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O planeta Terra está ficando infértil e doente

Qual a relação entre um pequeno sítio na zona rural da ilha de São Luís, as enchentes na Bahia e os múltiplos desastres ambientais nos Estados Unidos?

Esses fatos estariam relacionados à hipótese Gaia, desenvolvida pelo cientista britânico James Lovelock, tomando de empréstimo a ilustração de Gaia, a deusa terra, na mitologia grega?

No povoado Canavieira, em São José de Ribamar, a safra de caju em 2021 foi atípica. Acostumados a colher generosas quantidades, ficamos minguados de um fruto tão importante na segurança alimentar e nutricional das comunidades rurais e para a mesa urbana.

A escassez de caju é um fenômeno isolado?

Não! Ela está direta ou indiretamente vinculada às profundas mudanças ambientais em todo o planeta.

Uma das relações é a tragédia das enchentes na Bahia. Outra diz respeito ao turbilhão de problemas em decorrência das mudanças climáticas nos Estados Unidos.

Quem só assiste a certos filmes hollywoodanos com xaropadas de euforia sobre o patriotismo e a meritocracia dos EUA, vendendo o pacote publicitário de uma suposta nação que deu certo, precisa ouvir esse episódio do podcast Café da Manhã, da Folha de São Paulo.

Dois repórteres percorreram os EUA da costa leste à oeste e explicam as sucessivas tragédias vividas pelos norte-americanos na atualidade: mortes e outras perdas materiais causadas por incêndios, enchentes, furacões…

A escassez de caju em Ribamar, a chuva devastadora na Bahia e o caos nos EUA estão relacionados à hipótese Gaia, desenvolvida ainda nos anos 1970 pelo cientista britânico James Lovelock.

Ele toma de empréstimo a mitologia grega, na qual Gaia é símbolo da criação, fertilidade, equilíbrio, natureza em harmonia e ordenamento do Caos. Ela incorpora ainda os sentidos da proteção, sendo uma cuidadora dos recursos naturais, dotados da capacidade de renovação e fecundação.

Baseado nessas referências, Lovelock idealiza a Terra como um organismo vivo, interligado em todos os seus biomas, de tal forma que a interferência predatória em um ponto do planeta terá repercussão na totalidade da matéria viva.

A metáfora aplica-se ao princípio de que os ecossistemas vivem em constante relação uns com os outros, sendo Gaia a regente do processo de equilíbrio, proteção e renovação dos recursos naturais.

Ocorre que Gaia está sendo implodida pelas contradições do capital…

Quanto maior a produção alimentos em larga escala (agronegócio), mais fome temos no mundo.

Fome esta causada pela concentração de terra e renda, políticas ultraliberais, mudanças climáticas e desastres ambientais: secas, queimadas e enchentes.

Tal concepção de “desenvolvimento” está tornando a vida inviável e jogando a humanidade para o Caos inicial.

Em decorrência desse modelo, o vertiginoso desequilíbrio no uso dos recursos naturais vem provocando mais catástrofes em larga escala, além da fome causada pela escassez de água, de terras agricultáveis e dos espaços para a criação dos animais de pequeno e médio porte.

A crise alimentar e nutricional tem vínculo direto com tudo isso.

Não só os corpos famélicos estão mais frágeis. A qualidade de vida dos seres humanos incluídos no capitalismo também é vitimada pelas enfermidades provocadas por agentes patogênicos cada vez mais resistentes às vacinas e outros medicamentos.

O planeta todo está doente, ferido, maltratado, instável, desprotegido…

A título de comparação, a cobertura vegetal da Terra é similar à pele humana.

Você já imaginou tendo a pele do seu corpo queimada, cortada e arrancada à força, como se todo o seu organismo fosse escalpelado?

É mais ou menos essa sensação que o planeta Terra, como organismo vivo, está experimentando.

O planeta torturado grita de dor e reage.

Catástrofes naturais sempre aconteceram.

No princípio era o som, bummmm!

Tudo começou com uma grande explosão, o Big Bang, dando origem à vida no Cosmos, abençoada pelo verbo – a voz de Deus!

Ao longo de sucessivas eras, as tragédias (explosões, terremotos, tsunamis, enchentes, incêndios etc) são constitutivas da formação do Universo.

A desordem do mundo foi ajustada pela deusa Gaia ou Terra, mãe de todas as divindades, uma das primeiras moradoras do monte Olimpo.

Gaia, a deusa Terra, veio ao mundo para por ordem no Caos.

Agora estamos diante de um novo Caos, provocado, não mais natural. A ação humana turbinada pelos interesses ultraliberais do capital está transformando Gaia em um organismo infértil e doente.

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Os cachorros da era Bolsonaro & Guedes

Os efeitos agressivos da política econômica liderada por Paulo Guedes são percebidos de várias maneiras na vida comum das pessoas e dos bichos. Basta observar como estão os cachorros nas periferias das cidades e na zona rural: tristes e esqueléticos.

Quando o pobre comia carne, os cachorros roíam os ossos. Essa síntese traduz a importância do programa de segurança alimentar e nutricional implantado nas últimas duas décadas, que proporcionou a inclusão de milhões de brasileiros em padrões civilizatórios.

Fazer três refeições por dia, comer proteína, beber leite, ter direito a uma sobremesa de goiabada e levar a família a um restaurante uma vez por mês passaram a fazer parte da vida dos mais pobres. Os cachorros e as galinhas nos quintais saboreavam as sobras da comida farta na mesa do povo.

Uma série de políticas transversais viabilizou a chegada do capitalismo aos grotões. O dinheiro do Bolsa Família aqueceu a microeconomia no Brasil profundo. O Luz para Todos proporcionou um insumo fundamental – energia – para os pequenos e médios produtores e ao comércio.

Assim, o dono da quitanda na zona rural comprou o sonhado freezer para armazenar carne, leite e outros produtos porque havia consumo. Esses princípios básicos da economia fizeram girar a roda da indústria e dos transportes vinculados ao comércio de bens e serviços.

Os cachorros também foram beneficiários dos programas sociais com as sobras da mesa farta do povo.

Dessa forma, a prosperidade chegava ao Brasil profundo.

Mas, o preconceito de classe das elites nacionais, submissas ao capital internacional, impediram a escalada de desenvolvimento humano vivenciada no Brasil.

O golpe de 2016 e na sequência a radicalização do modelo ultraliberal, sob a chibata de Paulo Guedes, decretaram guerra aos direitos trabalhistas, à previdência e o extermínio da assistência social.

Somado ao preconceito, o ódio disseminado nos meios de comunicação e nas redes sociais tratou de estigmatizar o Bolsa Família como esmola aos pobres parasitas ou um programa de inspiração comunista (!).

De maneira subliminar, esse discurso já vinha sendo fartamente pronunciado pela boca de personagens como Caco Antibes, interpretado por Miguel Falabela, na série televisiva Sai de Baixo, da TV Globo.

A eleição de Jair Bolsonaro ampliou a discriminação e o preconceito contra os pobres, transformados em um dos principais alvos do Gabinete do Ódio.

Vieram, nessa perspectiva, uma série de medidas ultraliberais para impedir qualquer mobilidade social no Brasil.

A tirania econômica de Paulo Guedes vem tirando não só os empregos e os direitos do povo. Algo mais grave e violento acontece: corta da mesa dos mais pobres a o leite e a carne, deixando os cachorros sem o direito de roer os ossos.

Imagem destacada capturada neste site