NA ETERNIDADE
Do porto de Havre zarpou
Para a terra onde canta o sabiá,
Porém um trágico naufrágio
Lançou o seu corpo no mar.
O velho Ville de Boulogne
Por muitas tempestades passou,
Mas não resistiu a um banco de areia
E na baía de Cumã naufragou.
Gonçalves Dias, sozinho, à noite,
Não teve como se salvar;
Sua alma voou à eternidade,
Seu corpo desceu ao mar.
O célebre poeta do Maranhão
Só queria na sua terra repousar;
Desfrutar os tais primores
Que não encontrou em outro lugar;
Mas seu destino inesperado
Foi sua fusão com o mar.
Os deuses da poesia não permitiram
Que ouvisse mais um canto do sabiá;
Que sentisse os últimos prazeres
Numa maravilhosa noite de luar;
Apenas que sua alma se tornasse eterna
E seu corpo repousasse no mar.
(Jadeilson Cruz)