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Sessões solenes celebram 200 anos de Gonçalves Dias

O maranhense Gonçalves Dias completa seu bicentenário de nascimento no dia 10 de agosto. Considerado o mais importante poeta do Romantismo brasileiro, autor do poema Canção do Exílio, foi também etnógrafo, dramaturgo, historiador e professor.

Foi membro criador da Escola Indianista ou Panteísta. Por sua imensa contribuição literária, é patrono nas Academias Brasileira de Letras, Brasileira de Filologia, Maranhense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. Na mesma data será comemorado o aniversário de 115 anos de atividades da Academia Maranhense de Letras.

O Bicentenário de Nascimento do poeta maranhense Antônio Gonçalves Dias tem sido celebrado ao longo do ano por meio de uma série de eventos organizados pelo Comitê Especial Gonçalves Dias 200 Anos, da Academia Maranhense de Letras. Na primeira semana de agosto começa o ciclo de palestras ministradas pelo professor, membro da Academia Brasileira de Letras e diretor da Biblioteca Nacional, Marco Lucchesi; pelo escritor e membro da Academia Brasileira de Letras, Antônio Carlos Secchin; e pela escritora Ana Miranda.

A programação contempla ainda o lançamento do selo oficial Gonçalves Dias 200 Anos, a sessão solene comemorativa ao Bicentenário de Nascimento do Poeta Gonçalves Dias e aos 115 anos de fundação da Academia Maranhense de Letras, com cerimônia de entrega da Medalha 200 Anos de Gonçalves Dias.

As homenagens se estendem para fora do Maranhão e repercutem, em Brasília, onde os deputados federais participam de uma sessão solene proposta pelo deputado federal Márcio Jerry (PCdoB-MA), em homenagem ao Bicentenário de Gonçalves Dias, no dia 14 de agosto, no Congresso Nacional.

PROGRAMAÇÃO

Dia 7 de agosto, 18h, na Academia Maranhense de Letras – Palestra Gonçalves Dias, uma ideia de Brasil, com o professor Marco Lucchesi, da Academia Brasileira de Letras e diretor da Biblioteca Nacional

Dia 8 de agosto, 18h, na Academia Maranhense de Letras – palestra A canção de todos os exílios, com a escritora Ana Miranda

Dia 9 de agosto, 17h30, na Academia Maranhense de Letras – Lançamento do selo oficial Gonçalves Dias 200 anos

Dia 9 de agosto, 18h, na Academia Maranhense de Letras – Palestra Gonçalves Dias: o outro, a outra, com o professor e escritor Antônio Carlos Secchin, da Academia Brasileira de Letras

Dia 10 de agosto, 19h, na Academia Maranhense de Letras – Sessão solene comemorativa ao Bicentenário de Nascimento do Poeta Gonçalves Dias e aos 115 anos de fundação da Academia Maranhense de Letras, com cerimônia de entrega da Medalha 200 Anos de Gonçalves Dias

Dia 14 de agosto – Sessão solene em homenagem ao bicentenário do nascimento do poeta maranhense Gonçalves Dias, no Congresso Nacional, em Brasília

Marco Lucchesi

Membro da Academia Brasileira de Letras. É o sétimo ocupante da cadeira nº 15, eleito em 3 de março de 2011, na sucessão de Pe. Fernando Bastos de Ávila, foi recebido em 20 de maio de 2011 pelo Acadêmico Tarcísio Padilha. Foi eleito Presidente da ABL para o exercício de 2018, 2019, 2020 e 2021. É professor titular da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro, além de presidente da Fundação Biblioteca Nacional.

Marco Americo Lucchesi nasceu em 9 de dezembro de 1963, no Rio de Janeiro.

Poeta, romancista, memorialista, ensaísta, tradutor e editor, em sua ampla produção, contemplada por diversos prêmios, destacam-se: Sphera, Meridiano Celeste e Bestiário e Clio (poesia); O Dom do Crime, O Bibliotecário do Imperador  e Adeus, Pirandello (romances); Saudades do Paraíso e Os Olhos do Deserto (memória); A Memória de Ulisses e O Carteiro Imaterial (ensaios).

Traduziu diversos autores, dentre os quais, publicados em livro, dois romances de Umberto Eco, a Ciência Nova, de Vico, os poemas do romance Doutor Jivago, obras de Guillevic, Primo Levi, Rumi, Hölderlin, Khliebnikov, Trakl, Juan de la Cruz, Francisco Quevedo, Angelus Silesius.

Antônio Carlos Secchin

É membro da Academia Brasileira de Letras. É o sétimo ocupante da Cadeira nº 19, eleito em 3 de junho de 2004, na sucessão de Marcos Almir Madeira e recebido em 6 de agosto de 2004 pelo acadêmico Ivan Junqueira.

Antonio Carlos Secchin nasceu no Rio de Janeiro em 10 de junho de 1952.

É Doutor em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1982). Professor de Literatura Brasileira das Universidades de Bordeaux, (1975-1979), Roma (1985), Rennes (1991), Mérida (1999) Paris III-Sorbonne Nouvelle (2009) e da Faculdade de Letras da UFRJ, onde foi aprovado (1993), por unanimidade, com nota máxima, em concurso público para professor titular. Ministrou 50 cursos de pós-graduação, no país e no exterior. Em 2013, tornou-se professor emérito da UFRJ.

Ana Miranda

Nasceu em Fortaleza, em 1951. Morou em Brasília, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Hoje vive no Ceará. Estreou como romancista em 1989, com Boca do Inferno (prêmio Jabuti de revelação). De lá para cá escreveu diversos romances, entre eles Desmundo (1996), Amrik (1997) e Dias & Dias (2002, prêmio Jabuti de romance e prêmio da Academia Brasileira de Letras). Foi escritora visitante em universidades como Stanford e Yale, nos Estados Unidos, e representou o Brasil perante a União Latina, em Roma.

Ana Miranda é autora do livro Dias & Dias Dias & Dias, publicado originalmente em 2002, no Brasil. Trata-se da biografia romanceada do poeta romântico Gonçalves Dias, sob a óptica feminina da autora.

SERVIÇO

O que: Comemoração ao bicentenário de nascimento de Gonçalves Dias

Onde: Academia Maranhense de Letras (Rua da Paz, 84, Centro)

Quando: 7, 8, 9 , 10 e 14 de agosto

Contato: Maristela Sena (98) 98260 9969

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Festival Amazônia Encena Na Rua chega ao Maranhão em agosto

A programação inicia com um esquenta em escolas públicas de São Luís, com sessões especiais entre 2 e 7 de agosto.

O Festival Amazônia Encena na Rua chega a sua 14ª edição e em um feito inédito: será realizado em dois estados, Rondônia e Maranhão. De acordo com a produção do evento, 145 espetáculos de teatro, circo e dança foram inscritos – dentre os inscritos, uma curadoria especializada selecionou 13 espetáculos para a programação.

O Coordenador do Festival, Chicão Santos comemora: “O Amazônia Encena na Rua é a grande festa das artes cênicas de rua, é o lugar onde o teatro, a dança e o circo se encontram para encantar toda a gente que vai até o festival. Nós estamos muito felizes com a quantidade de obras inscritas, é bom ver que os artistas estão voltando a produzir depois da pandemia”.

O Amazônia Encena na Rua nasceu para preencher uma lacuna no cenário cultural da Amazônia Legal, que ainda não possui outro evento com essa dimensão voltado para a difusão das artes cênicas de rua produzidas no eixo.

Além de ser uma celebração artística, o festival também se configura como uma importante ferramenta de política pública para a fruição, fomento, difusão e circulação da produção artística amazônica, além de contribuir para a formação de plateia e artistas locais.

A sua programação abrangente, descentralizada, gratuita e inclusiva visa estimular o interesse da comunidade pelas atividades artísticas e promover a troca e o intercâmbio entre diferentes linguagens, estéticas e grupos da Amazônia e do Brasil.

O Amazônia Encena na Rua se potencializa pela formação de novas plateias, valorização e oportunização de visibilidade aos artistas, grupos, conteúdos e espetáculos produzidos na Amazônia, além de gerar conexões e fortalecimento da Rede de Teatro da Floresta, Rede Brasileira de Teatro de Rua, entre outras redes.

A programação do festival se inicia com um esquenta em escolas públicas de São Luís que acontecerá entre os dias 02 e 07 de agosto. Já a Programação Oficial ocorrerá entre os dias 08 e 13 de agosto na Praça Nauro Machado, no Centro Histórico de São Luís e contará com 09 (nove) apresentações de grupos do Maranhão, Pará, Amapá, Tocantins, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Todas as ações do evento são gratuitas e realizadas em locais públicos, garantindo que haja democratização do acesso à arte pela comunidade. O festival oferecerá também atividades formativas – as inscrições já estão abertas e podem ser feitas nos seguintes links:

ATIVIDADES FORMATIVAS

OFICINA 1:  Treinamento do Ator de Rua;
10 de Agosto, 15h, Praça Nauro Machado (Reviver);
INSCRIÇÃO: https://forms.gle/8XseqN3AKrxsqNPh9.

OFICINA 2: A Dramaturgia da Rua;
11 de Agosto, 15h, Praça Nauro Machado (Reviver);
INSCRIÇÃO: https://forms.gle/ZN41bmaKQoHCNNB89.

O festival é realizado com recursos da Lei de Incentivo à Cultura, idealização do O Imaginário, possui patrocínio master da Energisa e Instituto Cultural Vale e realização do Ministério da Cultura e Governo Federal.

Imagem destacada / Foto – Inovar Produtora / Divulgação

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O mercado e a mídia não gostaram de Marcio Pochmann no IBGE

Não é de se estranhar a reação da mídia de mercado diante do anúncio de que o economista Marcio Pochmann vai assumir a presidência do IBGE.

Pochmann foi atacado porque é um intelectual e militante do campo democrático-popular.

Longe de ser um lulista apaixonado, daquele tipo de só enxerga virtudes no chefe, o agora presidente do IBGE sempre teve uma postura crítica sobre as políticas neoliberais.

É por isso que está na mira da velha corporação da mídia.

Quando o agiota Paulo Guedes foi nomeado ministro da Economia do governo Jair Bolsonaro a reação da mídia foi de euforia.

Já Pochmann, nome de fora do mercado, é mal visto pelo rentismo.

Foto destacada: Marcio Pochmann / Agência Brasil

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Supremo Flavio Dino

Em pouco tempo o ex-governador do Maranhão e atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Flavio Dino (PSB), conseguiu um feito difícil: entrar na fila dos eventuais sucessores de Lula.

A ascensão do jovem político foi tão rápida que assusta os concorrentes no campo democrático e, óbvio, provoca ódio nos adversários.

A ideia de Flávio Dino presidente não é bem acolhida no PT. Os velhos cardeais petistas conhecem a voracidade do mais visível ministro de Lula.

PTistas calejados sabem que se Dino ganhar mais protagonismo no governo pode engolir a velha guarda lulista.

Por isso, entre muitos PTistas, faz sentido a ideia de colocá-lo no STF. Ele mesmo não deve querer, porque só pensa naquilo – o Planalto.

Uma eventual ida para o Supremo seria apenas para “passar uma chuva”, enquanto aguarda a fila presidencial andar.

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Polícia não é milícia

Policiais são trabalhadores e merecem o devido tratamento republicano. Eles são disciplinados por regimento próprio e pelas constituições estaduais e a federal.

Violência contra policiais é grave, assim como a violência policial que incide principalmente contra os setores mais vulneráveis.

Assassinatos de policiais devem ser investigados rigorosamente até o fim e a punição dos responsáveis.

Não cabe à polícia a função de vingança ou “justiça com as próprias mãos”.

Policiais não são milicianos, uma gente criminosa que age à margem da lei.

Estamos retomando a democracia e o processo civilizatório no Brasil. Matanças por vingança só vão gerar mais violência.

O Brasil não pode virar uma lavoura arcaica geral.

 Foto destacada: Fernando Frazão/Agência Brasil

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Iemanjá! Racismo religioso provoca grande reação em São Luís

Agência Tambor – Se o poder no Maranhão fosse menos conservador, já teríamos no estado mandato de parlamentares cassados por crime de racismo religioso.

Em relação ao monumento da Orixá Iemanjá, localizado na Praia do Olho D’Água, na cidade de São Luís, o crime ocorreu pela terceira vez. 

A imagem foi atacada novamente, nas primeiras horas de 23 de julho. O mês marcado como Julho das Pretas. Coincidência? É óbvio que não.

A capital maranhense tem sido marcada por crimes de racismo religioso. Nos últimos anos, diante do desbunde da extrema direita, terreiros foram atacados. A situação é inaceitável. E a sociedade não aceita.

Leia também: Mulheres negras reagem aos ataques a Iemanjá

A Lei para criminosos

Desde o crime, povos e comunidades de terreiro, além de lideranças religiosas de matriz africana e outras organizações sociais, uniram forças em torno de uma agenda, cobrando do poder público uma resposta imediata.

Na segunda-feira, 24 de julho, organizações como a Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde-Renafro; Federação de Umbanda e Culto Afro do Maranhão; Fórum Estadual de Mulheres de Axé; Coletivo Dan Eji; Terreiro Nossa Senhora da Vitória; Ilê Axé Alagbede Olodumare; Tenda São Jorge Jardim de Oeira da Nação Fanti-Ashanti; Ilê Sogbosi Inã; Ilê Axé Akoro D´Ogum; Ile Ashe Yemowa Abê; e outras entidades protocolaram junto à delegacia de combate aos crimes raciais, agrários e de intolerância do Maranhão uma notícia crime.

A expectativa é que o caso seja elucidado e que se aponte os culpados pelo racismo religioso. 

O documento também expõe imagens de usuários nas redes sociais, que fizeram postagens com discursos de ódio em relação à quebra do monumento. As organizações solicitam que essas pessoas respondam pelos crimes que praticaram na Internet.

O delegado Agnaldo Timotéo informou que foi dada a abertura oficial da investigação. O principal movimento será a busca por câmeras e testemunhas que possam ter visto o crime, de 23 de julho. 

Foto: Divulgação
Indignação

Em nota, a comunidade religiosa do Terreiro Nossa Senhora da Vitória também manifestou sua indignação.

“A Praça de Iemanjá é fruto de uma luta do Terreiro Nossa Senhora da Vitória, que junto com as organizações dos povos de terreiro do Maranhão reivindicou ao governo do Estado a restauração da antiga imagem, que estava abandonada há décadas e a construção de uma praça que pudesse reunir os povos e comunidades tradicionais de matriz africana do Maranhão”, diz um trecho da nota assinada por Mãe Nonata de Oxum, Fundadora e Matriarca do Terreiro Nossa Senhora da Vitória.

A Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (Renafro), Núcleo Maranhão, manifestou seu veemente repúdio em relação ao ataque racista praticado contra a imagem de Iemanjá.

“É um ataque a um dos únicos espaços construídos pelo poder público para dar visibilidade às religiões de matriz africana, demonstrando a continuidade dos ataques aos povos de terreiro que assolam o Maranhão nos últimos anos”, diz a nota da Renafro.

A Casa Fanti-Ashanti também lançou uma nota dizendo que “que atos como esse não são isolados e fazem parte de um contexto de manifestações de ódio e de racismo contras as religiões de matriz africana e seus adeptos”.

Foto: Divulgação

O texto diz ainda que a Casa “espera que as autoridades possam agir de forma célere para apurar o fato e responsabilizar os causadores do dano, além de reconstruir imediatamente a imagem”.

A Iyalorixa Jô Brandão, coordenadora do Coletivo DAN EJI, enfatizou que “a depredação da imagem de Iemanjá é um ataque às religiões de matriz africana. Iemanjá é uma referência de um orixá.” 

Ela completou que “não se trata apenas da depredação do patrimônio público. Não é apenas um ato de vandalismo. Além do que, estamos falando de uma imagem feminina. É comum nas violações de direitos, o rosto feminino é a primeira parte física agredida e violentada”.

Manifestações

Na terça-feira (25), os povos e comunidades de terreiro, além das lideranças religiosas de matriz africana, reuniram-se na Praça onde fica a estátua de Iemanjá. 

Repudiaram a ação racista ao monumento, enfatizando a importância e necessidade emergencial de políticas educacionais para combater e enfrentar os diversos tipos de racismo.

Na sexta-feira (28), as comunidades de terreiro fizeram mais um ato na Praça de Iemanjá, na Praia do Olho D’Água.

A manifestação foi para reforçar que as investigações sejam feitas urgentemente. Tanto da depredação, quanto dos discursos de ódio, que têm sido veiculados nas redes sociais contra religiões de matriz africana.

Foto: Divulgação
Resposta do Poder Público

O governo do Maranhão formou uma comissão com a Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular (SEDIHPOP), a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão (SSP-MA), a Secretaria de Estado de Governo do Maranhão, a Secretaria de Estado da Infraestrutura Maranhão, a Agência Estadual de Mobilidade Urbana e Serviços Públicos (MOB) e a Secretaria de Estado de Igualdade Racial (SEIR) para tratar sobre este caso de racismo religioso.

Os representantes do governo reuniram-se, na quarta-feira (26), com representantes de povos de religiões de matriz africana para dialogar soluções para o caso.

Socorro Guterres, secretária adjunta da Igualdade Racial disse que a Secretaria de Igualdade Racial “repudia veementemente esse ato, que foi criminoso e de manifestação violenta de racismo”. Ela também destacou que estes tipos de casos vêm acontecendo em vários lugares do Brasil. 

Em 2022, houve outros crimes de depredação no Maranhão. Foram ataques a terreiros, que demonstram o racismo a religiões de matriz africana em São Luís.

Durante a reunião foi encaminhado, pelos representantes do governo estadual, a recuperação da imagem, assim como a realização de ações para aumentar a segurança no local, como a instalação de sistema de videomonitoramento na Praça de Iemanjá, no Olho D’água.

Casos de racismo religiosos são cada dia mais comuns e é inaceitável que o Estado não responda com urgência e responsabilidade que o caso merece.

O Maranhão é um dos estados com a maior população negra do Brasil e segundo estado com maior número de povos quilombolas. A sociedade registrou que não aceitará que crimes de racismo saiam impunes.

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O lixo espalhado na ilha

A cada dia causa mais espanto a quantidade enorme de lixo espalhada em São Luís e nas estradas que interligam os outros três municípios da ilha – São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa.

Lixões pequenos, médios e grandes são formados às margens das rodovias ou dos poucos rios ainda vivos na zona rural, provocando risco à saúde das pessoas e dos animais, perigo de contaminação dos lençóis freáticos e um visual grotesco para quem passa ou mora perto das montoeiras de dejetos.

O problema é muito complexo. Passa, principalmente, pelo planejamento das cidades.

As prefeituras e câmaras municipais no geral estão interessadas apenas em funcionar como lobistas das empreiteiras para viabilizar empreendimentos industriais e imobiliários sem os devidos critérios de sustentabilidade.

Além dos aspectos estruturais e de gestão, falta uma grande força tarefa EDUCATIVA junto às pessoas, entes públicos e privados para orientar a coletividade sobre os resíduos sólidos.

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Quem mandou caluniar Marielle?

Editorial da Agência Tambor

Na noite do dia 14 de março de 2018, pouco tempo após o crime que tirou a vida de Marielle Franco (PSOL), começou a circular a foto de uma moça sentada no colo de um homem.

O corpo da ex-vereadora ainda estava no carro. E a foto sendo impulsionada, em redes sociais.

Junto a imagem do casal, a versão falaciosa de que se tratava de Marielle Franco. Seria ela e um traficante.

A foto e a mentira fizeram parte da violência política da extrema direita brasileira.

Foto divulgada pela extrema direita, logo após o assassinato de Marielle.

Marielle foi alvo de um poderoso esquema de produzir calunias, de uma ação orquestrada. Foi vítima da mesma máquina de mentiras, que ganhou intensidade naquele ano eleitoral de 2018.

Hoje, vem ganhando ainda mais força a pergunta sobre quem mandou matar Marielle Franco.

Com o avanço das investigações e a recente participação da Policia Federal, milhões de pessoas, de norte a sul do Brasil, seguem querendo saber quem contratou os serviços dos matadores.

É evidente que o assassinato está relacionado com a ação política da vítima. A trágica morte de Marielle foi um atentado contra suas ideias, sua militância.

As investigações já revelaram que a execução passou pelas chamadas milícias.

As milícias são grupos criminosos, formado por ex-militares, que controlam comunidades pobres, extorquindo e matando pessoas.

Existe uma relação escancarada entre essas milícias e a extrema direita, que passou a ter um imenso poder político no Rio de Janeiro.

Leia Também: Mulheres negras reagem aos ataques a Iemanjá

Enfim, os fatos mostram que encomendaram dois crimes. Planejaram a morte física e moral de Marielle Franco. E os ataques foram feitos simultaneamente.

Ao lado da metralhadora – disparada a mando de um interesse politiqueiro – houve uma campanha de difamação montada. Uma manobra para criar a falsa versão de que ela teria morrido por conta da ação de traficantes.

Quem, no Rio de Janeiro, queria matar politicamente Marielle Franco? Quem idealizou e contratou um serviço marcado por ódio, fake news, crueldade, covardia?

As ideias de Marielle Franco representam possibilidades democráticas. E planejaram liquidar a democracia. Com violência acima de tudo.

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Memórias do PT: o legado de Messias Costa e do jovem Ribamar Ribeiro

O texto abaixo (em itálico) foi publicado em julho de 2006, no antigo Blog do Ed Wilson, por ocasião da morte de duas lideranças expressivas do movimento social e partidário de Viana, cidade localizada na Baixada Maranhense: o médico Messias Costa e o jovem comunicador e ativista Ribamar Ribeiro. O artigo, porém, ficou perdido em algum lugar na web.

Recentemente, neste julho de 2023, o vianense e geógrafo José Ribamar Santos Neto recuperou o texto em uma rede social. “Sou fã desse artigo. Gosto muito de escrever também. Conheci bastante doutor Messias e Ribamar Ribeiro era meu vizinho. Homens simples e de muito valor”, enfatizou Ribamar Neto.

O acidente que matou o prefeito Messias Costa foi permeado de controvérsias e suspeitas. À época, o então deputado estadual petista Domingos Dutra questionou o trabalho da perícia.

Naquele tempo, Ribamar Ribeiro engajou-se na rádio comunitária (PPJ FM) de Viana, junto com um grupo de jovens egressos de projetos de capacitação do Instituto Formação. A programação da rádio repercutiu muito na cidade e a emissora foi perseguida até a extinção pelo conservadorismo local.

O jovem idealista chegou a ser suplente de vereador em 2004, pelo PRP, mas teve a vida interrompida por uma tuberculose. Era solteiro e não deixou filhos. Seus parentes vivem hoje no povoado Santa Teresa, na zona rural de Viana.

Os dois filhos de Messias Costa têm nos nomes a marca do pai: Lenimarx Soares Costa é médico formado em Cuba e Frederich Marx Soares Costa advogado.

Veja abaixo o artigo sobre um PT que não existe mais e hoje está totalmente dominado pelo pragmatismo:

Os “Guevara” da Baixada Maranhense

Ed Wilson Araújo

A morte do ex-prefeito de Viana, Messias Costa Neto, abre um vazio na política e no PT, ambos cada vez mais cercados do pragmatismo e do oportunismo, salvo algumas exceções. No geral, a primeira providência de um prefeito recém-empossado é adquirir uma caminhonete Hi-Lux e, no decorrer do mandato, ir aumentando o patrimônio com apartamentos no Calhau e alhures. É assim com muitos! Mas Messias, após dois mandatos em Viana, dirigia um carro popular, trajava camisa do PT e vinha de uma das missões que abraçou com gosto e compromisso: a prática da Medicina junto ao povo.

Messias Costa em campanhas eleitorais pelo PT: concorreu a deputado estadual (1994) e foi eleito prefeito em 1996

“Quantas e quantas vezes ouvimos relatos ou presenciamos o prefeito de Viana deixar um compromisso administrativo para atender a um doente na zona rural de Viana? Várias! A profissão de médico e as gestões na prefeitura não foram para ele meios de enriquecimento ou de distanciamento da sua própria realidade. A “corte” de Messias era o seu povo, o baixadeiro, com o qual construía sonhos, utopias e projetos.

Messias Costa com os filhos: Lenimarx e Frederich Marx
O ex-prefeito de Barreirinhas Léo Costa (PDT), Messias Costa, um correligionário vianense e o ex-governador Jackson Lago

A práxis de Messias é um exemplo de reencontro com a humanização da política, tão artificializada pelos efeitos da cosmética publicitária, dos marqueteiros e dos estrategistas que transformam a política em negócio, o parlamento em bolsa de valores, o candidato em ação do mercado e o voto em mercadoria.

Qual marqueteiro seria capaz de tirar dele a “cara” de homem do povo? Messias era avesso aos padrões que a modernidade liberal veio construindo entre nós: luxo, conforto ao extremo, consumismo, status de administrador e médico etc. E assim o seu modo de exercer a Medicina e a política foi se espalhando pelo interior de Viana e por toda a Baixada Maranhense.

Posse de Messias Costa na Prefeitura de Viana, em 1996. Da esquerda para a direita o então vereador Chico de Alfredo, o senador Epitácio Cafeteira, Messias Costa e o seu vice Marconi Veloso e o vereador Zé de Bita, na época presidente da Câmara Municipal

Messias foi enterrado com a maior honraria de um revolucionário: a presença do povo que tanto amou e cuidou. Ele deu aos filhos os nomes dos seus gurus ideológicos: Marx e Lênin. Um deles estuda Medicina em Cuba, reforçando as afinidades ideológicas e profissionais entre o ex-prefeito e o guerrilheiro Guevara. Messias embrenhava-se na zona rural da Baixada Maranhense para tratar o povo com remédios e idéias. Queria curá-lo das doenças e libertá-lo das injustiças sociais.

Quase todas as estimativas do PT convergiam para uma grande votação de Messias para deputado estadual em 2006, com amplas possibilidades de conquistar uma vaga na Assembléia Legislativa. Mas o destino foi outro. Na estrada precária, seu carro popular foi de encontro justamente a uma Hi-lux, que ele, após administrar muitos fundos de participação, não comprou.

Ribamar Ribeiro chegou a ser suplente de vereador pelo PRP, em 2004

A perda do ex-prefeito soma-se ao recente desaparecimento de outro guevara de Viana. O jovem Ribamar Ribeiro, de 24 anos, morreu em meados de julho, de tuberculose. Parece absurdo, mas muitas pessoas no interior do Maranhão ainda morrem de tuberculose. Ribamar era um dos mais atuantes membros da Rádio Comunitária PPJ FM, uma emissora feita por jovens oriundos de situação de pobreza que marcou o cenário político de Viana. A rádio foi fechada pela dupla Anatel/Polícia Federal, mas os jovens, liderados por Ribamar, estavam decididos a retomá-la. Dias antes de morrer, ele limpou os equipamentos e reorganizou os documentos da associação mantenedora da rádio.

Não se fazem mais PTistas como Messias Costa, que encarava a política e a Medicina com zelo e opção pelos pobres, sem mecenato

Esta ação de Ribamar também lembra Che Guevara. Ao subir a Sierra Maestra para deflagrar a Revolução Cubana, o guerrilheiro levou junto um transmissor que daria origem à Rádio Rebelde, uma arma decisiva na guerra de informação travada contra as agências de notícias que tentavam desqualificar Guevara e Fidel Castro, plantando mentiras sobre a revolução na imprensa internacional. A família de Ribamar era muito pobre no interior de Viana. Mas orgulhava-se de ouvir a voz do filho ilustre, de sobrenome Ribeiro, pelas ondas da rádio PPJ FM.

Viana perdeu dois filhos ilustres. Viva Messias! Viva Ribamar! Que surjam outros guevaras na Baixada Maranhense!

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O TEATRO DAS ELEIÇÕES: reflexões sobre a consulta à comunidade universitária da UFMA

A Constituição Federal de 1988 estabeleceu a gestão democrática como um dos princípios que devem orientar a oferta de educação no Brasil. Além disso, concedeu autonomia às universidades federais para a gestão didático-científica, administrativa, financeira e patrimonial. No entanto, as normas, os procedimentos administrativos e as relações institucionais vigentes nas universidades, profundamente afetados pela herança patrimonialista, clientelista e assistencialista, têm distanciado a gestão universitária da democracia.

Esse é o caso da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), onde a escolha dos ocupantes dos cargos de reitor(a) e vice-reitor(a) se faz por meio da formação de uma lista tríplice, como resultado de um cálculo em que são atribuídos pesos diferentes aos votos dos segmentos na consulta à comunidade acadêmica: os votos dos professores equivalem a 70% do total, enquanto alunos e técnicos administrativos representam 15% cada. Essa é uma prática herdada do regime militar ainda não superada na nossa universidade, mas que tem sido substituída pelo voto paritário na maioria das universidades brasileiras. Um levantamento realizado pela UnB Agência (https://sindifes.org.br/de-54-universidades-federais-37-adotam-paridade-nas-eleicoes/) mostra que 68% das universidades federais adotam o voto paritário ou universal, o que, na avaliação de diversos estudiosos do tema, constitui uma prática mais democrática, que respeita, de fato, a vontade da maioria e constitui uma luta histórica do movimento docente e discente nas universidades públicas.

A escolha dos nomes para compor a lista tríplice que ocorreu na Universidade Federal do Maranhão no dia 21 de julho corresponde inteiramente à expressão cunhada por Richard Graham (1997), para nomear a farsa da eleição operada a partir da Constituição brasileira de 1824– O TEATRO DAS ELEIÇÕES – no qual os detentores do poder, pelas relações de apadrinhamento e clientelismo, pelas ações extralegais ou mesmo pela fraude, controlavam o resultado das eleições a seu favor. O que se presenciou no processo mais recente da consulta para a composição da lista tríplice para os cargos reitor(a) e vice-reitor(a), bem como no processo mais longo da atual administração da UFMA, é a expressão contundente de um “teatro das eleições”, cujo resultado já estava definido.

O “teatro das eleições” foi armado com um enredo e um desfecho conhecidos pela comunidade universitária. Os Atos indicavam que o controle do processo estava com o grupo político que dirige autocraticamente a UFMA há 3 gestões. No primeiro Ato assistimos às cenas da mudança do Estatuto (10/11/2021) e do Regimento Interno (09/05/2022), em plena pandemia, sem tempo hábil para discussão da comunidade universitária e com interdições que impediram que os segmentos apresentassem quaisquer questionamentos. O Estatuto e o Regimento deixaram claro como seriam os próximos Atos.

O segundo Ato foi a alteração das regras da Consulta Prévia para a modalidade remota e a tentativa de ampliar o colégio eleitoral com os funcionários da EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).

O terceiro foi a reedição da prática adotada em eleições anteriores, estabelecendo um curto período para campanha; neste caso, foram apenas 14 dias, e realizar a votação no final de período letivo, quando, por exemplo, o Colégio de Aplicação já tinha iniciado as férias e os campi já se encontravam esvaziados.

O quarto Ato foi a aprovação, pelo Colegiado Superior, de uma Comissão Eleitoral composta, em sua maioria, por pessoas com reconhecido vínculo com a atual administração superior.

O quinto e talvez mais abrangente Ato foi o exercício do poder de pressão sobre os ocupantes da estrutura administrativa, com a finalidade garantir que as regras das eleições não fossem modificadas e que os candidatos da gestão tivessem acesso privilegiado aos potenciais eleitores da consulta prévia.

Nesse “Teatro das Eleições”, no entanto, o grupo não contava com a reação de parte da comunidade universitária e do sindicato dos professores (APRUMA), que anunciaram que o Rei estava nu. As denúncias de fragilidades do sistema Helios Voting se confirmaram no desenrolar da votação, o que motivou dúvidas quanto ao resultado da consulta. As eleições ocorreram em um clima de muita precariedade quanto ao sigilo e a segurança dos votos (com um sistema que permitia, sem qualquer explicação plausível, que o mesmo eleitor pudesse votar várias vezes), a garantia de liberdade e de isonomia entre os candidatos e os votantes.

As eleições na modalidade remota e eletrônica, no final do semestre, com pouco tempo de campanha e com os critérios de proporcionalidade se mostraram uma máquina de moer a democracia. Os estudantes foram os grandes excluídos do processo, cuja abstenção total foi de 66,38%. De um total de 28.183 aptos a votar, somente 9.476 participaram da votação para reitor(a), expressando as consequências de as eleições se realizarem na última semana do semestre letivo e das estratégias utilizadas pela gestão nos últimos dois anos para ampliar o ensino remoto e a distância, bem como desmobilizar o movimento docente e discente, favorecendo as práticas autoritárias, a exemplo das decisões ad referendum.

A proporcionalidade do voto com peso de 70% para professores, 15% para discentes e 15% para técnicos em educação expressa a desvalorização dos estudantes e técnicos enquanto constituintes da comunidade universitária. Essa proporcionalidade gera o casuísmo de que nem sempre quem ganha no voto universal seja o primeiro colocado no voto proporcional. O candidato Luciano Façanha foi o mais votado no sistema universal, obtendo 3.842 votos, contra 3.346 votos recebidos pelo candidato Fernando Carvalho, sendo, portanto, legitimo que seja o Reitor.

Na atual conjuntura em que o Brasil retoma a perspectiva de construção democrática e civilizatória, estamos diante do risco de que uma visão ultrapassada siga predominante na gestão de uma Universidade que tem sido marcada pelo atraso político e tecnológico, em que pese o esforço, a dedicação e o mérito dos professores, técnicos e estudantes produtivos. Nessa configuração de uma década e meia, a UFMA é dominada por uma gestão de tipo oligárquica, que instituiu uma rede clientelar, capaz de tentar destituir os sujeitos do seu Direito à Educação, atribuindo-lhe um caráter de favor e comprometido gravemente o caráter público das políticas educacionais, especialmente, das políticas de assistência estudantil.

A escolha de Fernando Carvalho para assumir a Reitoria significará não somente a continuidade de uma gestão antidemocrática, de viés privatista, patrimonialista e tecnicista, mas também colocará a Universidade Federal do Maranhão na contramão da renovação democrática tão necessária para vencer o avanço da direita e da extrema direita que vem se estabelecendo no Brasil, tendo em vista suas práticas e posições políticas e de muitos que compõem seu grupo, em que pese seus esforços oportunistas, nos últimos meses, para associarem-se ao governo Lula.

A escolha de Luciano Façanha, eleito universalmente com 44% dos votos, significará o encontro da UFMA com a democracia efetiva, determinada pela vontade da maioria, construída como prática político-pedagógica no dia a dia do fazer universitário, em todos os espaços e dimensões, e comprometida com o exercício de sua função social. Somente assim a escolha do Reitor poderá ser um efetivo exercício da democracia e não um mero teatro.

Antônio Gonçalves – Prof. do Dept. de Medicina II da UFMA

Cacilda Rodrigues Cavalcanti – Profa. do Dept. de Educação II da UFMA

Ilse Gomes Silva – Profa do Dept. de Sociologia e Antropologia da UFMA

Ed Wilson Araújo – Prof. do Dept de Comunicação Social da UFMA

Imagem destacada / Obra abandonada do Núcleo de Artes, no campus do Bacanga, um dos legados do continuísmo na UFMA