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 A mídia banhada a ouro e a desigualdade brasileira

Editorial da Agência Tambor / Imagem: Vista aérea da Mineradora da Equinox Gold (Foto Reprodução)

A água está poluída com metais pesados, por conta da exploração de ouro.

O problema afeta uma comunidade maranhense onde vivem cerca de quatro mil pessoas. Uma rica empresa canadense, a Equinox Gold, é o alvo da denúncia, acusada de ser o agente poluidor.

É um assunto grave. E deve ser tratado, com a devida responsabilidade social, pelos veículos de imprensa.

Deveria ser tratado. Mas não é bem assim que acontece…

O jornalismo é uma atividade muito importante para a democracia! No entanto, é preciso saber que existem diferenças profundas entre os veículos de imprensa.

A diferença principal é o alinhamento econômico e político de cada veículo.

A Agência Tambor recebeu mais uma vez denúncia relacionada a água que está sendo poluída com metais pesados, por conta da mineração, no município de Godofredo Viana. A comunidade afetada chama-se Aurizona.

A denúncia foi feita algumas vezes em nosso Jornal Tambor. A última foi no dia 11 de dezembro, por um integrante do Movimento dos Atingidos por Barragem no Maranhão (MAB).

Na entrevista recente foi dito que uma emissora de TV foi ao município de Godofredo Viana, ouviu as vítimas do ouro e a matéria não foi ao ar.

A reportagem não foi veiculada na TV. A denúncia foi silenciada no veículo de comunicação. Lá a Equinox Gold não foi denunciada. O problema não foi explicado. E a solução não foi exigida.

“A mídia de mercado também aperta o gatilho”.

A afirmação acima foi feita recentemente em São Luís do Maranhão, em novembro, em um evento com várias organizações sociais, lideranças populares, sindicatos, professoras, comunicadoras e estudantes.

É prioridade no Brasil tratar da relação entre comunicação e democracia.

No país onde a extrema direita mobiliza golpes de estado e propaga fake news, a mídia de mercado também não atende ao interesse popular, dos mais diferentes públicos.

Vivemos em uma sociedade marcada por profunda desigualdade social, onde o lucro de poucos resulta em inúmeras e evidentes tragédias. Uma sociedade onde o fascismo também é fermentado dentro da chamada “grande mídia”.

No Maranhão, empresas de mineração, do agronegócio e da construção civil matam das mais diferentes formas.

A mídia de mercado – que no caso do Maranhão é um antigo cartel oligárquico – é aliada a este projeto homicida.

A afirmação sobre a cumplicidade de parte da imprensa com ricos criminosos, explicitada na frase “a mídia de mercado também aperta o gatilho”, foi feita no 3º Seminário de Comunicação e Poder no Maranhão.

A frase foi dita na mesa que tratava sobre “o papel da comunicação popular na atual conjuntura brasileira”.

Precisamos seguir debatendo sobre democratização da comunicação, além de organizar e agir no sentido de consolidar nossos veículos/fontes, produzir e circular nossos conteúdos.

O jornalismo verdadeiramente democrático precisa cumprir o seu papel.

Precisamos informar que têm veículos de imprensa que lucram com a violência, calam diante de crimes sociais, naturalizam as barbáries, fazendo dessa mesma barbárie um triste espetáculo midiático.

Precisamos explicitar que nós queremos um jornalismo ouvindo e servindo a luta por justiça social, vinculado a comunicação popular.

E dizer com todas as letras que não queremos um “jornalismo” banhado a ouro, que manipula sistematicamente seu discurso ou faz silêncio diante dos crimes dos seus sócios.

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