janeiro de 2024 cobrando o que lhes é de direito. Demarcam seus corpos políticos nos espaços dos podres poderes que querem lhes beber inteiros.

Eu respirei. Conclui a leitura, mas não as reflexões. Olhei para o horizonte em direção ao mar da Praia do Olho D`Água. Avistei doze navios ancorados aguardando serem atracados no Porto da Vale, empresa multinacional que nos tirou o ar, o mar, o rio, o riso, a vida, nos tirou Dona Maria Máxima.

Eu queria só falar da poesia neste texto, mas nem mesmo estes dois poetas conseguiram tal façanha. Eles nos mostram o quanto a poesia é também literatura, sociedade, arte, história, política, formas da atividade humana. Poesia é residual.

Encerro meus escritos por aqui com um trecho do poema O pequeno diálogo no meio da tarde. Ele me tocou de um jeito bonito, como de alguém que procura vestígios de Beleza na Feiúra dos tempos:

– Se você quer apalpar a Beleza, se ponha entre. (Dyl Pires, Ninguém Quer o Futuro)

Referências:

Borges, Celso. O Futuro Tem Coração Antigo. São Luís, Editora Pitomba, 2013.

Pires, Dyl. Ninguém quer o futuro. São Paulo, Editora Urutau, 2023.

Adson Carvalho é fotógrafo, graduado em Artes Visuais (IFMA) e Ciências Sociais (UFMA). Atualmente é estudante do Mestrado em Ciências Sociais (PPGCSoc-UFMA). Tem se destacado com pesquisas e exposições na área da fotografia. Realiza parceria com Lícia da Hora entre as poéticas de Escritos e Imagens.

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Precisamos falar do Futuro?

Por Lícia da Hora, professora do Curso de Artes Visuais do IFMA.

Imagem: Adson Carvalho

Ele está logo ali…Ou ele está aqui nos devorando a carne, a alegria, a esperança, a lucidez, nos bebendo inteiro, preso nas amarras do passado?!

As reflexões poéticas e políticas que compartilho neste texto derivam do livro O Futuro tem o Coração Antigo, do poeta Celso Borges. No final do ano de 2023, entre arrumações de estantes e da vida no dia 28 de dezembro, deparei-me com esta obra e com a memória deste homem querido que fazia parcerias de um extremo a outro desta Ilha. O livro é do ano de 2013, e relê-lo dez anos depois trouxe uma saudade enorme de ver Celso caminhando pela cidade.

O livro é o reencontro de Celso recém-chegado de São Paulo, com Celso da infância, da adolescência, da juventude, da rua da Paz, retornando anos depois para a capital maranhense. A cidade de Celso Borges está sempre abandonada, ainda que alguns teimem em pintá-la de cidade com tradições francesas. Mas a cidade na memória do poeta resistiu nos limites do tempo. Penso que ele conseguiu, no melhor estilo benjaminiano, entender como passado e futuro coexistem.

Celso caminha, nesta obra, como um flâneur, rompendo o tempo e adentrando as ruas. Buscando as mudanças ocorridas na cidade histórica, ele caminha descendo a praça Deodoro, avançando para a rua da Paz onde nasceu, disputando agora na fase adulta o espaço das estreitas calçadas com uma enorme quantidade de carros que antes não existiam nos tempos do Celso menino.

O poeta desce a rua buscando as pessoas pela cidade e a cidade que está nas pessoas, servindo-se dela e criando sua estética a partir da experiência. A caminhada lhe desperta a memória de menino, mas também as lembranças que deixou para trás, antes de ir para São Paulo. Assim, ele vai construindo sua poesia. Ao poeta interessa alcançar a próxima esquina, chegar à praça João Lisboa, acompanhar a revoada dos pombos e o despertar do relógio do Largo do Carmo que resistiu ao tempo. Ele para neste lugar, sente a cidade, o coração da cidade. Inquieta-se até a próxima esquina e, enfim, chega à rua Afonso Pena, para encontrar as pessoas e a cidade que ele desejava enxergar naquele dia.

O poeta chega ao Instituto Federal do Maranhão, ao IFMA Campus Centro Histórico, no ano de 2013, onde funciona até hoje o Curso Técnico em Artes Visuais integrado ao Ensino Médio. Lá encontra no Laboratório de Fotografia, Carlos Eduardo Cordeiro, mais conhecido como Edu, um cara apaixonado por fotografias e pela história das fotografias que ao poeta aguardava. Edu forneceu ao poeta um acervo de imagens fotográficas produzidas pelos jovens estudantes através da técnica Pinhole. O próprio Celso fez sua seleção cuidadosamente, quis as imagens mais borradas. 

Pinhole é uma antiga técnica fotográfica artesanal, na qual se utilizam câmeras fotográficas produzidas com latas de alumínio, agulha, tinta preta fosca, papel alumínio, papel fotográfico e fita isolante. O poeta foi certeiro, queria a imagem pelo orifício da Pinhole para observar o coração da capital maranhense: o Centro Antigo. Porém, ele quis os olhares que cresciam sobre o futuro. Foi sob a visão dos jovens que produziram as inúmeras fotografias que Celso Borges selecionou as imagens para seu livro de poesias.

Na primeira parte do livro, Celso parece buscar a beleza que resiste no Centro da cidade histórica, apesar de também evidenciar os podres poderes que insistem em permanecer nas cadeiras do palácio. O que resiste de beleza está nas pessoas, nos animais, nos sabiás, nos curiós, bentivis, andorinhas, nos poemas, na natureza, nos enigmas, nas tradições e memórias, nas esquinas das arquiteturas, no patrimônio esquecido pelos homens que formulam as políticas públicas. Só o olhar de um poeta encantado pelo Centro é capaz de ver na mal conservada Fonte do Ribeirão um divisor de classes e de cultura, entre a riqueza da cidade antiga e a pobreza da elite da cidade nova que se ergueu no Renascença.

“O futuro tem coração antigo

porque a fonte do ribeirão nunca vai secar

e os condomínios do renascença morrem de medo”  (Celso Borges, O Futuro tem o Coração Antigo)

Na segunda parte do livro, Celso mostra a decadência, a morte, o desencanto, o esgoto que corre em direção ao mar, o vazio da cidade na pobreza do futuro e o alarde apressado do tempo. “- Como se sabe que o tempo passou?”, pergunta o poeta. “- A cidade já era!”, grita Celso nas entrelinhas. Que triste constatação. Parece que os barões sentados nos palácios nos jogam na cara. A cidade já era mesmo, vocês não estão vendo?! Será que a morte de Dona Maria Máxima Pires (liderança da Zona Rural, da Comunidade de Rio dos Cachorros), ocorrida no dia 13/12/2023, por câncer de pulmão, reflexo da poluição do ar por emissão de poluentes industriais e da calamidade ambiental que vivemos na capital não grita sob nossos olhos? A cidade já era, e nós também, morremos sufocados pelo ar ou engasgados pela água suja e fétida.

A cidade já era toda vez que tentam expurgar os negros de suas culturas e de seus territórios da capital, que aparentemente propagandeia inclusão da diversidade. A cidade já era toda vez que quebram Iemanjá na Praia do Olho D’água, expressando o mais vil racismo religioso, que se apazigua sob um verniz de resistência com recursos da Vale, inaugurando no Centro Histórico o Monumento à Diáspora Africana no Maranhão no mês de novembro. O que resiste no Centro consegue viver na periferia e na zona rural da capital? O que sobra depois da festa?

“A fratura está exposta o osso é duro de roer” (Celso Borges, O Futuro tem o Coração Antigo)

Em todo o Maranhão enfileirou-se um luto de lideranças camponesas. Somos o primeiro estado do Brasil em violência e mortes no campo, este dado queima sob nossos olhos.

Para ampliar e aprofundar o quadro de desigualdade social, em 19 de dezembro de 2023 foi sancionada, pelo governador Carlos Brandão (PSB), a Lei 12.169/2023 (Lei da Grilagem), que, entre outras medidas, proíbe a regularização fundiária de comunidades tradicionais, quilombolas e quebradeiras de coco. Em pleno mês de dezembro, sob nossos olhos? Muitos dos advogados que atuam na área de direitos humanos não descansaram em realizar denúncias sobre a festa que se fazia na casa grande, com espumante de nosso sangue.

Estava lendo o livro de Celso quando me veio a frase disparada pelo advogado Danilo Serejo, que atua em territórios quilombolas do município de Alcântara, em um texto denúncia: “O coronelismo retomou o poder pelas mãos do socialismo. O futuro é o passado”. Fiquei intrigada com a flecha que a frase de Serejo me lançara para um diálogo entre os textos. Serejo referia-se mais especificamente à atual conjuntura política no Maranhão: o coronelismo, que sempre esteve no poder, manteve-se pelas mãos do socialismo. A experiência do Partido Socialista Brasileiro (PSB) no Maranhão tem demonstrado que ficou apenas no campo do discurso a tal ruptura com estruturas de uma velha e corrupta política, que não apenas conserva, mas aumenta as condições de miséria para muitas pessoas, ampliando as condições de acúmulo da riqueza para poucos. Quanto do passado precisa morrer para que o futuro possa surgir? O quanto do passado precisa viver para resistirmos ao futuro? De qual ideia de futuro estamos falando?

Minha intenção não é comentar a obra de Celso dez anos depois de sua publicação, apesar de fazê-lo em alguma medida. Minha principal intenção é a de socializar como ela me tocou no mês de dezembro, mês que nos deixa mais reflexivos sobre o porvir, sobre os planos para o futuro, sobre as mudanças do que podemos fazer. Peguei o livro pelo chamado do título Futuro e pela sensibilidade do Coração, encontrei-o arrumando a casa, as estantes, tecendo rituais de chegada do novo ano.

Em Walter Benjamin, passado e futuro convivem na força motriz do agora. Para ele, o futuro não trata das gerações que não nasceram, mas refere-se às gerações que refletem tanto sobre aquilo que ‘herdaram’ quanto ao que estão por deixar como legado, no combate das forças do passado e do “tempo-de-agora”. Para Benjamin, tanto o passado quanto o futuro são iluminados pelas disputas que emergem no presente. O que nos é possível nesses combates? Continuei com as reflexões poéticas e não menos históricas e políticas sobre a virada do tempo, do ano, dos dias, das noites ou a permanência de suas lembranças.

Não finalizo aqui minhas reflexões sobre o Futuro de 2013, que reverbera em 2023. Precisei buscar a leitura de outro poeta, Dyl Pires, Ninguém quer o Futuro. Levei-o para a Praia do Olho D´água, a Praia que tanto Celso gostava e que eu vivi parte da minha adolescência. Foi naquela praia que continuei a pensar sobre o Futuro. Mas mais sobre isso no próximo texto.

Referências:

BENJAMIN, W. Sobre o conceito de história. In: Magia e técnica, arte e política – Obras escolhidas; v. 1. São Paulo: Brasiliense, 1987.

Borges, Celso. O Futuro Tem o Coração Antigo. São Luís, Editora Pitomba, 2013.

Pires, Dyl. Ninguém quer o futuro. São Paulo, Editora Urutau, 2023.

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Violência contra jornalistas no Brasil cai, mas cerceamento judicial preocupa

Federação Nacional dos Jornalistas destaca queda de quase 52% no total de episódios, mas destaca crescimento de 92,31% nos casos de cerceamento ao exercício profissional por meio de ações judiciais

Após um crescimento sem precedentes nos últimos anos, o número de casos de violência contra jornalistas voltou a cair em 2023. O relatório Violência Contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) mostra que, no ano passado, foram registrados 181 casos, o que representa uma queda de 51,86% em comparação ao 376 de 2022.

No entanto, para a presidenta da entidade, Samira de Castro, a realidade cotidiana do trabalho dos jornalistas no Brasil permanece preocupante. “As agressões à categoria e ao Jornalismo continuam e, em determinadas categorias de violência, até cresceram significativamente em 2023, quando comparadas ao ano anterior”, afirmou a dirigente sindical,  durante lançamento do relatório, realizado nesta quinta-feira (25/01), na sede do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro (SJMRJ).

Samira de Castro destacou que, apesar da redução em números absolutos, a violência contra jornalistas no país está no mesmo patamar de 2013, quando aconteceram as jornadas de junho e houve uma explosão das violações a atividade jornalística no Brasil, a partir da cobertura dos atos de rua.

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MST quarenta anos! Filho de assentamento no Maranhão fala do processo e dos compromissos

Agência Tambor – O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) completou 40 anos de lutas. A organização foi fundada no dia 22 de janeiro de 1984, no município de Cascavel, no Paraná. Atualmente o MST está organizado em 24 estados, com 400 mil famílias assentadas.

O maranhense Aldenir Gomes, dirigente nacional do MST, diz que a organização tem um compromisso com a classe trabalhadora, tanto do campo, como da cidade, além de lutar pela transformação social, por condições de vida digna dos trabalhadores e das trabalhadoras”.

Aldenir falou do compromisso ético e histórico de contribuir com o processo de emancipação da classe trabalhadora e “de romper com as amarras e com as estruturas que estão postas”, pontuou.

Foto: Gilvan Oliveira / MST

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