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Maria Firmina dos Reis para crianças

Bicentenário da romancista maranhense que viveu no século 19 será celebrado com o lançamento do livro Maria Firmina, a menina abolicionista, de Andréa Oliveira

Com o livro Maria Firmina, a menina abolicionista, a jornalista e escritora Andréa Oliveira inaugura a Coleção Meninas do Maranhão, série de biografias infanto-juvenis sobre grandes mulheres maranhenses, e também o selo independente Palavra Acesa. A obra, com ilustrações da artista visual Mônica Barbosa, será lançado nesta sexta, dia 11 de março, às 18h, na Sala Sesc de Exposições (Av. dos Holandeses). A data marca o bicentenário de nascimento da autora do primeiro romance abolicionista da literatura brasileira.  

O livro é fruto de dois anos de pesquisa sobre a personagem e também sobre a escravidão, um dos capítulos mais tenebrosos da história do mundo e principalmente do Brasil, o último país das Américas a abolir essa prática, pelo menos oficialmente. “Quando eu tive a ideia de construir a coleção de biografias de mulheres maranhenses, o nome de Maria Firmina foi o primeiro da lista. Ela é a nossa grande pioneira nas principais lutas que ainda estão na pauta do tempo presente, pela liberdade para todos, contra o racismo e toda forma de opressão contra as mulheres”, afirma Andréa Oliveira.

A vida de Maria Firmina dos Reis é tão rica de acontecimentos impressionantes que parece até inventada: uma menina afrodescendente no Maranhão do século 19, criada numa vila do interior sem a figura paterna e distante do mundo dos privilégios vir a se tornar a primeira professora concursada do estado, a primeira mestra-régia, a romancista publicada nos jornais da capital.

Ela também foi quem criou a primeira escola em que meninas e meninos estudavam as mesmas lições, a escritora que deu voz às pessoas escravizadas, fossem africanas e seus descendentes, fossem indígenas; e questionou o lugar das mulheres. Até aqui parece muito, mas Maria Firmina dos Reis foi mais adiante e atuou também como poeta e compositora dos festejos populares, autora de toadas que até hoje encantam mestras e mestres do bumba-meu-boi do Maranhão. E tudo isso poderia ter ficado no esquecimento se alguém não tivesse encontrado um livro seu, por acaso, mais de um século depois, e dado início à recuperação de sua história.

A jornalista e escritora Andreia Oliveira em nova produção literária

“Conhecer Maria Firmina dos Reis e honrar o seu legado é dever de todas as pessoas nascidas no Brasil, principalmente nós, maranhenses. Por isso escrevo para crianças e, como costumo dizer, para crianças de todas as idades, para que cresçam com referências reais sem perder de vista a fantasia que uma história como a dela pode despertar, inspirar, emprestar poder. E se estamos falando dela hoje – e é uma das autoras brasileiras mais estudadas – é porque sua obra tem poder”, diz a escritora.

Andréa Oliveira, que estreou no gênero biográfico com a história do compositor João do Vale, em João do Vale – mais coragem do que homem (EDUFMA, 1998) e João, o menino cantador (Pitomba!, 2017), inicia, com este novo título, uma ciranda de mulheres em todas as etapas da produção literária. Além da companhia de Mônica Barbosa, nas ilustrações, o livro tem projeto gráfico de Tay Oliveira, revisão de texto de Eulália Oliveira e a impressão foi feita na gráfica Gênesis, comandada por Eva Mendonça.

O projeto Maria Firmina, a menina abolicionista foi contemplado pela Lei Aldir Blanc (SECMA) e recebeu apoio do Sesc Maranhão.

TRECHO

Tudo parecia ir muito bem até que algo muito esquisito aconteceu. Como um feitiço, daqueles que espalham uma nuvem de esquecimento sobre todo um reino, a história dela desapareceu e ficou escondida dentro de um silêncio profundo por mais de um século. A sua vida, toda a obra que criou, tudo foi perdido como uma folha seca no vai e vem das marés. E da grande mestra e escritora abolicionista Maria Firmina dos Reis não sobrou nem mesmo uma fotografia. Um nome sem rosto, um corpo perdido na história, mas uma voz tão forte que um dia, como se por encanto, foi desenterrada do fundo de um monte de livros antigos. E assim ela se tornou uma das escritoras mais admiradas e estudadas do Brasil. 

SERVIÇO

O quê: Lançamento do livro Maria Firmina, a menina abolicionista, de Andréa Oliveira

Quando: 11 de março, 18h

Onde: Sala Sesc de Exposição (Av. dos Holandeses, em frente ao Ibis Hotel)

Quanto: R$ 50,00

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