Categorias
notícia

O que dizem as urnas

O resultado das eleições municipais aponta um forte crescimento da direita e da extrema direita no Brasil.

Não adianta colocar maquiagem na realidade, dizendo que o PT “obteve importantes vitórias”. Esse tipo de avaliação só prejudica.

A matemática crua é da multiplicação das forças conservadoras e de desidratação do campo democrático-popular.

Esse é o diagnóstico. Agora, cabe aos setores progressistas analisar a conjuntura, fazer a crítica necessária, recompor e modificar os seus métodos e trabalhar dia e noite para a reeleição de Lula em 2026.

Se não for Lula, que seja Fernando Haddad ou Flávio Dino.

Vamos em frente que o jogo é bruto.

Categorias
notícia

Trem da Vale continua causando mortes no Maranhão

Agência Tambor – As tragédias humanas e ambientais provocadas pela Vale ao longo dos anos são muitas. Entre os casos mais graves estão o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em 2015, e o rompimento da barragem da Mina do Feijão, em Brumadinho (MG), em 2019.

Esses são apenas alguns exemplos em meio a vários. Devido ao histórico negativo da Vale em relação a crimes socioambientais, a mineradora foi eleita, em 2012, a pior empresa do mundo em termos de direitos humanos e meio ambiente, pelo Prêmio Public Eye. Essa premiação é realizada desde 2000 pelas ONGs Greenpeace e Declaração de Berna.

No Maranhão, a Vale continua sendo responsável por tragédias. Uma mulher de 56 anos, identificada como Divina Miranda, morreu após ser atropelada por um trem da Vale na Estrada de Ferro Carajás, no ultimo dia 20 de outubro, no município de Bom Jesus das Selvas.

Após mais essa tragédia inaceitável envolvendo a empresa, a comunidade fechou a ferrovia e realizou protestos. A Associação Justiça Nos Trilhos e os moradores exigem justiça.

O Jornal Tambor de quinta-feira, 24 de outubro, entrevistou Morgana Meirellys, advogada popular e integrante do núcleo jurídico da Associação Justiça Nos Trilhos.

(Veja, ao final do texto, a íntegra da entrevista).

Segundo Morgana, o Justiça Nos Trilhos acompanhará e denunciará todas as violações cometidas pela Vale para que a empresa seja responsabilizada por esse crime.

“Além disso, vamos analisar como está a relação da mineradora com o território, se há previsão de implementação de estruturas de segurança, por exemplo, e se a empresa deixou de cumprir essas obrigações. Vamos exigir isso da Vale”, ressaltou a advogada.

Ela explicou que, devido à instalação da Estrada de Ferro Carajás, que afeta diretamente mais de 100 comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas, gerando inúmeras violações socioambientais, a Vale precisa se responsabilizar pela implementação de medidas de segurança.

“De acordo com o contrato de prorrogação de concessão, a empresa é obrigada a criar viadutos rodoviários, passarelas para pedestres e vedar a faixa de domínio, para garantir a segurança e o direito de ir e vir dos moradores de Bom Jesus das Selvas”, esclareceu Morgana.

A advogada reforçou que a tragédia que tirou a vida de Divina foi resultado da negligência da empresa, que não cumpriu sua obrigação de priorizar a segurança da comunidade. “A mineradora descumpriu as medidas de segurança, e agora cabe à empresa reparar esse descumprimento judicialmente”, completou a integrante do Justiça Nos Trilhos.

O outro lado

Agência Tambor entrou em contato com a Vale por e-mail e aguarda uma posição da empresa diante de mais esta tragédia. Assim que houver um retorno, nós atualizaremos o texto.

(Confira abaixo a edição do Jornal Tambor com a entrevista completa de Morgana Meirellys)

Categorias
notícia

Comitê no Maranhão trabalhará pelo direito à cultura

Agência Tambor – O Comitê de Cultura do Maranhão atuará em 23 municípios, promovendo formação e ações voltadas à elaboração de políticas públicas culturais efetivas nos territórios.

Lançado em 18 de outubro, no quilombo urbano da Liberdade, em São Luís, o Comitê é formado pela organização da sociedade civil celebrante, Instituto Maranhão Sustentável (IMA), e pelas OSCs executantes: Tenda Espírita de Umbanda e Cultos Afros Brasileiros Yle Axé de Oxosse, Oxum (Codó), e a Associação Junina Turma de São João Batista – Boi da Floresta do Mestre Apolônio (São Luís).

As áreas de atuação definidas em Plano de Trabalho pelo Comitê, aprovado por Chamada Pública, incluem as cidades de São Luís, Alcântara, Bacabeira, Cachoeira Grande, Icatu, Morros, Paço do Lumiar, Presidente Juscelino, Raposa, Rosário, Santa Rita e São José de Ribamar, além de Codó, Coroatá, Peritoró, Timbiras, Godofredo Viana, Carutapera, Cândido Mendes, Junco do Maranhão e Centro do Guilherme.

O Jornal Tambor, na edição de quinta-feira, dia 25 de outubro, entrevistou Ìyá Jô Brandão e Nadir Cruz.

Ìyá Jô é coordenadora geral do Comitê de Cultura do Maranhão, e Nadir é coordenadora executiva da OSC executante do Comitê de Cultura Boi da Floresta.

Leia mais na Agência Tambor

Categorias
notícia

Braide acelera a campanha para governador

O prefeito reeleito de São Luís, Eduardo Braide, colocou o pé na estrada rumo ao Palácio dos Leões.

Em Imperatriz, segundo colégio eleitoral do Maranhão, o prefeito faz campanha para a candidata bolsonarista Mariana Carvalho, em segundo lugar nas pesquisas.

A desenvoltura do prefeito preocupa os adversários e alguns já pensam até em aliança, considerando o sucesso eleitoral do gestor da capital.

Muitas peças estão sendo mexidas no xadrez de 2026 e o resultado vai depender das variáveis e dos cenários:

1 – O governador Carlos Brandão é candidato a senador e entrega o cargo para o vice Felipe Camarão, fazendo a transição pacífica;

2 – O governador Carlos Brandão rompe com Felipe Camarão e lança um candidato do Palácio dos Leões;

Este segundo cenário é favorável a Eduardo Braide, que pode entrar na disputa “correndo por fora”, alimentando um discurso de negação do grupo que comanda o governo, caso saia dividido.

O racha no campo governamental é a variável que mais agrada Braide.

Categorias
notícia

Ocupação no Incra: quilombolas do Maranhão exigem regularização fundiária

Fonte: CNBB Nordeste 5 – O Movimento Quilombola do Maranhão (Moquibom) intensifica a pressão sobre o Incra para agilizar a regularização fundiária de mais de 400 comunidades. Em manifestação realizada desde segunda-feira (21), quilombolas e camponeses cobram a conclusão dos processos que tramitam há anos no órgão federal.

A morosidade na regularização fundiária tem gerado conflitos no campo, onde o avanço do agronegócio e a especulação imobiliária pressionam os povos tradicionais. Desde 2014, apenas três processos de titulação foram concluídos, enquanto mais de mil comunidades aguardam seus direitos.

Em consequência dessa situação, a violência tem se intensificado nos últimos meses, agravando as ameaças e despejos.

Embora o governo federal tenha assegurado direitos para algumas áreas tradicionais quilombolas, no Maranhão, desde setembro, outras comunidades enfrentaram ordem de despejo em seus territórios no mesmo período.

Em nota, o Moquibom denuncia a ineficiência do Incra e exige celeridade nos processos.

Leia mais aqui

Categorias
notícia

Sesc realiza a 1ª Semana Nacional do Livro e da Biblioteca

A indígena guajajara Aliã Wamiri (imagem) é uma das palestrantes no evento

Valorizar o conhecimento e contribuir para o enriquecimento da experiência literária, esse é o objetivo da 1ª Semana Nacional do Livro e da Biblioteca. Realizada de 23 a 25 de outubro, a rica programação formativa e cultural acontece no Sesc Deodoro e inclui exposições literárias, mesa redonda, oficina, lançamento coletivo de livros e performance artística. O evento é gratuito e aberto ao público.

Serão três dias voltados para o incentivo à leitura, além de destacar o papel essencial das bibliotecas como espaços de acesso à informação, educação e cultura, visando fortalecer a ideia de que leitura é um direito de todos.

Na abertura do evento, dia 23 de outubro, no Cinema do Sesc Deodoro, a Performance artística “Y`: desenhando a sabedoria Guajajara” realizada por Aliã Wamiri (Índígena Guajajara, cacica da Aldeia Ukait, arte educadora e coordenadora da Educação Escolar Indígena – Seduc/PI), seguida de Mesa Redonda com a temática “Bibliotecas antiracistas: formando leitores críticos”.

No dia 24, às 18h, está agendado um lançamento coletivo de livros com os autores Zeca Melo (O Elefante de Pernas Tortas), Amanda Amorim (As Entranhas do Meu Ser), Luzinete Silva (Eu, Ela e Todas Nós), Ray Brandão (Penélope: uma odisseia interior), Joizacawpy Costa (Embalos Infantis), Maura Luza (Era uma vez uma Mamãe Rolinha), Ernesto Dias (Poesias Brasileiras de Combate).

Para a programação de encerramento no dia 25, das 17h às 20h, uma vasta programação que une literatura, gastronomia, música e poesia. No Sarau Literário, com a “Exposição Sabores Literários, o público poderá degustar alguns quitutes que são citadas em obras literárias, um convite para conhecer o livro, uma vez que comida é história. Acompanhando os pratos serão disponibilizados minitextos com informações e curiosidades sobre os pratos no contexto das obras literárias. A “Premiação Leitor Top” é voltada ao incentivo à leitura e visita na biblioteca, um reconhecimento ao cliente (adulto e infantil) que mais realizou empréstimo de livros literários no decorrer do ano. A “Apresentação musical” fica por conta de Walter Rodrigo (flautista e saxofonista).  

Oficina

oficina “Diálogos Da Aldeia: Construindo Saberes Interculturais, Etnoeducacionais E Antirracistas”, ministrada por Aliã Wamiri/PI, visa promover um espaço de trocas de saberes, discussões e reflexões sobre diversas manifestações culturais e práticas educativas, focado na cultura indígena como integrante do processo de formação do nosso país. Na oficina ministrará orientações e encaminhamentos didático-metodológicos que apoiarão o educador e o agente cultural para uma aprendizagem que favoreça a construção de saberes, letramento étnico racial e antirracista.

Aliã Wamiri é índígena guajajara piauiense, educadora artística, produtora cultural, escritora, ilustradora de literatura infantil, contadora de histórias e cacica da Aldeia Índígena Ukair em Teresina (PI). Fala 04 (quatro) idiomas: português, tupi-guarani, inglês e espanhol. Faz parte das etnias Guajajara (MA), Timbira e Tabajara (PI). É graduada em licenciatura plena em Artes Visuais pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), especialista em Educação Profissional pelo Instituto Federal do Piauí (IFPI) e cursou também Artes Plásticas no IFPI. É autora de vários  projetos de arte-educação voltados à cultura indígena tais como “No tempo da minha avó” e “A escola cabe no cocar”, de vivências na aldeia onde mora.

PROGRAMAÇÃO

Dia 23/10 (quarta)

·  9h às 12h – Exposição Literária “Narrativas Ancestrais: tecendo a nossa identidade”

Local: Hall de entrada do Cinema Sesc Deodoro

·9h30 – Performance artística “Y` : desenhando a sabedoria Guajajara” com Aliã Wamiri/PI

·10h – Mesa Redonda: Bibliotecas antiracistas: formando leitores críticos.

Convidadas: Aliã Wamiri/PI (Índígena Guajajara, cacica da Aldeia Ukait, arte educadora e coordenadora da Educação Escolar Indígena – Seduc/PI)   e Luanda Martins Campos/MA (educadora, escritora e contadora de histórias).

Mediação: Profª Dra. Leoneide Brito Martins (UFMA/ GEPPLEM; CRB13)

Local: Cinema Sesc – Sesc Deodoro

·14h às 18h – Oficina “Diálogos da Aldeia: construindo saberes interculturais, etnoeducacionais e antirracistas” – Aliã Wamiri/PI

Local: Sala de Reunião do Sesc Deodoro

Dia 24/10 (quinta)

·14h às 18h – Oficina “Diálogos da Aldeia: construindo saberes interculturais, etnoeducacionais e antirracistas” – Aliã Wamiri/PI (Índígena Guajajara, cacica da Aldeia Ukait, arte educadora e coordenadora da Educação Escolar Indígena – Seduc/PI)  

Local: Sala de Dança do Sesc Deodoro

·18h – Lançamento coletivo de livros

Autores: Zeca Melo (O Elefante de Pernas Tortas), Amanda Amorim( As Entranhas do Meu Ser), Luzinete Silva (Eu, Ela e Todas Nós), Ray Brandão (Penélope: uma odisseia interiror), Joizacawpy (Embalos Infantis), Maura Luza (Era uma vez uma Mamãe Rolinha), Ernesto Dias (Poesias Brasileiras de Combate)

Local: Área de Vivência do Sesc Deodoro

 Dia 25/10 (sexta)

·14h às 18h – Oficina “Diálogos da Aldeia: construindo saberes interculturais, etnoeducacionais e antirracistas” – Aliã Wamiri/PI

Local: Sala de Dança do Sesc Deodoro

· 17h às 20h – Sarau Literário

– Exposição Sabores Literários (com degustação)

– Premiação do leitor literário da Biblioteca Rosa Castro (Adulto e infantil)

– Apresentação Musical com Walter Rodrigo, flautista e saxofonista

– Declamação de Poesias

– Microfone aberto

Local: Área de Vivência do Sesc Deodoro

Categorias
notícia

Quilombolas de Cancela denunciam fome, ameaças e sofrimento de mães que estão amamentando

Agência Tambor – Em setembro deste ano, a justiça maranhense havia decidido que os moradores do Quilombo Cancela, localizado no município São Benedito do Rio Preto, poderiam colher o que plantaram no território reivindicado por eles.

A decisão judicial veio após um barulhento protesto da comunidade.

No entanto, passado um mês desta determinação, os quilombolas não conseguiram colher toda mandioca que haviam plantado. Segundo os moradores, o prazo estabelecido pela justiça foi muito curto.

Eles relatam que a situação do Quilombo está ainda pior atualmente. Isso porque agora os quilombolas estão com medo de sofrerem violência e ameaças ao transitar em seu território.

O Jornal Tambor de sexta-feira dia 18 de outubro entrevistou Vanderlei Lima, José Hilton e Francisca Vieira, moradores da comunidade.

(Veja, ao final deste texto, a íntegra da entrevista de Vanderlei Lima, José Hilton e Francisca Vieira)

José Hilton disse que os problemas estão longe de acabar e o desmatamento continua em toda a região.

Os quilombolas querem a posse da terra, de uma comunidade centenária.

“Não podemos entrar na roça. Agora tá pior porque se eles verem a gente eles querem matar. Nossa situação tá triste, nossos filhos vão pra escola sem comer, pra comer lá, porque em casa nós não temos”, enfatizou Hilton, emocionado.

Segundo Francisca Vieira, a falta de alimento para as famílias está sendo um problema muito grave na comunidade.

“Tem mães em nossa comunidade que não estão conseguindo amamentar seus filhos por conta da falta de comida. Não estamos conseguindo plantar e nem comer”, declarou a quilombola.

Para Vanderlei Lima, se essa realidade não mudar, o meio ambiente e a própria comunidade quilombola vão sofrer consequências gravíssimas.

(Confira abaixo a edição do Jornal Tambor, com a entrevista completa de Vanderlei Lima, José Hilton e Francisca Vieira)

Categorias
notícia

Bem-vindos à Ilha da Fantasia!

Por Fernando Oliveira (jornalista)

Foto: Ayrton Valle

Não sou exatamente uma pessoa saudosista, mas, ultimamente, tenho me pegado comentando coisas do passado que me trazem boas recordações e, vez por outra, uma certa nostalgia. Sinal da idade avançando? Pode ser. É certo que muitas das minhas melhores lembranças são evocadas por músicas, filmes, objetos e situações guardadas em algum canto da memória, de quando a vida era mais simples, descomplicada, e o tempo parecia correr mais lentamente. A vida era como tinha que ser, sem a velocidade do mundo digital e a obrigação de exibir os momentos bonitos nas redes sociais na busca frenética por curtidas, como nos dias atuais.

As opções de lazer eram restritas às brincadeiras com irmãos e amigos, mas eu gostava mesmo era de assistir aos filmes e programas na televisão, da marca Telefunken, se não me engano. Nela, vi os primeiros programas que marcariam a minha infância. Lembro-me bem de Vila Sésamo, A Família Walton, Perdidos no Espaço e O Homem Invisível. Minha mãe, além de novelas, adorava os filmes de faroeste americano estrelados por Charles Bronson.

Já na adolescência, passei a ver também os clássicos de terror do Conde Drácula, gênero que mais tarde se tornaria o meu predileto, embora na época eu tivesse muito medo. Até ser apresentado ao cinema, quando conheci o memorável Cine Eden, a televisão era o único meio de assistir aos filmes e viajar em um universo mágico.

Na era da Inteligência Artificial, em que computadores e máquinas raciocinam e atuam pelos humanos e podem criar todo tipo de realidade virtual, os recursos ao nosso alcance também proporcionam, ironicamente, um retorno ao passado. Basta recorrer à inovação tecnológica oferecida pela abundância de aplicativos e variedade de opções nos streamings para que possamos rever um programa que deixou saudade em qualquer aparelho em mãos, seja um tablet, celular ou TV.

Em um domingo desses, atraído pela possibilidade de vasculhar produções de antigamente em um aplicativo que acabara de descobrir, encontrei uma série de TV que era uma das minhas preferidas: A Ilha da Fantasia. Pronto, bastava um simples toque no botão do controle remoto para começar a viagem no túnel do tempo. Acomodei-me confortavelmente no sofá e apertei o cinto.

Produzida pela rede americana ABC, a série foi apresentada na década de 80 em horário nobre e depois na Sessão Aventura. A história se passava em uma ilha paradisíaca, onde qualquer desejo podia ser realizado. O anfitrião dessa ilha, o senhor Roarke (Ricardo Montalbán), um sujeito enigmático que tinha como fiel escudeiro o pequeno Tattoo (Hervé Villechaize), recebia os visitantes com a saudação que dá título a esta crónica, prometendo realizar o sonho deles, o que nem sempre acontecia como esperado.

Marcel Proust nos confronta com a natureza subjetiva da memória na antológica “Em busca do tempo perdido”, ao afirmar que a lembrança das coisas passadas não é necessariamente a lembrança das coisas como eram. A reflexão ensina que, muitas vezes, o que guardamos não é um registro fiel dos eventos, mas uma mescla de emoções, percepções e, talvez, um toque de saudade. O que fica é a interpretação pessoal do que vimos ou vivemos. Ao revisitar o passado, corremos o risco de encontrar uma versão em que as cores podem ser mais vibrantes ou mais desbotadas do que realmente eram na realidade.

O quadro com que me deparei ao assistir a um programa da adolescência, cogitando encontrar o encantamento de outrora, diz muito sobre a dualidade da memória contida no pensamento do escritor francês. Para Proust, quando acessada conscientemente, a memória tende a ser mais superficial e factual. Já a memória involuntária surge espontaneamente, provocada por estímulo sensorial, e é capaz de produzir recordações ricas em detalhes emocionais.

Tudo na série agora me pareceu tão tosco: a trama, as personagens, os diálogos, os atores, o cenário. Evidente que não podia esperar de uma produção com mais de cinquenta anos a pirotecnia dos efeitos especiais de hoje, mas aquela sessão de domingo não serviu apenas para escancarar os contrastes da passagem implacável do tempo.

Mostrou que nenhuma tecnologia, por mais avançada, tem a capacidade de fazer com que os bons momentos vividos possam, de repente, saltar diante de nós como em um passe de mágica e provocar os mesmos velhos sentimentos. Entendi que não deveria ter ousado reviver a história sem estar preparado para vê-la com outros olhos, sem aqueles olhos de um menino sonhador, sem a fantasia de décadas atrás. Que sirva de lição.

Proust nos lembra que, ao recordar, estamos não só revivendo o passado, mas também reinterpretando-o com os olhos do presente. Talvez, no fim, essa reinterpretação nos diga mais sobre quem somos agora do que sobre o que realmente aconteceu.

Vou deixar o tal aplicativo de lado. E o passado guardado lá no canto com as marcas do seu tempo. O próximo domingo é logo ali.

Categorias
notícia

MinCom abre edital para 44 novas rádios comunitárias no Maranhão

O governo federal autorizou a implantação de rádios comunitárias em 44 municípios do Maranhão.

O edital que regulamenta a implantação do serviço de Radiodifusão Comunitária, em frequência modulada (FM), foi publicado pelo Ministério das Comunicações no Diário Oficial da União na segunda-feira, 14 de outubro.

A medida beneficiará mais de meio milhão de pessoas, proporcionando um importante meio de comunicação: as rádios comunitárias. Essas rádios desempenham um papel fundamental na promoção da cultura local, na disseminação de informações relevantes e no incentivo ao diálogo entre os diversos segmentos da comunidade.

O edital é destinado a fundações e associações comunitárias sem fins lucrativos, que estejam sediadas na área da comunidade onde pretendem prestar o serviço.

O prazo para inscrições vai até 13 de dezembro de 2024, por meio do link: https://www.gov.br/pt-br/servicos/participar-de-edital-para-executar-servicos-de-radcom.

Um guia com todos os detalhes sobre o processo de inscrição foi disponibilizado no link https://www.gov.br/mcom/pt-br/noticias/2024/janeiro/mcom-lanca-guia-para-auxiliar-a-participacao-em-edital-de-selecao-de-radios-comunitarias/copy2_of_2024_01_04_mcom_guiaRadcom.pdf.

Este edital faz parte do Plano Nacional de Outorgas (PNO) RadCom 2023/2024, publicado no início de dezembro de 2023, que apresenta o cronograma e as localidades que serão contempladas com novas outorgas para o serviço de radiodifusão comunitária.

No Maranhão, os municípios contemplados são:

Araguanã

Bacurituba

Barão de Grajaú

Benedito Leite

Bom Lugar

Brejo de Areia

Buriticupu

Buritirana

Campestre do Maranhão

Carutapera

Centro Novo do Maranhão

Feira Nova do Maranhão

Fortuna

Gonçalves Dias

Humberto de Campos

Itinga do Maranhão

Jatobá

Jenipapo dos Vieiras

João Lisboa.

Joselândia

Junco do Maranhão

Lago do Junco

Lago dos Rodrigues

Lajeado Novo

Loreto

Maracaçumé

Marajá do Sena

Maranhãozinho

Milagres do Maranhão

Nova Iorque

Paulo Ramos

Pedreiras

Poção de Pedras

Presidente Vargas

Sambaíba

Santa Filomena do Maranhão

Santo Antônio dos Lopes

São Félix de Balsas

São Raimundo do Doca Bezerra

Satubinha

Senador La Rocque

Sucupira do Riachão

Timbiras

Vitorino Freire.

Categorias
notícia

Conheça os vencedores do 46º Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e DH

Acesse aqui todos os trabalhos premiados

Portal Intercom – Criado para estimular jornalistas e artistas do traço a tratarem do tema da Anistia e dos Direitos Humanos, a edição de 2024 do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog definiu os vencedores das sete categorias. A decisão aconteceu na última quinta-feira (10), durante sessão pública.

Na categoria Arte, o trabalho “A Cultura do Estupro“, de Cau Gomez, publicado no A Tarde, foi o vencedor. Já o trabalho Genocídio em Gaza, de autoria de Quinho e publicado no Estado de Minas, recebeu uma menção honrosa.

A categoria Fotografia teve como vencedor Paulo Pinto, com a fotografia “Passe Livre faz manifestação em São Paulo contra aumento da tarifa“, que foi publicado pela Agência Brasil. Eduardo Anizelli, com a fotografia “Cachoeira de Sangue“, publicada na Folha de São Paulo, recebeu uma menção honrosa.

Já na categoria produção jornalística em áudio, a matéria “Fincar o pé” foi a grande vencedora. Publicada na Rádio Novelo, a produção é de autoria de Tailane Muniz, Branca Vianna, Paula Scarpin, Flora Thomson-Deveaux, Guilherme Alpendre, Marcela Casaca, Juliana Jaeger, Vitor Hugo Brandalise, Évelin Argenta, Bia Guimarães, Sarah Azoubel, Bárbara Rubira, Natália Silva, Julia Matos, Luiza Silvestrini, Bia Ribeiro, Gilberto Porcidonio, Mateus Coutinho e Pipoca Sound.

A categoria também teve menção honrosa, destinada para Leno Falk, da Agência Radioweb, com a matéria “Brigada Militar: assédio e suicídio entre policiais militares no RS“.

Quem ganhou o prêmio de melhor produção jornalística em texto foi Marcelo Canellas, da Revista Piauí, com o texto “Triste Bahia – como age a polícia que mais mata“. Já a menção honrosa da categoria foi para Catarina Barbosa, com o texto “Maria Júlia tem medo de ser queimada viva pelos ‘homens maus‘”, publicada na Sumaúma.

A sexta categoria premiada é de produção jornalística em vídeo. Os vencedores foram Ana Passos, Gabriel Penchel, Adaroan Barros, Caio Araujo, Carlos Junior, Alex Sakata, Caroline Ramos, Eric Gusmão, da TV Brasil/EBC, com “Inocentes na prisão“.

A menção honrosa foi para Simão Scholz, Gabriel Priolli, Jorge Valente, Ricardo Ferreira, Leão Serva, Leandro Silva, Luiz Turati, Jerônimo Moraes, Vanessa Lorenzini, Marco Galo, Euclides Conceição, Alexandre Tato, Jorio Jose da Silva, Valdecy Messias de Souza, Celso Macedo, Nestor Dias, Marilia Assef, José Vidal Pola Galé, Marici Capitelli, Eugênio Araújo, Silviano Floriano Filho, da TV Cultura SP, com a produção “Os caminhos da Democracia 1932 – 1977 – A história do movimento estudantil no Brasil“.

A última categoria é a de livro-reportagem, que em 2024 premiou Luiza Villaméa, com o trabalho “A torre: o cotidiano de mulheres encarceradas pela ditadura”. A menção honrosa ficou para Rafael Soares, com o livro “Milicianos – como agentes formados para combater o crime passaram a matar a serviço dele”.

Premiação e roda de conversa

A premiação oficial dos vencedores desta edição do Prêmio acontecerá no dia 29 de outubro, das 20h às 21h30, no Tucarena, em São Paulo.

No mesmo dia acontece a 13ª Roda de Conversa com os Ganhadores, das 14h às 17h, também no Tucarena. A roda de conversa é um momento em que os premiados fazem uma troca de experiências no campo do fazer jornalístico, com o objetivo de colocar à disposição dos estudantes e estudiosos do jornalismo o conhecimento sobre métodos e procedimentos que estão na construção de algumas das reportagens reconhecidas como das mais importantes da imprensa brasileira na área dos Direitos Humanos.

Além da Sociedade Brasileira dos Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), fizeram parte da Comissão Organizadora do 46º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog, outras 16 instituições da sociedade civil, além da família Herzog: Associação Brasileira de Imprensa (ABI); Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji); Artigo 19; Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo; Conectas Direitos Humanos; Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP); Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ); Geledés; Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB Nacional); Instituto Vladimir Herzog, Instituto Socioambiental (ISA); Ordem dos Advogados do Brasil – Secção São Paulo; Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo; Coletivo Periferia em Movimento; Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo e União Brasileira de Escritores (UBE).