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Reflexões sobre prioridades institucionais: democracia, transparência e compromisso social

De um ponto de vista crítico, é possível abordarmos o corrente ano de 2023 na Universidade Federal do Maranhão por meio de duas perspectivas que são, em alguma medida, complementares: 1 – o sentido de urgência e prioridade que a instituição necessita cultivar e 2 – o papel do orçamento numa gestão democrática e com compromisso social capaz de efetivar essas urgências e prioridades. 

Naquilo que diz respeito ao sentido de urgência que a instituição necessita cultivar, requer apresentar a seguinte reflexão: no dia vinte de março de 2023, iniciamos o semestre letivo na nossa UFMA. Trata-se do segundo semestre totalmente presencial após a dolorosa pandemia da Covid-19. Seria oportuno, portanto, em razão do ambiente claramente esvaziado, estarmos discutindo na instituição os efeitos da pandemia no processo de aprendizagem de nossos discentes, incluindo aí as razões para o inegável abandono/retenção. No entanto, isso não estava e não está na pauta da instituição.

Poderíamos, também, estarmos manifestando a alegria do reencontro com nossos alunos e colegas de trabalho, elaborando conversas de corredor ou do cafezinho, sobre os projetos realizados no ano que passou, sobre as novas ideias para o ano acadêmico que se inicia, sobre a melhor estratégia de aproveitar o novo momento de comando da nação, com expectativas de melhorias para a educação, ciência e cultura. Isso também não engrenou.

Infelizmente, o que se ouve nos corredores e no cafezinho são diálogos do tipo: ainda não tem sala para a disciplina que leciono; as aulas não podem iniciar para várias disciplinas por ausência de ar condicionado; faltam lâmpadas em muitos ambientes; goteiras destruíram nossos materiais; faltou energia no bloco onde trabalho; ao retornar o fornecimento de energia nossos equipamentos caros queimaram; o teto da sala caiu; banheiros interditados; vasos e mictórios com sacos plásticos. etc, etc, etc.

Sobre estes relatos, destacamos duas situações intrigantes: primeiro, os ambientes onde ocorrem os eventos mencionados são justamente aqueles que são a razão de ser da instituição, os Centros Acadêmicos. Nos Centros, a universidade acontece na sua essência. Segundo, lamentavelmente por conta da pandemia, a instituição permaneceu fechada para atividades presenciais por dois anos. Após esse período, por um ano funcionou parcialmente. Esse tempo não foi suficiente para equacionar estas demandas URGENTES?

Além disso, nesse cenário de lacunas e silêncios em relação às demandas urgentes que surgem no quotidiano da Universidade, convém destacar a importância da manutenção preventiva. Isso significa que em uma gestão centralizadora, a tomada de decisões desacompanhada de um diagnóstico concernente às prioridades que se impõem, implica em destinar os recursos financeiros para situações equivocadas.

Com base nisso, o sentimento dominante é que estes lamentáveis eventos continuam a marcar o cotidiano da instituição, haja vista que o ambiente da sala de aula não está na prioridade orçamentária da instituição. Portanto, não é a URGÊNCIA necessária. Por outro lado, acabaram de sair uma portaria e uma resolução que disciplinam o processo de eleição para reitor e vice-reitor da UFMA, ambas aprovadas ad referendum, sob a alegação de URGÊNCIA. Este ato, além de mais uma vez reforçar o desprezo da gestão superior pelos padrões democráticos e a inegável postura autoritária, nos diz muito sobre o que é “urgente” para eles e o quanto frequentemente, isso difere da real URGÊNCIA que a UFMA precisa, bem como da forma: por vias democráticas e transparentes.

Essa brevíssima reflexão acerca do que é propriamente urgente para a nossa instituição nos conduz para outra interessante problematização, a qual pode ser considerada o cerne ou o núcleo velado da discussão acerca das prioridades na Universidade. Trata-se do debate sobre a construção de um orçamento pautado nos princípios de uma gestão democrática e com compromisso social. 

Essa rápida discussão pode adotar como premissa o fato de que as Universidades Federais passaram por um vertiginoso processo de expansão entre os anos de 2007 a 2014 com o Programa de Reestruturação das Universidades Brasileiras – REUNI, atingindo um pico de investimentos da ordem de 11 bilhões de reais em 2013 (Gráfico 1). Um outro fator importante de impacto nas universidades públicas foi a política de cotas, instituída pela Lei nº 12.711/2012, que modificou o perfil socioeconômico da comunidade acadêmica, de modo que hoje o percentual de estudantes com renda familiar de até um salário mínimo alcança 70%.  

O processo de expansão e de mudança do perfil da comunidade universitária, tão necessário para enfrentar os graves problemas sociais e educacionais deste país, foi golpeado pela escassez de recursos que se iniciou ao final de 2014, quando a expansão estava chegando no seu auge. 

Esse processo de desinvestimento acelerou nos últimos anos de forma dramática, chegando a alcançar em 2022 menos de 4 bilhões de reais, o que representa uma perda de mais de 65% nas despesas correntes das universidades federais, despesas destinadas à manutenção, assistência estudantil, conservação e limpeza, retornando a patamares inferiores ao ano de 2005, antes do processo de expansão.  

Em relação às verbas de capital, recursos usados para investimento, construção de infraestrutura e aquisição de equipamentos, o processo de sucateamento foi mais forte ainda. Saltamos de um investimento que chegou a 4,5 bilhões em 2011, no auge do REUNI, para valores que representam perdas de mais de 95% em 2022 (Figura 2).

Assim como as demais universidades federais, com o advento do Programa de Reestruturação das Universidades Brasileiras – REUNI, a UFMA, única Universidade Federal e referência em Educação no Estado, cresceu de forma significativa com a criação de novos cursos de graduação e pós-graduação, o que propiciou sua interiorização e o ingresso de novos professores e técnicos educacionais em seus quadros. Os cortes no orçamento da instituição têm impactado a vida acadêmica e esse impacto foi decisivo para a formação da lista tríplice no último processo de consulta realizado em 2019. 

A comunidade acadêmica, àquele momento, associou os problemas do sucateamento das IFES, no cenário nacional, criou um enredo político de que era possível conseguir recursos financeiros junto ao governo federal a partir de uma pessoa, um iluminado. Isso conduziu a escolha de um gestor com ideias ultrapassadas que aprofundou os problemas da Universidade.

Lamentavelmente, o tempo mostrou que a questão conjuntural se sobrepõe às questões locais, e não há espaço para salvadores da pátria. A questão do financiamento da universidade pública é muito mais grave e requer novas políticas, práticas inovadoras de gestão que incluam, necessariamente, transparência, diálogo, critérios amplamente debatidos e que sejam mensuráveis e auditáveis. A gestão de uma instituição da dimensão da UFMA é uma tarefa delicada, o que leva à certeza de que qualquer solução simples (fruto de um arroubo meramente eleitoreiro) só tende a agravar os problemas existentes, além de fomentar a criação de outros problemas maiores.

Apenas a título de exemplo da dimensão do problema de gestão de uma instituição do tamanho da UFMA, em outubro de 2019, ano em que a UFMA tinha aulas presenciais em todos os seus campi, no período sabidamente de muito sol no Maranhão, a conta de energia elétrica já chegava a 1,5 milhão de reais. Nos últimos anos, a gestão superior teve dificuldades até para manter as aulas presenciais, o que fez com que a conta de energia diminuísse substancialmente. 

Nesse contexto, cabe lembrar que a conta de energia de outubro de 2022 foi 0.96 milhões (Figura 3). Isso nos conduz à seguinte indagação: e o que se fez com os recursos antes destinados a esses pagamentos? O que vemos hoje na UFMA são ar-condicionados parados, salas fechadas por goteiras, falta de carteiras, banheiros sem estrutura, auditórios caindo, obras inacabadas e uma total falta de prioridade para definir onde serão investidos os parcos recursos para atender minimamente as condições de permanência da comunidade universitária.

Conta de energia da UFMA out/2022.

Seguindo o exemplo dado, seria mais eficiente fazer uma subestação de energia de 69 kv no Campus de São Luís, conforme estudos já realizados por técnicos no âmbito da Pró-reitora de planejamento em 2018, com participação de professores do Departamento de engenharia elétrica da UFMA. Infelizmente a gestão que assumiu no final de 2019 optou por aplicar recursos para tentar concluir uma das obras inacabadas na frente do Campus em São Luís. Vale lembrar que boa parte da conta de energia da UFMA inclui: consumo na ponta e multa por consumir além do valor contratado. A construção de uma subestação é um investimento que possui retorno a curto prazo, os valores investidos na obra são recuperados em 24 meses de funcionamento. Ademais, os picos de tensão decorrentes de problemas elétricos queimam e danificam equipamentos e trazem perigo a vida dos funcionários. São muitos os relatos de servidores que levam choques elétricos ao manuseá-los.

Como se não bastasse, para disfarçar os problemas internos, a gestão superior se cerca de um relativo luxo, enquanto a comunidade acadêmica é submetida às condições de miséria. Vindo a lembrar a expressão outrora atribuída a Maria Antonieta: “Se não tem pão que comam Brioche”, mostrando o total descompasso entre a gestão e a comunidade acadêmica. O fato é que a gestão chega ao fim, num tom melancólico, em que a imagem de gestor eficaz e hábil está, no mínimo, comprometida.

Isso significa que a reconstrução de um ambiente democrático, portador de transparência e com compromisso social não pode prescindir de iniciar uma reflexão acerca daquilo que é urgente, bem como de conciliar essas prioridades com uma refinada discussão a respeito da estrutura orçamentária disponível para efetivar essas demandas e quais caminhos para possibilitar que esse orçamento alcance as mais diversas, vulneráveis e amplas camadas que compõem o tecido societário, exercitando, assim, a valiosa função social da educação, enquanto promotora de uma igualdade material de condições e não apenas de oportunidades.  

Uma nova consulta se aproxima e a comunidade acadêmica está mais politizada, pois tem elementos suficientes para compreender que não se pode apostar na falta de diálogo…. 

Prof. Dr. João de Deus Mendes da Silva – Matemático

Prof. Dr. Luciano da Silva Façanha – Filósofo

Prof. Dr. Ridvan Nunes Fernandes – Químico

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Jesus não morreu pelos “nossos pecados” e sim por enfrentar o sistema

Os Evangelhos são claríssimos: Jesus morreu porque confrontou o Templo, um sistema de dominação e exploração dos pobres

Alberto Maggi Outras Palavras| 31 de Março de 2018 às 13:47

Jesus Cristo morreu pelos nossos pecados. Essa é a resposta que normalmente se dá para aqueles que perguntam por que o Filho de Deus terminou seus dias na forma mais infame para um judeu, o patíbulo da cruz, a morte dos amaldiçoados por Deus (Gl 3,13).

Jesus morreu pelos nossos pecados. Não só pelos nossos, mas também por aqueles homens e mulheres que viveram antes dele e, portanto, não o conheceram e, enfim, por toda a humanidade vindoura. Sendo assim, é inevitável que olhando para o crucifixo, com aquele corpo que foi torturado, ferido, riscado de correntes e coágulos de sangue expostos, aqueles pregos que perfuram a carne, aqueles espinhos presos na cabeça de Jesus, qualquer um se sinta culpado … o Filho de Deus acabou no patíbulo pelos nossos pecados! Corre-se o risco de sentimentos de culpa infiltrarem-se como um tóxico nas profundezas da psiquê humana, tornando-se irreversíveis, a ponto de condicionar permanentemente a existência do indivíduo, como bem sabem psicólogos e psiquiatras, que não param de atender pessoas religiosas devastadas por medos e distúrbios.

Leia tudo no link abaixo:

https://www.brasildefato.com.br/2018/03/31/artigo-or-jesus-nao-morreu-pelos-nossos-pecados-e-sim-por-enfrentar-o-sistema/#.ZC_oG2Gjgxg.whatsapp

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Dia do Jornalista

É tempo de esperançar e reconstruir o Jornalismo e a profissão de jornalista no Brasil.

Neste 7 de abril, Dia Nacional da e do Jornalista, saudamos a trajetória de luta, a força e a resistência de nossa categoria, organizada há 76 anos na Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e nos 31 Sindicatos de Jornalistas brasileiros.

Celebramos a nossa capacidade de ousar, de lutar e de defender o Jornalismo e a profissão de jornalista, mesmo diante de um cenário de precarização da profissão, redução de salários, violência, disseminação da desinformação e destruição de direitos.

O ano de 2023 e, especialmente a data de alusiva às operárias e operários da notícia, devem ser um marco para impedir a destruição da categoria e do Jornalismo, pilares da democracia do país.

Assim, neste ano, as celebrações do Mês da e do Jornalista marcam a retomada de uma mobilização histórica pela reconstrução de nossos direitos. Texto completo: www.fenaj.org.br

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Carta aberta ao presidente Lula: contribuições para a escolha de Ministro do STF

Companheiro Lula, peço desculpas por dirigir-me a Vossa Excelência deste jeito, informal.

Embora falando de nossos diferentes lugares, eu, de uma universidade periférica (do Nordeste do Brasil), e V. Ex.ª, da presidência da República, entendo que estamos numa mesma conexão de lutas.

Vou repetir o óbvio, mas creio que é preciso dizê-lo, pois há uma enorme crença, alimentada pelos próprios juristas, de que as decisões jurídicas são jurídicas. Já que as decisões jurídicas – inclusive, destaco, aquelas proferidas pelo Supremo Tribunal Federal – são e sempre foram decisões políticas, como V. Ex.ª sentiu na pele na época do julgamento do habeas corpus que o manteve preso ilegalmente em Curitiba, endereço-lhe algumas contribuições para a escolha que se avizinha.

Em primeiro lugar, ouso propor que outros saberes, outros conhecimentos, tidos como “menores” pelos juristas, sejam levados em consideração na indicação do candidato. Além do “notável saber jurídico”, como expresso no artigo 101 da Constituição Federal (CF), que o escolhido tenha igualmente notável conhecimento sobre o Brasil (e que esse não seja enciclopédico, de notas de rodapé ou de “orelha de livro”, como se tem visto na “TV Justiça”). Isso implica ser capaz de lançar um olhar crítico sobre colonialismo, imperialismo, racismo, patriarcalismo, coronelismo, machismo, sexismo, etarismo, fascismo, capitalismo, periferia etc., ou seja, sobre os “ismos” geradores de arbitrariedades, abusos e violências no país.

Mais que isso, esperamos que esse conhecimento tenha sido vivenciado pelo candidato escolhido a partir de experiências concretas nas periferias deste Brasil plural, diverso e complexo. Tal critério, meu caro companheiro, é importante, pois representa uma tentativa de “impedir” que o escolhido, com o seu “notável saber jurídico”, cometa deslizes e/ou utilize o saber para justificar o injustificável, na maioria das vezes, de legalidade duvidosa.

O “notável saber jurídico” para alguns, meu companheiro, pelo que temos visto, tem servido como uma espécie de escudo, que encobre as preferências ideológicas e/ou os interesses ocultos, sempre escusos. Por conseguinte, é fundamental que a posição política do candidato seja conhecida de antemão e considerada na escolha. E que se constate que esse posicionamento político seja franco, honesto e comprometido com o país, sem necessidade de performances.

Proponho também que os saberes produzidos nas lutas dos movimentos sociais do campo e das cidades pelos chamados subalternos sejam conhecidos (na sua conversa com o candidato, meu caro, além de “olhar olho no olho”, de perscrutá-lo, V. Ex.ª precisa questioná-lo sobre os pensamentos de Davi Kopenawa, Ailton Krenak, Conceição Evaristo, Lélia Gonzalez, Chico Mendes, Manoel da Conceição, Dona Dijé, Dona Maria Nice, dona Querubina, Alessandra Munduruku, Dada Boari e de outros tantos líderes espalhados pelo Brasil).

Que esse notável saber jurídico e essa ilibada reputação estejam vinculados ao compromisso com o Brasil e sua soberania (sistematicamente violada na última década), e que a sensibilidade jurídica sempre esteja ancorada na escuta das diferentes vozes para aplicação da Constituição Federal. Meu caro presidente, peço-lhe que fique atento também aos midiáticos e apadrinhados: enquanto os primeiros jogam para a plateia e os holofotes, os últimos, os apadrinhados, só fazem renovar os ciclos de controle e de dominação.

Já terminando, meu companheiro Lula, na escolha, inspire-se no “sentipensar” dos pescadores afrodescendentes de comunidades ribeirinhas da Colômbia, termo que significa agir com o coração usando a cabeça.Forte abraço, São Luís, tempo das chuvas, março de 2023.

Joaquim Shiraishi Neto

Advogado, professor e pesquisador do PPGCSoc da UFMA

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Ultraliberalismo e o desmonte da Educação

É preciso colocar lentes de aumento para compreender a onda de ódio contra professores e escolas.

Parte considerável desse fenômeno diz respeito à radicalização do modelo liberal na Educação, onde a mão grande do mercado ataca de forma violenta a escola e desvaloriza o professor.

O princípio da indústria aplicado à escola transforma as empresas em fábricas de diplomas e máquinas de aceleração para esvaziar as salas de aula e entupi-las logo em seguida com novas levas de clientes.

Isso mesmo. Escola é empresa e estudante é cliente.

Para tratar desse negócio, as semanas pedagógicas de algumas instituições de ensino privadas convocam coachs para ministrar palestras de adestramento dos trabalhadores da educação.

Isso mesmo. Coachs de culinária, vendedores de ilusões, estimuladores de humor, propagandistas de autoajuda, fanfarrões e chalatães de todos os tipos sobem nos palcos das semanas pedagógicas para “ensinar” como se deve ensinar para agradar o mercado.

O resultado disso tudo é um tipo de escola transformada em usina de autômatos. Os professores são programados para alcançar metas e até exigidos a passar por situações ridículas em xaropadas de dinâmicas que beiram a aberrações.

E assim marcham, sob o comando de um ardiloso plano batizado de Todos pela Educação! Modelo exportação para tornar-se universal, o Todos pela Educação serve de parâmetro para inundar o sistema educacional.

Uma das metas mais violentas desse processo é a desvalorização extrema do professor. Considerado mero operador de uma didática mercadológica, ele próprio, o docente, é reduzido na sua função de mediador do conhecimento a reprodutor de lógicas do negócio da educação.

Este negócio, para prosperar, precisa necessariamente explorar ao extremo a mão de obra do professor, atribuindo-lhe excesso de funções e carga horária com salários cada vez menores em um ambiente de alta competitividade.

Tornar a mão-de-obra do professor vulnerável é uma das metas já em curso do projeto ultraliberal na Educação.

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Novo livro do prof Ed Wilson Araújo aborda rádio e ativismo da audiência

O sentido da ágora grega incorporado aos debates sobre a cidade travados no rádio é o tema central do livro “Ouvintes falantes: produção e recepção dos programas jornalísticos no rádio AM”, de autoria do professor doutor Ed Wilson Araújo, do Departamento de Comunicação Social (DCS) da UFMA (Universidade Federal do Maranhão).

A obra, publicada pela editora Appris, será lançada durante a programação do XI Ciclo de Debates do Obeec (Observatório de Experiências Expandidas em Comunicação) dia 5 de abril (quarta-feira), 18h30, no Solar Cultural Maria Firmina dos Reis. O Obeec, formado por docentes do DCS, dedica-se à pesquisa e produção de artigos e livros sobre práticas culturais, narrativas expandidas, comunicação, poder e cidadania. 

Fruto da tese de doutorado em Comunicação, realizado na PUC do Rio Grande do Sul, o livro é um apanhado da vivência do autor no rádio AM, cultivada no hábito de ouvir a programação jornalística em diferentes etapas da vida, até o momento de transformar o interesse pela audiência em pesquisa acadêmica.

“A minha condição de ouvinte foi se modificando com o tempo. Quando eu trabalhava na feira do João Paulo, na quitanda do meu pai, Raimundo Araújo, eu ouvia os programas despretensiosamente. Depois, já formado em Jornalismo, trabalhei em assessorias de comunicação e uma das minhas atividades era monitorar os programas jornalísticos. Percebi nesse período outra relação minha com o radiojornalismo e quando chegou o tempo de fazer o doutorado processei o tema em objeto científico”, resumiu o autor.

Durante a produção da obra, Ed Wilson Araújo ajustou o trabalho aos Estudos Culturais latino-americanos, tomando como principal referência o protocolo teórico-metodológico do Mapa das Mediações, criado por Jesus Martín-Barbero.

No Maranhão, o rádio AM tem uma peculiaridade forte – a participação da audiência nos programas jornalísticos – motivando até a criação de uma entidade própria denominada Somar (Sociedade dos Ouvintes Maranhenses de Rádio).

A prática cultural da audiência se expressa nas diversas formas de agir nos programas, por meio de mensagens de voz, texto, envio de imagens ou ligação telefônica para falar ao vivo nas transmissões. Para entender esse fenômeno, o trabalho de campo selecionou dois programas (Ponto Final, da Mirante AM, apresentado por Roberto Fernandes; e Manhã Difusora, da ex-Difusora AM, liderado por Silvan Alves), além das entrevistas com ouvintes. Os apresentadores, já falecidos, são motivo de saudosa referência do autor para dois ícones do rádio no Maranhão.

No percurso da pesquisa, o autor capturou os sentidos da audiência nas mediações que permitiram interpretar os ouvintes nos seus rituais de escuta, nas formas de participar e estar juntos pelas ondas sonoras, no uso da retórica para intervir nos programas e na compreensão de que a ação da audiência se dá em contextos institucionais e de controle empresarial das emissoras de rádio.

Segundo Araújo, os programas jornalísticos, de certa forma, revelam características semelhantes à ágora grega. São espaços de diálogo, debates, convergências e divergências sobre a cidade. Os ouvintes, aos participarem dos programas, interpretam papéis e funcionam como repórteres informais, promotores, juízes, parlamentares e gestores. 

O rádio se transforma em uma espécie de ágora eletrônica, convergindo para os programas jornalísticos a participação da audiência em diálogo com os apresentadores e as fontes. Ao longo dos programas, os ouvintes tomam posição, criticam, elogiam, aderem, conflitam, bajulam, atacam ou defendem ideias, pontos de vista, gestores e demais entres públicos e privados. Tudo isso mediado pelo apresentador e pelas circunstâncias de controle do poder pela emissora.

“O livro tem um valor de memória, considerando que as emissoras AM estão migrando para FM. Entrego também no livro uma atualidade; ou seja, a proposta de manejar o mapa idealizado por Martin-Barbero, conectando os momentos e as mediações no movimento da recepção como parte da produção. Elas são intrínsecas e dialeticamente relacionadas”, pontuou o pesquisador.

Produção acadêmica

Esse é o terceiro livro do autor sobre rádio. O primeiro é fruto da dissertação de mestrado em Educação na UFMA: “Rádios comunitárias no Maranhão: história, avanços e contradições na luta pela democratização da comunicação”. Na segunda publicação, de autoria coletiva, Ed Wilson Araújo é um dos organizadores. A obra analisa a formação do bairro Anjo da Guarda pela perspectiva de duas experiências radiofônicas: “Vozes do Anjo: do alto-falante à Bacanga FM”

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Veja como será o funcionamento do comércio durante a Semana Santa

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Maranhão (Fecomércio-MA) informa que o comércio da Grande Ilha (São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa) pode funcionar na Semana Santa, seguindo as regras das Convenções Coletivas de Trabalho das Categorias de Comércio e Serviços destes municípios.

Na Quinta-feira Santa (06), os lojistas têm autorização para funcionar em horário normal, fechando as portas apenas na Sexta-feira Santa (07), em função do feriado municipal da Paixão de Cristo. No Sábado de Aleluia o comércio volta a funcionar normalmente.

No Domingo de Páscoa (09), os estabelecimentos de rua podem permanecer abertos das 8h às 14h, e as lojas de shoppings das 13h às 21h. A Fecomércio-MA esclarece que nos dias (06, 08 e 09 de abril) o trabalho não é considerado extraordinário por não haver feriado nestas datas.

As regras acima não se aplicam aos supermercados e farmácias, cujas atividades são consideradas essenciais, podendo funcionar em horário livre na Semana Santa. Àqueles segmentos não compreendidos na base sindical da Fecomércio, a orientação para abertura durante este período deve ser buscada junto ao sindicato patronal da categoria.

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Movimento UFMA Democrática com compromisso social

Quando a arma que se tem para tentar minar ou frear o crescimento da pré-candidatura de alguém à reitoria é a de insinuar sua associação a atual gestão e deslegitimar o Movimento que a sustenta, ora aventando sua “ambiguidade”, ora espalhando que seu nome é fruto de um ardil desta para enfraquecer a candidatura de “x” beneficiando a de “y”, reproduzindo assim, em solo acadêmico, práticas repugnantes como a da fake news (cujo ímpeto nos lembra algo como a agressividade e o ódio e não propriamente a abertura para o diálogo e para a reconstrução de um ambiente democrático, arriscando implodir gestos recentes de cordialidade),  é prudente considerar não apenas de onde a fala parte, a quem ela se vincula, mas também a razão pela qual essa pré-candidatura  incomodaria tanto a alguns.

Quanto à sua vinculação, ato simples seria o de recorrer a história próxima e distante, o que levaria a constatação dos envolvimentos de mais de uma década com o que agora dizem romper, discurso que, curiosamente, contrariando a lógica, e talvez por pura profissão de fé, vai-se difundindo como crível, nos meios universitários – Houve um rompimento! Acreditem! –, ao passo que o boato (e uma “especulação” mal fundada é um boato), estrategicamente plantado, vai se disseminando como se fora normal que ele tome o lugar do argumento; que a pós-verdade reine sobre os fatos; e, por fim, que a dança das cadeiras, executada pelo balé “mais dos mesmos”, deva ser a única opção do processo eleitoral universitário.

Não raro, temos pago um preço caro por abrir mão da nossa capacidade de sonhar (sim, nós lutamos da mesma maneira como sonhamos e amamos!), de planejar, de investir na reconstrução de um modelo de gestão democrática. O Movimento intitulado “UFMA Democrática com Compromisso Social”, move-se nessa direção, não surgiu da ideia, por bem intencionada que fosse de um único homem, equivalente a um herói, um salvador. Não saiu exclusivamente da forma de um grupo de militantes, mesmo que merecidamente reconhecidos pelas lutas e enfrentamentos travados aos longos dos anos, embora também os abrigue.

Esse Movimento nasceu do genuíno desejo daqueles que como nós, que escrevemos esse modesto texto, compõem o tecer do cotidiano da vida acadêmica. Somos professores, técnicos, discentes. Somos a comunidade que habita e faz a UFMA nossa de cada dia acontecer nas nossas salas de aula, coordenações, secretarias, departamentos, áreas de vivências, grupos de estudos e de pesquisa, assembleias, congressos, embora em grande parte do tempo sejamos esquecidos. Afinal nossas ideias e opiniões não são as que importam, somos insultados na nossa inteligência quando auspiciosamente lembrados apenas em época de eleição.

Alguns de nossos rostos são bem conhecidos, contudo a da grade maioria não, maioria que, por sinal, vem de fato se consolidando como tal.  Isso é representatividade! São os nossos anseios de comunidade que estão postos na mesa, que estão sendo considerados, escutados, discutidos com aquele que foi convidado a ser nosso pré-candidato a reitor, ele não se lançou, ele foi lançado pelos três segmentos e não por acaso, mas por ser sensível a essas demandas, por comungar dos mesmos ideais, não obstante isso não baste. A representatividade só é legítima quando ela consegue espelhar, refletir os anseios da Comunidade e a possibilidade de realização destes e não há como esse processo ser validado prescindindo da análise da história daquele a quem se confia a representação por melhor constituída que esteja sua base. Por certo que o íntimo de alguém, seu coração, seus pensamentos são imperscrutáveis. Todavia, a árvore, já dizem as Escrituras, conhece-se pelos seus frutos.

Luciano da Silva Façanha, ancorado num histórico competente de projetos e realizações que beneficiaram e beneficiam a Universidade (ensino, pesquisa e extensão), cuja marca sempre foi a da participação isonômica dos três segmentos, alavancada pelo diálogo, pautado numa escuta interessada pela opinião destes, e regado por um trato gentil, cuidadoso, educado, respeitoso, agregador, reflete, sem dúvida, o espírito desse Movimento que ele representa. Aliás, sua capacidade agregadora é inconteste, agrega porque é capaz de diálogo com vozes plurais e de diferentes tons, o que administrativamente reverbera num modelo de gestão viabilizadora de envolvimento, posto que convoca à participação, à ação. Isso é inclusão!

Inclusão é um processo que precisa começar de dentro para fora, abandonando-se, por exemplo, práticas verticais, autoritárias, que, privam, docentes e, sobretudo, discentes e técnicos de consultas, de participação e de direitos, práticas que, historicamente, estendem-se, pela sacralização da conveniência e do costume, à comunidade. O Movimento UFMA Democrática com Compromisso Social pela forma como foi se constituindo consegue dimensionar, e com propriedade, assumir como princípio a inclusão, entendendo-a como aspecto imprescindível do compromisso social da universidade.

Além disso, a recente acusação de personalismo imputada a esse Movimento se configura num equívoco sem tamanho, pois quem se beneficia dessa ilusão busca justificar sua própria pretensão de continuidade numa posição de poder, só que com outra roupagem, uma vez que foi um projeto individual preterido por uma outra candidatura ligada à gestão superior.

É nesse sentido que o referido Movimento buscou para sua representação alguém cujo histórico de gestão alinha-s aos ideais dereconstrução e aprimoramento dos princípios e processos democráticos da nossa I.E.S. Assim,o nome do professor Luciano Façanha foi lembrado como o de alguém que expressa a imagem de um movimento plural unido por uma agenda comum, que não se intimida com palavras de ordem e olhares coercitivos, visto que estamos dispostos ao diálogo autêntico e efetivo, capaz de respeitar toda e qualquer alteridade e não por mera força da ocasião.

A agenda que une e costura tamanha pluralidade busca reconstruir e aprimorar os princípios e processos democráticos da nossa I.E.S., que tanto nos são caros e vitais.  O grande perigoso e assustador diferencial do Movimento UFMA democrática com compromisso social é que vislumbramos alcançar a realização de nossos princípios e projetos não através de um candidato e sim com ele.

Professora Dra. Ana Caroline Amorim Oliveira – Antropóloga

Joselle Maria Couto e Lima – Mestra em Cultura e Sociedade

Maisa Ramos Pereira – Doutora e Mestra em Linguística

Professora Dra. Maria do Carmo Lacerda Barbosa – Médica

Professora Dra. Marize Helena de Campos – Historiadora

Professora Dra. Zilmara de Jesus Viana de Carvalho – Filósofa

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De “Canção em canção” a nossa perfeita tradução

Joãozinho Ribeiro(*)

Impregnado de muitas suspeitas, inauguro o presente texto, que trata do projeto “Canção em canção”, protagonizado por um dos maiores compositores contemporâneos do Maranhão e do Brasil, com todas as letras e melodias – Josias Silva Sobrinho. A expressão “impregnado” revela a ligação de muitos anos, e a admiração explícita que mantenho pela obra desta grandiosa figura humana, que trato afetivamente como meu irmãozinho Cantador.

“Sou cantador do tempo / E o tempo tenho cantado / Tempo que falta é futuro / Tempo que sobra é passado / Cantador que canta só / Canta mal acompanhado”

Os versos acima denunciam a nossa sintonia musical e, mais do que isso, os laços culturais do criador/cantador com seu tempo, história, e com a construção coletiva que a sua produção criativa possibilita, compartilhada com as nossas humanidades.

Não vou me ater nestes breves comentários aos detalhes do projeto “Canção em canção”, até porque outros competentes analistas culturais já o fizeram e continuam fazendo, abordando o conteúdo das obras, importância e significados. E terão muita matéria-prima musical para apreciar nos próximos meses, registrada para as presentes e futuras gerações.

Meu foco se dirige ao momento delicado e dolorido por que passa a música produzida no Maranhão, a música maranhense; ou, como se costuma rotular, a obra lítero, musical, lítero-musical produzida por estas plagas. Escassa nas emissoras de rádio, quase inexistente na televisão, subtraída dos palcos, das redes, das ruas, principalmente das grandes festas populares – Carnaval São João, Réveillon, aniversários das cidades, festejos religiosos, quando os espaços são ocupados por celebridades já consagradas nacionalmente, ouvidas o ano inteiro, todo dia, o dia todo. Estas, contratadas por robustos cachês, pagos antecipadamente, caracterizando uma espécie de evasão de riquezas, cultural e moralmente nefasta para a economia, para a cidadania e para a autoestima dos habitantes de cidades como São Luís, que ostenta há mais de duas décadas o portentoso título de Patrimônio Cultural da Humanidade. 

Parafraseando uma brilhante tirada que presenciei do então Ministro da Cultura, e hoje membro da Academia Brasileira de Letras, Gilberto Gil, em 2004: “A música é a linguagem dos deuses; o resto é má tradução.” 

Penso que a música permanece sendo um dos maiores ativos que uma cidade, um estado e um país podem se orgulhar de dispor. Não só do ponto de vista cultural, como também econômico, e até mesmo histórico e político. No nosso caso, a música que produzimos no Maranhão chega a ser a nossa mais perfeita tradução, de tudo aquilo que somos e do que pretendemos ser, com seus variados gêneros, sotaques e ataques.

Nosso irmãozinho Cantador, Josias Sobrinho, é um exemplo vivo, ainda bem, desse engenho e arte, cantado e recantado, gravado e traduzido por muitas vozes deste País chamado Brasil; que, se um dia se tornasse verbo, só admitiria ser conjugado no plural. O projeto “Canção em canção” é singular, porém encharcado de pluralidade, considerando todo o generoso formato e a cadeia produtiva de sujeitos da vida & da arte que se propõe a mobilizar (intérpretes, músicos, estúdios, parceiros, comunicadores, público etc.). Um exemplo de boa aplicação dos recursos da Lei Estadual de Incentivo à Cultura.

Em suma, trata-se do registro de uma centena de exemplares da obra lítero-musical inédita deste filho festejado de Cajari, transformada em legado histórico, artístico e cultural para toda a Humanidade. Uma mostra do potencial do nosso qualificado repertório musical, que precisa de valorização e reconhecimento, antes que se transforme numa espécie em extinção, ou objeto de uma cultura envergonhada. 

Da cultura envergonhada

Esta sensação de cultura envergonhada, tenho sentido quando me deparo com artistas e grupos da música maranhense, de quase todas as gerações, matizes e gêneros, entrevistados pelos meios de comunicação locais, exibindo, até às vezes deslumbrados, um repertório de músicas que os seus próprios autores e intérpretes originais sequer utilizam mais em seus respectivos shows. 

Do seu jeito simplório e solidário de fazer projetos e canções, Josias Sobrinho transforma, de forma exemplar e discreta, o projeto “Canção em Canção” em um marco importante para todos nós compositores, intérpretes, regentes, arranjadores e admiradores, compreendermos mais profundamente o papel da produção criativa para o exercício da cidadania cultural, como bem destacava a filósofa Marilena Chauí, nos anos 90 do século passado.

Que não sejamos resto, nem má tradução, como alertava o ilustre Gil no início dos anos 2000; porém cidadãos do mundo, sem tirar o chapéu pra qualquer vagabundo que apareça, como sempre nos ensinou o poeta cantador, com todo o afeto de suas maravilhosas canções!

(*) poeta e compositor

Imagem destacada / divulgação / Joãozinho Ribeiro e Josias Sobrinho

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Justiça tem olhos grandes sobre quilombolas e vendas para grilo rico

Uma operação de guerra foi montada no quilombo Vista Alegre, em Alcântara (MA), para cumprir ordem judicial de reintegração de posse contra a edificação de um restaurante privado, nas proximidades da orla do território, que teria sido construído de forma irregular por uma das famílias do quilombo.

A reintegração de posse, em trâmite na 3° Vara Federal Cível da Justiça Federal do Maranhão, é acionada pelo Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) e movida pela Advocacia Geral da União (AGU).

Em Vista Alegre moram cerca de 50 famílias. Durante a reintegração, segundo os quilombolas, houve violência contra homens, mulheres, crianças e idosos.

A comunidade resistiu, tentando bloquear o acesso à área de cumprimento da ordem do despejo – o restaurante. No conflito, as forças policiais utilizaram bombas de efeito moral, balas de borracha e gás lacrimogêneo.

O território do quilombo é pretendido para a expansão da Base Espacial de Alcântara.

Violência contra povos e comunidades tradicionais no Maranhão é uma constante, às vezes com ordem judicial e excesso de força repressiva ou pela ação de grileiros e jagunços baseados apenas na violência explícita.

O restaurante objeto da reintegração era um lugar aprazível, nas proximidades da praia, no território do quilombo, e poderia ser uma opção de turismo sustentável na região, gerando renda para os empreendedores locais.

Mas, como é no quilombo…a Justiça mandou e o aparelho repressivo passou o trator.

Na região dos Lençóis Maranhenses, dezenas de empreendimentos hoteleiros, condomínios, restaurantes e mansões são construídos em áreas de proteção ambiental. Os grileiros ricos atropelam as leis, não respeitam as regras, desobedecem as fiscalizações e cometem todos os tipos de aberrações dentro de um território protegido pelos governos federal, estadual e prefeituras.

Basta percorrer as margens do rio Preguiças, em Barreirinhas; ou do rio Alegre, em Santo Amaro, para perceber a grilagem correndo solta, na cara de todas as autoridades, sem a mesma diligência dos fiscais da lei aplicada ao quilombo Vista Alegre.

Isso não tem outra denominação: é racismo estrutural!

Imagem destacada / Crédito: quilombolas de Vista Alegre / Tentativa de bloquear o acesso foi alvo de repressão contra os moradores do quilombo