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Multiartista Itaercio celebra a MPB com shows em São Luís

A apresentação é um convite à celebração do amor, e marca a nova fase artística do maranhense – no palco, será acompanhado por Gabriela Flor na percussão e Chico Neis nas cordas, arranjos e direção musical

O mês de abril de 2025 se aproxima – e é neste mês que o maranhense Itaercio Rocha apresentará ao público uma série de shows de “Ralando o Cotovelo no Asfalto”, seu novo espetáculo musical. Será uma dobradinha especial no Solar Cultural da Terra Maria Firmina dos Reis, no Centro de São Luís, nos dias 4 e 5 de abril (sexta e sábado), a partir das 20h.

Os shows criam um contraponto com as suas apresentações anteriores, quase sempre “alegres e festivos” – em “Ralando o Cotovelo no Asfalto”, o artista homenageia clássicos da MPB, celebrando compositores como João do Vale, Hermínio Bello de Carvalho, Luiz Gonzaga, Chico Buarque, Paulo César Pinheiro, Marluí Miranda, Sueli Costa, Caetano Veloso, entre tantos outros.

Neste novo espetáculo, Itaercio Rocha foge da sua zona de conforto, e enfrenta o desafio de intérprete, para encarar de frente canções que falam de solidão, abandono, traições e tristezas, em geral.

“Este novo show poderia facilmente se chamar ‘Vem Chorar Comigo’, deste artista que sempre convidou o público para a festa e exercícios de alegria, carnavais, cacuriás, cocos, congados e tantas cirandas. Contudo, é sim um espetáculo para poder chorar, para ralar o cotovelo seja lá onde for. Mas, principalmente, é uma experiência que se propõe a inquietar a alma, a procurar conforto e paz no ombro e colo dos nossos grandes compositores, intérpretes e na infinidade de belas canções que possuímos”, ressalta o artista.

“Ralando o Cotovelo no Asfalto” é um passo importante na jornada musical de Itaercio Rocha, que possui três álbuns solos e autorais (“Chegadim”, “Caboclo” e “Bumba Meu Ita”). Nesta nova empreitada, o maranhense inicia sua caminhada na trilogia sobre o amor, interpretando clássicos da MPB, acompanhado por Gabriela Flor na percussão e Chico Neis nas cordas, arranjos e direção musical do espetáculo.

Na dobradinha de apresentações em São Luís, o público pode esperar clássicos como: “Cão Sem Dono”, de Sueli Costa e Paulo César Pinheiro; “Dor de Cotovelo”, de Caetano Veloso; “Bom Vaqueiro”, de João do Vale e Luiz Guimarães; “Juazeiro”, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira; entre outros destaques, como “Peito Véio”, do próprio Itaercio Rocha.

Os dois shows de “Ralando o Cotovelo no Asfalto” serão nos dias 4 e 5 de abril, a partir das 20h, no Solar Cultural da Terra Maria Firmina dos Reis, localizado na Rua Rio Branco, 420, no Centro de São Luís.

Os ingressos custam R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), e podem ser adquiridos de forma antecipada pelo telefone (98) 98754-4181 (Dandara) ou na entrada do evento (sujeito à lotação).

Para acompanhar mais informações sobre Itaercio Rocha, acesse o perfil do multiartista maranhense no Instagram, no endereço: https://www.instagram.com/rochaitaercio/.

Itaercio Rocha

Estudioso das manifestações populares brasileiras, além de diretor, ator, escritor e cantor, Itaercio Rocha tem especialização em Estudos Contemporâneos em Dança pela Universidade Federal da Bahia (UFBA – 2009) e é graduado em Educação Artística, com habilitação em Artes Cênicas, pela Faculdade de Artes do Paraná (FAP – 2000).

Nascido em Vila de Pedras, no município Humberto de Campos (MA), Itaercio já morou em diversas cidades, como Olinda, Campo Grande, Rio de Janeiro e Maringá, antes de se estabelecer em Curitiba, no Paraná, em 1996 – nesta última, atuou e dirigiu o famoso grupo Mundaréu, comandando espetáculos como “Guarnicê”, “As Aventuras de Uma Viúva Alucinada”, “Cortejo Natalino”, “Embala Eu”, “No Pé do Lajero”, “Adamastô”, entre outros.

Serviço

O quê: show “Ralando o Cotovelo no Asfalto”, do artista maranhense Itaercio Rocha

Quando: nos dias 4 e 5 de abril (sexta e sábado), às 20h

Onde: no Solar Cultural da Terra Maria Firmina dos Reis, localizado na Rua Rio Branco, 420, no Centro de São Luís

Ingressos: por R$ 30/Inteira | R$ 15/meia – antecipados pelo telefone: (98) 98754-4181 (Dandara)

Imagem destacada / O multiartista maranhense Itaercio Rocha. Foto / divulgação: Dayana Luiza

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Alaic apresenta livro de resumos do Congresso 2024

Portal Intercom – O livro de resumos do XVII Congresso da Alaic já está disponível para consulta e download. Com o tema “ Desinformacioon, automatiación y democracia: los retos de la comunicación”, o congresso foi realizado entre os dias 20 a 22 de agosto de 2024, em formato híbrido, com a etapa presencial na Unesp de Bauru – São Paulo.

A publicação conta com resumos de trabalhos dos 23 GTs do Congresso, somando mais de 2800 páginas de conteúdos. Todos os resumos estão disponíveis aqui.

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Abertas as inscrições do Prêmio Fernando Pacheco Jordão para jovens jornalistas

Portal Intercom – Estão abertas as inscrições para o Prêmio Fernando Pacheco Jordão para jovens jornalistas, organizado pelo Instituto Vladimir Herzog, e que conta com apoio da Intercom. Interessados/interessadas em participar têm até o dia 06 de abril para realizar a inscrição.

O tema da premiação deste ano é: “Retratos das violências no Brasil”, e por isso as propostas de pauta devem ser relacionadas aos dados mais apresentados no Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024 e no Atlas da Violência 2024.

O prêmio destina-se a estudantes de jornalismo de todo o Brasil, que devem explorar histórias por trás dos números e a face humana de tais dados. É possível, dessa forma, trabalhar com temas que mostram as raízes dos altos índices de homicídio, dos problemas do racismo estrutural, da violência de gênero e contra as populações periféricas, questionando a eficácia das políticas públicas existentes.

Serão selecionadas, no total, cinco propostas, uma de cada região do Brasil. As equipes vencedoras receberão uma bolsa no valor de R$5 mil e poderão trabalhar com jornalistas experientes convidados pelo Instituto Vladimir Herzog, que atuarão como mentores dos estudantes.

Os/as vencedores/vencedoras também receberão a inscrição para o congresso da Abraji, que acontece em julho, em São Paulo.

O prêmio, criado em homenagem ao jornalista Fernando Pacheco Jordão, visa a continuidade do seu legado de apoio ao desenvolvimento dos jovens jornalistas. Pacheco Jordão, autor do importante livro “Dossiê Herzog – prisão, tortura e morte no Brasil”, faleceu em 2017, deixando um trabalho fundamental para compreender a história recente do Brasil.

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A música de várias gerações da democracia

Escrita e interpretada por Erasmo Carlos, em 1971, a música “É preciso dar um jeito, meu amigo” é um hino da resistência democrática no Brasil que atravessa o tempo com muita atualidade.

A música, tema do filme vencedor do Oscar 2025 “Ainda estou aqui”, é um alimento vigoroso para todas as pessoas que lutaram e lutam contra o fascismo e todas as formas de opressão.

Seus versos denunciam a ditadura militar e inspiram, convidam, estimulam a uma permanente reflexão e ações em defesa da democracia.

Eu cheguei de muito longe
E a viagem foi tão longa
E na minha caminhada
Obstáculos na estrada
Mas enfim aqui estou

Mas estou envergonhado
Com as coisas que eu vi
Mas não vou ficar calado
No conforto, acomodado
Como tantos por aí

É preciso dar um jeito, meu amigo
É preciso dar um jeito, meu amigo
Descansar não adianta
Quando a gente se levanta
Quanta coisa aconteceu

As crianças são levadas
Pela mão de gente grande
Quem me trouxe até agora
Me deixou e foi embora
Como tantos por aí

É preciso dar um jeito, meu amigo
É preciso dar um jeito, meu amigo
Descansar não adianta
Quando a gente se levanta
Quanta coisa aconteceu

É preciso dar um jeito, meu amigo
É preciso dar um jeito, meu amigo
É preciso sim, é preciso sim
É preciso dar um jeito

É preciso dar um jeito, meu amigo
É preciso sim
É preciso dar um jeito, meu amigo
É preciso sim, é preciso sim, é preciso sim

É preciso dar um jeito, meu amigo
É preciso, é preciso sim, é preciso sim
É preciso dar um jeito
É preciso sim

Meu amigo, meu amigo, é preciso dar um jeito
É preciso dar um jeito, meu amigo

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Estudantes nas ruas exigem a implantação do Passe Livre em São Luís

Agência Tambor – Uma passeata reunindo juventudes, professores, estudantes e trabalhadores da educação cobrou do prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD/MA), a efetiva implementação do Passe Livre Estudantil, na capital maranhense.

O ato realizado na terça-feira (18/03), na Praça Deodoro, em São Luís, marcou mais uma mobilização dos estudantes para chamar a atenção da sociedade civil para a efetivação do Passe Livre. O direito foi garantido nas urnas no dia 6 de outubro de 2024 e a manifestação é para que a conquista seja respeitada e, consequentemente, implementada.

O professor da Universidade Federal do Maranhão Franklin Douglas enfatiza que o prefeito desrespeita o legítimo direito ao Passe Livre conquistado pelos estudantes.

“A Prefeitura de São Luís está fazendo as Conferências da Cidade e sequer aponta, no Plano Plurianual (PPA), o Passe Livre, como uma prioridade para os próximos quatro anos. Muito menos destinou nas Leis Orçamentárias, até o ano de 2028, a previsão de recursos para a sua implantação”, denuncia.

Estudantes, entidades juvenis e estudantis, professores e trabalhadores da educação cobraram do prefeito de São Luís a decisão das urnas

O prefeito também não indicou os três membros de sua administração para compor a Comissão Tripartite que a Câmara de Vereadores de São Luís aprovou para estudos, busca de regulamentações e outras medidas para a efetivação do Passe Livre, em São Luís.

Franklin Douglas, que é também jornalista e advogado, ressalta que o Passe Livre Estudantil tem que ganhar as ruas para se tornar uma realidade nas catracas dos ônibus.

“O prefeito não colocou no orçamento recursos para garantir o benefício, mas o problema não é de dinheiro. Existe recurso para esse fim. Braide, em dois dias, regulamentou, licitou e colocou no ar uma página para oferecer vouchers durante a greve dos transportes públicos”, alerta.

Então, finaliza o jornalista, “o prefeito não tem vontade e iniciativa política para fazer acontecer o Passe Livre Estudantil em São Luís. Somente a mobilização pode tornar essa conquista uma realidade”.

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Bolsonaro e Copacabana: entre o vitimismo e a luta pela sobrevivência política 

A manifestação em Copacabana, convocada por Bolsonaro, teve uma participação abaixo do esperado e destacou a falta de apoio à sua agenda de anistia

Boletim Focus – “Sem Anistia.” A frase estampada de maneira incisiva e clara na faixa de um dos prédios em Copacabana, Rio de Janeiro, foi um sinal evidente de que, para muitos, o ato convocado por Jair Bolsonaro (PL) neste domingo (16) não passava de mais um esforço falho para reviver uma pauta desconectada das preocupações do povo brasileiro. 

O evento, promovido com o objetivo de angariar apoio para a anistia dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, não apenas deixou claro o distanciamento entre o ex-presidente e as demandas da população, mas também evidenciou a fragilidade de sua atual base política.

O ato convocado por Bolsonaro em Copacabana tinha como centro a defesa da anistia para os envolvidos no golpe de 8 de janeiro, um episódio que ainda reverbera com grande repercussão no país. Porém, ao contrário do que tentaram passar seus organizadores, a anistia não é uma pauta das ruas, não é uma causa que pulsa no dia a dia dos brasileiros. Pelo contrário, é uma demanda que soa como um eco distante, centrada principalmente em uma agenda pessoal e de um pequeno grupo político.

A busca por anistia para os envolvidos nos ataques às sedes dos Três Poderes é uma bandeira que interessa quase exclusivamente a Bolsonaro e aos seus aliados mais próximos. A questão, em si, não mobiliza a maioria da população, que tem outras preocupações, como a inflação, o desemprego, a segurança pública e a recuperação econômica. Portanto, o foco na anistia, ainda que uma causa importante para o ex-presidente, não parecia ser uma preocupação legítima para a maioria dos manifestantes presentes no evento.

Número de participantes x realidade

Quando o ex-presidente convocou a manifestação, as expectativas eram grandiosas. Bolsonaro, com a mesma retórica inflacionada de sempre, chegou a prever que um milhão de pessoas compareceriam ao evento em Copacabana. Um número altíssimo, mas que não se concretizou de forma alguma. De acordo com um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), o número de pessoas presentes no ato foi de apenas 18,3 mil, um número que representa pouco mais da metade do público que compareceu a outro evento convocado por Bolsonaro no mesmo local, em abril de 2024, quando o total de participantes foi estimado em 33 mil.

Esse número, embora bem abaixo das expectativas, não foi o único a gerar controvérsias. A Polícia Militar do Rio de Janeiro, em uma nota oficial, divulgou uma estimativa de 400 mil pessoas presentes no evento. No entanto, a corporação não esclareceu se esse número se referia ao total de pessoas presentes ao longo de todo o dia ou ao número simultâneo, o que gerou um debate sobre a veracidade da contagem. Mesmo a PM, com sua estimativa otimista, ficou longe da previsão de Bolsonaro de um milhão de pessoas. Para se ter uma ideia do distanciamento entre as previsões e a realidade, o número estimado pela Polícia Militar representava apenas 40% do que os aliados de Bolsonaro haviam projetado.

A discrepância entre os números também foi observada nas estimativas feitas por outros órgãos. O Instituto Datafolha, por exemplo, estimou que cerca de 30 mil pessoas estiveram presentes no evento. Esse número é bem mais próximo da realidade observada pelos pesquisadores da USP, que utilizaram tecnologia de ponta para calcular a quantidade de pessoas com uma margem de erro de apenas 12%.

A contagem de público foi realizada por um método preciso de monitoramento aéreo. Pesquisadores da USP utilizaram drones equipados com câmeras de alta definição para capturar imagens da manifestação em diferentes horários do dia. Essas imagens foram então analisadas por um software de inteligência artificial, que localizou e contou as cabeças das pessoas na multidão. O sistema Point to Point Network (P2PNet), desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Chequião, na China, foi responsável por realizar a análise e estimar o número de participantes.

Este método, com uma precisão de 72,9% e uma acurácia de 69,5%, garantiu uma contagem precisa, mesmo em áreas densamente povoadas. As imagens aéreas foram tiradas durante quatro momentos do evento — às 10h, 10h40, 11h30 e 12h — e totalizaram 66 fotos analisadas, com seis delas selecionadas para representar o pico do evento. A contagem, portanto, não se baseou em suposições, mas em dados objetivos e verificáveis, algo que contrastou com as especulações feitas por outros envolvidos na organização do ato.

Aliados: apoio ou estratégia?

Embora o ato tenha sido anunciado como um protesto pela anistia, ele se transformou, em boa parte, em um evento de apoio político a Bolsonaro e aos seus aliados. Além do próprio ex-presidente, marcaram presença no evento figuras chave de sua base política, como os governadores Cláudio Castro (Rio de Janeiro), Tarcísio de Freitas (São Paulo), Jorginho Mello (Santa Catarina) e Mauro Mendes (Mato Grosso), além dos senadores Flávio Bolsonaro e Magno Malta, e o pastor Silas Malafaia, que foi um dos coordenadores do evento.

A presença dessas figuras de peso no ato gerou uma série de interpretações. Para muitos analistas políticos, o evento teve um caráter mais eleitoral do que propriamente uma manifestação em favor da anistia. A estratégia de mobilizar lideranças regionais visava, entre outras coisas, garantir que a base de Bolsonaro permanecesse unida, de olho nas eleições de 2026. 

Em seu discurso, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, demonstrou confiança no futuro de Bolsonaro, afirmando que tinha “fé” de que o ex-presidente seria candidato à presidência nas próximas eleições. Para Costa Neto, a insatisfação popular com a atual situação econômica do país, especialmente com a alta nos preços dos combustíveis e alimentos, poderia pavimentar o caminho para o retorno de Bolsonaro ao poder.

O futuro político de Bolsonaro

Durante o evento, Bolsonaro fez questão de demonstrar que ainda se via como um símbolo da resistência política. Usando um colete à prova de balas, o ex-presidente fez uma série de declarações com forte apelo emocional e vitimista. Ele criticou a perseguição política que, segundo ele, estava sendo travada contra seus apoiadores e a si mesmo. Para Bolsonaro, os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro eram “inocentes” e não mereciam as penas que haviam recebido.

Em suas palavras, Bolsonaro ainda sugeriu que as autoridades estavam usando os casos de seus apoiadores para justificar uma possível condenação a ele mesmo. “Se é 17 anos para as pessoas humildes, é para justificar 28 anos para mim”, declarou, mais uma vez tentando criar a narrativa de que ele era vítima de um sistema judicial injusto.

O evento também não deixou de ser uma tentativa de reaquecer o capital político de Bolsonaro. Apesar de já ter sido declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral até 2030, o ex-presidente ainda busca manter uma base fiel que possa ser crucial para os próximos anos. O colunista Fabiano Lana, do Estadão, descreveu a manifestação como o “sepultamento” do ex-presidente, apontando que o evento foi uma tentativa de prolongar sua relevância política. Para Lana, o evento não era apenas sobre anistia, mas sobre um último esforço para manter Bolsonaro relevante nas eleições de 2026.

Embora o público do evento tenha sido pequeno e a pauta central — a anistia — tenha se mostrado alheia aos interesses da maioria da população, a estratégia de Bolsonaro e seus aliados não parecia ter se esgotado. A manifestação, mais uma vez, serviu como um lembrete de que, mesmo em um cenário político de desgaste e com a imagem do ex-presidente em declínio, ele ainda é capaz de movimentar uma parte significativa do cenário político brasileiro.

Ao final, o evento de Copacabana, com suas falas inflamadas e apelos políticos, demonstrou o quanto o ex-presidente ainda luta para recuperar sua influência. Entretanto, o fracasso em mobilizar o número esperado de participantes, a falta de conexão com as demandas reais da população e o foco em uma pauta restrita como a anistia para os envolvidos no 8 de janeiro indicam que o futuro político de Bolsonaro não está tão claro quanto seus aliados gostariam.

O julgamento dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro está próximo, e o ex-presidente, apesar de tentar manter a imagem de vítima e líder da resistência, parece estar cada vez mais distante do apoio popular. O público de Copacabana, portanto, não apenas refletiu o esvaziamento de um evento, mas também o esvaziamento de um líder político que, embora não tenha se rendido, talvez já tenha perdido o brilho nas ruas do Brasil.

Imagem destacada / Jair Bolsonaro reuniu 18,3 mil pessoas em Copacabana em ato pela anistia, segundo USP. Era esperado cerca de 500 mil pessoas. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

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José Sarney: o falso e o verdadeiro

Jornalistas e historiadores lidam com insumos comuns: os fatos, as informações, os relatos e as interpretações.

Essa matéria prima, trabalhada, elabora os registros que ao longo do tempo viram referência para o conhecimento da realidade.

Se um estudante do Ensino Médio que se prepara para o Enem acessar hoje a maioria dos sites de notícias e postagens (até de respeitadas pessoas públicas nas redes sociais!), vai se deparar com a celebração de uma personagem – José Sarney – associada à redemocratização do Brasil.

A personagem também é retratada como uma referência de virada histórica vinculada aos princípios republicanos e às boas práticas da política.

É quase uma unanimidade, construída com imprecisões históricas, boa vontade, elogios e bajulações descaradas.

Faz sentido dizer que o então vice-presidente José Sarney, em 1985, foi sim o condutor do processo de transição da ditadura para a democracia, no contexto do Colégio Eleitoral, em circunstâncias muito especiais após a morte do presidente Tancredo Neves.

Naquela época, meados dos anos 1980, o Brasil estava dividido em dois campos políticos: o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), reunindo a heterogeneidade das forças progressistas em prol da abertura política; e a Arena (Aliança Renovadora Nacional), partido criado pela ditadura militar para abrigar as velhas elites do Brasil escravocrata e corrupto.

O MDB defendia eleições diretas para presidente, um grande movimento popular denominado “Diretas Já!”.

A Arena, obviamente, era contra as eleições diretas.

E onde José Sarney fez carreira na política? Na Arena, reduto de tudo que não prestava do regime militar.

Como já dito, ele chegou à Presidência da República de forma atípica. Era vice-presidente na chapa de Tancredo Neves, que morreu antes de assumir o mandato.

José Sarney tomou posse em 1985 e conduziu a transição democrática.

Não há como negar esse fato consumado nos autos da burocracia do Congresso Nacional.

Mas, uma coisa é esse registro. Outra coisa é anistiar José Sarney das suas vinculações históricas com o campo conservador e a extrema direita remanescente de 20 anos da ditadura militar que ele ajudou a manter.

Isso também está nos autos.

Reitero: não há como negar que houve a transição de um regime de exceção (ditadura) para a retomada do Estado Democrático de Direito. É um fato incontestável, com um detalhe: naquele Colégio Eleitoral de 1985, a chapa Tancredo Neves/José Sarney foi batizada de Nova República, nome pomposo para rebatizar a velha burguesia no poder.

José Sarney costuma dizer que não teve inimigos. É verdade sim! Ele teve amigos, correligionários, parceiros e aliados, todos afinados à multiplicação das injustiças, das desigualdades e da miséria.

Entre os amigos constam alguns que merecem destaque, como registra o importante texto da Agência Tambor:

“O general Leônidas Pires Gonçalves foi Ministro do Exército no governo de José Sarney, entre 1985 e 1990.

Antes disso, entre 1974 e 1977, Leônidas dirigiu o Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), no Rio de Janeiro.

Foram agentes desse mesmo DOI-CODI do Rio de Janeiro que, em 1971, sequestraram, torturaram, mataram e deram sumiço ao corpo do engenheiro civil Rubens Paiva, cujo drama foi exposto no filme Ainda Estou Aqui, recentemente premiado no Oscar.

[…]

Ocupando o cargo de Ministro do Exército no governo de José Sarney, em 1985, o general Leônidas divulgou uma nota pública em defesa de Carlos Alberto Brilhante Ustra.

Coronel do Exército, Ustra atuou no DOI-CODI de São Paulo e, a partir de 1985, passou a ocupar cargo no governo de José Sarney, inicialmente como adido militar na embaixada do Uruguai. Lá, foi reconhecido e denunciado como torturador.”

Cabe mencionar também outro relevante amigo de José Sarney: o oligarca da Bahia Antônio Carlos Magalhães (ACM), que foi Ministro das Comunicações e conduziu a chamada farra das concessões de canais de rádio e televisão para os amigos dos amigos do presidente no Congresso Nacional.

O episódio foi um dos grandes escândalos de patrimonialismo e clientelismo do Brasil, usando as concessões públicas para beneficiar grupos privados de comunicação, criando o chamado “coronelismo eletrônico”.

Foram distribuídas 1.091 concessões para emissoras de rádio e TV, parte delas servindo como moeda de troca aos parlamentares que votaram a favor do mandato de cinco anos de presidente para José Sarney.

Inimigo mesmo ele só teve um: o povo. Basta olhar o Maranhão, um pequeno recorte do Brasil, onde a pobreza e a miséria seguem firmes.

Em tempos de desinformação, cabe ao Jornalismo e à História fazerem os devidos registros ajustados aos fatos, nas suas conjunturas, sem perder de vista a estrutura do Brasil colonial e escravocrata.

Diante do crescimento vertiginoso da extrema direita em escala mundial, muitos fazem parte da legião da boa vontade que coloca José Sarney entre os grandes democratas brasileiros.

Por causa de um “inimigo maior”, o bolsonarismo, o campo progressista vai ajustando a narrativa e os arranjos da política para inserir o último coronel do Brasil na galeria da democracia.

São tempos difíceis, mas, em síntese, tem um José Sarney falseado e o verdadeiro. Este último foi amigo do general Leônidas Pires Gonçalves e do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra.

Vou ficando por aqui ajustando um bordão apropriado para nosso tempo.

Sem anistia para os golpistas.

E sem anistia da História para os parceiros, amigos e correligionários dos golpistas de sempre.

Imagem destacada: José Sarney e o general Leônidas Pires Gonçalves: amigos da ditadura militar. Fonte: Agência Tambor

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Rubens Paiva e Lamarca: desmontando fake news

Esse relato pretende apenas desmascarar a tentativa de Bolsonaro de vincular Rubens Paiva e Lamarca, como se o ex-deputado tivesse se envolvido na preparação do treinamento do Vale do Ribeira

“Ainda estou aqui” causou alvoroço. Por tudo quanto é lado. Conseguiu até deixar bolsonaristas à beira de um ataque de nervos. Se os irritou tanto, como irritou, é uma espécie de novo selo de qualidade. Os assassinos de Rubens Paiva são ídolos deles, de pais e filhos, admiradores da tortura e dos torturadores.

Vai daí a irritação.

Tanta, a ponto de provocar declarações estapafúrdias, próprias do pensamento da extrema direita, recheadas de mentiras, de falsificações da história, de fake news.

Quando lhe faltam argumentos, mentem, inventam.

Isso aconteceu com pai e filho.

Não podiam gostar do filme.

No momento desse justificado clima de Copa do Mundo em torno do “Ainda estou aqui”, são naturais os ataques por parte deles.

Fake news, a praia deles.

O chefe da tentativa de golpe, o ex-presidente Bolsonaro, próximo de condenação, pretendeu desenvolver teorias conspiratórias, e juntar o ex-deputado Rubens Paiva e Carlos Lamarca, um óbvio disparate.

Como se o ex-deputado estivesse vinculado aos esforços para o treinamento guerrilheiro no Vale do Ribeira, comandado pelo Capitão, brilhante oficial, muito ao contrário do ex-presidente, cuja trajetória como militar é no mínimo deprimente.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro resolveu atacar o diretor do filme, Walter Salles.

Chega à estupidez de dizer ter o filme retratado uma “ditadura inexistente”, regime que prendeu, torturou, matou, fez desaparecer pessoas durante 21 anos. Como um aliado submisso de Trump, vai pra cima de Salles por ter criticado o governo americano.

O parlamentar não tem vergonha de defender um regime de terror e morte, como o implantado em 1964.

Nesse texto, pretendo deixar nítida a completa ausência de Rubens Paiva nos esforços do Capitão Carlos Lamarca para a implantação do campo de treinamento no Vale do Ribeira, transformado, por descoberto, numa autêntica guerrilha contra milhares de agentes, oficiais e soldados da ditadura, uma pequena guerrilha, naquele caso vitoriosa.

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FPA abre curso sobre desenvolvimento e políticas públicas

A Fundação Perseu Abramo, em convênio com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), realiza no próximo dia 17 de março, a aula inaugural do curso de extensão “Desenvolvimento, Trabalho e Políticas Públicas”. 

A aula inaugural acontece de maneira híbrida (tanto presencial na sede da FPA quanto online, com transmissão no YouTube) das 19h30 às 22h,e será ministrada pelo professor e economista Marcio Pochmann. As demais aulas acontecem sempre às segundas e quartas, com datas específicas em que será possível acompanhar de forma online. 

O objetivo do curso é aprofundar o debate sobre os desafios estruturais do desenvolvimento econômico e social do Brasil, analisando as dinâmicas do mundo do trabalho e o papel das políticas públicas na construção de soluções.

Na aula inaugural, Pochmann, hoje presidente do IBGE e referência no debate sobre economia e trabalho no Brasil, abordará questões fundamentais para compreender o cenário atual do país.

Entre os temas a serem discutidos, destacam-se:

• Os desafios contemporâneos do desenvolvimento econômico, considerando os problemas estruturais da sociedade brasileira, como a interiorização da economia, a desindustrialização, informalidade e baixa produtividade, entre outros.

• O mundo do trabalho no Brasil, com ênfase nos problemas estruturais do mercado de trabalho (informalidade, empregos de baixos salários, precarização e desigualdade social e nos novos desafios contemporâneos.

• O papel das políticas públicas, analisando como o Estado pode contribuir para enfrentar essas questões e promover um desenvolvimento mais inclusivo e sustentável.

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Presidente da Intercom recebe prêmio de Jornalismo

Portal Intercom – O presidente da Intercom, Juliano Domingues (UPE/Unicap) receberá o prêmio Facepe/Confap de Ciência, Tecnologia e Inovação, na categoria Profissional de Comunicação. A entrega acontece quinta-feira (13), no Instituto de Pesquisa em Petróleo e Energia (i-Litpeg), na Universidade Federal de Pernambuco, a partir das 14h.

O Prêmio Facepe/Confap é concedido pela Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe), com reconhecimento de pesquisadores e gestores inovadores

O Prêmio Facepe/Confap é concedido pela Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe), com reconhecimento de pesquisadores e profissionais da área do jornalismo científico que contribuem, ao longo da sua trajetória, para aproximar a ciência, a tecnologia e a inovação da sociedade.

Juliano  tem ampla experiência em veículos como TV Globo, TV Cultura e TV Asa Branca, onde atuou como repórter, editor, produtor e apresentador. Além disso, nos últimos anos colaborou com o Jornal do Commercio, Rádio Jornal, Rádio CBN, Canal My News, Revista Piauí, TV Direitos Humanos e Canal Meio.