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Arari! É paz para o povo e cadeia para consórcio do crime!

Publicação da Agência Tambor em 18 jan 2022

O sangue foi derramado. E a luta seguirá. Este é um fato que apuramos, a partir dos recentes crimes ocorridos no município maranhense de Arari, com o assassinato de cinco camponeses, em apenas dois anos. Todos ainda impunes!

Por conta da ação dos Fóruns e Redes de Cidadania do Maranhão, houve um recente progresso social e econômico na região de Anajatuba e Arari, na Baixada Maranhense. A melhora ocorreu a partir de mutirões, onde o povo tirou cercas e búfalos, que eram mantidos ilegalmente.

Essa situação incomoda arcaicos fazendeiros, grileiros, acostumados a explorar o povo, as terras e os campos da baixada, atropelando a lei, impondo regras, como se estivessem acima do bem e do mal. Criou-se, então, uma situação de conflito de interesses.

ONU em Arari

No dia 20 de novembro de 2021, houve uma audiência pública, em Arari, na comunidade de Cedro, com a presença do senhor Jan Jarab, representante da Organização das Nações Unidas (ONU). Essa audiência foi em uma área livre junto a casa do quilombola José Francisco Lopes Rodrigues (o Quiqui).

Audiência pública com representante da ONU, na comunidade Cedro, em Arari

O tema do encontro, articulado pelo defensor público federal Yuri Costa, então presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), foi exatamente o aumento da violência rural no Maranhão.

No dia 9 de janeiro, 50 dias depois dessa audiência, um dos anfitriões do representante da ONU, o senhor José Francisco Lopes Rodrigues, foi assassinado. Ele foi alvo de um atentado a bala, um crime de pistolagem, motivado exatamente por conflito de terra.

José Francisco: assassinado por conflito de terra com fazendeiros

José Francisco foi baleado no dia 3 de janeiro de 2022, na sua casa, no mesmo local onde esteve o tcheco Jan Jarab. Levado para São Luís, ele não resistiu a uma cirurgia e faleceu.

Jan Jarab, representante da ONU que esteve em Arari

No dia 3 de janeiro, no atentado que tirou a vida do quilombola José Francisco, sua neta de 10 anos, também foi baleada. Ela estava no colo do avô. Sobreviveu. E está com terríveis sequelas emocionais.

Tem nome e sobrenome

Diferentes organizações sociais registram o aumento da violência no Maranhão, por conta de questões fundiárias. O município de Arari, no entanto, chama bastante a atenção.

Os cinco trabalhadores rurais assassinados, em Arari, viviam em três comunidades diferentes, são elas Cedro, Flexeiras e Santo Antônio.

Em Cedro, além de José Francisco Lopes Rodrigues, foram mortos também os senhores Celino Fernandes e Wanderson de Jesus Rodrigues Fernandes. Os dois, pai e filho, foram executados no dia 9 de janeiro de 2020, exatamente dois anos antes da morte de José Francisco.

Wanderson e Celino: assassinados em 2020, os criminosos ainda não foram presos

Na comunidade de Flexeiras, a vítima foi Antonio Gonçalo Diniz, assassinado em 2 de julho de 2021. E a outra vítima, da comunidade de Santo Antônio, foi João de Deus Moreira Rodrigues, assassinado em 29 de outubro de 2021.

Lista e pistoleiros

Além dos cinco assassinados em Arari, houve vários atentados no município, nos últimos dois anos. E hoje, é dito que existe uma lista, com o nome de outras pessoas marcadas pra morrer.

O advogado Luís Antônio Pedrosa, da Federação dos Trabalhadores Agricultores e Agricultoras do Maranhão (Fetaema) diz que, “se não houver uma mediação adequada na região, por parte do poder público estadual, acontecerão novas mortes”.

Pedrosa fala do risco de novas mortes

E quem conhece a região diz que o ponto central em Arari é o ordenamento fundiário. As escrituras dos fazendeiros precisam ser submetidas a uma investigação séria, pois as suspeitas e evidências de fraudes cartoriais e grilagem são enormes.

Com seus abusos e privilégios barrados pela nova organização social da região, os fazendeiros estimulam o conflito entre os camponeses, como método de criar situações para matar as lideranças populares.

Os fazendeiros da baixada estão organizados e é sabido que, entre eles, existe a prática de contratação de pistoleiros, havendo também uma forte rede de proteção para criminosos, isto é, para dar cobertura a jagunços, matadores.

Nenhum passo atrás

O clima na região é tenso. No entanto, com os avanços sociais, econômicos e políticos não haverá recuou na resistência e organização social do povo. O que nós apuramos, entre os que vivem na região, é que eles são “convictos de que estão em uma luta justa e necessária, que tornou-se uma guerra”.

Nos foi dito que “o sangue derramado faz parte desse processo”. Luís Antônio Pedrosa confirma aquilo que nós ouvimos. “O povo diz que o sangue pode dá no meio da canela, mas ninguém vai recuar”.

Existe muita indignação nas comunidades, por conta da violência sofrida. Fora de Arari e já fora do Maranhão, a barbárie promovida pelos fazendeiros da baixada maranhense é vista como um escândalo, um absurdo, algo inaceitável.

E o povo de Arari não está só. Cresce o número de apoiadores que desejam paz para os posseiros (comunidades tradicionais, ribeirinhos) e cadeia para o consórcio do crime.

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Boi da Floresta recebe homenagem no projeto Murais da Memória

O sotaque de bumba meu boi da Baixada Maranhense, com suas matracas, maracás e pandeirões, será o próximo homenageado pelo projeto “Amo, Poeta e Cantador: Murais da Memória pelo Maranhão”. Mestre ‘Mundoca’ – Clemente Domingos Pinheiro, hoje, com 81 anos – é a nova personalidade a ser grafitada pelas mãos do artista plástico Gil Leros, entre os dias 17 e 20 de junho.

Este é o terceiro mural de 2021 da nova etapa do projeto “Amo, Poeta e Cantador”, que vai homenagear 10 personalidades do Bumba meu Boi do Maranhão. A imagem do mestre ‘Mundoca’ começa a ser graffitada nesta quinta-feira, 17, no muro da sede do Sistema Mirante de Comunicação, à Avenida Ana Jansen, no bairro do São Francisco em São Luís – MA.

O primeiro mural, em homenagem ao mestre Leonardo, do Boi da Liberdade, foi grafitado entre 19 e 23 de abril, no Centro de Saúde do bairro da Liberdade (São Luís/MA); e o segundo, em homenagem a Francisco Naiva, do Boi de Axixá, foi feito entre os dias 24 a 27 de maio, na referida cidade.

Mestre ‘Mundoca’ nasceu em 11 de novembro de 1939, em São Bento Novo do Maranhão, onde, aos 14 anos, teve o primeiro contato com as brincadeiras de bumba meu boi. Foi para São Luís aos 17 anos para trabalhar (1956), onde conheceu Apolônio Melônio, que fundaria, em 1972, o tradicional Boi da Floresta.

“Vim pra São Luís aos 17 anos, onde conheci Apolônio Melônio. Trabalhávamos juntos como estivadores no Porto de São Luís. Entrei pro Boi da Floresta logo no início da sua fundação, quando eu tinha 33 anos. E, hoje, mesmo cansado e com dificuldades para caminhar, não deixo de participar das brincadeiras todos os anos”, conta mestre Mundoca, que reside no bairro da Floresta em São Luís.

O cantador de toadas recebeu o apelido de ‘Mundoca’ em homenagem a um avô, que era chamado de ‘Doca’. Hoje, vive na companhia da esposa, Leonor, e de um de seus netos. Indagado sobre a homenagem que será feita pelo Projeto “Amo, Poeta e Cantador”, mestre Mundoca falou da sua alegria de estar vivo para receber tal homenagem: “Vou ficar mais conhecido (risos)”, e disparou: “Morre o boi, mas fica o nome”.

Dos 10 murais, quatro serão na capital maranhense e os demais em Axixá, Cururupu, Barreirinhas, Guimarães, Viana e São José de Ribamar. Paralelamente à confecção dos murais, imagens estão sendo captadas para a produção de um documentário, que vai contar a história, tradição, trajetória e sotaques, e falar também sobre as grandes personalidades do Bumba meu Boi do Maranhão.

O projeto “Amo, Poeta e Cantador” é uma realização do Bumba meu Boi da Floresta e do Artista Gil Leros, com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Benfeitoria e do Sitawi.

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Juventude da Baixada Maranhense pauta debate sobre violência em municípios da região

Fonte: Blog do Jailson Mendes

Líderes jovens desembarcam nesta sexta-feira, 6 de abril, na cidade de Arari, para a I Reunião Ampliada do Fórum de Políticas Públicas de Juventude da Baixada Maranhense. A intenção é discutir propostas para diminuir o avanço da violência nas cidades da região e criar um comitê de discussão permanente com diversas organizações existentes na Baixada.

O evento será realizado na sede do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Arari e reunirá 60 líderes de várias organizações da Baixada Maranhense, como Fóruns de Juventude, Grêmios Estudantis, Conselhos Municipais de Juventude, Secretarias e Coordenações de Juventude, Pastoral da Juventude e Movimentos Evangélicos e outras organizações que trabalham com o setor em municípios da nossa região.

Na programação, além de criar uma Agenda Positiva do Fórum Regional de Juventude, será feita uma Mesa Redonda com diversas organizações da região para discutir a segurança pública. Entre os convidados estão a Secretaria de Estado da Juventude, Labex/Uema, Instituto Baixada, Instituto Formação, União de Vereadores da Baixada, Promotoria de Justiça e Fórum em Defesa da Baixada Maranhense.

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