21 de setembro é o Dia Estadual do Ouvinte de Rádio no Maranhão, instituído pela Lei nº 8.925, publicada no Diário Oficial do Estado em 12 de janeiro de 2009, sancionada pelo então governador Jackson Lago.
A criação da efeméride foi uma iniciativa da Sociedade dos Ouvintes Maranhenses de Rádio (Somar), na gestão do saudoso João Carlos Silva Gomes.
O projeto que instituiu a data foi apresentado pelo deputado estadual Pavão Filho.
De acordo com a justificativa, no Dia Estadual do Ouvinte de Rádio o Governo do Maranhão, através da Secretaria de Estado de Comunicação Social, em parceria com entidades representativas da categoria, deve promover círculos de debates, fóruns, seminários, entre outras atividades.
Quem está na foto?
A imagem ilustrativa é dos familiares e vizinhos do servidor da Caema e ativista socioambiental Marcos Silva (ex-PSTU).
O registro é de 1969, no povoado Baixa da Negra, em Buriti Corrente, no município de Caxias, região leste do Maranhão.
O pai e a mãe de Marcos Silva seguram filhos no colo.
Já Marcos Silva, à época com 3 anos de idade, está sentado no banquinho segurando um aparelho de rádio.
Os demais são vizinhos.
A magia do rádio, ainda vivo em outras mídias sonoras (podcast por exemplo), está na memória e nas atualizações das diversas formas de consumir os meios de comunicação.
Nesse programa especial para celebrar o Dia do Radialista registramos as referências históricas da efeméride.
A primeira alusiva à instituição do piso salarial da categoria, pelo então presidente Getúlio Vargas, em 1943.
E a segunda em referência ao nascimento do músico, radialista e locutor esportivo Ary Barroso, em 1903.
Homenageamos especialmente todos e todas os(as) profissionais do rádio, os comunicadores e as comunicadoras das emissoras comunitárias e as mulheres radialistas.
Mas a grande homenagem é para a audiência. Independente da data, o ouvinte “faz” o rádio todos os dias.
Abril despedaçado no rádio do Maranhão. Em 21.04.2020 faleceu Roberto Fernandes. Pouco mais de um ano depois (28.04.2021) perdemos Carlos Henrique, o popular “Galinho Maravilha”. Ambos tombaram na batalha contra a covid19.
O sentido da perda é coletivo. Familiares, amigos, colegas de profissão, pesquisadores e a imensa audiência ficaram órfãos de duas vozes marcantes na comunicação de massa.
O “Programa do Galinho” foi uma das experiências mais longevas no rádio com o mesmo apresentador – Carlos Henrique – atuando durante 50 anos na rádio Educadora AM 560 Khz.
Em meio século, das 6h às 7h da manhã, ele comandou um programa preservando quase todas as características do rádio antigo: música, recados e avisos para os ouvintes espalhados pelo Maranhão afora, utilidade pública e umas pitadas de humor.
Carlos Henrique manteve sua audiência fiel ao longo de toda uma vida. Qual o segredo de tanto sucesso? Muitos fatores podem ser listados, mas um deles era perceptível: a linguagem simples. Galinho conversava com seus ouvintes. Era espontâneo. Só isso.
Roda Viva e Ponto Final
Roberto Fernandes tinha uma carreira profissional consolidada no Jornalismo. Ele foi um dos criadores do formado de programa radiofônico aberto à participação dos ouvintes, quando ainda trabalhava na rádio Educadora AM, onde passou longa temporada ancorando o “Roda Viva”, antes de mudar para a Mirante AM.
Na época, a mudança de emissora foi motivo de comoção por parte da audiência. Muitos ouvintes chegaram a cogitar que Roberto Fernandes não teria a mesma liberdade editorial se trocasse a emissora católica progressista pela rádio sob controle da oligarquia liderada por José Sarney.
Mas Roberto soube manter equilíbrio profissional e brilhou também como âncora no “Ponto Final”, onde a sua voz ficou eternizada na crônica diária denominada “Mensagem do Dia”, transformada em podcast e exibida atualmente na abertura do programa.
Silêncio e migração
As partidas de Carlos Henrique (78 anos) e Roberto Fernandes (61 anos) ocorrem no curso de novas transformações no rádio. Os locutores emblemáticos estão indo embora junto com as emissoras AM, em fase de migração para a FM.
Das seis AM outrora sediadas em São Luís (Educadora 560 Khz, Mirante 600 Khz, Difusora 680 Khz, Capital 1180 Khz, Timbira 1290 Khz e São Luís 1340 Khz) restam apenas três: Educadora, Mirante e Timbira.
A Difusora migrou para a Nova FM e a São Luís agora é Massa FM. A rádio Capital foi desativada após a destruição dos transmissores.
Alô! Alô! Bom dia! Um aviso pro interior No programa do “Galinho” Carlos Henrique anunciou Me traz um cavalo com cela e outro na cangalha Pra levar a carga Que a Turma do Saco mandou.
A letra dessa música traduz o papel fundamental do rádio na integração geográfica e afetiva da sua audiência. Nos anos 1960 e 70, quando muitas pessoas saíram do continente para morar em São Luís, em busca de trabalho ou formação profissional, uma das formas de “falar” com os parentes do interior era através do rádio, por meio de recados, cartas e avisos locutados nas vozes das “lendas” como Roberto Fernandes e Carlos Henrique.
Daqui a alguns anos o rádio AM ficará apenas na memória dos seus protagonistas. A migração é uma realidade como tantas outras mudanças processadas nas comunicações ao longo do tempo.
No entanto, o rádio vai sobreviver de outras formas. Ele não morre, apenas muda, faz adaptações e ressignificações, incorpora as novas tecnologias e segue em frente.