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Prêmio Vladimir Herzog homenageia jornalista negra e fotógrafo que perdeu 90% da visão atingido por bala de borracha

Fonte: Abraji

Nesta quarta-feira (29.set.2021), a comissão organizadora do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, da qual a Abraji faz parte junto com outras 12 entidades, anunciaram os nomes dos(as) homenageados(as) de sua 43ª edição: Neusa Maria Pereira e Alex Silveira. Os homenageados in memoriam são Abdias Nascimento e José Marques de Melo. 

Primeira mulher preta a publicar um texto sobre feminismo negro na imprensa nacional, Neusa Maria Pereira foi repórter e revisora de alguns dos principais jornais do país. Foi uma das organizadoras do ato público realizado nas escadarias do Theatro Municipal de São Paulo, em 1978, que marcou a fundação do Movimento Negro Unificado. Hoje Pereira dirige a Abayomi Comunicação, que edita o jornal “Escrita Feminina” distribuído para mulheres da periferia de São Paulo.

Em mai.2000, o repórter fotográfico Alex Silveira perdeu 90% da visão de seu olho esquerdo, atingido por uma bala de borracha disparada por um PM, durante cobertura de uma manifestação de professores, na capital paulista. A luta do fotógrafo por justiça e reparação chegou ao STF, que, em jun.2021, decidiu, por ampla maioria de votos (10 a 1), que o Estado deve ser responsabilizado caso profissionais de imprensa sejam feridos por forças de segurança em coberturas de protestos. 

Abdias Nascimento foi jornalista, artista plástico, escritor, poeta, dramaturgo, professor universitário e senador, destacando-se como um ícone no combate ao racismo e na defesa dos direitos humanos no país. Foi cientista social e autor de trabalhos de referência voltados para a temática afro-brasileira. 

Formador de várias gerações de jornalistas, professores e pesquisadores da área de comunicação, José Marques de Melo publicou 173 livros, entre eles “A opinião no Jornalismo Brasileiro” (1985), e colaborou com capítulos em mais de 150 outras obras. Sendo o mais frutífero autor das áreas de Comunicação e Jornalismo na língua portuguesa e na América Latina, cunhou o conceito de “pensamento comunicacional brasileiro”. 

Desde sua primeira edição, em 1979, o Prêmio Vladimir Herzog reconhece trabalhos que valorizam a democracia e os direitos humanos. Em 2021, 700 produções estão concorrendo em sete categorias: Artes (ilustrações, charges, cartuns, caricaturas e quadrinhos), Fotografia, Produção jornalística em texto, Produção jornalística em vídeo, Produção jornalística em áudio, Produção jornalística em multimídia e Livro-reportagem.

A cerimônia do 43º Prêmio Vladimir Herzog acontecerá no dia 25.out.2021, das 20h às 21h30, de forma virtual. A tradicional Roda de Conversa com os ganhadores será no dia 24.out.2021, das 17h às 19h, também de modo remoto.  

A comissão organizadora é composta pelas seguintes instituições: Associação Brasileira de Imprensa (ABI); Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ; Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo; Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo – Abraji; Sociedade Brasileira dos Estudos Interdisciplinares da Comunicação – Intercom; Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo – ECA/USP; Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo; Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo; Conectas Direitos Humanos; Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB Nacional; Ordem dos Advogados do Brasil – Secção São Paulo; Periferia em Movimento; e Instituto Vladimir Herzog. 

Foto / jornalista Neusa Maria Pereira / Divulgação / capturada aqui