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Quanta potência literária no estilo de Guimarães Rosa

Já tive muitos prazeres na vida. Um deles, saborear a obra Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa. Veja abaixo alguns trechos:

“O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem.
O que Deus quer é ver a gente
aprendendo a ser capaz
de ficar alegre a mais,
no meio da alegria,
e inda mais alegre
ainda no meio da tristeza!
A vida inventa!
A gente principia as coisas,
no não saber por que,
e desde aí perde o poder de continuação
porque a vida é mutirão de todos,
por todos remexida e temperada.
O mais importante e bonito, do mundo, é isto:
que as pessoas não estão sempre iguais,
ainda não foram terminadas,
mas que elas vão sempre mudando.
Afinam ou desafinam. Verdade maior.
Viver é muito perigoso; e não é não.
Nem sei explicar estas coisas.
Um sentir é o do sentente, mas outro é do sentidor.”

A gente quer passar um rio a nado, e passa:
mas vai dar na outra banda é um ponto muito mais em baixo,
bem diverso do em que primeiro se pensou.
Viver nem não é muito perigoso?
Dói sempre na gente, alguma vez,
todo amor achável,
que algum dia se desprezou…
Qualquer amor já é um pouquinho de saúde,
um descanso na loucura.”

Imagem destacada / Tony Ramos e Bruna Lombardi interpretam Riobaldo e Diadorim, em cena da minissérie Grande sertão: veredas, adaptada pela Rede Globo

Uma resposta em “Quanta potência literária no estilo de Guimarães Rosa”

livro: prazer meu também

bons livros são como flores
no jardim da inteligência
enfeitam com suas cores
perfumam com sua essência

ps: uma homenagem ao mais engajado dramaturgo na e da amazônia, autor desta bela trova, que é imortal em sua obra: NAZARENO TOURINHO

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