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Nicolás Maduro: meu bem, meu mal

A situação da Venezuela precisa ser analisada à luz da obra “As veias abertas da América Latina” e do documentário “A revolução não será televisionada”.

As duas peças combinam para entender que Nicolás Maduro só tinha uma opção: endurecer e perder a ternura para garantir sob domínio do seu país uma das maiores reservas de petróleo do planeta.

Se ele não tivesse endurecido, os EUA consumavam o golpe, tomavam-lhe o petróleo e até hoje Juan Guaidó estaria se locupletando no banquete das elites venezuelanas e dos seus comparsas do rentismo internacional.

A Venezuela de hoje tem um governo militar e um presidente autoritário. Nicolás Maduro é o resultado de um país dilacerado historicamente por diferentes nações imperialistas.

O mundo inteiro sabe que na Venezuela a oposição é tratada com rigores e os direitos humanos não são a pauta principal do regime.

E o Brasil, o que tem com isso?

Tem tudo, a começar por uma fronteira de 2200 km com a Venezuela, onde incidem diversos tipos de problemas migração/refugiados, crime organizado/narcotráfico e o risco de animais não vacinados contaminarem o gado brasileiro, por exemplo.

É impossível o Brasil viver isolado da Venezuela, considerando acima de tudo que o vizinho é Amazônia e América Latina.

A nossa diplomacia acerta ao pensar no território, na economia (relações comerciais) e na política.

Ficar isolado politicamente da Venezuela é um erro estratégico na atual conjuntura.

Retomar o diálogo com a Venezuela é um passo fundamental para articular um bloco político e econômico nessa parte do continente, a exemplo da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), entidade criada em 2010 e que reúne 33 países.

A Venezuela não é uma democracia, tem um governo militar que reprime a oposição e não permite eleição democrática. Tudo isso é deplorável, mas não podemos abrir mão de recompor as relações diplomáticas e comerciais com um país que vive sob bloqueio econômico e diversas sanções internacionais lideradas pelos Estados Unidos.

Para o bem e para o mal, a Venezuela precisa do Brasil. E vice-versa.

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