Para além do voto consciente, baseado em critérios éticos, o ambiente eleitoral costuma ser dominado pelas paixões, crenças e os diversos tipos de pragmatismo.
Apaixonada é uma fatia do cidadão comum, sem interesse pessoal em determinado resultado eleitoral, mas dominado pelas sensações de amor e ódio desencadeadas no processo de mobilização dos afetos.
Existe ainda o apaixonado artificial. Esse tipo adere a certo grupo e passa a defendê-lo intensamente porque tem negócios e favores no universo da política. É o apaixonado pelos seus interesses privados.
Já o crente (não no sentido religioso) é um perfil do eleitorado cativo, no sentido da prisão ou cativeiro da sua opção de voto, amarrada a uma convicção inabalável por qualquer tipo de argumento ou dado concreto da realidade.
Todos os perfis são direta ou indiretamente alcançados pelas técnicas de marketing, da publicidade, da propaganda e do jornalismo, antes e durante as campanhas propriamente ditas.
Noticiário, opiniões, pesquisas, interpretações e análises desfilam no mesmo palco onde circulam distorções e desinformação nos diversos formatos do jornalismo e da propaganda eleitoral.
Em algumas situações, a fronteira entre o jornalismo, a publicidade e a propaganda fica diluída.
Nesse emaranhado, as indústrias de produção de conteúdo de comunicação operam para ativar percepções, fortalecer convicções, movimentar opiniões e consolidar apoios, obviamente com o fim de persuadir o eleitorado para determinado partido, candidato ou causa.
Toda eleição tem doses de sinceridade do campo político ético, mas ocorrem também as overdoses de manipulação, desinformação e distorção de todos os tipos.
Assim, a realidade mascarada interfere em diferentes níveis e intensidades nas escolhas do eleitorado.
Nas eleições 2022 no Maranhão estamos diante de uma polaridade emergente do grande campo político caudatário dos dois mandatos (quase oito anos) do ex-governador Flávio Dino (PSB), agora dividido em duas candidaturas: a do Palácio dos Leões (Carlos Brandão-PSB) e a outra representando um segmento das oposições (Weverton Rocha-PDT).
Ambos buscam formar alianças amplas, reunindo espectros da extrema direita à esquerda, com o objetivo de ganhar as eleições e governar.
Porém, tentam estabelecer diferenças.
Carlos Brandão, originário do sarneísmo e do coronelismo, é apresentado como projeto do campo progressista, aliado de Flávio Dino e “o candidato de Lula”.
Weverton Rocha, mais próximo do discurso progressista, recebe o carimbo do “candidato de Bolsonaro”.
As estratégias das candidaturas visam transformar Carlos Brandão em lulista e Weverton Rocha em bolsonarista, embora o primeiro seja um tipo da direita tradicional e o segundo tenha se movimentado no campo democrático.
A polaridade é meramente eleitoral. Não tem qualquer relação com programas de governo ou planos de desenvolvimento para o Maranhão.
Nesse contexto, o eleitorado será alcançado por intensa propaganda das duas candidaturas e uma parte tende a ser convencida por caminhos distorcidos da comunicação.
Política nem sempre é movida por argumentos, ideias e propostas.
A tomada de decisão do (e)leitor ocorre, em parte, como resultado da violência.
2 respostas em “Maranhão 2022: o estupro do (e)leitor”
E nem temos uma terceira via!
A terceira via no MA é a 3ª guerra mundial: os bolsonaristas raiz.