Site da Abraji – A comissão organizadora do Prêmio Vladimir Herzog já escolheu os jornalistas homenageados deste ano. O jornalista e escritor Fernando Morais e a jornalista e documentarista Sônia Bridi recebem o troféu símbolo do Prêmio – a meia lua recortada com a silhueta de Vlado Herzog, uma criação do jornalista, artista plástico e designer Elifas Andreato. A repórter e apresentadora Glória Maria será homenageada in memoriam.
Para a edição deste ano, foram inscritas 630 produções, que concorrem em sete categorias: Artes (ilustrações, charges, cartuns, caricaturas e quadrinhos), Fotografia, Produção jornalística em texto, Produção jornalística em vídeo, Produção jornalística em áudio, Produção jornalística em multimídia e Livro-reportagem.
As peças inscritas estão em fase de avaliação. A divulgação dos finalistas está programada para o próximo dia 3 de outubro e a escolha dos vencedores será feita por representantes das entidades que compõem a Comissão Organizadora no dia 10 de outubro, em sessão pública com transmissão ao vivo.
Criado em 1978 e, desde então, considerado uma das mais significativas distinções jornalísticas do país, o Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos chega aos 45 anos reconhecendo trabalhos que valorizam a democracia, a justiça e os direitos humanos.
Prêmio Especial Vladimir Herzog 2023
Desde 2009 as instituições promotoras retomaram a proposta original do Prêmio de homenagear, a cada edição, personalidades e profissionais com atuação destacada nas causas relevantes da Democracia, da Justiça Social e dos Direitos Humanos.
Conheça a história dos homenageados de 2023:
Fernando Morais
O jornalista e escritor Fernando Morais, reconhecido como um dos maiores jornalistas e principais biógrafos do país, trabalhou em redações brasileiras como da revista Veja, Jornal da Tarde, Folha de S. Paulo e TV Cultura. Recebeu três vezes o prêmio Esso e quatro vezes o prêmio Abril de Jornalismo. Foi deputado estadual por oito anos (1979-1987), Secretário da Cultura (1988-1991) e da Educação (1991-1993) de São Paulo nos governos Quércia e Fleury.
É autor de obras consideradas clássicas como A ilha (1976), Olga (1985), Chatô, o Rei do Brasil (1994), Cem quilos de ouro (2003), Na toca dos leões (2005), O mago (2008), Os últimos soldados da Guerra Fria (2011) e Lula – vol. 1 (2021).
Pelo livro-reportagem Corações sujos, recebeu o Prêmio Jabuti, em 2001. A obra trata da organização Shindo Renmei, criada no interior de São Paulo na década de 1940 por imigrantes japoneses, que cometeu atos de violência contra outros imigrantes japoneses e nipo-brasileiros após a derrota do Japão na 2ª Guerra. Ganhou adaptação para o cinema em 2011 com o título Kegareta Kokoro, em japonês, com direção de Vicente Amorim.
A biografia escrita por Fernando sobre Olga Benário Prestes, companheira de Luiz Carlos Prestes e mãe da historiadora Anita Leocádia Prestes, teve adaptação para o cinema em 2004 por Jayme Monjardim. Foi sucesso de bilheteria no Brasil e recebeu três prêmios no Grande Prêmio Brasileiro de Cinema de 2005. Chatô, o Rei do Brasil também foi parar no cinema, com produção e direção de Guilherme Fontes. O longa foi concluído em 2015 e navegou em universo ficcional a partir de episódios da vida do paraibano Assis Chateaubriand, magnata da comunicação e fundador dos Diários Associados.
O argumento para o longa ‘Operação Pedro Pan’, dirigido por Kenya Zanatta e Mauricio Dias (2020), nasceu após um encontro dos diretores com Fernando Morais, que cita o episódio no livro “Os últimos soldados da Guerra Fria”. Operação clandestina apoiada pela CIA e Igreja Católica durante a década de 1960, em plena Guerra Fria, promoveu uma longa separação de famílias de classe média e alta cubanas: cerca de 15 mil crianças e adolescentes foram enviados pelos pais aos Estados Unidos sob o pretexto de fugir dos rumos que o governo de Fidel Castro tomava ao se aproximar da União Soviética.
Sônia Bridi
Jornalista, escritora e documentarista, Sônia Bridi atua como Repórter Especial na TV Globo há mais de três décadas. Foi correspondente da emissora em Londres, Nova Iorque, Pequim e Paris, e é reconhecida como uma das principais vozes do jornalismo ambiental no Brasil.
Lançou em 2008 o livro “Laowai – histórias de uma repórter brasileira na China” (Editora Letras Brasileiras) e “Diário do Clima – Efeitos do aquecimento global: um relato em cinco continentes” (Globo Livros, 2012), com relatos de suas viagens pelo mundo em busca de respostas para as alterações climáticas.
Trabalhou com o jornalista Glenn Greenwald nos Snowden Papers, revelando no Fantástico a espionagem do EUA e seus aliados que teve como alvos a então presidente Dilma Rousseff, a Petrobras e o Ministério das Minas e Energia, além de empresas internacionais, o sistema Swift de transferências financeiras e o Ministério das Relações Exteriores da França.
Liderou a equipe de reportagem que denunciou o crime humanitário contra indígenas da tribo Yanomami, em Roraima, vítimas do garimpo ilegal. Cenas do resgate de crianças reféns da fome, desnutrição, malária e descaso do poder público na Terra Indígena Yanomami impressionaram o Brasil e o mundo quando veiculadas no programa Fantástico, da TV Globo, em janeiro deste ano.
Seu primeiro documentário – “Vale dos Isolados: O Assassinato de Bruno e Dom”, foi lançado em junho de 2023 pela Globoplay. Com direção de fotografia de Paulo Zero e roteiro de Cristine Kist, o filme é parte de “O Projeto Bruno e Dom – Uma Investigação sobre a Pilhagem da Amazônia”, que reúne 16 veículos e organizações jornalísticas de dez países, entre eles, a Abraji. A iniciativa é capitaneada pela Forbidden Stories, entidade dedicada a dar continuidade ao trabalho de jornalistas assassinados no exercício da profissão.
Glória Maria (in memoriam)
Repórter e apresentadora, Glória Maria foi uma jornalista pioneira. Integrou a equipe de jornalismo da TV Globo por mais de 50 anos. Foi a primeira repórter a entrar ao vivo e em cores no Jornal Nacional, apresentou o Fantástico por quase uma década e comandou o Globo Repórter por mais de 12 anos.
Ao longo da carreira, Glória Maria visitou mais de 100 países em suas reportagens e protagonizou momentos históricos. Esteve com chefes de Estado e, em episódios icônicos do jornalismo brasileiro, entrevistou celebridades como Freddy Mercury, Michael Jackson e Madonna. Também cobriu a Guerra das Malvinas, em 1982; a invasão da embaixada brasileira do Peru por um grupo terrorista, em 1996; os Jogos Olímpicos de Atlanta, também em 1996; e a Copa do Mundo de 1998, na França.
Acima de tudo, Glória Maria foi uma inspiração. Foi ela uma das principais responsáveis por mostrar para milhões de meninas negras, de diferentes gerações, que o jornalismo era um caminho possível. Ao ser uma das poucas – ou, por muito tempo, a única jornalista negra à frente de vários dos programas de maior audiência do telejornalismo brasileiro, mostrou que o lugar de mulher negra é onde elas quiserem, inclusive no Jornal Nacional, no Fantástico ou no Globo Repórter.
Morreu no dia 2 de fevereiro de 2023 vítima de um câncer no pulmão contra o qual lutava desde 2019. Deixou duas filhas, Maria, de 15 anos, e Laura, de 14, e um legado de maior inclusão e diversidade que, aos poucos, passa a fazer parte do jornalismo brasileiro.
O Prêmio
O Prêmio Vladimir Herzog é promovido e organizado por uma comissão constituída pelas seguintes instituições: Associação Brasileira de Imprensa (ABI); Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj); Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP); Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji); Sociedade Brasileira dos Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom); Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP); Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo; Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo; Conectas Direitos Humanos; Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB Nacional); Ordem dos Advogados do Brasil – Secção São Paulo (OAB-SP), Periferia em Movimento, Instituto Vladimir Herzog (IVH) e Família Herzog.
Um arco de alianças formado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP), TV PUC, União Brasileira de Escritores (UBE) e OBORÉ atua como grupo de parceiros realizadores desta 45º edição.
Sobre a premiação
A cerimônia solene do 45º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos será no dia 24 de outubro, terça-feira, das 20h às 21h30, no Tucarena, em São Paulo. A já tradicional Roda de Conversa com os Ganhadores antecederá a cerimônia.
O Prêmio Vladimir Herzog é promovido e organizado por uma comissão constituída pelas seguintes instituições: Associação Brasileira de Imprensa (ABI); Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj); Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP); Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI); Sociedade Brasileira dos Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom); Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP); Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo; Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo; Conectas Direitos Humanos; Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB Nacional); Ordem dos Advogados do Brasil – Secção São Paulo (OAB-SP), Periferia em Movimento, Instituto Vladimir Herzog (IVH) e Família Herzog.
Um arco de alianças formado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP), TV PUC, União Brasileira de Escritores (UBE) e OBORÉ atua como grupo de parceiros realizadores desta 45º edição.
CALENDÁRIO
45º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos | 2023
Divulgação dos finalistas: 3 de outubro
Sessão pública de julgamento e divulgação dos vencedores: 10 de outubro, das 14h às 17h. Transmissão ao vivo pelo Canal do YouTube do Prêmio.
Roda de Conversa com os Ganhadores: 24 de outubro, das 14h às 17h, no Tucarena.
Solenidade de premiação: 24 de outubro, das 20h às 21h30, no Tucarena.
Texto adaptado do Prêmio Vladimir Herzog