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Novo livro do professor Flávio Reis reflete sobre crise da democracia

Nessa quinta-feira, dia 14/09, o professor Flávio Reis (Desoc-UFMA) lançará a edição impressa (pequena tiragem) do livro “Crise da democracia: dois ensaios”.

No primeiro, “Regressão Democrática e teoria política”, o autor acompanha os impactos políticos do neoliberalismo e a ascensão do populismo reacionário na cena mundial, num debate entre obras recentes da Ciência Política em torno dos processos de desdemocratização.

O segundo ensaio, “O Brasil na encruzilhada: visões da crise política”, analisa as principais interpretações sobre o processo político recente, da crise expressa nas Manifestações de 2013 à derrota do governo Bolsonaro nas eleições de 2022.

Na ocasião, haverá debate do autor com o jornalista Emílio Azevedo (Agência Tambor) e os professores Arleth Borges (Desoc) e Wagner Cabral (Dehis), ambos da UFMA.

O livro, lançamento da editora Passagens, está disponível em formato e-book para download gratuito aqui no link:

SERVIÇO

Evento: Lançamento do livro “Crise da democracia: dois ensaios”, do professor Flavio Reis

Local: Auditório Ribamar Caldeira – CCH/UFMA

Data: 14/09/23 (quinta-feira)

Hora: 17:30h

Veja abaixo o comentário da professora Arleth Borges sobre a obra.

Dois ensaios de Flávio Reis sobre a crise atual da democracia e a ascenção do populismo reacionário.

Regressão democrática e teoria política;

O Brasil na encruzilhada: visões da crise política. 

A democracia liberal, que nos anos 1990 foi proclamada como triunfante entre todos os regimes de governo, atravessa severa crise, que põe em xeque não apenas as suas formas, mas seus fundamentos, e desta vez, sem que o problema esteja associado a deficiências das chamadas republiquetas, pois a crise também atinge democracias ditas consolidadas. Crises não são novidades na trajetória das democracias e, talvez, sejam até o seu estado natural em face das críticas à esquerda e à direita que historicamente lhe são dirigidas, sob acusação de formalismo sem conteúdo social ou como onerosa e ingovernável devido aos incessantes direitos. A singularidade atual reside em desconstrução interna, associada a um casamento e um divórcio: casamento com o neoliberalismo, que pra além da face econômica, se expressa como subjetividade e concepção de mundo, e divórcio com os valores políticos liberais.

Neoliberalismo objetivado na competição, na insolidariedade e no simulacro do mérito como alternativa aos direitos; que desresponsabiliza o poder público com o bem estar social e atribui aos indivíduos essa realização. Ruptura com os valores políticos do liberalismo pela negação do Estado democrático de direitos, materializada em poder monocrático, manipulação das regras do jogo, tentativas de eliminar os freios e contrapesos entre os poderes, culto da violência e apelos ao irracional, tudo customizado nos moldes de uma “guerra cultural”.

O Brasil, sempre tomado como periférico, assumiu papel central nesse processo de desconstrução democrática, pela brutalidade do populismo reacionário aqui instalado, com a ascensão de Jair Bolsonaro à presidência da república em 2018, sob o signo de desconstruir em 4 anos os quase 40 da Constituição chamada de cidadã. Surfando na onda internacional de ascensão da extrema direita, o desmonte aqui também se deu de dentro pra fora; não descuidou da tradicional violência e interdição contra qualquer ameaça de ativismo ou organização social, claro, mas empreendeu inédita degradação institucional e instrumentalização de redes de ódios e irracionalismos, ao tempo em que mobiliza apoios para uma indisfarçada ruptura democrática.

Crise da democracia – dois ensaios, do historiador e cientista político Flávio Reis, traz, à luz da literatura recente, uma abordagem profunda e certeira sobre esses destroços, desafios e os cenários ainda em aberto.

Arleth Borges

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