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Iphan vai inventariar Turmas de Samba do Maranhão

Por Fernando Oliveira (Jornalista)

Texto publicado no portal Agenda Maranhão

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Maranhão, em parceria com a Universidade Federal do Maranhão (UFMA), vai inventariar uma das manifestações mais antigas do carnaval maranhense: as Turmas de Samba. Esses grupos se caracterizam pela cadência mais lenta da batucada, cujo ritmo é encontrado, além de São Luís, em pelo menos cerca de 30 municípios maranhenses, conforme identificação preliminar do órgão federal.

O trabalho deve começar nos próximos meses e será desenvolvido pelo grupo de pesquisa sobre cultura popular e religião (GP Mina), da UFMA. A investigação segue o mesmo modelo que o Iphan adotou para a identificação de bens como o tambor de crioula e o bumba meu boi, que resultou no registro de ambos como patrimônio cultural imaterial brasileiro.

O inventário por si só não leva ao reconhecimento do bem como patrimônio imaterial, processo que requer diversas outras providências. A iniciativa tem como foco principal subsidiar o Iphan a promover ações que garantam a preservação dessa forma de batucada, incluindo seus detentores na política patrimonial do órgão.

De acordo com o antropólogo Rafael Bezerra Gaspar, da Coordenação Técnica de Patrimônio Imaterial do Iphan-MA, o Inventário Nacional das Referências Culturais das Turmas de Samba do Maranhão vai procurar identificar esses grupos, não só na Ilha de São Luís, mas também em todo o estado. “O que se pretende é entender se eles possuem variações de formação, de organização, de personagens, ritmo, musicalidade. E ainda como estão as condições materiais dos grupos”.

Não é a primeira vez que uma manifestação do carnaval de São Luís é alvo de inventário desse tipo. Em 2010, o bloco tradicional também foi objeto de investigação do INRC que resultou em um volumoso dossiê encaminhado ao Iphan solicitando o seu registro como patrimônio imaterial brasileiro. O conselho consultivo do Iphan não reconheceu a relevância do bem e arquivou o processo.

O historiador Ananias Martins, em sua obra “Carnaval de São Luís: diversidade e tradição”, revela que os primeiros blocos carnavalescos de São Luís foram fundados como Turma de Samba, no final da década de 1920. Uma delas, a Turma de Mangueira, se transformou na escola de samba que ainda hoje desfila no concurso oficial promovido pela prefeitura.

Na Secretaria Municipal de Cultura (Secult) estão cadastradas apenas quatro Turmas de Samba da região metropolitana de São Luís: Ritmistas da Madre Deus, Vinagreira do Samba, Ritmistas de Ribamar e Os Fuzileiros da Fuzarca, a mais popular de todas. Esta última, às vésperas de completar 88 anos, ganhou uma exposição para marcar a data. Instalada no Forte Santo Antônio, na Ponta d’Areia, a Mostra “Da Vila pro Forte Fuzileiro” retrata em fotos, vídeos, instrumentos e indumentárias a história do grupo ao longo de quase nove décadas animando o carnaval de rua de São Luís.

Fotos/Márcio Vasconcelos: Turma de Samba Os Fuzileiros da Fuzarca

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